A obra atingiu um pequeno ponto de hiato e novos capítulos serão publicados na segunda metade de julho.
Capítulo 813: História Oculta (5/8)
No jogo, Arta era um NPC, um personagem não jogável, do início ao fim.
Por outro lado, tecnicamente, ele era mais um segredo oculto do que qualquer outra coisa… Um ‘Feito de Gabrielius’, como chamavam neste mundo?
Enfim, eu estava me distraindo.
— Estou… dentro do labirinto?
A surpresa foi genuína. Não importava se Arta era uma peça secreta, um feito ou um NPC. Aqueles que faziam parte do labirinto não conseguiam se libertar de suas leis.
Monstros não podiam usar portais para se mover entre os andares, nem mesmo aqueles com quem se podia conversar ou os NPCs. Não apenas não conseguiam mudar de andar, como acreditavam que o mundo do labirinto era o mundo real.
— Vocês são os primeiros seres vivos que vejo em muito tempo. De onde vieram?
Nem o vampiro da Cidadela Sangrenta.
— Cães selvagens do império tomados pela ganância. Hoje, eu os punirei.
Nem o Cavaleiro do Fim que encontrei no Templo Branco.
— Este é o labirinto. E eu sou um aventureiro que está atravessando o labirinto.
— O que é… o labirinto?
Mesmo quando encontrei aquele vampiro novamente no primeiro subsolo, o duque que presumi ser o Cambormere original não era muito diferente do primeiro. Por isso mesmo, evitei ao máximo mencionar o labirinto ao falar sobre a história da era atual.
— Como disse antes, meu nome é Arta… Sou o pesquisador-chefe do Primeiro Centro de Pesquisa em Engenharia Mágica. Haha, não quero me gabar, mas apenas o vice-diretor e o diretor estão acima de mim.
Arta também acreditava que o mundo dentro do labirinto era o mundo real.
Se tudo isso fosse verdade… então o que era isto?
— Dentro do labirinto? — repeti com cautela. — O que quer dizer?
— É o que parece. Por favor, responda-me. Estou atualmente dentro do labirinto?
Ele conhecia a existência do labirinto. Bem, eu teria que descobrir depois se o labirinto que ele conhecia era o mesmo que eu conhecia.
Fiquei em silêncio por um momento antes de perguntar:
— O que é o labirinto?
— Posso… entender isso como você não sabendo nada sobre o labirinto?
Hmm, bem… Se eu simplesmente dissesse que sim, sentia que a conversa acabaria ali. Então decidi dar uma resposta mais vaga e ominosa.
— Bem, isso vai depender da sua resposta à minha pergunta. — Eu não revelaria mais minhas cartas primeiro.
Arta me encarou por um instante antes de continuar rapidamente:
— O labirinto é uma dimensão artificial criada usando o Poder da Origem, um lugar onde podemos moldar as leis do mundo à nossa vontade. Qualquer coisa pode ser criada dentro do labirinto, e é possível ir a qualquer lugar livremente. Os portais são um método de transporte dentro do labirinto, idealizado pelo antigo império.
A explicação rápida me confundiu, mas, por alguma razão, senti um calafrio de medo percorrer meu corpo.
— O império criou o labirinto?
— Exatamente. Sua Majestade Imperial desejava uma vida imortal, autoridade absoluta e um mundo perfeito sob seu comando, algo como um paraíso na Terra… Afinal, deuses são seres com defeitos demais.
Fiquei tomado pela confusão. Não conseguia entender aquilo, mesmo absorvendo cada uma de suas palavras. Será que o que ele dizia era real? Ou apenas uma descrição implantada nele?
Ainda assim, uma coisa me deixou curioso. Talvez uma pergunta totalmente irrelevante…
— Mas… por que ‘labirinto’?
Arta hesitou. — Não entendi a pergunta.
— Digo, se queriam criar um paraíso, por que o chamaram de labirinto?
