Índice de Capítulo

    Sven Parav saiu pela porta do guarda-roupa e seguiu em direção à janela.

    Sua mente estava fervendo de estresse, e seus pensamentos pareciam ter ganhado vida própria. Era como se uma personalidade enterrada profundamente dentro de si tivesse emergido para controlá-lo.

    Ba-dum, ba-dum, ba-dum.

    Desde o momento em que deixou o guarda-roupa, seu coração galopava, mas sua mente cantava com uma certeza inabalável.

    Ele pulou pela janela.

    Vwoong!

    Seu primeiro ataque mirou no mago das trevas desprotegido, que estava na retaguarda. Não foi uma decisão lógica, mas uma reação inconsciente. Ele só começou a pensar novamente após cortar o pescoço do mago.

    Como a variável mais perigosa, o mago das trevas, estava morta, ele não teria problemas com o restante. Essa expectativa se provou verdadeira logo em seguida.

    — Quem é você?!

    — Matem-no!

    Os soldados Noarkianos só perceberam o ataque quando a cabeça do mago das trevas já havia rolado pelo chão. Todos se voltaram para atacar Parav. Surpreendentemente, um deles o reconheceu.

    — Sven Parav! Ele é aliado de Yandel!

    Então não era que ele tivesse ganhado uma reputação por si só, mas o fato de que quem andava com ele era famoso o suficiente.

    Um fenômeno natural, realmente.

    — Sua vadia de merda! Então você tinha aliados por perto!

    Embora sua identidade tenha sido revelada imediatamente, Parav não hesitou. Apenas se concentrou em brandir sua espada.

    Vwoong!

    Slash!

    A cada golpe, braços, pernas e até pescoços eram cortados.

    Foi uma luta unilateral.

    Slash!

    Quando recobrou os sentidos após a batalha, não havia mais Noarkianos de pé.

    Parav baixou a cabeça em silêncio para olhar para sua espada larga branca. Ele a havia adquirido recentemente, após renunciar à sua afiliação com a Igreja de Reatlas e sua posição como paladino.

    Aquela espada outrora branca agora estava manchada de vermelho-escuro.

    Ele olhou de soslaio para os corpos ao seu redor no chão. Estavam frios, sem vida.

    — Senhor Parav?

    A curiosidade crescia no coração de Parav. Embora ele não soubesse quão forte era o mago das trevas que havia matado de surpresa, os soldados Noarkianos eram incrivelmente fracos se podiam ser derrotados por alguém como ele.

    “Por que essas pessoas…?”

    Então, por que estavam tão determinados a atormentar aqueles mais fracos que eles?

    — Senhor Parav!

    Ele voltou a si ao ouvir a voz assustada de Marrone.

    Ba-dum, ba-dum, ba-dum…

    Conforme sua mente se acalmava após a onda de estímulos excessivos, a intuição que ele havia esquecido por um momento se reativou.

    Ba-dum!

    Aquele lugar era perigoso. Ele poderia morrer se permanecesse ali.

    Parav rapidamente ergueu a cabeça e olhou para a janela.

    — N-Não…

    No entanto, ele sabia instintivamente. Mesmo que voltasse e se escondesse naquele guarda-roupa, já não estaria seguro.

    O único lugar na cidade que ele havia considerado ‘seguro’ não era mais.

    — Senhor Parav?

    Mas ele não tinha tempo para se afundar no desespero. Os inimigos já haviam feito um relatório antes de descobrir Marrone. Outra unidade seria enviada assim que percebessem que o contato havia sido cortado.

    Então, qual era a única coisa que ele precisava fazer naquele instante? Sua intuição, que sempre guiava suas decisões, estava ocupada, então foi mais fácil tomar uma decisão rápida.

    — Precisamos sair daqui agora.

    Ele precisava sair dali. O mais rápido possível.


    Ele corria por uma rua desolada, carregando um total de três pessoas em suas costas.

    Uma maga, uma mãe e seu filho.

    — Para onde estamos indo? Essa é a direção do fogo.

    — Justamente por isso estamos indo para lá.

