Índice de Capítulo

    Um minuto, dois minutos, três minutos…

    O tempo rastejava, mais lento do que ele jamais havia sentido antes.

    Quatro minutos, cinco minutos, seis minutos…

    Quanto mais o tempo passava, mais sufocado ele se sentia. O interior do armário, que antes lhe proporcionava conforto, agora parecia estrangular o ar em seus pulmões e tirar o ritmo fácil do seu coração.

    Ele estava inquieto e preocupado.

    Sete minutos, oito minutos, nove minutos…

    Será que ela estava bem? Talvez tivesse sido descoberta por outros Noarkianos e estivesse em grave perigo.

    Cenas atormentadoras se desenrolavam atrás de suas pálpebras no escuro do armário.

    Ba-dum!

    Aquilo também era uma espécie de intuição. Mas, desta vez, a ‘intuição’ não dizia respeito a ele, mas a outra pessoa.

    Dez minutos, onze minutos, doze minutos…

    Sven Parav não descansou. Em vez disso, pressionou o ouvido contra a porta do armário, esforçando-se para captar os sons do lado de fora.

    A última coisa que ouvira foi Lilith Marrone e a mulher que ela havia salvado escondendo o corpo e entrando no prédio do outro lado da rua. Depois disso, ele mal conseguiu ouvir qualquer coisa.

    Elas devem ter encontrado um bom esconderijo por lá.

    Clack, clack, clack.

    Mas, toda vez que uma unidade de soldados passava pela estrada, Parav sentia arrepios descendo por sua espinha.

    O armário ainda estava seguro. Sua intuição lhe dizia isso repetidamente, a mesma intuição que já salvara sua vida inúmeras vezes.

    Vinte minutos, trinta minutos, quarenta minutos…

    No entanto, será que isso também se aplicava ao prédio do outro lado da rua?

    A resposta que sua intuição lhe deu foi não. Mesmo sem ela, ele podia deduzir objetivamente que aquele lugar não era seguro. Se fosse, aquela mulher não teria sido capturada por aqueles lacaios e arrastada para as ruas abertas.

    Então veio o ‘incidente’.

    Clack, clack, clack.

    Outro grupo de soldados com armaduras marchou pela estrada e, então, parou.

    Clack.

    Eles pararam em frente ao prédio, ele percebeu.

    Droga. Ele queria que simplesmente seguissem em frente, mas seu instinto estava certo novamente.

    — Eles desapareceram enquanto patrulhavam esta área? — perguntou uma voz.

    — Sim — respondeu outra. — Este foi o último local registrado no relatório deles.

    — Hah… Por que eles se dariam ao trabalho de vir até aqui para patrulhar, se era só para se divertir?

    — Bem, estavam usando a patrulha como desculpa para procurar algo para penhorar.

    — Deveriam ter encontrado uma mulher, isso sim.

    Diferente da disciplina militar apropriada do exército Rafdoniano, a conversa era tipicamente Noarkiana. Isso só aumentou sua ansiedade.

    Era óbvio qual seria o destino de qualquer um capturado por aqueles dois.

    Ba-dum!

    Em retrospecto, mundo sempre fora assim.

    Todo incidente infeliz era alimentado por sua preocupação e ansiedade. Quanto mais medo e inquietação ele sentia, mais eventos desafortunados aconteciam.

    Assim como agora.

    — Huh? — uma das vozes do lado de fora de repente exclamou. — Espere, estou sentindo energia de morte.

    — Energia de morte…?

    — Muito tempo se passou, então o sinal está fraco… Mas é claro. Alguém morreu aqui.

    — Pode dar mais detalhes?

    — Espere um momento. — Houve um longo silêncio tenso antes que o homem finalmente falasse de novo. — Há cerca de uma hora, três pessoas morreram.

    Sua voz estava muito mais baixa do que antes, mas Parav, que havia terminado de fortalecer seu corpo com poder divino, podia ouvi-lo claramente. Seu parceiro falou a seguir.

    — Isso bate com o número de pessoas desaparecidas e o horário também, cerca de uma hora atrás. Isso torna mais provável que fossem nossos homens.

    — Pelo que posso ver, alguém moveu os corpos e usou magia para apagar os rastros de sangue.

    — Então, nem mesmo sua magia negra pode descobrir para onde os culpados foram? — disse o homem que Parav suspeitava ser o comandante.

    E Parav desesperadamente esperava que a magia do feiticeiro das trevas falhasse.

