Capítulo 795: Ilha da Caveira (2/5)
O segredo oculto da Ilha da Caveira era muito simples.
Ao explorar o mapa caçando monstros, eventualmente, com uma taxa extremamente rara, poderia-se encontrar um monstro chamado Portador da Chave. Embora fosse um tipo de subchefe, não era tão forte, apenas um monstro de quarto nível, embora, se considerássemos apenas seu poder de ataque, estivesse mais próximo de um quinto nível forte.
De qualquer forma, se caçasse esse monstro após lançar magia de distorção sobre ele, poderia obter sua chave e usá-la para entrar na caverna no centro da ilha.
“E se continuasse avançando até a parte mais interna, a sala do chefe apareceria.”
Dentro da câmara interna havia aquilo que era reconhecido como o chefe da Ilha da Caveira, e era um desafio considerável. Apesar de ser apenas um monstro de terceiro nível, apenas uma equipe podia entrar na sala do chefe por vez, tornando impossível invadir o local com uma força de expedição completa.
“Os padrões de ataque também são complicados.”
Nos meus primeiros dias no Caça-Fantasmas, vendi informações sobre a Ilha da Caveira, especificamente a estratégia para derrotar esse chefe.
Me pergunto… será que aquela usuária conseguiu matá-lo? Não me lembrava de ter visto o nome dela em publicações ou na seção de comentários do Caça-Fantasmas, nem mesmo até o dia em que o fórum foi fechado.
Bom, não que isso me importasse.
— Sr. Yandel, tem certeza de que isso vai dar certo?
— Hm? Do que está falando?
— Essa situação. Você estava tão certo de que entraríamos na caverna antes deles, mas não vimos nem rastro dessa chave.
Sim, era verdade que não ter encontrado o monstro nem uma única vez nesses dois dias era frustrante. Ainda assim, respondi simplesmente:
— Só espere. Seremos os primeiros a entrar.
Eu não estava planejando seguir o caminho padrão dessa missão de qualquer forma. Como doze pessoas poderiam competir com um grupo de noventa quando o objetivo era encontrar algo em uma ilha tão vasta? Não, minha confiança vinha de outra coisa, um método de garantir a obtenção da chave.
— Ah, ali está.
A sorte realmente não estava do meu lado. Estávamos vasculhando a ilha havia dois dias, e só agora a encontramos. Honestamente, estava começando a ficar preocupado com o tempo que levou para aparecer. Felizmente, por pior que minha sorte fosse, a deles parecia ser ainda pior. A porta da caverna ainda não havia sido aberta.
Caminhei, ouvindo o estalar e o esmagar dos fragmentos de ossos sob meus pés.
Era uma das características da Ilha da Caveira: o chão era formado por ossos. Ossos de pessoas, de monstros e de qualquer outra coisa que estivesse disponível. Mas o mais importante de todos era um crânio muito especial.
Assim como esse.
Aproximei-me do osso, encarando algo que, honestamente, parecia mais um pedregulho do que um crânio. Porém, como ossos desse tamanho eram comuns na ilha, o que eu estava olhando não se destacava tanto dos outros.
“Dois chifres e um maxilar quadrado.”
Depois de confirmar as características, levantei meu martelo. Foi então que Raven decidiu falar.
— Esse crânio… Não seria um Portador da Chave?
— Hã? — perguntei, um pouco pego de surpresa. — Nem parece.
— Parece sim. Inclusive, tenho um esquema anatômico dele…
— Por que diabos você tem isso com você?
— Fiz uma pequena pesquisa depois que ouvi que poderíamos vir para a Ilha da Caveira. De qualquer forma, olhe! Não combina perfeitamente?
Era uma correspondência perfeita.
— Combina…
— Talvez tenha sido deixado por outros aventureiros que o mataram após lançar a magia de distorção? — sugeriu ela. — Ao contrário dos outros andares, o Grande Oceano não volta ao estado original toda vez que o labirinto fecha e abre, certo?
Hmm… Fazia sentido. O sexto andar não era resetado, mas, se fosse assim, deveria haver vários desses crânios espalhados pela ilha. Então por que sempre havia apenas um?
