Capítulo 697: Time Maligno (2/5)
Não poderia nem chamar isso de coincidência. No passado, eu ficava surpreso quando mais da metade de um grupo era composta por espíritos malignos.
Dessa vez não era só metade. Todos eles eram espíritos malignos.
— Hm… Então o Sr. Bryat também…? — Jaina perguntou hesitante a Auril Gavis. Parecia que ela estava pensando a mesma coisa que eu.
— Bryat é um residente puro-sangue que nasceu e foi criado aqui.
Hum, seis das sete pessoas, então. Ainda me parecia estranho, já que em qualquer grupo, espíritos malignos eram uma minoria extrema. A razão pela qual o Caça-Fantasmas era tão especial para os espíritos malignos era justamente por ser o único lugar onde esse ‘atributo’ não se aplicava.
— Que diabos você quer dizer com ‘residente puro-sangue’? — resmungou Baekho, parecendo se incomodar com a escolha específica de palavras. Contudo, Auril Gavis nem se deu ao trabalho de responder.
— Hoh, nunca esperei que a casa de Aures fosse igual à minha. Por que não nos contou isso antes?
— Aha… Haha… Não é como se eu quisesse mentir para vocês… Mas essa também é a primeira vez que estou ouvindo isso.
— Bem, isso não é exatamente algo para quebrar o gelo… Tenho muitas coisas para discutir com você daqui para frente. Estou bastante curioso sobre esse mundo.
— Ahaha… Pode me perguntar o que quiser. Para ser honesto, minhas memórias estão um pouco nebulosas, mas vou contar tudo o que puder.
Por algum motivo, tive a sensação de que Aures e o Vovô Caído passariam o tempo livre juntos.
Mas agora não era hora de imaginar essas coisas…
Então, engoli a surpresa de descobrir que Aures era um espírito maligno e internalizei esse fato.
— Ah… senhor? — o GM perguntou cautelosamente a Auril Gavis. — Poderíamos perguntar onde estamos agora…?
— Está perguntando se estão dentro dos muros da cidade ou não? Ou, talvez, em algum lugar completamente diferente?
— Sim… Q-Quero dizer, o barão e eu acabamos sendo pegos nessa confusão depois de sairmos dos muros da cidade quase ao mesmo tempo…
— Bem… Suponho que pareça assim do seu ponto de vista.
— …Perdão? — o GM inclinou a cabeça diante dessa resposta enigmática. Porém, Auril Gavis não elaborou e respondeu à pergunta anterior.
— Estamos em um lugar fora dos muros da cidade. Um lugar muito significativo para mim.
— Ah… É mesmo…?
— Então, entenda que não posso dizer exatamente onde estamos.
— Perdão? Então…
— Não se preocupe. Não estou dizendo que vou mantê-los presos aqui para sempre.
— Ahaha… É mesmo? Isso é um alívio. Eu nunca planejei embarcar em uma aventura tão longa…
O GM realmente não tinha culhão algum. Ele estava rindo e aplaudindo o culpado que nos jogou nesta situação em primeiro lugar.
Bem, as coisas tinham progredido de forma ligeiramente mais favorável desde que ganhamos alguém para culpar.
— Não nos manter presos? — perguntou Baekho, que passou os últimos minutos parecendo furioso, mas ainda atento. — Então, vai simplesmente nos deixar ir?
Auril Gavis assentiu lentamente. — Claro. Isso se me prometerem uma coisa.
Baekho hesitou. — Continue.
— Não estava nos meus planos falar com vocês de forma tão direta, mas já que chegamos a este ponto, vou falar abertamente.
— Certo? Então vá direto ao…
— Não tentem encontrar respostas em outros lugares.
Baekho se contraiu por um segundo antes de rir de forma desajeitada.
— Que diabos isso quer dizer? Não deveria ser um pouco mais claro se quer que cumpramos sua promessa?
— Então serei mais direto. Baekho, entendo muito bem por que o palácio é o seu objetivo.
— Então…?
— Mas nem pense em pôr os pés lá. A resposta que você procura nem está lá para começo de conversa.
Auril Gavis não mencionou nenhuma punição que Baekho sofreria se quebrasse essa promessa.
Quero dizer, ele já havia dito isso repetidamente. Se Baekho não seguisse suas palavras, ele o eliminaria. E já que Baekho também sabia disso…
— …Então onde diabos está a resposta?
Baekho fez apenas mais uma pergunta, e Auril Gavis respondeu com um sorriso gentil.
— Vocês são aventureiros.
Ele então deu um leve tapinha no ombro de Baekho.
— Encontrem-na no labirinto.
Então, com uma voz calma, disse: — Todas as respostas que procuram estão lá.
Como se suas palavras fossem ditas unicamente com más intenções. Naquele momento, Auril Gavis me lembrou de Karui por um instante.
Agora que pensei nisso, esse velho era parecido com Karui, ao menos no sentido de que estava sempre brincando com as pessoas.