    — Hmm… A magia negra não é onipotente.

    — Entendo.

    — Mas, pelo menos, posso ver para onde os corpos foram. Foram movidos para aquele prédio ali.

    — Os culpados ainda podem estar aqui. Precisamos vasculhar a área pelo menos uma vez.

    — Sim, precisamos. Vendo o quão limpo eles lidaram com os corpos, parecem ser bem habilidosos… Mas mesmo pessoas desse calibre geralmente não sabem muito sobre magia negra. Se eu não tivesse detectado a energia de morte, também não teria percebido.

    — Por precaução, vamos fazer um relatório antes de entrar. Ei, Lexton!

    O suposto comandante chamou outro homem, que rapidamente relatou algo. Pelo que Parav conseguiu entender, ele estava contatando as forças principais.

    “Maldição.”

    Sua mente nublou com a incerteza.

    Deveria agir agora, antes que eles enviassem o relatório? Ou deveria ficar parado? O melhor cenário seria se eles revistassem a casa, mas não encontrassem Marrone e a mulher.

    — Comandante! Terminei de relatar tudo o que pediu.

    Porém, antes que pudesse chegar a uma conclusão, tudo já estava decidido.

    Ele perdeu o momento, e só restava observar.

    — Formações de combate. Como não sabemos quantos inimigos estamos enfrentando, faremos uma busca com o máximo de cuidado.

    Os Noarkianos entraram cuidadosamente no prédio, e minutos e segundos que pareciam uma eternidade se passaram.

    Ba-dump, ba-dump, ba-dump…

    Uma eternidade de incerteza sobre ter tomado a decisão certa ou não.

    Cerca de sete minutos depois, o desfecho foi revelado.

    — C-Comandante!

    Boom!

    — Aaaaack!

    Explosões e gritos ecoaram simultaneamente, atacando seus ouvidos.

    Assim, a batalha começou.

    Ergh!

    Como esperado de uma ex-maga militar, Marrone reagiu adequadamente mesmo após ser descoberta. No entanto, no final, foi derrotada.

    — Droga, perdemos sete homens só por causa dessa mulher…!

    O som pesado de um soco foi seguido pelo gemido de uma voz familiar.

    — Ugh!

    — Espere, ela parece familiar.

    — Lilith Marrone! Ela é uma maga militar e aliada de Bjorn Yandel!

    — O quê…? Haha! Hahaha! Hoje é nosso dia de sorte! Que conquista!

    — Se a capturarmos viva e a levarmos de volta, com certeza seremos recompensados por essa grande contribuição!

    Capturá-la viva.

    Essas palavras fizeram a esperança de Parav disparar.

    — Nah, do que você está falando? — zombou um dos homens. — Isso é notícia velha. Já faz um tempo que os superiores disseram que não precisamos mantê-los vivos.

    — Ah… Sério?

    — Mas seria um desperdício simplesmente matá-la aqui e agora, certo?

    — Claro! Não podemos deixá-la ter uma morte fácil depois de matar sete de nós.

    — E-Eu também perdi um braço!

    Até mesmo aquele pequeno fio de esperança desmoronou em nada.

    Houve outro soco. Parav simplesmente fechou os olhos e respirou fundo, silenciosamente.

    Ba-dum!

    Aquela intuição que o guiava estava brincando com seu coração e dizendo claramente: se ele tapasse os ouvidos e ignorasse…

    Ba-dum!

    Ele sobreviveria.

    — Ainda assim, vamos extrair algumas informações dela. Pode haver aliados escondidos por aqui.

    Mesmo que Lilith Marrone, que arriscou a própria vida para salvar outra pessoa, morresse…

    — Ei! Fale! Você está sozinha? Tem aliados?

    Ela permaneceu em silêncio.

    — Bem, você vai falar quando começar a sentir dor.

    Ele viveria.

    — Huh? Comandante! Tem mais alguém aqui!

    — E-eiyaaaah!

    Aquela civil inocente morreria.

    — D-Deixem ela em paz! — veio a voz familiar.

    — Heh, olhe como a expressão dela mudou.

    Mas ele viveria.

    — Uwaaaah!

    — Huh? Tem um bebê aqui também.

    — P-Por favor! Não machuquem meu filho! Por favor, poupem meu filho!

    Mas isso era certo?

    — N-Não…!

    Parav não se perguntou de novo.

    【Sven Parav lançou Espada da Condenação.】


    — Haah… Haah… Haah…

    Ele forçou sua respiração ofegante a se acalmar e continuou correndo.

