Índice de Capítulo

    Na mitologia grega, havia uma figura chamada Atlas.

    Quando Zeus guerreou contra os Titãs, Atlas lutou contra ele e, estando do lado perdedor, foi punido a sustentar o céu para sempre como castigo.

    “Ele era um homem bem simples, no fim das contas.”

    Mas esse não era o ponto.

    O motivo pelo qual pensei não na Coreia, mas na história de uma Grécia estrangeira e há muito esquecida, era único: eu estava na mesma posição que ele.

    Abaixei um dos joelhos, curvei os quadris e estendi os braços para os lados para sustentar os escombros pesados sobre minhas costas.

    Era uma situação bem lamentável, embora eu certamente não tivesse começado assim.

    “Maldição.”

    O tempo passou rapidamente depois que testei o efeito do último presente do marquês para mim, Trovão. Ter vários adultos presos no mesmo buraco minúsculo no chão estava me deixando maluco, mas graças ao equipamento de aventura que Amelia sempre carregava consigo, respirar não era um problema.

    Bem, como eram todos consumíveis, tínhamos um limite de tempo. O verdadeiro problema, no entanto, eram os escombros que caíam.

    Os andares do quinto ao segundo subsolo de um prédio que se enquadrava claramente na categoria de ‘grande’ haviam todos desabado sobre mim.

    Por outro lado, graças a esses escombros, conseguimos minimizar o dano que sofremos de Trovão.

    “Mas por que isso é tão pesado?”

    Mesmo depois de usar Gigantificação e outras habilidades similares em sucessão para maximizar minha força, não era fácil suportar o peso. Os escombros mal se moviam, por mais que eu tentasse empurrá-los com toda a minha força.

    Talvez fosse possível se houvesse espaço para mover os destroços para o lado, pedaço por pedaço, mas não havia nada assim nesse buraco profundo.

    Ainda assim, eu não podia simplesmente ficar parado sem fazer nada.

    Tentei erguer os escombros e até consegui remover alguns fragmentos pequenos da pilha massiva. E como resultado dessas tentativas…

    “Eu deveria ter ficado quieto.”

    Os escombros desabaram ainda mais.

    Se eu me movesse um pouco ou deixasse meus braços caírem, a pilha entraria em colapso e tudo estaria acabado.

    — Bjorn! Você está bem? V-você não parece nada bem… — Ainar comentou preocupada. — Eu vou ajudar!

    — Estou bem, então para de gritar. Isso está me dando dor de cabeça.

    Fiz cara de forte na frente dos meus aliados, mas, na verdade, achei que ia morrer. O peso me fazia temer que outra parte da minha coluna fosse esmagada. Eu também queria descansar, só um pouco…

    — Ainar, vem aqui e me coça. Tá coçando.

    E como eu não podia usar os braços, tive que pedir a um dos meus aliados.

    — Não, um pouco mais pra cima…

    — Urgh… Sua axila? Eu não quero! Vai feder!

    Ah, qual é?

    — Uh… Se você não pode, então eu posso? — ela imediatamente voltou atrás ao notar meu humor.

    — Não, eu faço isso. Saia da frente, Ainar Fenelin.

    Suspirei.

    “Por favor, não faz essa cara. Eu também estou envergonhado aqui.”

    Além disso, eu pedi para a Ainar me coçar, então por que Amelia fez isso no lugar dela? Embora… tenha resolvido a coceira.

    “Como isso chegou a esse ponto?”

    Pensando bem agora, o maior problema foi minha complacência.

    Trovão explodiria, nos esconderíamos no subsolo e, quando tudo estivesse resolvido, eu afastaria os escombros e seguiria para o palácio imperial.

    Presumi que tudo se encaixaria e aconteceria nessa ordem.

    Afinal, nunca havia sentido que me faltava ‘força’. Mesmo que um prédio desabasse sobre mim, a ideia de que seria pesado demais para afastar nunca passou pela minha cabeça.

    — Isso não é brincadeira — Amelia disse com gravidade. — Mesmo Yandel vai ficar sem forças em algum momento.

    — Se não quisermos ser esmagados até a morte aqui, precisamos pensar em outra saída antes que isso aconteça.

    — Harin Savy, você tem alguma ideia?

    — Não, na verdade… não.

    Enquanto eu segurava os escombros, meus aliados buscavam uma solução para o nosso problema, embora o exercício tenha se provado inútil. Não porque não conseguiram encontrar uma resposta, mas porque a resposta veio até nós de forma repentina e inesperada de uma fonte externa.

    — Espera. Todo mundo, silêncio — interrompi a sessão de ‘brainstorming’ deles. Quando concentrei minha audição, e na verdade, todos os meus sentidos, senti algo fraco. No início, achei que fosse coisa da minha cabeça devido ao estresse extremo…

    — Tenho certeza. Está ficando mais leve.

    Pequenos tremores sacudiam a pilha acima de mim e, a cada vez, o peso dos escombros que eu segurava diminuía.

    — Uau! É uma equipe de resgate?

    — Pode ser o contrário. O Distrito 4 está sob controle de Noark.

