A obra atingiu um pequeno ponto de hiato e novos capítulos serão publicados na segunda metade de julho.
Capítulo 814: História Oculta (6/8)
A pergunta em si não tinha nada de especial. Afinal, a existência de espíritos malignos era uma verdade bem conhecida dentro de Rafdonia.
“Mas esse é alguém do passado perguntando sobre isso…”
Enquanto hesitava, os olhos de Arta brilharam com uma astúcia afiada.
— ⟅Uma resposta dada depois de tanto pensar na pergunta certamente estará repleta de mentiras.⟆
Embora ele não tenha dito isso explicitamente, parecia que ele estava me avisando de que poderia encerrar a conversa no momento em que quisesse.
Decidi ir direto ao ponto. — ⟅Só fiquei surpreso. Não tenho intenção de mentir.⟆
— ⟅Responda primeiro. Não temos muito tempo.⟆
Como estávamos com o tempo contado, também não podia refletir tanto quanto gostaria.
— ⟅Você tem razão. Eles existem⟆ — afirmei, e então passei direto para minha segunda pergunta. — ⟅Como você soube sobre eles?⟆
Queria perguntar se espíritos malignos também existiam no passado, mas me contive. Pela minha experiência, perguntas que podiam ser respondidas com um simples sim ou não deveriam ser evitadas nesses tipos de trocas.
— ⟅Essa é a sua pergunta?⟆
— ⟅É, é sim.⟆
— ⟅Não é que eu soubesse. Eu apenas tinha uma teoria sobre eles. Se eu soubesse, então não teria perguntado.⟆
— ⟅Não gosto dessa sua resposta vaga.⟆
Diante da minha reclamação legítima, ele pareceu ceder um pouco, dando um contexto adicional logo em seguida.
— ⟅Durante o desenvolvimento do projeto do labirinto, encontramos algumas variáveis inesperadas. Descobrimos formas de vida não identificadas dentro do labirinto que não havíamos criado. Suas aparências eram completamente diferentes das nossas, mas possuíam inteligência. E após um longo período de pesquisa, nossa equipe chegou a uma conclusão: essa ‘forma de vida não identificada’ era um ser vindo de outra dimensão.⟆
— ⟅Entendi o que você está tentando dizer. Então…⟆
— ⟅Acho que essa foi uma resposta suficiente para sua pergunta.⟆
Bem, ele realmente me deu uma explicação longa. Não podia me dar ao luxo de ficar ganancioso.
— ⟅Posso fazer minha pergunta agora?⟆ — Arta perguntou.
— ⟅Manda.⟆
— ⟅Descreva para mim o mundo que você conhece fora do labirinto.⟆
Bem, isso não era nada difícil. Eu poderia falar sem parar se tentasse dar todos os detalhes, mas o essencial era simples. O Palácio, Noark, o labirinto e as pedras de mana, os aventureiros, a Bruxa… esses pontos já eram suficientes para dar um panorama básico do mundo, e como eu já tinha explicado os acontecimentos dentro do labirinto da última vez, a resposta em si não demorou muito.
— ⟅Hmm, então vocês, aventureiros, são pessoas que exploram o labirinto para fornecer recursos para a cidade isolada.⟆
— ⟅Acertou. Agora é minha vez.⟆ — Com o aceno de Arta como sinal, fiz minha próxima pergunta. — ⟅O que é o Poder da Origem?⟆
De certo modo, essa era a pergunta central, pois, pelo que eu percebia, esse poder era o que movimentava o labirinto.
— ⟅É um poder que existe em cada dimensão. Nosso império encontrou a Origem por acaso, e após um longo período de pesquisa, descobrimos uma forma de aproveitar o poder que fluía dela.⟆
— ⟅Isso está vago demais. Me diga mais.⟆
— ⟅Quando se usa o Poder da Origem, é possível criar novas dimensões artificiais. No entanto, há apenas uma quantidade finita desse poder, então ele diminui na mesma proporção em que é utilizado.⟆
— ⟅O que acontece quando todo o poder acaba?⟆ — Lancei a pergunta, torcendo por uma resposta extra. Inesperadamente, Arta me respondeu sem resistência.