Como um aventureiro que vivia e respirava este mundo, minha curiosidade se aguçou.
— Isso não importa para mim.
Porém, fiel à minha própria natureza aventureira, deixei essa curiosidade de lado para seguir em frente. Jogadores não precisam entender os fenômenos, só precisam usá-los, e era exatamente isso que eu faria agora. Só uma coisa importava.
Crack!
Quando um crânio com um formato específico era destruído no centro da Ilha da Caveira, a chave sempre era obtida.
— Beleg, vá para a caverna — ordenei.
Depois de pegar a chave, nos movemos rapidamente para o centro da ilha. No caminho, percebi que Raven me olhava de canto de olho, notando meu sorriso malicioso.
— O que foi? Por que está tão animado? — ela perguntou.
— Nada de mais.
Que cara o Fantasma Dourado faria quando me visse aparecer com a chave na mão?
Quando chegamos à entrada da caverna, ela estava vazia, exceto por um único grupo que parecia estar de guarda. Eles nos olharam com a cabeça inclinada enquanto nos aproximávamos, mas seus olhos logo se arregalaram ao perceberem que estávamos indo diretamente para a entrada.
— V-Vocês conseguiram a chave?
— Sim — respondi como se fosse óbvio. — Saiam da frente.
— P-Por favor, esperem! Poderiam esperar só um momento?
Continuei andando como se estivesse prestes a usar a chave e entrar na caverna, e os guardas improvisados desesperadamente tentaram me impedir. Já esperava algo assim, mas, para parecer surpreso, franzi a testa.
— Por que eu deveria esperar? Pelo que parece, vocês ainda não conseguiram a chave. Eu consegui. Então, nós temos o direito de desafiar a caverna primeiro. Esse era o acordo, certo?
— S-Sim, está certo. Você tem razão. Mas… só um momento! Apenas um momento seria o suficiente, então poderia falar com nosso capitão primeiro?
— Hmm. Dou a vocês dez minutos.
— Como é? Dez… Dez minutos?
— Por quê? Algum problema?
— Não, não! De forma alguma. Muito obrigado por isso!
Um dos guardas correu imediatamente. Pouco tempo depois, o Fantasma Dourado apareceu, aparentemente já sabendo do ocorrido. Levou cerca de oito minutos para que ele chegasse.
“Parece que ele já estava por perto. Em vez de caçar, só estava dando ordens aos outros.”
Bom, não era meu papel dizer como um capitão deveria comandar seus subordinados, mas eu preferia trabalhar lado a lado com minha equipe no campo.
O Fantasma Dourado suspirou.
— Já me informaram sobre a situação. Agradeço por esperar. Então, você conseguiu a chave?
— Sim. Está pensando em me impedir?
Ele sacudiu as mãos, negando rapidamente minha acusação.
— Não, claro que não. Apenas queria a oportunidade de discutir um acordo com você, Lorde Visconde. Novamente, agradeço por me conceder essa chance.
Que sujeito engraçado. Eu nem havia dito que aceitaria sua proposta, e ele já estava me agradecendo.
— Seja como for, fale logo — respondi sem rodeios. — O tempo continua correndo, e como você sabe, tempo é dinheiro no labirinto.
— Sim. Sendo assim, serei direto. Quanto você quer?
— …Está me pedindo para vender a chave?
— Não. Nós conseguimos a chave há trinta minutos, então não precisamos dela. Apenas queremos ter a oportunidade de desafiar a caverna primeiro. Naturalmente, se falharmos, vocês terão sua vez.
Era porque seu apelido era Fantasma Dourado? Ele foi bem rápido em falar sobre dinheiro assim que seu plano deu errado.
— Você diz isso, mas nós dois sabemos que quem desafiar primeiro vai vencer — argumentei.
— E é por isso que estou perguntando quanto você quer.
— E por que está me pedindo para dizer o valor?
— Porque precisamos de sua…
— Você me daria dez bilhões de pedras se eu pedisse?
Ele ficou em silêncio.
“É, não tem nada a dizer para isso.”