    Havia dois motivos para isso.

    Respirar de forma regular permitiria que ele corresse mais longe.

    — Persigam-no!

    E ele precisava correr mais longe para sobreviver.

    — Haah… Haah… Haah…

    Brown Rotmiller corria pelas trilhas familiares da floresta com todas as suas forças.

    Ele não havia desertado da batalha nem nada do tipo. Os canhões de mana disparando contra eles obrigaram a força principal a recuar das muralhas e, devido à diferença esmagadora de números, a linha de frente havia caído e uma ordem de retirada fora emitida.

    Era um plano muito lógico.

    O plano real era fingir que estavam recuando para expandir a linha de batalha o máximo possível, permitindo que a unidade de elite atacasse o inimigo pela retaguarda.

    Ele soube dessa informação porque já havia sido um aliado de Yandel.

    A especifícação de ‘ex-aliado’ pesava mais do que nunca.

    — É um dos que Yandel mantém por perto!

    — Peguem-no! Ele vale uma essência de Terceiro Nível se o capturarmos!

    Eles o perseguiam implacavelmente. Era por isso que ele corria sozinho por essa densa trilha na floresta.

    Ele estava com outros guerreiros bárbaros no início, mas logo percebeu que sua presença apenas os colocava em mais perigo.

    — Haah… Haah… Haah…

    E assim, ele corria e continuava correndo.

    Ao contrário dos verdadeiros aliados de Yandel, ele não tinha poder para lutar contra dezenas de soldados ao mesmo tempo. No entanto, se continuasse correndo, poderia pelo menos manter aqueles soldados ocupados.

    Era o máximo que ele podia fazer como um aventureiro aposentado e antigo batedor.

    — Haah… Haah… Haah…

    Ele forçava suas pernas, que imploravam para parar, a continuarem se movendo.

    Ba-dump, ba-dump, Ba-dum!

    Ele ignorava o bater do coração que lhe dizia que estava no limite.

    Boom!

    E lançou a última bomba de fumaça que tinha…

    Pshwoo!

    Uma flecha assobiou através da nuvem de fumaça e atingiu seu abdômen, desequilibrando-o. Seu corpo bateu no chão lamacento com o impacto.

    “É impossível continuar fugindo.”

    Após chegar rapidamente a essa conclusão, Rotmiller procurou uma árvore robusta e escalou-a.

    Fwoosh!

    Logo depois, ventos artificiais dispersaram a nuvem de fumaça, e seus perseguidores entraram rapidamente na área.

    — Droga, onde ele foi?

    — Perdemos ele?

    — Não vejo minha flecha. Acho que acertei ele!

    — Então ele não pode ter ido longe. Procurem!

    Os perseguidores se moveram rapidamente ao redor da árvore.

    Rotmiller tomou outra decisão calculada.

    O que ele precisava fazer para garantir sua sobrevivência?

    Embora não tivesse subido aos andares mais altos do labirinto, ele o visitara inúmeras vezes e usou sua experiência para chegar à conclusão certa.

    “Preciso curar meu corpo.”

    Não parecia que eles desistiriam da busca. Mais cedo ou mais tarde, ele seria encontrado, e se o encontrassem nesse estado, seria capturado contra sua vontade, sem ter como resistir.

    Ele precisava curar seu corpo primeiro, com uma condição, considerando que seus perseguidores ainda estavam próximos.

    “Faça o mais silenciosamente possível.”

    Rotmiller puxou a flecha que o havia perfurado no estômago, depois mordeu o cabo como um amordaçador antes de derramar a poção sobre o ferimento.

    Ssszz.

    Era a mesma dor de sempre, a dor que o fazia questionar se estava realmente sendo curado.

    Rotmiller mais uma vez sentiu admiração ao pensar em Yandel.

    Ele sempre lutava suportando essa dor. Como isso era possível?

    “Ah…”

    Embora ele mesmo tivesse feito a pergunta, já sabia a resposta.

    Era para sobreviver.

    Sua mandíbula tensionou reflexivamente, e as veias em sua cabeça pulsaram enquanto o sangue subia, mas Rotmiller conteve qualquer som.

    — Huh?

    No entanto, ele teve azar.

    Tomou todas as decisões certas e fez tudo o que pôde dadas as circunstâncias.

    — Porra! Você me assustou!

    Mas foi apenas azar.

    O homem que o encontrou era o único entre os perseguidores que estava relaxando e urinando no chão.

    Pswhoo!

