Capítulo 780: O Décimo Terceiro Mês (7/9)
Pedra da Ressurreição.
Mesmo com sua vasta gama de itens e habilidades, a Pedra da Ressurreição era um dos pouquíssimos itens relacionados à ressurreição em Dungeon and Stone. Como só podia ser obtida no nono andar sob uma probabilidade extremamente baixa e após cumprir uma condição muito específica, sua raridade era simplesmente inexpressável.
Reunir todos os nove itens numerados de um digito poderia ser considerado mais fácil do que conseguir uma única dessas pedras.
Na verdade, mesmo em Rafdonia, com seus milhares de anos de história explorando o labirinto, a Pedra da Ressurreição ainda era tratada como uma lenda ou um rumor. As pessoas nem tinham certeza de que tal item realmente existia.
De qualquer forma, isso não era o mais importante no momento.
“Esse cara está falando sobre uma coisa dessas…”
A primeira emoção que senti quando o tio de Erwen mencionou a Pedra da Ressurreição foi confusão.
Era, no mínimo, um momento estranho para trazer isso à tona, e algo que eu nunca esperei que ele mencionasse em primeiro lugar. No entanto, ao me acalmar e encarar a situação de frente, outra emoção tomou conta de mim.
Curiosidade.
Não, para ser mais preciso… Suspeita.
“Espera… esse cara é o Lua Crescente…?”
A suposição me atingiu do nada, mas, uma vez que surgiu, não pude simplesmente ignorá-la. Afinal, minha suspeita não era completamente infundada.
Elfo.
Visitou andares altos.
Obsessão pela Pedra da Ressurreição.
Não havia muitas pessoas que se encaixavam nesses três critérios.
Além disso, considerando que a faixa etária dos antigos espíritos malignos girava em torno dos trinta e poucos aos quarenta e poucos anos, esse cara se tornava ainda mais suspeito.
Bem, ainda havia um problema. Eu não podia simplesmente perguntar se ele era o Lua Crescente, podia?
— Peço desculpas se fui direto demais. No entanto, Lorde Barão, ouvi dizer que prefere conversas francas assim…
Parei por um momento para organizar meus pensamentos, e o Lua Crescente fez um pedido de desculpas cuidadoso. Usei esse tempo para pensar um pouco mais.
“Como deveria responder?”
Havia duas opções. Ou eu negava completamente o que ele estava insinuando, ou confirmava suas suspeitas e ouvia os detalhes.
Refleti por um momento, mas optei pela segunda opção. Tive a sensação de que ele não veio até mim com uma suposição, mas com uma certeza.
— Onde ouviu isso?
Embora não fosse uma confirmação total, minha resposta foi uma leve afirmação. Quando o fiz, notei uma mudança muito sutil na expressão de Beleg.
Um momento de alívio. E um leve traço de nervosismo.
Beleg soltou silenciosamente a respiração que segurava antes de responder:
— Recebi uma carta anônima no meio da noite.
— Uma carta anônima?
— Como eu disse, não sei quem a enviou. No entanto, ela continha até uma descrição detalhada da história da Srta. Karlstein. Concluí que não era um disparate qualquer, então vim perguntar a você.
— Posso dar uma olhada nela?
Beleg nem sequer hesitou e me entregou a carta como se já estivesse esperando que eu pedisse. Felizmente, não era como a carta de convite dos Caça-Fantasmas, onde as palavras desapareciam após um certo tempo.
Li tudo rapidamente…
“Eu sabia.”
Mas não foi difícil para mim perceber quem havia enviado a carta a Beleg. Eu já tinha algumas teorias antes mesmo de lê-la, mas…
lol
Aquela única palavra escrita no final, como se estivesse zombando do leitor, era uma prova inconfundível da identidade do remetente.
“Baekho Lee…”
Sempre estive em alerta porque nunca soube que tipo de merda ele poderia estar tramando, mas, desde aquele dia, não vi nenhum sinal dele. Para ele estar tramando algo assim nos bastidores…
“Qual é o objetivo dele?”
Eu não sabia, e isso só tornava tudo ainda mais frustrante. Por que Baekho passou informações sobre a Pedra da Ressurreição para Beleg?
Não consigo decifrar o que esse desgraçado está tentando fazer.