— ⟅Você mesmo não consegue deduzir? O fim de uma dimensão chegará. Como o que está vendo agora.⟆
Só então comecei a ter uma ideia do que estava acontecendo.
Arta continuou fazendo perguntas sobre o meu mundo atual, e eu retribuía com perguntas sobre o mundo dele.
— ⟅Acho que já esperei tempo suficiente. Me diga⟆ — exigi. — ⟅Por que hoje é o Dia Final?⟆
— ⟅Você é apressado. Posso te fazer mais uma pergunta antes de responder essa?⟆
Embora a ordem tenha sido quebrada, não me importei. — ⟅Pode perguntar.⟆
— ⟅Você por acaso conheceu ou ouviu falar de uma criatura… não, de uma inteligência que se proclama e se define como Arta?⟆
Como ele sabia disso?
Tirei um momento para observar ao redor, imaginando se algum dos meus companheiros de equipe havia deixado escapar algo.
— ⟅Pelo que vejo, parece que não precisarei de uma resposta, mas ainda assim, poderia me dar uma?⟆
— ⟅…Sim, conheci.⟆
— ⟅Como eu imaginava.⟆ — Arta assumiu uma expressão séria e caiu em contemplação.
No fim, não consegui me conter e perguntei: — ⟅Como você sabia disso?⟆
Era praticamente a mesma pergunta que eu havia feito antes. Durante toda essa conversa, senti como se estivesse sempre em desvantagem. As perguntas que eu queria fazer a ele mudavam conforme a conversa avançava.
Felizmente, ao menos dessa vez, recebi uma resposta imediata.
— ⟅A razão pela qual sei sobre esse outro ‘Arta’ é simples. É porque atualmente estou formulando um plano a respeito dele. Mas, pelo que posso perceber, parece que ele falhou no fim das contas.⟆
— ⟅Está dizendo que você é o mesmo Arta que o outro?⟆
— ⟅Não posso dizer que somos o mesmo no sentido mais puro, mas possivelmente sim, num sentido um pouco abaixo disso. Eu poderia conhecê-lo, talvez?⟆
— ⟅Vou considerar isso sua próxima pergunta, mas isso será impossível. Levaria horas de barco para chegar até lá daqui.⟆
— ⟅Entendo. Então obtive todas as respostas que queria. E o tempo também se alinhou.⟆
— ⟅…O quê?⟆
Tinha me esforçado para responder várias perguntas seguidas, e agora ele pensava em simplesmente ir embora?
Sentindo-me enganado, estava prestes a alcançar meu martelo quando ele continuou: — ⟅Então ouça com atenção o que tenho a dizer. Será de grande ajuda para você.⟆
— ⟅Seja breve.⟆
— ⟅Primeiro, depois que eu for embora, vá falar com o outro Arta sobre a minha história e aprenda o máximo de informações que puder. Ele saberá como a história se desenrolou muito melhor do que eu.⟆
— ⟅E depois?⟆
— ⟅Segundo, se conseguir voltar vivo para Rafdonia, vá até estas coordenadas espaciais que lhe direi agora. Esconderei um item útil lá para você.⟆
Esconder algo em Rafdonia? Isso era mesmo possível?
Eu não conseguia entender nada disso. Esse cara era um NPC ou era real? Se o que ele disse funcionasse mesmo, então eu não podia tratá-lo como um simples segredo escondido do labirinto.
“Chega. Peguei as coordenadas, depois confiro se é real.”
Em vez de me perder em conjecturas infinitas, decidi focar numa coisa que me chamou a atenção.
— ⟅‘Se conseguirmos voltar para Rafdonia’?⟆ — repeti. — ⟅O que você quer dizer com isso?⟆
— ⟅Ah, ainda não te contei isso. Durante o desenvolvimento do projeto do labirinto, enfrentamos várias dificuldades, mas a maior de todas foi esta.⟆
Arta não demonstrava muita emoção ao continuar sua história, mas eu não conseguia compartilhar de sua calma.
— ⟅A maior ameaça que enfrentamos não foram seres de outras dimensões, nem terrorismo por forças hostis que se opunham ao Projeto Labirinto. Foi simplesmente um fenômeno.⟆
— ⟅Um fenômeno…?⟆
— ⟅Ainda não conseguimos descobrir a causa, mas enquanto trabalhávamos, houve várias ocasiões em que a própria dimensão se torceu e matou todos os membros da expedição de pesquisa.⟆
Uh… Ele estava falando de um colapso dimensional?
