Capítulo 702: A Calma Antes da Tempestade (2/5)

Mesmo enquanto eu rememorava, tudo parecia inteiramente novo.

A tristeza dos dias passados piscava em minha mente, enquanto meus olhos captavam a expressão frustrada dele.

— Hmm, isso é estranho. Você pode ter feito um nome para si, mas não o suficiente para o GM se interessar.

— Se você não responder, vou matar aquela gata vermelha.

— Por que você está tão bonzinho de repente?

Desde quando esse cara não sabia que eu era Hansu Lee.

— Desculpe, não posso devolver a Gatinha.

— Você ficou surdo vivendo como bárbaro?

— Não finja que é a única pessoa normal. É revoltante.

Até os dias em que ele me causava problemas de propósito, mesmo depois de saber a verdade.

Todos esses incidentes surgiam em minha mente como um panorama, enquanto uma alegria difícil de descrever começava a preencher meu coração.

“Eu finalmente consegui uma desculpa dele…”

Claro, a desculpa não era genuína. Mas algo assim já era raro, para começar.

Para mim, isso era suficiente. Não era como se ser sincero ou não fosse mudar muita coisa, de qualquer forma.

— Então… podemos parar por aqui, certo?

Baekho então me olhou como um filhote de cachorro que sabia ter feito algo errado.

Bem, minha resposta já estava decidida.

Embora o mais correto fosse avançar mesmo com o risco de algumas perdas, se Baekho continuasse a agir contra mim, eu sabia que nada de bom sairia de empurrá-lo ao limite.

— Quero dizer, o que eu fiz de tão errado? Só queria fazer umas perguntas…

Esse fim não produziria vencedores. Apenas um perdedor seria deixado sozinho no inferno.

“Ainda assim, ele recuou primeiro hoje…”

Ser ganancioso e tentar pressioná-lo nesse ponto não era um passo lógico. Havia apenas uma coisa que eu precisava fazer aqui.

— E foi você quem causou essa situação, Barão. Se não tivesse feito tido aquela conversa suspeita com o velho e tivesse saído rapidamente como o resto de nós…

Enquanto Baekho começava a tentar transferir a culpa, como de costume, eu o cortei com firmeza.

— Pare com a enrolação. Vou decidir se paramos aqui dependendo do ‘pagamento’ que você vai me dar.

Em resumo, ele precisava produzir dinheiro suficiente para me satisfazer, porque eu não o deixaria sair impune de outra forma.

— Quanto você quer? — perguntou ele com um suspiro. — Ah, posso te dar bens em vez de dinheiro? Não carrego tanto assim comigo.

Eu não respondi. Afinal, a primeira oferta deve vir do lado perdedor.

Quando continuei a encará-lo em silêncio, Baekho cuidadosamente fez sua oferta.

— Que tal duzentos milhões de pedras por pessoa?

Esse cara estava tentando economizar até nessa situação?

— Trezentos milhões por pessoa — respondi friamente, destruindo suas esperanças.

Baekho soltou outro suspiro profundo antes de acenar com a cabeça.

— Certo. Trezentos milhões de pedras.

— Ah — disse eu, apontando para o Erudito Caído. — E você e aquele velho vão ser setecentos milhões de pedras.

Baekho explodiu de raiva.

— O quê? Não, por quê?

Ele estava perguntando porque realmente não sabia?

— Não matá-lo aqui é uma concessão incrível para nós agora. Se você não tiver dinheiro, desista dos outros dois em vez disso. Pode tentar outras coisas, mas não vou negociar esse ponto.

Ele não conseguiu dizer nada quando deixei claro que não tinha intenção de recuar. Em vez disso, olhou para Erwen antes de acenar impotentemente.

— Certo. Vou pagar. Dois bilhões de pedras.

— Então nossa conversa termina aqui.

— Velho! Eu vou pagar metade, então você paga a outra metade! Dá para fazer isso, certo?

— Que direito tem um membro que segue um líder fracassado? Faça como quiser.

— Argh, acha que estou fazendo isso porque quero?

Baekho não mostrava qualquer inclinação para assumir a responsabilidade pela situação como líder.

Embora a conversa entre ele e o Erudito Caído fosse feia, a verdadeira feiúra veio depois.

— Certo. Vocês dois podem pagar por suas próprias vidas, certo?

— O q-quê? O que quer dizer, Baekho?