    A razão pela qual ele se dirigia para a área leste do Distrito 7, já meio consumida pelas chamas, era simples:

    O fogo era menos assustador do que as pessoas. E, como aquele lugar ainda era uma fonte do fogo em expansão, haveria menos soldados. Era óbvio à primeira vista que o fogo era grande demais para ser contido a essa altura.

    Esconder-se por perto era a melhor escolha que podiam fazer, e, se algo desse errado, poderiam simplesmente pular no fogo e usar poder divino e magia para suportar as chamas.

    Ba-dum, Ba-dum!

    Mesmo sabendo que era perigoso, ele ignorou sua intuição e continuou correndo.

    A cada passo, ele sentia ondas de choque percorrendo sua coluna, como se estivesse correndo sobre um terremoto ativo. Sua coluna tremia com o peso das três pessoas que carregava nas costas. O corpo da mãe também era maior do que o de uma mulher comum, então ele precisava usar ambas as mãos para carregá-los todos.

    Ser descoberto por um inimigo no caminho seria um grande problema.

    — Sinto muito.

    Depois de algum tempo correndo, ouviu um pedido de desculpas vindo de suas costas. Era de Lilith Marrone.

    — Pelo quê? — ele perguntou.

    — Por ter ficado com raiva e dito que você não era quem dizia ser.

    Ao ouvir a culpa em sua voz, Parav sentiu como se agulhas perfurassem seu coração. — Você não precisa se desculpar. Você não disse nada de errado.

    — Não, eu estava errada. Você acabou nos salvando. Então o que eu disse já foi provado como falso.

    Hmm… Ele supôs que essa era uma forma de interpretar.

    Embora parecesse que ela estivesse forçando um desfecho de uma conclusão já desenhada, ele não negou o que ela disse.

    Discutir isso em profundidade seria inútil naquele momento. Além disso, ajudava a aliviar um pouco o arrependimento.

    O arrependimento de ter saído do guarda-roupa.

    — Então… — disse a mãe. — Estamos indo para a área leste? Para onde o fogo está?

    Talvez a situação anterior fosse tão incomum que ele só agora percebeu que sua voz soava calma e refinada. Ela também parecia ter certa tenacidade.

    — Eu não pude dizer nada antes, devido à situação em que estávamos, mas obrigada por salvar a mim e ao meu filho…

    Ouvindo isso, Parav sentiu-se desconfortável. — Não fiz isso por elogios.

    Na verdade, ele estava pensando naquele momento que, no pior cenário, talvez precisasse abandonar a mãe e o filho. Era um pensamento realista, embora ele ainda não tivesse decidido agir de acordo. Contudo, mesmo enquanto contemplava, Parav sabia que, se esse cenário acontecesse, abandoná-los e fugir com apenas Lilith Marrone seria sempre a escolha certa…

    — Ainda assim, obrigada… De qualquer forma, não era isso que eu queria dizer… Se estamos indo para a área leste, que tal irmos para a filial leste da Igreja de Reatlas?

    Foi uma ideia completamente inesperada. — A… Igreja de Reatlas?

    — Sim. Meu marido é aventureiro, e, como o mundo tem se tornado um lugar muito perverso recentemente, ele me informou frequentemente sobre onde eu deveria ir para encontrar abrigo, dependendo da situação.

    — Mas, julgando pelo fogo, há uma grande chance de que a filial leste já tenha sido consumida pelas chamas.

    — Não, isso é ainda mais motivo para irmos para lá. Pelo que meu marido me contou, a filial leste do Distrito 7 possui um feitiço divino de proteção contra fogo aplicado a todo o prédio.

    Por um momento, ele pensou que talvez ela estivesse enganada. Embora tivesse sido paladino da Igreja de Reatlas, nunca ouvira falar de algo assim.

    — Você sabe qual é o nível do seu marido? — ele perguntou primeiro.

    — Terceiro.

    Isso aumentou muito a confiabilidade da informação. O homem não era qualquer um, mas um aventureiro de Terceiro Nível. Ele não teria dado informações incorretas sobre refúgios para sua esposa.