— Não sei por que isso chamou sua atenção, mas vou responder. — Ele nem hesitou ao continuar: — O fim do labirinto sempre oferece uma resposta.
Olhei para ele sem entender, o que o levou a se explicar melhor:
— É um ditado antigo, muito antigo até para os padrões do meu tempo. E o imperador passou a vida inteira buscando uma resposta para salvar o mundo. Sob a vontade daquele imperador, esse grande projeto de criar uma dimensão artificial para gerar um paraíso foi nomeado de ‘labirinto’… E no dia em que o sangue, suor e conhecimento que derramamos nos levarem ao fim do labirinto, entraremos em um paraíso eterno. Esse foi um trecho do discurso do imperador quando visitou nosso centro de pesquisas. Isso responde à sua pergunta?
— Sim — respondi gravemente.
— Então, por favor, responda à minha pergunta. — Arta me encarou mais uma vez e perguntou: — Estamos dentro do labirinto?
Bem… para ser honesto, eu ainda não tinha certeza. Na verdade, estava ainda mais confuso do que antes…
Mas isso não mudava os fatos.
— Sim, estamos dentro do labirinto.
Depois que confirmei sua suspeita, seguiu-se um longo silêncio. Arta parecia preso em seus próprios pensamentos, sem dizer nada enquanto era consumido pelas ideias, e eu o deixei continuar sem interromper.
Não foi Arta quem quebrou o silêncio. Nem eu, nem a densa Ainar, nem a intelectualmente curiosa Raven.
Beep, beep, beep!
Um alarme soou em um padrão rítmico. O som vinha de um dos bolsos de Arta.
Instintivamente olhei em sua direção. Arta voltou à realidade e disse:
— Isso significa que está quase na hora de eu retornar.
— Entendo.
Mesmo mantendo a calma por fora, por dentro eu travava uma batalha. Deveria simplesmente continuar a conversa até ele ir embora, ou seguir com o plano que tinha em mente e impedi-lo à força de retornar? Na pior das hipóteses, essa última opção seria apenas um desvio desnecessário se nenhuma situação especial ou recompensa surgisse depois.
“De qualquer forma, já estamos nessa situação.”
No entanto, minha visão sobre Arta havia mudado. Antes, eu só me importava com recompensas e eventos. Com o tempo, porém, passei a valorizar mais a história que ele carregava do que os prêmios em si. Talvez isso até me ajudasse a entender os segredos deste mundo.
“Se eu tiver que nocautear ele…”
Mas, bem quando estava me decidindo, Arta me deteve de repente.
— Pare.
Foi como se ele tivesse ouvido o que eu estava pensando.
Por um instante, me perguntei se ele possuía alguma ferramenta mágica que lhe concedesse telepatia ou algo assim, mas felizmente não era o caso.
— Quem observa o futuro por tanto tempo quanto eu reconhece bem esse olhar nos olhos.
— Eu não estava pensando em nada.
Hesitei por um segundo a mais do que devia, e ele riu.
— Seria ótimo se fosse verdade. Tenho bastante experiência com esse tipo de coisa e tomei várias precauções.
Não dava para saber se ele estava dizendo a verdade, mas uma afirmação tão ousada e direta era bastante eficaz contra mim. Estava me fazendo hesitar ainda mais do que antes.
“O que eu faço agora?”
A dúvida interna que achei ter resolvido voltou a tomar forma. Mas, se isso fosse só uma run do jogo, eu não teria pensado tanto. A qualquer momento, bastaria tentar novamente depois…
— Que tal abrir mão desse desejo e usar o tempo que resta da forma mais eficiente possível? Para o bem de ambos.
Mais uma vez, Arta quebrou minha linha de raciocínio, e decidi que seria melhor apenas falar a verdade. Ser honesto combinava mais com um bárbaro, não é?
— Não sei quanto a você, mas… o que ganhamos com isso? — questionei.
— É porque eu sei por que hoje é o Dia Final.
— O quê?