Diante da ordem de Baekho, Aures, que tinha se jogado na linha de frente e até sacrificado um braço, respondeu com traição evidente na voz. No entanto, a insatisfação de Baekho era de outro nível.

— E então? Devo pagar? Vocês não são adultos? Vocês devem cuidar de suas próprias vidas. Hmm? Já que têm cabeça, tentem usá-la. Se eu quisesse, poderia simplesmente abandonar todos vocês aqui e fugir sozinho.

A lógica absurda de Baekho me deixou sem palavras, mesmo como espectador. Não consigo nem imaginar o que Jaina e Aures sentiam, tendo um cara como ele como líder.

Mas parecia que eles já estavam bem acostumados com isso.

— Tanto faz… Eu já esperava isso. Vou pagar o meu. Não quero ficar devendo nada a esse homem, de qualquer forma.

— Então… Então eu também vou pagar o meu.

Os dois aceitaram sem muita resistência.

E assim, depois que as contas foram feitas, recebi o dinheiro com a ajuda da Versyl e do GM.

— O quê? Como a armadura de couro de ogro custa só vinte milhões de pedras?! Ela vale pelo menos quarenta milhões no Centro Comercial!

— O preço foi determinado considerando a taxa de comissão e a taxa de manutenção até que os itens sejam vendidos.

— O quê? Está brincando? Quanto estão tirando pela taxa de manutenção?!

Versyl e GM revisaram todos os itens vendidos para nós, e sempre que Baekho tentava discutir, me chamavam.

— Hum… Capitão?

— Que bom que você está aqui, Barão — resmungou Baekho. — Você sabe que isso não faz sentido, certo? Como a armadura de couro de ogro…

— Se não gostar do preço oferecido, pode vendê-la você mesmo depois. Mas hoje você paga em dinheiro. E se não puder fazer isso, fique quieto.

— Ah, então é por isso que só subiu cem milhões de pedras quando ofereci duzentos milhões…

Só então Baekho percebeu por que eu não aumentei ainda mais o preço e resmungou. Mas, ao aceitar que esses valores estavam embutidos na negociação, ele parou de reclamar.

“É muita coisa.”

Depois de receber o pagamento, resumindo o que ganhamos…

“Setecentos milhões de pedras em dinheiro.”

Um lucro inesperado, já que Baekho juntou tudo que pôde em espécie.

“Quatrocentos milhões de pedras em itens de monstros.”

Embora o valor nominal fosse quatrocentos milhões, ao colocar tudo no mercado, provavelmente renderia o dobro.

“Novecentos milhões de pedras em equipamentos.”

Itens tão preciosos que nem o dinheiro podia comprar. Entre eles:

No. 696: Arco Imperial de Raindres.

Provavelmente ideal para Erwen, que ainda usava um arco comum após devolver O Arco Sagrado aos elfos.

No. 989: Orbe da Circulação.

Aumentava enormemente a velocidade de regeneração natural fora de situações críticas. Perfeito para a maga Versyl.

No. 1001: Bolsa de Viagem de Alonso.

Embora o número fosse mais baixo, era incrivelmente rara.

— Uma bolsa? Parece pequena, como um cinto. É como uma bolsa de subespaço?

— Não, é um talismã.

Embora muitos pensassem ser uma bolsa comum ou de subespaço, a Bolsa de Viagem de Alonso era um talismã. Designada como um ‘Amuleto’ no jogo.

— Um talismã… É como o No. 9999: Sorte de Principiante?

— Exato.

Ainar era a única pessoa no nosso clã que possuía um item do tipo talismã. O dela era um item que aumentava a chance de obter uma essência ao caçar um monstro pela primeira vez, mas, por ser um item vinculado, ela não podia removê-lo nem substituí-lo por outra coisa.

Diferente do No. 1001: Bolsa de Viagem de Alonso.

— Então qual é o efeito dela? Para ser honesta, não faço ideia…

Foi Amelia quem respondeu à pergunta de Versyl.

— Ela aumenta suas chances de não ser atacado por monstros e, quando um monstro morre por perto, concede pedras de mana adicionais.

Honestamente, ela tinha um conhecimento estranho sobre itens como esse. Era como aquelas crianças que conseguem citar os nomes de dinossauros com nomes difíceis de pronunciar.

Era exatamente essa a sensação.

No entanto, como especialista em Dungeon and Stone, eu podia fornecer um pouco mais de contexto…

Ao invés de reduzir diretamente as chances de ser atacado, ela apenas diminuía o seu nível de ameaça.