    Como disseram Hyeonbyeol e Amelia, havia duas possibilidades. Pelo que eu podia perceber, o cenário de Amelia parecia mais provável, mas, de qualquer forma, era um alívio. Enfrentar Noark era centenas, milhares de vezes melhor do que apenas ficar preso aqui.

    Soltei um suspiro. Havia um certo alívio, mas meus nervos também começaram a se manifestar. Não sabia o que aconteceu com os outros aliados de quem fui separado. Só confirmei a morte de uma pessoa: Rotmiller.

    “Faltam mais dois…”

    Ainda havia mais duas pessoas para morrer, se o que estava escrito na Pedra dos Registros se cumprisse. Não pude evitar me preocupar que talvez um dos que estavam aqui morresse no processo de sair desse aperto.

    — Acho que já está leve o suficiente para erguer agora — avisei.

    Aguardei o momento certo para empurrar para cima e, quando chegou, coloquei toda a minha força nos braços.

    Boom!

    Aos poucos, meus braços ficaram mais leves, até que os escombros subitamente dispararam para cima, como se uma represa tivesse se rompido.

    O sol brilhando sobre nós era tão intenso que me fez semicerrar os olhos, mas o calor era bom demais para ser ignorado. No entanto, eu não tinha tempo para ficar apreciando os raios de sol.

    — Agora!

    Corri para a superfície, e meus aliados me seguiram, assumindo posições de combate ao meu lado. No entanto, não demorou para percebermos que nossa preocupação foi em vão.

    Os soldados que moviam os escombros me olharam e gritaram de alegria.

    — Barão Yandel! É o Barão Yandel!

    Soldados do palácio?


    Viajávamos em uma enorme carruagem militar, grande o suficiente para acomodar mais de doze pessoas, se o espaço fosse utilizado com eficiência. Certamente fazia jus ao nome de carruagem militar, construída para funcionalidade, não para conforto, mas eu não seria o tipo de pessoa a reclamar disso. Só estava grato por poder voltar ao palácio sem ter que lutar para chegar lá.

    — Se me permite repetir, sempre respeitei e admirei você, Lorde Barão — disse um cavaleiro magro sentado ao meu lado. — É uma honra poder conhecê-lo pessoalmente.

    O nome do cavaleiro era Danez Akel Gyre. Embora eu nunca o tivesse visto antes, ele repetiu essa introdução tantas vezes, como se quisesse gravá-la em minha mente, que acabei decorando seu nome.

    — Verdadeiramente incrível. Segundo os soldados, mesmo os escombros restantes que você empurrou ao escapar pesavam pelo menos algumas toneladas!

    Embora fosse um cavaleiro do palácio da Casa do Barão Gyre, sua bajulação insistente me fazia pensar que ele combinava mais com a política do que com a cavalaria.

    Não que eu o menosprezasse. Em qualquer organização, no fim das contas, tudo se resumia à política. Para subir na hierarquia, era preciso fazer coisas que não se queria.

    Além disso, esse sujeito magricela era um bom parceiro de conversa quando não estava tentando puxar o meu saco. Como comandante do exército, ele tinha muitas informações sobre os últimos acontecimentos na cidade.

    — Então os soldados reais já recuperaram mais da metade do Distrito 4?

    — Sim. A linha de batalha está sendo mantida tendo a Praça como fronteira. Ao receber informações sobre sua última localização conhecida, eu, Danez Akel Gyre, vim pessoalmente garantir que fosse encontrado. Jamais duvidei, nem por um segundo, que mesmo em circunstâncias tão terríveis, você sobreviveria e…

    — E você foi pessoalmente obter a aprovação do comandante para vir com uma unidade limpar os escombros?

    — Sim. Precisamente, Lorde Barão.

    Ele era descendente de um papagaio ou algo assim? Por alguma razão, repetia as mesmas coisas sempre que tinha a chance.

    Ainda assim, vivíamos em uma era em que era preciso se vender para conseguir algo.

    — Ah, finalmente estamos na estrada imperial. Parece que há um posto de controle, mas por favor, não se preocupe. Cuidarei disso em seu lugar.

    Assim, a carruagem militar finalmente adentrou a capital imperial, onde mudamos para uma carruagem diferente.

    — Infelizmente, eu, Danez Akel Gyre, tenho outras missões a cumprir, então não poderei acompanhá-lo até a capital imperial. Peço seu perdão.

    O cavaleiro magricela e bajulador, que passou do primeiro ao último momento me adulando, lançou-me olhares de arrependimento sobre o ombro antes de finalmente se virar e marchar de volta em direção ao Distrito 4.

    Seguimos então para o palácio na nova carruagem. Enquanto olhava pela janela para a estrada imperial por onde viajávamos, um sentimento estranho cresceu dentro de mim.

    Não, para ser mais exato, era um sentimento de vazio.

    “Isso… realmente acabou? Assim, tão fácil?”

    Não conseguia acreditar. Depois de ficar preso sob os escombros, até me preparei para um confronto final contra Noark. Mas tudo terminou assim, do nada?