Beleg parecia ter notado que minha atenção estava fixada na última palavra, pois acrescentou:
— Pelo que ouvi, é uma das palavras usadas pelos espíritos malignos.
— Entendo.
— Então, é verdade? Você tem a Pedra da Ressurreição?
— Sim.
Negar a essa altura seria ridículo, então apenas confessei. No entanto, mesmo com a certeza que ele já parecia ter antes de vir aqui, a confirmação ainda o chocou, a julgar por sua reação empolgada.
— I-Isso é verdade?!
Meu coração se fortaleceu ainda mais. Provavelmente nunca encontraria outro elfo que demonstrasse tanto interesse suspeito na Pedra da Ressurreição. Esse cara tinha que ser o Lua Crescente. Não que ele já tivesse sido exatamente normal aos meus olhos, mas…
“Mas para o tio de Erwen ser um espírito maligno…”
Se ele fosse um espírito maligno, por que se importava tanto com Erwen e sua família? Pelo que ouvi, ele as tratava como se fossem suas próprias sobrinhas. Não, mais do que isso, como se fossem suas próprias filhas…
Naquele momento, ouvimos a porta da frente se abrir com um estalo. Vozes chegaram até nós. Uma era Erwen tentando impedir May, e a outra era a explosão furiosa de May.
— Continuamos essa conversa depois. Eu irei visitá-lo pessoalmente em um futuro próximo.
Com isso, Beleg encerrou a conversa, desapontamento em seus olhos, e eu apenas assenti.
Algum tempo se passou.
— M-May! O tio e o barão estão conversando no quarto…
Acompanhada pela voz desesperada de Erwen, May escancarou a porta do quarto e entrou. Sua respiração estava pesada de raiva, e quando senti a ameaça sutil que emanava dela, apenas acenei silenciosamente.
“Ela ouviu o que aconteceu na cidade.”
Ser atingido já esperando o golpe era muito diferente de ser atingido de surpresa. Como tive tempo para preparar meu coração para o ataque, o dano foi menor.
— Eu achava que você era uma pessoa decente. — May me olhou com desprezo antes de murmurar baixinho — Canalha.
Toda a favorabilidade que eu tinha construído foi jogada no lixo.
Fomos praticamente expulsos para escapar da ira de May e retornamos imediatamente à terra sagrada.
Sempre que vínhamos até a cidade por algum motivo, às vezes dormíamos por lá, uma opção que Erwen me perguntou se faríamos dessa vez também.
— Dormir se faz em casa.
Eu não queria dormir na cidade com o festival lotando as ruas, e também não queria gastar dinheiro.
“Só faltam mais dois dias para o festival…”
Enquanto viajávamos na carruagem muralha e olhávamos para a cidade em seu auge festivo, tive um tempo para pensar sozinho.
Mesmo com o dia chegando ao fim, a cidade abaixo ainda estava brilhante o suficiente para que eu pudesse ver tudo, e estava tão cheia de risadas e vozes que a alegria lá embaixo podia ser sentida até aqui em cima.
— Erwen, você não quer aproveitar o festival também?
— Hmm, não muito… Não gosto muito de lugares barulhentos…
— Sério?
— Bem, acho que seria divertido andar pelas ruas com você, senhor… Mas vamos fazer isso no ano que vem. Vou pular desta vez.
— Por quê?
— Acho que você ainda não está pronto, diferente de mim.
— O que há para se preparar para um festival?
— Hehe… Você precisa se preparar! Eu também precisei me preparar, sabia?
Fiquei sem palavras quando sua voz brilhante veio acompanhada daquele sorriso triste.
— Então vamos depois. Depois… quando estivermos cansados de ficar tristes e quisermos rir e sorrir o quanto quisermos.
— Certo. Vamos fazer isso.
— Sim. Ouvi isso da Daria no passado, mas dizem que se você se casar durante o festival, viverá uma vida feliz sem precisar se preocupar com dinheiro.
— Ah… Sério?
Ignorando o ditado, percebi que Erwen havia se recuperado bastante. Mesmo sem ninguém mais mencioná-la, ela falou sobre sua irmã primeiro e até conseguiu sorrir.
