Capítulo 743: Destino Reverso (6/6)

Onde eu deveria ir: Distrito 7 ou a terra sagrada?

Para ser honesto, foi uma decisão difícil de tomar.

— Porque, dependendo de onde você for, as pessoas que morrerão mudarão…

Se eu fosse para o Distrito 7, X morreria, e se eu fosse para a terra sagrada, Y morreria.

Embora eu não soubesse exatamente quem seriam X ou Y, tinha certeza de que ambos seriam aliados igualmente preciosos para mim.

— Essa será a decisão mais benéfica para você, Senhor Leão.

Mas então, aquele maldito ‘ancião’ me deu conselhos através do Lobo.

Disse que deixar X morrer para salvar Y seria mais benéfico para mim. Que eu precisava ir para o Distrito 7. E aquele jeito tortuoso de falar de um jogo de cartas do destino…

No final, decidi seguir meu caminho original: ir para a terra sagrada.

Não havia uma razão específica para minha escolha. Eu até concordava com ele que o destino reverso ainda era destino no fim das contas.

“Nem pense que vou acreditar em você por um segundo.”

Mas Auril Gavis não era alguém em quem eu confiaria.

Se eu estava destinado a perder uma pessoa, não importava o que fizesse, decidi que seria melhor continuar pelo caminho que escolhi. Mesmo que viesse a me arrepender no futuro, pelo menos teria sido uma decisão minha.

“Aquele velho ainda não me conhece.”

Ele já deveria saber que sou resistente a conselhos tão diretos assim.

“Hã?”

Ou será que ele estava mirando nisso?

Hesitei brevemente com o pensamento, mas, ao refletir, parecia improvável. Mesmo sem os conselhos dele, eu teria ido para a terra sagrada. Não havia razão para ele me provocar para tomar a mesma decisão.

“Deixa pra lá, é melhor parar de pensar nisso.”

Perder tempo com isso só nublaria meu julgamento, então decidi limpar a mente e focar apenas em alcançar meu destino.

Dez minutos, vinte minutos, trinta minutos correndo…

Boom! Bang!

Ouvi o som distante de explosões, que enviaram um leve tremor pelas muralhas por onde eu corria.

O que diabos estava acontecendo ali?

Acelerei ainda mais. Eventualmente, avistei a parte da muralha que se encontrava com a fronteira da terra sagrada e corri em direção ao portão.

— Hã? — murmurei.

Foi pura coincidência eu tê-lo notado.

Eu mal conseguia ver o que estava acontecendo lá embaixo devido à densa copa das árvores.

— Rotmiller?

Meu primeiro batedor estava ajoelhado em frente a uma árvore, parecendo exausto.

Por um momento, me perguntei o que estava acontecendo, até notar um sujeito qualquer se aproximando de Rotmiller com uma espada na mão.

Não havia necessidade de pensar. Saltei da muralha com toda a minha força.

Boom!

Como se tivesse usado 【Salto】, o chão tremeu quando pousei. Os que cercavam Rotmiller ficaram de olhos arregalados.

— O que estão fazendo com o meu batedor?

Rotmiller também me olhou como se tivesse visto um fantasma.

Eu soube naquele instante.

— Yandel?

X era Rotmiller.

Não demorou muito para a situação se resolver. Cada balanço do meu martelo arrancava a cabeça de um deles, e foi o fim.

Bem, exceto pelo fato de que eles se dispersaram como baratas, e mais da metade fugiu. Ainda assim, a batalha acabou.

— Você está bem, Rotmiller?

— Ah…

— Parece que não.

Ele ainda não havia recuperado os sentidos completamente, mas voltou à realidade quando derramei uma poção sobre seus ferimentos.

Ssszz!

— Ack!

Rotmiller recuperou toda sua energia com a poção.

— Argh! Ugh…!

No entanto, por estar cheio de energia, demorou um pouco para ele se acalmar e voltar ao normal.

— Yandel…

— Parece que você acordou agora — observei.

— Obr-obrigado por me salvar.

— Como você está? Tenho mais poções.

— Estou bem… Já estou curado.

Hmm, se ele diz…

— A propósito, Yandel — ele começou. — Como você está aqui…?

Ah, isso? Entendia que ele estivesse curioso, mas levaria tempo demais para explicar. — Vamos falar sobre mim depois. Quero saber qual é a situação aqui agora.

— Ah…

Rotmiller também pareceu perceber que não era o momento para saciar sua curiosidade. Voltou ao seu eu confiável de antigamente e rapidamente me informou sobre a situação.

— Os Noarkianos desfizeram a barreira e invadiram. Todos recuaram porque a diferença em números era grande demais, e quando as tropas deles se espalharam, nossa unidade de elite aproveitou a abertura para atacá-los pela retaguarda — resumi.

— Mas não tenho ideia se o plano deu certo ou não… Não é hora de pensar nisso. Você precisa ir lá e ajudar…

Rapidamente coloquei Rotmiller sobre meu ombro.

— Hã? — ele engasgou. Parecia não entender por que eu o estava carregando. — Por que eu? Me deixe para trás. Só vou atrapalhar.

Objetivamente falando, Rotmiller estava certo. Embora ele fosse o mesmo, eu havia mudado demais desde os tempos do Time-Lesado. Ele só atrapalharia em vez de ajudar.

— Você é meu batedor.

No entanto, não suportava deixá-lo para trás, e não havia garantia de que ele estaria seguro apenas porque eu o salvei desta vez.

— Você precisará me dizer para onde devo ir.

Rotmiller congelou com meu tom brincalhão e então sorriu. — Você realmente não mudou.

— Não há um ditado que diz que uma pessoa morre quando muda? Eu vou viver por muito tempo.