Auril Gavis não tentou instigar o atônito Baekho a falar e, em vez disso, ficou ali calmamente, aguardando uma resposta em um silêncio confortável, mas de alguma forma opressor.
Não demorou muito para Baekho levantar a bandeira branca.
— Ah, ok. Ok, eu entendi. Entendi o que você disse. Simplificando, não tocar no palácio, certo? Não vou. Está bom assim?
Se era para se render, talvez ele devesse ter deixado de lado aquela atitude enquanto estava nisso.
“Ele… quer alguma coisa?”
Guardei essa pergunta para depois, enquanto Baekho comentou em seu tom casual: — Mas parece que você também não é onipotente, não é? Pelo jeito que está correndo por aí tentando consertar tudo… Quero dizer, certo? Dá para ver que você não gosta muito do fato de que o labirinto foi fechado. Honestamente, isso tudo não está acontecendo porque você salvou Noark quando eles estavam à beira da destruição?
— Então o que está realmente tentando dizer?
— Bem, não tem nada por trás disso… Só estou dizendo o que é. Se chegou ao ponto em que precisa se revelar assim para nós, seus planos também devem estar indo bem mal.
Simplificando, Baekho apenas expressou isso para confirmar uma de suas suspeitas.
— E, pelo jeito que você reagiu, parece que acertei?
— Haha… Você continua o mesmo de sempre. Agradeço sua preocupação, mas não preciso dela. Nada vai mudar só porque uma formiga se preocupa com uma pessoa.
Auril Gavis sorriu gentilmente ao dizer essas palavras cortantes. Pelo jeito que Baekho não conseguia disfarçar sua expressão e apenas ria de forma desajeitada, esta troca foi uma derrota completa para Baekho, mesmo até o fim.
— Muito bem, vamos encerrar nosso encontro por hoje.
— Ah… senhor? Gostaria de perguntar uma coisa.
— Está ficando tarde. Quando tivermos outra oportunidade, responderei essas perguntas.
— Então podemos nos encontrar novamente?
— Claro. Você é um estudante exemplar. Estou sempre observando você.
— S-Sério…? — A decepção no rosto do GM diminuiu com isso.
Auril Gavis manteve aquele mesmo sorriso caloroso enquanto olhava para ele, mas então se virou e nos conduziu para dentro da caverna. Após cerca de um minuto de caminhada, uma ampla área aberta nos recebeu.
— Uau…
— Quantos há aqui?
Todos soltaram exclamações ao chegarmos.
Não dava para evitar. Instaladas nesse grande espaço aberto, grande o suficiente para jogar futebol, inúmeras lápides dimensionais estavam alinhadas nas paredes. Havia pelo menos algumas centenas apenas à primeira vista.
— Para vocês… Hm, esta pode servir. — Auril Gavis apontou para a lápide dimensional que usaríamos.
— Hm… Posso perguntar para onde ela leva?
— Hmm, gostaria de deixar que descobrissem sozinhos só pela diversão, mas seria muito desvantajoso para vocês se eu fizesse isso. Vou contar. Se usarem esta, voltarão ao primeiro local.
— Por primeiro local… Está falando do lugar com o círculo mágico quebrado?
— Isso mesmo.
Após saber qual seria nosso destino, o GM relaxou visivelmente. Suponho que isso seja o que chamam de uma resposta suave que afasta a ira.
Por alguma razão, ele responde às perguntas do GM sempre que ele as faz.
Tive a sensação de que o GM talvez estivesse mirando nisso.
Bem, parecia inútil da minha perspectiva. Não importa o quanto esse velho ria e agisse alegremente na nossa frente, ele cuspiria pelas costas.
Shaaa!
Quando o portal se abriu, Auril Gavis olhou para nós como se estivesse nos apressando, e Baekho cuspiu no chão.
— Velho desgraçado.
Ele foi o primeiro a atravessar o portal, como se não quisesse permanecer nem mais um segundo naquela área.
— Eu vou entrar em seguida. O Baekho já deve ter começado a causar problemas.
O Vovô Caído foi o segundo a entrar, e Aures o seguiu em terceiro…
Depois que Jaina e o GM também atravessaram, acabamos ficando apenas eu e Auril Gavis na caverna.
“Não preciso mais manter a atuação.”
Auril Gavis me lançou um olhar, percebendo que eu havia parado em frente ao portal.
— Por quê? Já quer que eu vá embora? — respondi com um tom levemente rabugento.
Auril Gavis apenas me deu um sorriso caloroso. — Haha, de forma alguma. Você age como se eu tivesse pressionado você de alguma forma. Só olhei para você porque parecia que tinha algo a me dizer… Isso não é típico de você. Se tem algo a dizer, diga.
Mesmo que ele dissesse isso, nunca me diria o que eu queria saber, se não quisesse.
Olhei em volta e imitei um pouco o jeito do GM ao falar.
— Senhor, só tenho uma pergunta.