    “Não baixe a guarda… Só acaba quando realmente acaba.”

    Com isso, retomei a coleta de informações que havia pausado, mas o cavaleiro nesta carruagem era de um tipo completamente diferente daquele magricela de antes.

    Ele simplesmente não falava.

    — De qual esquadrão você é?

    — Sirvo a Sua Majestade.

    Então ele era um Guardião. Por isso não falava muito. Ele não precisava ganhar meu favor. Tentei fazer algumas perguntas para obter respostas enquanto seguíamos caminho, mas ele apenas respondia com:

    — Estamos indo encontrar o Comandante Berun. Por favor, guarde suas perguntas e as faça quando se encontrarem.

    A carruagem continuou sua jornada e, finalmente, adentrou o palácio.

    — Vamos descer.

    Assim, chegamos ao Palácio do Novo Mundo. Infelizmente, assim que entramos, a Ordem dos Guardiões nos separou.

    — Apenas o Barão Yandel foi convocado pelo comandante. Os outros serão guiados até o salão de hóspedes.

    Como já previa que isso aconteceria, apenas sinalizei para Amelia com os olhos que estava tudo bem, e então seguimos caminhos diferentes.

    — Faz tempo, Bjorn Yandel.

    Algum tempo depois, ao abrir a porta e entrar no cômodo, Astarota me cumprimentou. Como ele disse, realmente fazia muito tempo desde a última vez que nos vimos.

    Assim que o cavaleiro que me guiou saiu da sala e fechou a porta, tirei o cadáver do marquês do meu subespaço.

    — Agora só faltam três.

    Ao ouvir isso, Astarota inclinou a cabeça. — Três? Ah, você se refere ao acordo que fez com Sua Majestade?

    — O que mais?

    — Eu diria que sua contagem está errada. A primeira condição era que você ficasse sete dias, mas você fugiu antes disso acontecer. Sob a condição de que matasse o primeiro-ministro.

    Tsk, acho que dava para ver por esse ângulo. Foi uma tentativa decente.

    — Então ainda faltam quatro, Yandel. Entendido?

    — Entendi. Não precisa se exaltar comigo — resmunguei.

    Astarota sorriu de lado e mudou de assunto. — Então… O que exatamente aconteceu?

    — Há coisas que nem mesmo você sabe, hein?

    — A maior parte do que sei vem do Departamento de Inteligência. E o Departamento de Inteligência não é onisciente. Ainda mais em tempos como este.

    Certo, então se eu quisesse superar o palácio, primeiro precisava bagunçar a rede de informações deles. O marquês disse que bloqueou os olhos deles antes de começar essa guerra.

    — Conte-me, o que aconteceu lá?

    Resumi apenas os pontos mais importantes para responder à pergunta de Astarota.

    Fui salvar Ainar e lá encontrei o filho do marquês que o traiu. Nos aliamos, lutamos contra Olho Demoníaco, fomos ao jardim secreto do marquês e encontramos Óculos lá. No fim, enganei Óculos para que ele encontrasse o marquês novamente.

    Disse todas as verdades que podia me dar ao luxo de contar. Afinal, o melhor lugar para esconder uma mentira era entre verdades.

    — Enquanto conversávamos, sem mais nada a perder, o marquês disparou Trovão e nos escondemos no subsolo.

    Eu precisava ocultar o acordo que fiz com o marquês. Já era tarde demais para esconder Ragna, ela foi exposta enquanto fugíamos.

    — Oh? E depois? — Astarota insistiu.

    — Só isso. Você já sabe o que aconteceu depois disso.

    — Hmm, entendo… — Astarota levou a mão ao queixo, fingindo deliberar, antes de dizer: — Então Trovão felizmente não caiu nas mãos de Noark. Se o que você está dizendo for verdade.

    Ele acrescentou isso para sondar minhas verdadeiras intenções. Sabendo disso, apenas acenei com a cabeça e segui para o próximo assunto.

    — Mais importante, tenho algo que quero perguntar.

    — Prossiga.

    Com sua permissão concedida, meu coração pareceu apertar.

    Antes de matar o marquês, tomei um golpe de Trovão direto na cabeça, e todos os meus aliados foram espalhados pela cidade. Alguns caíram em regiões seguras controladas pelo palácio, mas mais de um foi parar em zonas perigosas, como Ainar, que caiu bem no meio do Distrito 4.

    — Você conseguiu confirmar o estado de todos que foram pegos naquele teletransporte? — perguntei com cautela.

    Astarota assentiu calmamente.

    — Ah, sim. Isso foi concluído há algum tempo.

    Uma onda de emoção indefinível me envolveu.

    “Certo, então já sabemos o que aconteceu com todos…”

    Como apenas Rotmiller havia morrido entre os que estavam próximos a mim, eu realmente não queria ouvir o que Astarota diria em seguida. Mas negar a realidade não mudaria nada.

    Respirei fundo.

    — Está pronto para ouvir? — ele perguntou.

    — Sim, diga.

    “Diga quem viveu. E quem morreu.”

    Um pequeno gesto, um grande impacto.

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