Demorou um momento para ele responder. — Não sei o que aconteceu com o plano deles, mas deveríamos ir para o portão agora.

Com isso, corri rapidamente em direção ao portão com Rotmiller sobre meu ombro.

Naturalmente, o caminho estava repleto de Noarkianos. Não que eles atrapalhassem, é claro.

Boom! Boom!

Embora fosse dever de um soldado bloquear o avanço de um inimigo, os Noarkianos rapidamente saíram do caminho quando me viram avançar como um tanque. Graças à gentileza deles para com os mais fortes, não demorou muito para atravessar a floresta e chegar ao portão, agora cheio de cicatrizes de batalha.

“Muitas pessoas morreram…”

O limiar do portão estava repleto de corpos. Muitos deles eram Noarkianos, mas um número significativo eram aliados, principalmente guerreiros bárbaros.

Entre os corpos, reconheci os rostos de guerreiros com quem havia convivido durante minha vida como bárbaro.

O que comprou a primeira casa quando o mercado imobiliário abriu.

O que eu bati na cabeça quando reclamou da qualidade dos equipamentos na cerimônia de maioridade e pediu que eu desse um a ele.

E até mesmo o que pediu que eu nomeasse seu filho para que ele crescesse como um grande guerreiro.

Ao observar seus rostos, não pude evitar apertar os dentes. Ainda assim, continuei a sondar a área. Por algum motivo estranho, os Noarkianos evitavam meu olhar e recuavam quando eu os encarava.

“Eles não importam. Ignore-os.”

Havia apenas duas coisas com as quais me importava.

O lugar onde o portão deveria estar havia sido completamente destruído. Até mesmo a muralha ao redor havia desmoronado. A pilha de escombros era tão alta que bloqueava o único caminho entre a terra sagrada e o Distrito 7.

Isso, e…

— Hã? Não é o Yandel?

— O quê? Senhor? É o Senhor! Senhor!

Para minha surpresa, encontrei aliados me observando do topo das muralhas. No instante em que os vi, comecei a contar.

Ainar, Versyl, Missha, Erwen, James Calla… Todos estavam lá, exceto Amelia, Auyen, Parav e Marrone…

— Senhor!

Erwen saltou das altas muralhas com um passo leve e correu em minha direção. Considerando sua habilidade física, ela não se machucaria com um salto daquela altura, mas instintivamente estendi os braços para segurá-la quando caiu.

— Onde você estava, poxa? Eu estava tão preocupada com você! — ela reclamou.

— Vou contar tudo mais tarde, mas me diga qual é a situação atual.

— Ah…

Embora estivéssemos cercados por Noarkianos, não vi problema em abrir a conversa ali mesmo. Devido à minha reputação, eles apenas nos observavam e mantinham distância, sem demonstrar nem um traço de interesse em se aproximar.

— Pelo que ouvi de Rotmiller, vocês atacaram a linha de comando Noarkiana na retaguarda. Conseguiram? — perguntei.

— Ah, isso… Foi um fracasso.

Embora Erwen tenha descrito como um fracasso, percebi que a situação não era tão sombria assim ao ouvir os detalhes. O grupo não conseguiu matar os líderes inimigos, mas conseguiu derrubar o portão e bloquear a entrada, deixando as elites Noarkianas, que os perseguiam, do lado de fora das muralhas.

— Agora somos nós que controlamos a muralha! Não vamos deixar que os Noarkianos enviem reforços!

Hmm, então era por isso que eles estavam na muralha. Se eu não tivesse notado Rotmiller antes, teria encontrado o grupo diretamente ali.

— De qualquer forma, a Srta. Gowland… — Talvez por eu ter ficado ausente por tanto tempo, Erwen divagava para manter a conversa, mesmo no meio de uma guerra.

Dei um sorriso e a interrompi. — Está tudo bem. É óbvio qual é o próximo passo do plano.

— Hã?

Como assim, ‘hã’? Se continuarmos segurando a linha na muralha, as forças inimigas dentro da terra sagrada nunca poderão se fortalecer. Em outras palavras, as forças que já estavam dentro da terra sagrada foram isoladas do exército principal de Noark.

Restava apenas uma coisa a fazer.

— Não é óbvio que o único passo restante é eliminá-los?

— Ah! Você é mesmo muito inteligente!

Estava acostumado aos elogios cegos de Erwen, então apenas deixei passar e me concentrei em observar a área novamente.

Talvez eles tivessem ouvido falar que o portão havia desabado, ou talvez eu tivesse chamado muita atenção enquanto corria para cá.

De qualquer forma, a área outrora vazia em frente ao portão agora estava cheia de Noarkianos.

Um, dois, três, quatro…

Eram tantos que nem dava para contar. Levaria muito tempo se eu quisesse esmagar a cabeça de cada um sozinho.

— Erwen, prepare-se.

— Perdão?

— Vamos fazer ‘aquilo’ pela primeira vez em um bom tempo.

— A-Ah… ‘Aquilo’?

Embora eu não tenha mencionado o que exatamente, Erwen entendeu imediatamente e começou a usar uma habilidade.

Eu também não precisava mencionar o atributo.

Nada funcionava melhor para lidar com hordas de inimigos.

Meu martelo cresceu como o bastão do Rei Macaco, estendendo-se em direção aos inimigos.

Boom!

Um som refrescante ecoou por todo o campo de batalha, mas foi abafado pela velocidade em que minha mente trabalhava.

— C-Corram!

— C-Como podemos lutar contra algo assim?!

X era Rotmiller, e X sobreviveu porque eu vim para a terra sagrada.

Boom!

Então, quem era Y?