Por causa disso, esse era um talismã que eu, como tanque, jamais poderia usar. Sem contar que o nível de ameaça não era reduzido por um valor fixo, mas por uma porcentagem.

“Acho que a redução era de cerca de quarenta por cento?”

De qualquer forma, obtivemos um item útil para qualquer grupo. Ignorando a parte do nível de ameaça, ele nos permitiria obter pedras de mana adicionais ao derrotar monstros no labirinto.

“Aumentamos permanentemente nossos ganhos de pedras de mana em 1,5 vezes.”

Eu precisaria pensar mais tarde sobre quem deveria ficar com ele, mas decidi deixá-lo com Auyen, nosso membro mais fraco, por enquanto.

— Certo, então é isso, não é? Os erros de hoje foram resolvidos, certo? Não vamos trazer isso à tona no futuro, combinado?

— Claro que não.

Baekho suspirou.

— Não sei como as coisas acabaram assim… Tudo bem, estamos indo.

— Espere, para onde vocês acham que vão?

Quando o impedi de partir depois que o pagamento foi acertado, Baekho me lançou um olhar que praticamente gritava: ‘Qual é o seu problema?’

— Por quê? Não fizemos tudo o que precisávamos?

— Ainda posso perguntar, não posso?

— Não sei. Nosso plano original era encontrar uma maneira de consertar o círculo mágico para voltar à cidade… mas não tem jeito. Mesmo se voltarmos agora, não podemos fazer nada.

O subtexto era que, se ele tentasse continuar com o plano original, aquele velho apareceria e o eliminaria. Mas isso não era importante, então deixei passar.

— Então, para onde vocês vão?

— Para qualquer lugar. Não dá para continuar viajando com você como se nada tivesse acontecido, certo, Barão?

Hmm, honestamente, eu estava considerando essa possibilidade.

⟅Um espírito maligno de outro mundo… após perder três de seus aliados, perceberá o caminho que deve seguir…⟆

Se eu pudesse torná-los meus aliados e viajar com eles, talvez pudesse oferecê-los à profecia.

— Então não tente nos impedir. Não importa o que você diga, não vamos viajar com você.

Não havia como aquele cara orgulhoso trabalhar comigo depois de ser humilhado.

“Certo, vamos encerrar isso de vez.”

No fim, eu também não achava que daria certo. Não importava o que acontecesse, não era como se eu pensasse nesses caras como meus verdadeiros aliados para começar. E, se por acaso eu realmente começasse a considerá-los aliados de verdade, o plano perderia o sentido de qualquer forma.

Baekho cuspiu no chão.

— Estamos indo agora — declarou, partindo com seus ‘aliados’.

— Eles se foram…

Assim que a tensão deixou meu corpo, meus aliados se aproximaram de mim.

— Senhor, você está bem…?

— V-Você parece muito exausto…

Deitei-me no chão, braços abertos, enquanto observava os rostos preocupados dos meus aliados ao meu redor.

— Bjorn Yandel.

E, entre eles, vi Amelia com uma expressão bem irritada.

— Você vai me contar como veio parar aqui, por que não estava voltando e por que estava lutando com eles.

Sim. Fazia sentido estarem curiosos sobre isso. Eu tinha desaparecido por alguns meses sem dar notícias.

Usei toda a força do meu corpo para me sentar e começar — Bem…

— Há muitas perguntas que precisamos responder, mas você parece cansado. — Amelia sorriu antes de empurrar meu ombro gentilmente de volta ao chão. — Descanse por enquanto. Podemos te ouvir depois.

Com isso, algo em meu peito se aliviou, e minhas pálpebras começaram a pesar. Parecia que eu cairia no sono a qualquer momento.

No entanto, minha mente continuava a mil.

Ba-dum!

Meus aliados tiveram a sorte de sair dos muros da cidade a tempo e me ajudaram a evitar o perigo. Também conseguimos fazer Baekho recuar e ganhamos muito com ele.

Porém, mesmo depois de tudo isso…

“Eu acabei encontrando-os aqui.”

Será que isso realmente foi algo bom?

O fato de que consegui me reunir com meus aliados, quando eu esperava vê-los apenas alguns meses depois…

⟅Um espírito maligno de outro mundo… após perder três de seus aliados, perceberá o caminho que deve seguir…⟆

Será que foi mesmo apenas coincidência?