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    Mesmo depois de ‘coletar’ o mago especial1 Elbein Cutter, a situação em si não mudou muito.

    — Behel–LAAAH!

    Avanço rasgando as hordas de monstros, saltando de mapa em mapa dentro do labirinto. A única diferença real é que, com mais de um passageiro, o processo ficou um pouco mais fluido. Especialmente porque agora temos novos encantamentos ativos.

    【Elbein Cutter conjurou a magia espacial de quarto nível Bênção da Distorção.】

    【O personagem recebe um bônus de Evasão (médio).】

    Os ataques e habilidades dos monstros começaram a errar com frequência considerável.

    【Elbein Cutter conjurou a magia espacial de terceiro nível Rota de Fuga.】

    Quando a quantidade de monstros era absurda e o caminho ficava bloqueado, ele abria um portal mágico para atravessarmos como se estivéssemos usando teleporte.

    “O desempenho dele é mesmo bom.”

    Afinal, personalidade e habilidade não costumam andar juntas. Na verdade, quanto pior o caráter, mais habilidoso costuma ser um aventureiro. Esse mundo funciona assim: uma palavra errada e você é engolido pelo labirinto. Se alguém tão metido sobreviveu até aqui, é porque tem capacidade.

    Mas enfim, isso nem é o mais importante agora.

    KUUNG…!!

    Como um gigante, continuei correndo pelo labirinto em colapso. E segui repetindo o processo. Assim como fiz com Reiner e o mago especial…

    — O que você sabe fazer?

    — Furtividade, assassinato, venenos… arma principal é adaga. Sou aventureiro de terceiro nível…!

    Tsk, um ladrão…

    Em uma situação dessas, não parece ser de muita ajuda. Quase um carona. Mas o rank dele é alto, então talvez tenha alguma utilidade no futuro.

    — Sobe!

    — S-Sim, senhor…!

    Típico ladrão, ágil no raciocínio. Se apresentou rapidinho e, ao ouvir a ordem, saltou sem hesitar para o ombro, como os outros passageiros.

    E quanto tempo passou depois disso?

    — U-Uma pessoa, ali!

    Depois do terceiro passageiro, encontrei uma possível quarta. Dessa vez, uma mulher. Sua aparência era bem única: envolta num manto branco meio encardido e carregando um instrumento de cordas que lembrava uma harpa.

    — A arma é o instrumento? E você é…?

    — Ah, eu sirvo Lorde Heindel…

    — O quê, é uma sacerdotisa?

    “Puta merda!”

    Se está com um instrumento desses, é da Tríade Sagrada Musical, certo?! Uma das melhores entre os melhores. A nata da elite sacerdotal, só um décimo por cento chega nesse nível.

    — Sobe logo!

    — Hã? Kyaaah!

    Antes que alguém a tomasse, puxei ela pro ombro sem pestanejar.

    Com uma sacerdotisa da Tríade Sagrada a bordo, o modo tanque bárbaro ficou mais robusto do que nunca.

    【Maria Shure Elloid conjurou Melodia da Lua.】

    【Enquanto a música continua, o consumo de recursos de todos os personagens na área é reduzido pela metade.】

    Uma das cinco magias sagradas mais absurdas do Dungeon & Stone.

    E não parou aí…

    【Maria Shure Elloid conjurou Lobo da Lua Cheia.】

    【Enquanto a canção continua, todos os personagens na área recebem um grande aumento na Resistência Mental e redução significativa na duração de todos os efeitos negativos.】

    A sinergia com o suporte Maze Reiner foi perfeita. Graças a isso, nossa travessia ficou ainda mais rápida e estável.

    Infelizmente, a sorte parece ter acabado por aqui. Depois da quarta passageira, não encontramos mais nenhum sobrevivente, até que a segunda onda do colapso chegasse ao fim.

    Zzzzt…

    Sim. A segunda onda… finalmente terminou.


    Toc…! Flopt, flopt.

    Uma pedrinha jogada sem pensar rolou pelo chão. Isso significava que a segunda onda turbulenta havia finalmente chegado ao fim, dando lugar a um momento de estabilidade. Claro, não era uma zona de não-combate onde não havia monstros, mas… pelo menos, pelas próximas 8 horas, não estaríamos no meio de um colapso dimensional. Talvez por isso, meus músculos finalmente começaram a relaxar.

    — Haaah…

    — E-Estamos vivos.

    — Sou sinceramente grato, Visconde Yandel. Jamais esquecerei essa dívida.

    Os passageiros, agora um pouco mais vivos, começaram a falar, ou simplesmente se jogaram no chão. Mas, é claro, esse momento de trégua não durou muito.

    — Hm… mas e agora? O que devemos fazer?

    A sacerdotisa foi quem quebrou o silêncio.

    — Perdão, seu nome é…?