— Antes eu não sabia, mas agora que entendi que estamos dentro do labirinto, tudo se encaixou. Compreendo por que tudo isso aconteceu.
A hesitação tentou me pegar de novo, mas eu a joguei de lado.
— Certo. Vamos conversar.
Escolhi o caminho pacífico.
A personalidade dele tinha mudado completamente, como se aquela postura meio boba de antes fosse uma encenação. Além disso, havia obstáculos demais para que eu simplesmente o atacasse. E, por fim, eu sentia que ele não estava blefando quando disse que tinha algo preparado. Enquanto eu não tivesse certeza de que conseguiria superar o que quer que ele estivesse escondendo, não dava para saber os riscos que enfrentaria tentando enfrentá-lo à força.
— Como não temos muito tempo, vamos fazer uma pergunta cada um por vez. Assim será justo — sugeriu Arta.
— Tudo bem.
A forma de conduzir a conversa estava decidida.
Felizmente, era um formato com o qual eu estava bastante familiarizado. Já o tinha enfrentado várias vezes no passado, por um motivo ou por outro. De Auril Gavis a Baekho Lee e à Távola Redonda… Todos neste mundo, não importa quem fossem, faziam de tudo para evitar sair perdendo, mesmo quando tinham desejos grandiosos.
Não que eu fosse diferente.
“Uma pena não ter mais a Confiança Equivocada…”
Depois de usar a última carga na anterior, tinha planejado conseguir outra por precaução. Mas o item não estava sempre disponível no mercado, então não consegui comprar.
“Bom, nem sei se funcionaria com esse cara, de qualquer forma.”
Afastei qualquer arrependimento que pudesse sentir.
— Então eu…
— Não, eu vou primeiro.
Arta fez uma pausa, processando o fato de que eu o interrompi.
— Então vá logo.
Assim começou minha vez.
Minha primeira pergunta já estava decidida. No entanto, como eu não sabia que tipo de resposta chocante receberia…
— ⟅Continue o que estava dizendo antes. Por que hoje é o Dia Final?⟆
Para manter a conversa em segurança, decidi falar na linguagem antiga. Arta pareceu entender minha intenção, pois desligou o tradutor antes de responder.
Desnecessário dizer que a resposta não foi a que eu esperava.
— ⟅Faça outra pergunta.⟆
— ⟅O quê?⟆
— ⟅Não se preocupe, não estou dizendo que não vou responder,⟆ — garantiu ele. — ⟅Só quero adiar um pouco.⟆
— ⟅Por que eu faria isso?⟆
— ⟅Há uma grande chance de que você só entenda o que direi quando chegar a hora.⟆
Fiquei um pouco irritado, suspeitando que ele estivesse tentando ganhar tempo, mas parecia que ele não ia simplesmente revelar a resposta de graça, então deixei passar.
— ⟅Certo. Então, vou te perguntar outra coisa. Qual é o nome do imperador que você mencionou?⟆
Perguntei por precaução, caso surgissem nomes como o Imortal ou o Rei do Novo Mundo, mas infelizmente…
— ⟅Esse nome não me é familiar…⟆ — murmurei.
O nome do imperador era um que eu nunca tinha ouvido antes.
“Como o nome da dinastia também é diferente, será que é uma entidade completamente separada do Reino de Rafdonia?”
De todo modo, essa foi a primeira pergunta encerrada.
— ⟅Então é a minha vez.⟆
Agora era ele quem perguntaria.
Como sempre, escutei com atenção. Em uma conversa assim, a própria pergunta já era uma informação.
O que mais despertava sua curiosidade?
Quando começou a falar, a resposta me foi revelada.
— ⟅Bjorn Yandel. Por acaso você viu um ser que veio de outra dimensão, ou já ouviu falar de algo assim?⟆
Minha mente ficou em branco.
— ⟅Por favor, responda. Esta é uma pergunta muito importante.⟆
Eu não fazia ideia de por que aquilo, dentre todas as coisas, era tão importante para ele.
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