    Além disso, talvez fosse diferente para os bispos que trabalhavam na administração, mas nem todos os paladinos sabiam sobre a situação de todas as filiais. A informação de um aventureiro que inspecionava locais para garantir a segurança de sua esposa era mais confiável.

    “Um prédio que pode resistir ao fogo…”

    Se isso realmente existisse, seria o abrigo ideal para eles.

    — O problema é se conseguiremos chegar lá com segurança… Será possível? Pelo que ouvi, o Sr. Yandel tem algo que lhe permite atravessar o fogo sem problemas.

    Ah, ela estava falando sobre o Orbe de Fogo…

    Era realmente famoso.

    — Se a Srta. Marrone e eu combinarmos nossas forças, nós três… Não, nós quatro, incluindo a criança, conseguiremos chegar lá com segurança.

    Isso, claro, se não encontrassem inimigos pelo caminho. Parav propositalmente deixou esse pequeno detalhe de fora.

    — Pela Deusa… Sou muito sortuda por encontrar pessoas como vocês…

    — Sim… Mas por que você estava escondida naquela rua, senhora? A evacuação do Distrito 7 deve ter terminado há muito tempo… Por que não evacuou com os outros?

    De repente, ele ficou curioso sobre sua situação, que também parecia bastante infeliz.

    — Não, eu evacuei. No entanto, como os outros distritos estavam todos transbordando de refugiados, pessoas como nós só podiam ficar nos arredores. Estávamos tão perto da linha de batalha que podíamos ouvir os sons de luta e das pessoas morrendo todos os dias. E, com o tempo… o exército palaciano foi fortemente repelido, e os Noarkianos avançaram para o nosso território.

    Os Noarkianos que inundaram como uma maré também recuaram, levando consigo qualquer civil que pudessem capturar.

    Pelo que ela ouviu de outros civis que foram levados, eles seriam usados como escudos humanos, mas ela não tinha certeza. Antes de ser levada para a linha de batalha para ser usada como tal, conseguiu escapar.

    — Uma enorme bola de fogo caiu do céu.

    A retaliação do palácio causou um golpe considerável ao inimigo, mas o ataque não parecia se importar com os civis feitos reféns. Ela teve sorte de sobreviver e usou o caos para fugir.

    — Provavelmente há muitas pessoas se escondendo no Distrito 7, como eu. Alguns milhares foram feitos reféns naquela época…

    — Então algo assim aconteceu…

    A guerra realmente só gerava tragédias.

    Após ouvir os detalhes da situação dela, uma pergunta surgiu na mente de Parav enquanto continuava correndo.

    O que aconteceu com o marido dessa mulher?

    Ele pensou sobre isso por um momento, mas, no final, decidiu deixar a pergunta sem resposta. Em vez de saciar sua curiosidade, precisava se concentrar mais em correr. Havia verdades neste mundo que podiam ser reveladas mesmo sem se pedir respostas.

    Estavam no meio de uma guerra, onde não seria estranho que qualquer pessoa morresse. O que teria levado um aventureiro de Terceiro Nível a deixar para trás seu filho e sua esposa?

    Parav não perguntou.

    No entanto, a maga militar Lilith Marrone abordou a questão de outra forma.

    — Você… sabe o que aconteceu com seu marido?

    Ela fez a pergunta com cuidado. Contudo, a mulher deu uma resposta inesperadamente calma.

    — Não sei. Quando tudo isso começou, ele foi recrutado pelo exército. Espero sinceramente que ele esteja seguro… — murmurou a mãe, com desejo sincero.

    — Seu marido com certeza estará bem — Marrone a consolou. — Provavelmente está correndo por aí procurando por você, assim que percebeu que você não estava mais lá.

    Eram palavras que aqueciam o coração, mas a reação da mulher foi, na melhor das hipóteses, morna.

    — Bem… Espero que ele não faça nada imprudente assim e permaneça em um lugar seguro…

    — Perdão?

    Marrone inclinou a cabeça, surpresa com a resposta inesperada, e as orelhas da mulher apareceram por trás de sua pelagem negra.

    — Bem, meu marido é péssimo com direções… Estou preocupada de que ele acabe indo a algum lugar perigoso só para me procurar.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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