    Ele ergueu a cabeça sem se importar e acabou avistando Rotmiller. No momento em que o percebeu, disparou sua besta, atingindo a coxa de Rotmiller.

    Thud!

    Ele caiu no chão com um baque. Quando recuperou os sentidos, seus perseguidores o cercavam.

    — Uau, a cabeça desse cara vale pelo menos uma essência de Terceiro Nível? O que faremos, Capitão?

    — A ordem para capturá-los vivos foi rescindida há um tempo. Só precisamos levar a cabeça dele e a identificação, depois voltar.

    A conversa parecia informal demais para ser sobre tirar a vida de alguém, e a decisão foi tomada imediatamente.

    — Posso fazer isso?

    — Você? — ecoou o capitão.

    — Quando eu teria outra chance de cortar a cabeça de um aliado de Bjorn Yandel?

    — Faça o que quiser.

    Com isso, o homem sorrateiro foi autorizado a ser o executor. Ele se aproximou de Rotmiller enquanto girava lentamente sua adaga.

    — Vai doer um pouco. Vou ter que serrar seu pescoço, já que essa é bem curta.

    Em vez de implorar inutilmente por sua vida, Rotmiller fechou os olhos.

    Ele tinha apenas mais alguns segundos para relembrar a vida que lhe fora dada, e nesses poucos segundos restantes, muitos rostos nostálgicos passaram por sua mente.

    Seus pais, que morreram quando ele era jovem por não conseguirem pagar os impostos.

    O diretor do orfanato que o acolheu e cuidou dele.

    Seu mestre, que lhe ensinou as habilidades de um batedor gratuitamente quando era um aventureiro iniciante.

    Eram os rostos de pessoas pelas quais ele era grato.

    Foi uma vida difícil, mas com muitas coisas boas para aproveitar. Se tivesse que escolher um momento entre elas…

    — Realmente, acho que aquele foi o melhor.

    — Hmm? — O homem sorrateiro congelou ao ouvir o murmúrio de Rotmiller. — O que esse desgraçado está falando?

    O que Hikurod estaria fazendo enquanto toda essa confusão acontecia? Ele escapou com segurança?

    Rotmiller esperava que sim. Mesmo que aquela grande forja fosse varrida pela guerra, a prioridade era sobreviver.

    “Eu deveria tê-lo visitado mais vezes.”

    O arrependimento brotou em seu coração enquanto outros aliados lhe vinham à mente.

    Missha Karlstein.

    Bjorn Yandel.

    E…

    “Riol Warb Dwalkie.”

    Seu amigo o receberia com um sorriso? Ou ficaria bravo por ele ter chegado tão cedo?

    Era impossível saber, mas Rotmiller não pôde evitar um sorriso.

    — Ele está sorrindo…?

    Como não sorrir? Foi apenas em seus últimos momentos que ele realmente percebeu algo.

    — Realmente… — murmurou.

    Já havia pensado nisso antes. Que, se e quando esse momento chegasse, talvez pudesse entender o que aquele amigo sentia.

    Era um pensamento absurdo.

    — Que homem incrível ele foi.

    Mas e ele?

    Brown Rotmiller era comum demais. Não conseguiu permanecer com as pessoas que lhe eram preciosas e teve que se aposentar como aventureiro. E, no final, encontrou um fim igualmente comum.

    — O que ele está dizendo? — perguntou o executor. — Se continuar falando bobagens, vou começar a serrar agora, entendeu?

    Ele queria viver.

    Não queria morrer.

    Havia muitas coisas que havia adiado e tantas que ainda não fizera, e muitas mais que provavelmente poderia realizar no futuro.

    Schwing!

    Mas esse era o fim.

    Rotmiller fechou os olhos silenciosamente, e o rosto de uma última pessoa cruzou sua mente.

    Não era o salvador que mudou sua vida, nem um aliado precioso, nem alguém com quem passara muito tempo…

    “Eu deveria ter sido mais honesto.”

    Realmente.

    Por que ele tinha tantos arrependimentos?

    — Que a bênção da estrela do crepúsculo esteja com você…

    Como qualquer outra pessoa comum diante da morte, ele clamou por seu deus em seus momentos finais.

    Boom!

    Então seus olhos se abriram de repente com a explosão.

    Ele não fazia ideia de como isso aconteceu, mas, felizmente…

    — O que estão fazendo com meu batedor?

    Parece que ele ainda tinha histórias para contar.

    Um pequeno gesto, um grande impacto.

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