— ⟅Você perguntou como eu sabia que hoje era o Dia Final, certo? Essa é a resposta.⟆
Fiquei sem palavras.
“Espera… Ele está dizendo que hoje é o dia em que o colapso dimensional vai acontecer?”
Fiquei ali parado, atordoado, com a mente em branco.
Beep! Beep! Beep!
O alarme no bolso de Arta soou mais uma vez, apitando cada vez mais rápido. Arta percebeu o som ao mesmo tempo que eu e correu até mim.
— ⟅Terceiro: mudar o futuro não é algo impossível.⟆
— ⟅O quê?⟆ — consegui balbuciar, ainda atônito. — ⟅Me dê uma resposta decente antes de ir…⟆
Arta agarrou meu braço e exclamou: — ⟅Certo, essa é a última. Guarde bem isto: um ser de uma dimensão, em condições normais, não pode entrar em outra dimensão. A única forma de um ser assim atravessar é…⟆
Nem tive tempo de ouvir o fim da frase antes de ser cegado por um clarão de luz.
Não muito mudou depois disso. Os relâmpagos e meteoros causados pelo Dia Final da Amelia ainda caíam, e a ilha continuava a expelir lava quente como se estivesse prestes a explodir, mesmo após derrotarmos a Fera.
No entanto, houve exatamente uma coisa que mudou.
— Por favor, só termine o que tem a dizer antes de ir embora…
Eu estava conversando com Arta antes do clarão, e depois dele, Arta havia desaparecido.
Os outros membros permaneceram em silêncio desde que comecei a falar na língua antiga. Agora, só me lançavam olhares, sem parecer entender a extensão do que havia acontecido.
Nesse silêncio desconfortável, tirei um momento para organizar os pensamentos.
Mudar o futuro, seres de outras dimensões, esconder um tesouro na cidade, tudo isso parecia distante neste momento. Se eu deixasse essas ideias de lado e reunisse apenas os pontos importantes, então este era o mais essencial de todos:
“Um colapso dimensional vai acontecer.”
Era apenas um palpite, mas parecia haver duas condições para encontrar o Arta do passado: usar o Dia Final nesta ilha e fazê-lo no dia de um colapso dimensional. Era só uma teoria, claro. Eu não tinha como testar essas condições.
“Pelo que imagino… o colapso dimensional provavelmente acontecerá no momento em que o efeito do Dia Final acabar…”
Ainda tínhamos tempo. Um pouco, mas não muito.
“Não será o suficiente para chegarmos ao quinto andar.”
Se o que Arta disse fosse verdade, teríamos que enfrentar o primeiro colapso dimensional no sexto andar. Havia apenas uma coisa a fazer naquele momento.
— Auyen — chamei. — Quanto tempo leva daqui até a Ilha Arta?
— Não conseguiremos chegar lá tão rápido quanto da primeira vez. Forçamos demais o navio na volta…
— Só me diga isso: conseguimos ir e voltar em até nove horas?
Houve uma pausa. — Não com o barco normal que usamos. Também usamos a maioria das pedras de mana no caminho pra cá, e como navios médios consomem muito mais poder da alma do que barcos pequenos…
— Entendi.
— Mas há um barco menor que eu preparei. Com ele, consigo usar minhas habilidades para nos fazer chegar a tempo…
— Mas?
— Ele só pode carregar três pessoas por vez.
— Isso é o suficiente. — Virei-me para os outros e anunciei: — Todos, exceto eu e Auyen, esperem aqui.
— Espera, ainda sobra uma vaga. Por que só vocês dois vão? — Amelia interveio, tentando sugerir uma alternativa.
— Não vamos lá para lutar. E se uma luta acontecer, não faz diferença termos duas ou três pessoas presentes.
— Isso é verdade, mas…
— Não temos tempo. Emily, fique de prontidão e prepare-se.
— Preparar para o quê?
Soltei uma risada amarga. Fui eu quem disse isso, mas eu mesmo não fazia ideia do que deveríamos preparar.
“Talvez…”
Essa possa ter acabado se tornando minha expedição mais difícil até agora.
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