Enquanto continuávamos trocando pequenas conversas, nossa carruagem chegou à terra sagrada. Naturalmente, a terra sagrada também estava barulhenta e animada, afinal, os bárbaros também estavam aproveitando o festival.
Embora alguns guerreiros saíssem para a cidade para se divertir, era tradição que os guerreiros aproveitassem o festival principalmente na terra sagrada, a menos que houvesse um motivo para estarem em outro lugar.
— Então, eu vou entrar. Estou um pouco cansada…
— Sim, hoje foi divertido. Descanse bem.
Depois de me separar da Erwen, fui para meus aposentos e escutei enquanto o barulho começava a se dissipar no silêncio.
Bem, era um silêncio comparado à floresta cheia dos sons do festival, então não era tão silencioso assim.
— Behel–LAAAH!
— B-Basta! Esta é uma área silenciosa. Emily Raines virá se fizerem muito barulho!
O motivo pelo qual este lugar conseguia ser relativamente tranquilo era graças a Amelia. Algo sobre a área residencial precisar ser mais silenciosa, já que algumas pessoas poderiam querer dormir. Embora a lógica fizesse sentido, o verdadeiro motivo provavelmente era por minha causa.
— Aquela mulher é tão cruel!
— Isso mesmo! Isso é um festival, como isso faz sentido? E ninguém aqui quer dormir mesmo!
Nesse momento, uma voz familiar cortou o barulho dos bárbaros. — O que vocês acabaram de dizer?
— Eiyaah! Emily Raines!
Quando Amelia apareceu como um fantasma, os guerreiros que estavam reclamando à vontade começaram a apontar dedos rapidamente.
— Eu não falei nada! Sério! Sou um bom bárbaro, quieto na área silenciosa!
— A única pessoa que falou foi Kizan, segundo filho de Merik!
— V-Você…!
— Kizan, segundo filho de Merik, é um guerreiro tolo! Ele poderia ter ido para a área barulhenta se quisesse rir e conversar, mas teve que vir para a área silenciosa!
Eu estava curioso sobre o que ela havia feito para que os guerreiros ficassem apavorados só com sua presença, mas não era algo totalmente desconhecido para mim. Amelia era capaz de conter até mesmo Ainar. Não havia como um guerreiro comum lidar com ela.
— Fiquem se quiserem dormir, e vão para a área barulhenta se quiserem conversar.
— E-Entendido! Eu vou sair! Desculpe!
Os guerreiros fugiram o mais rápido que puderam.
Ainda assim, era bem engraçado. Eu entendia os bárbaros agindo assim, mas Amelia também falando sobre áreas silenciosas e barulhentas era no mínimo irônico.
— Você voltou?
— Ah, uh… — Eu gaguejei, pego no flagra.
— Entre e descanse.
— Certo…
Nosso olhar se encontrou brevemente antes que eu entrasse para me lavar e ir direto para a cama. No entanto, não importava quanto tempo eu ficasse de olhos fechados, o sono não vinha. A essa altura, eu estava lutando para esvaziar minha mente.
— Bjooorn!
— Ainar? — Chamei. — O que foi? É madrugada.
— O que você está fazendo na área silenciosa? Todo mundo está se divertindo! Você está velho demais para crescer dormindo cedo!
— Estou cansado depois de sair.
— Você ficou fora por três dias! Venha hoje e divirta-se com a gente!
Sorri ao ver Ainar entrando no modo de súplica.
“Mas pelo menos ela não ameaçou deixar o Clã Anabada.”
Isso não significava que eu iria aproveitar o festival. Honestamente, se eu não conseguisse dormir, planejava ir aos túmulos, como fiz nos últimos dias.
No entanto…
— Bjorn, os guerreiros precisam de você.
Essa única frase me fez mudar de ideia.
Suspirei. Este era o primeiro festival após um incidente tão grande, e eu era o chefe em título. Não aparecer nem uma vez seria um pouco…
— Certo. Eu vou, então pare de choramingar.
— Oh, sério?! Isso é ótimo! Todos vão adorar!
Depois de mandar Ainar embora, rapidamente vesti a vestimenta tradicional dos bárbaros.
Ah, embora ‘vestir’ provavelmente não fosse o verbo correto.