— Apenas me diga o valor máximo que pode oferecer. Depois, eu penso no assunto — continuei. — E nem tente ficar aumentando aos poucos para ver se me convence. Eu odeio perder tempo.
Lentamente, ele ofereceu:
— Que tal quatrocentos milhões de pedras?
— A essência do chefe sozinha vale quinhentos milhões.
— Mas não há garantia de que a essência vai aparecer.
Justo. Eu também não aceitaria o acordo se estivesse no lugar dele. Se o chefe não derrubasse a essência, seria uma perda completa.
Mas parece que esse é o valor máximo que ele pode oferecer.
Enquanto conversávamos, notei que os membros do Clã da Árvore Dourada começaram a se reunir aos poucos. Ele provavelmente os havia notificado.
— E então, o que vai fazer?
— Hm… — Fingi estar considerando minhas opções antes de responder: — Aceito o acordo.
— Oh, essa foi uma decisão sáb…
— Porém, vocês também precisam nos entregar Abman Urikfried.
Houve uma mudança quase imperceptível na expressão do Fantasma Dourado. Seu sorriso ainda estava lá, mas seus dentes brilharam como os de um caçador que encontrou sua presa.
— Eu sei que vocês dois costumavam ser parceiros próximos… Parece que ainda são até hoje.
— Pessoas em quem você pode confiar no labirinto são valiosas.
— Haha, isso é verdade.
— E sua resposta?
— Eu recuso. Como você mesmo disse, pessoas confiáveis são valiosas no labirinto.
Hah. Confiança? Com o jeito que ele estava deixando o Senhor Urso ser tratado dentro do próprio clã?
Eu queria socar aquele rosto sorridente, mas minha mentalidade moderna mal conseguia conter minha frustração.
E o Fantasma Dourado ainda não havia terminado.
— E mais raro ainda… é encontrar alguém tão disposto a se sacrificar pela organização quanto o Sr. Urikfried.
Desgraçado. Aquilo foi uma ameaça, não foi? Ele estava dizendo que jogaria Sr. Urso em missões perigosas e o trataria como um cachorro?
Respirei fundo, segurando minha paciência desumana mais uma vez.
— Certo. Fique com o dinheiro então. Apenas entregue Abman, e nós desistimos da caverna…
— Me desculpe, mas temo que isso também seja impossível.
Fiquei paralisado.
— O quê?
— Considerando a quantia que o Sr. Urikfried nos deve, não seria uma troca justa para nós.
— O quê…?
Quatrocentos milhões não eram suficientes? Quanto diabos ele devia?
— Então podemos pagar a diferença…
— Não. Não iremos romper nosso contrato com o Sr. Urikfried.
Quando não respondi, ele acrescentou:
— Você pode entrar primeiro, Lorde Visconde.
O Fantasma Dourado não parecia incomodado com a negociação. Na verdade, ele parecia animado com o desenrolar da situação enquanto se virava.
Eu não pude evitar cerrar os dentes ao ver aquela cena.
Embora tivéssemos cumprido a missão principal de abrir a caverna antes do Clã da Árvore Dourada, falhamos na missão secundária de tirar o Sr. Urso das mãos deles.
A entrada da caverna era um crânio gigante.
“Isso me lembra aqueles parques temáticos de dinossauros.”
Entramos pela mandíbula aberta do crânio e encontramos uma única porta de aço com um buraco para a chave.
— Graaaaagh!
Ao inserir a chave e girá-la no sentido horário, um rugido assustador e ameaçador de uma besta ecoou por toda a ilha.
— O que está esperando? Não vai entrar?
Virei a cabeça e encontrei o olhar do Fantasma Dourado, que nos observava enquanto estudávamos a entrada.
“…Ele está sorrindo?”
Que cara irritante. E o pior era que eu não fazia ideia do que ele estava pensando.
— Sr. Yandel?
Suspirei, sabendo que precisávamos nos concentrar na missão principal.
— Certo, já entendi, então pare de me apressar.
Afastei o sentimento incômodo e entrei na caverna.
A entrada se fechou atrás de nós com um estrondo ensurdecedor.
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