— Parece que você sempre tem algo a me perguntar quando me encontra.
— É que você guarda muitos segredos.
— Haha… Diga-me. Qual é a sua pergunta?
— Onde estamos?
Pude perceber que isso pegou até Auril Gavis de surpresa. — Por que está curioso sobre isso? Deve ter perguntas bem mais importantes.
— Já fiz as perguntas importantes algumas vezes, mas nunca recebi uma resposta adequada para elas — resmunguei, indicando que não tentaria mais insistir nessas questões.
Auril Gavis de repente começou a rir. — O quê? Haha! Hahaha! Hahahahaha!
Esse cara estava senil? O que exatamente foi engraçado nisso?
Embora eu não entendesse nada, o fato de o humor desse velho ter melhorado era algo positivo para mim.
— Ahaha… Minhas desculpas. Isso de repente me trouxe algumas memórias antigas.
— Memórias antigas…?
— De qualquer forma, já que muitas coisas infelizes aconteceram com você recentemente, vou responder à sua pergunta.
— Ah, isso seria bom.
— Não use sarcasmo.
— Certo…
Como o velho disse que responderia minha pergunta, não tentei irritá-lo mais e apenas esperei ele falar. A questão parecia bem importante.
— Estamos em um lugar fora dos muros da cidade.
Fora dos muros.
— Um lugar muito significativo para mim.
Um lugar significativo para Auril Gavis. Sem mencionar que a estrutura deste lugar era muito semelhante à da Caverna de Cristal do primeiro andar.
Onde exatamente estávamos?
— Quer dar uma volta?
Embora as perguntas estivessem se multiplicando na minha mente, assenti em resposta. Enquanto caminhava atrás de Auril Gavis, ele de repente disse algo enigmático.
— Uma mentira que você deseja acreditar como verdade e uma verdade que você deseja acreditar como mentira.
— O quê…?
— Se tivesse que escolher entre essas duas, qual escolheria?
Eu me perguntei por que ele de repente me fez essa pergunta, mas esse velho não era do tipo que falava algo aleatório sem motivo.
Considerei seriamente as opções. Pensando bem, já tinha visto algo parecido na internet.
Um bolo com sabor de merda ou merda com sabor de bolo.
Ah, claro, havia diferenças claras entre esse dilema e a pergunta que o velho me fez. Mas foi por isso que ficou ainda mais fácil para mim escolher.
— Escolheria a segunda.
— Preferiria uma verdade que gostaria que fosse mentira?
— Porque ainda é a verdade.
— Hmm, entendo…
Embora eu tenha respondido com relativa seriedade, Auril Gavis apenas reagiu de forma vaga e não disse muito mais.
— Chegamos.
O lugar onde Auril Gavis parou era um portão de pedra que bloqueava a passagem da caverna. Um tomo com baboseiras mágicas escritas parecia ter sido colado no portão, e, quando ele colocou a mão nele, abriu automaticamente.
Então, um espaço completamente inesperado foi revelado para mim.
Era uma área construída para imitar o espaço sideral. Uma escadaria reta levava a algum pico desconhecido.
— Tenha cuidado para não cair e me siga.
Como sempre, esse velho não deu explicações e começou a subir os degraus. Depois de observar ao redor por um momento, o segui.
Algum tempo passou.
Tap, tap.
Enquanto subíamos os degraus incessantemente, percebi algo.
Ele me trouxe aqui para me mostrar algo que estava no altar no final dos degraus.
— O que é aquilo…?
— Você saberá quando ver.
Me perguntei o que ele queria dizer com isso, mas percebi assim que cheguei ao topo. Estava flutuando sobre o altar, coberto por um tecido fino.
— Fragmentos da Pedra de Registros…
Não apenas um, mas centenas desses fragmentos orbitavam no ar.
— Você reuniu tudo isso à mão?
Auril Gavis assentiu silenciosamente à minha pergunta. Quando estendeu a mão, os fragmentos, que nadavam como uma galáxia, começaram a ser atraídos para ele.
— Gostaria de ler?
Assenti antes de começar a ler silenciosamente a linguagem antiga escrita nos fragmentos.
— ⟅Um espírito maligno de outro mundo…⟆ — murmurei para mim mesmo. O problema, no entanto, era que eu não conseguia decifrar tudo. — Como se lê este aqui? Não acho que seja uma língua antiga. Parece apenas rabiscos…
— Você não precisa entender. Para os humanos, isso seria como um nome.
Hmm, então acho que posso ignorar este.
Não demorou muito para que eu lesse o restante dos fragmentos, porque o texto era bem curto.
— ⟅Um espírito maligno de outro mundo… após perder três de seus aliados, perceberá o caminho que deve seguir…⟆
Hã?
Não, espera.
— Esse nome poderia ser… eu…?
Quando me virei rapidamente para perguntar, Auril Gavis apenas me deu um sorriso gentil e não respondeu.
Droga.
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