Para ser preciso, tirei minhas outras roupas. Afinal, as vestes tradicionais dos bárbaros começavam removendo a parte de cima.
— Rápido! Tenho certeza de que todos ficarão animados ao ver você!
Não, eu esperava que isso não acontecesse…
— Certo.
Com isso, fui arrastado por Ainar até a floresta onde o festival estava acontecendo, em direção à tal área barulhenta.
Quando cheguei, meu fôlego falhou.
— Behel–LAAAH!
— Oh! O chefe! O chefe está aquiiii!
— Bjorn, filho de Yandeeeel! O maior guerreiro do mundo!
— O monstro genial!
Eu só estava seguro porque o tímpano bárbaro era resistente. A maioria das pessoas teria perdido a audição com o barulho que esses guerreiros faziam. Também entendi por que noventa e nove por cento das pessoas aqui eram bárbaros, mesmo com um número significativo de humanos na terra sagrada.
— Certo, certo! Lá! Alguém está lutando ali!
O primeiro lugar para onde Ainar me levou no festival foi onde dois guerreiros estavam lutando como se quisessem se matar.
— Morra! Morra! Vou arrancar todos os seus dentes!
— Quebre o braço dele!
— Não importa! Ele não vai morrer com isso!
Dois guerreiros estavam lutando seriamente, e incontáveis outros assistiam ao combate.
Com isso, agarrei um guerreiro ao lado e perguntei:
— Mas por que eles estão lutando?
— Quem sabe? Eu não. Não sou muito curioso com essas coisas.
O guerreiro me olhou como se eu fosse um tolo antes de voltar a assistir à luta.
Certo, então a luta era mais importante do que eu, hein? Era engraçado o quanto me exaltavam como um grande guerreiro e depois me ignoravam quando estavam distraídos.
Mas, honestamente, era compreensível. Lutar era a maior forma de entretenimento para os bárbaros.
O critério para o quão divertido o festival foi é quantas lutas você teve…
Bem, era bem divertido. Nossos guerreiros não perderiam para ninguém em combate corpo a corpo. E o PvP era muito mais feroz em níveis baixos do que em níveis altos.
— Raaaaaah!
No fim, o guerreiro ruivo que contra-atacou com uma cotovelada no queixo venceu a batalha. No entanto, antes que todos perdessem o interesse e seguissem para outra coisa…
— Ouçam! — Ainar de repente gritou, chamando a atenção de todos. — Como podem ver, o chefe está aqui!
Eles provavelmente não tinham ideia do que ela ia dizer, mas os guerreiros reagiram instintivamente, pois algo estava prestes a acontecer.
— Uoooooh!
— Behel–LAAAH!
Bem, eu também achei que algo aconteceria, então apenas fiquei parado esperando.
“Por que estou sentindo tanta inquietação?”
E, como sempre, essa inquietação se concretizou.
— O chefe enfrentará todos os guerreiros esta noite!
Espera, quem disse que eu…?!
— Ohhh?
— Mas… O chefe é o grande guerreiro!
— Nem eu consigo derrotar o chefe!
Felizmente, os guerreiros não pareceram tão entusiasmados. Se continuasse assim, essa ideia absurda poderia desmoronar sozinha.
— Não se preocupem! Não importa em qual parte do corpo seja! Se conseguirem fazê-lo sangrar, mesmo que uma única gota, serão os vencedores!
Ainar rapidamente estabeleceu uma vantagem para eles.
— Oh?
— Se for assim, talvez seja possível…
Claro, a questão fundamental ainda não foi respondida.
— Mas por que deveríamos lutar contra ele?
— Também somos pessoas! Dói quando somos atingidos! Principalmente quando é o chefe!
Por alguma razão, os guerreiros pareciam mais inteligentes hoje, e parecia que Ainar também não esperava isso.
— Uh, bem… É uma oportunidade de lutar contra o chefe! Vocês, guerreiros honrados, deveriam… naturalmente… querer…?
Depois de hesitar por um momento, Ainar fechou os olhos com determinação antes de gritar:
— Uma casa! O vencedor ganhará três casas!
Nada mais precisava ser dito.
— Casas.
— Vale a pena arriscar minha vida!
O brilho nos olhos dos guerreiros mudou.
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