    — Sou uma serva humilde de Lorde Heindel, Maria Shure Elloid.

    Elloid, hein… Fazia sentido eu não saber. Ela esteve o tempo todo cantando, sem tempo pra se apresentar. Já o ladrão caroneiro soube ficar quieto e não se manifestou.

    — Ah.

    Me dei conta de um erro enorme e fui confirmar o que faltava.

    — E você, qual é seu nome?

    — Creed Allen!

    Pff… ufa.

    Não era o Hans. Ao me ver tão aliviado, o ladrão fez uma cara de quem não entendeu nada. Mas não era algo com que eu me importasse.

    — Sou Elbein Cutter. Meu tio é o Barão Cutter. Uma honra conhecê-la, senhorita Elloid. Ou posso chamá-la só de ‘Elloid’?

    — A-Ah, claro… como preferir…

    Hoho, e pode me chamar apenas de Elbein, se quiser.

    Mas olha só. Diferente de Reiner, ele parecia todo solícito com a sacerdotisa. Será que é porque ela é também da alta classe? Hmm… ou será que é só porque é bonita? Não sei. Mas, sem dar atenção às gentilezas de Elbein, Elloid foi direto ao ponto:

    — …Mais importante que isso, acho que devemos discutir o que fazer a partir de agora.

    — Discutir? Mas por quê? Já fomos salvos, não?

    — ‘Salvos’, senhor?

    — Exato. Conhecer o Visconde Yandel foi como garantir um ingresso para a sobrevivência.

    — De fato, é como se o próprio Lorde Heindel tivesse nos abençoado com isso… mas mesmo assim, precisamos de um plano, não acha?

    — Ora, minha cara, é exatamente esse o ponto. Não precisamos de nenhum plano. Veja só o que vivemos até agora. Foi só correr e pronto.

    Bom… o Elbein até que tinha um argumento válido. Nossa estratégia de corrida tinha dado certo até agora. Combinando os membros certos, especialmente excluindo o ladrão, a estabilidade do nosso ‘ônibus’ era praticamente inabalável.

    No entanto…

    — Não temos mais espaço para levar gente nova. No máximo, mais uma ou duas pessoas.

    Elloid, como boa religiosa, parecia mais preocupada com resgatar outros. Já o elitista do mago espacial… claramente não entendeu nada.

    — E por que levaríamos?

    — …?

    — É só não levar. Pronto, problema resolvido!

    Uma lógica inquebrável: se não houver carona, não há problema de espaço.

    — …

    Foi aí que o olhar de Elloid para o mago ficou claramente gelado. A desconfiança que já estava ali desde que ele tentou forçar intimidade agora se solidificava. E, como se fosse consciente ou não disso, ele ainda soltou:

    — Claro, se for alguém nobre e digno como a senhorita Elloid, aí sim devemos fazer o possível para acomodar! Nem que alguém precise ceder seu lugar!

    Ele então lançou um olhar insinuante… para o ladrão.

    — …Posso saber por que está me olhando?

    — Ahem-hem… Nada, nada.

    Era óbvio o que estava pensando. O ladrão, incrédulo, só lançou um olhar de ‘você só pode estar brincando’. Mas, consciente de que sua utilidade no grupo era quase nula, preferiu não abrir a boca.

    E então…

    — …

    — …

    Como todos pareciam concluir que conversar com o mago era inútil, a conversa naturalmente veio para mim.

    — O que ele acha ou não, pouco importa. No fim, a decisão é do Visconde Yandel.

    — Visconde, o que pretende fazer a partir de agora?

    — Seria uma honra conhecer sua opinião.

    Depois de pensar um pouco, fui direto ao ponto, revelando meu plano:

    — Quando reunirmos um número razoável de pessoas, pretendo parar com essa correria insana.

    — Ahh… que a luz da lua os abençoe…

    Elloid aparentemente interpretou isso como uma intenção de salvar mais pessoas, e até recitou uma oração em voz baixa. O mago espacial, por outro lado, não entendeu nada.

    — Se vai arriscar a vida por gente de quem nem sabe o nome ou o rosto… não seria mais lógico…?

    Parece que já esqueceu que ele próprio foi salvo, e agora vinha com esse papo absurdo. Mas, por alguma razão, mesmo com esse jeitão insuportável, ele não me causava uma raiva real. Talvez fosse a impressão de que ele era só… meio tapado mesmo. Então respondi pacientemente:

    — Foi pensando com lógica que tomei essa decisão.

    A Elloid podia me ver como um herói salvador, mas minha prioridade continuava sendo sobreviver. E a verdade é que manter o método de hoje seria perigosíssimo.

    — Hã? Mas como assim? Eu não entendi nad…

    — Sabe quantas camadas atravessamos hoje?

    — Haha… eu estava no meio do grupo, então…

    — Nem eu sei ao certo.

    — …?

    — Mas foram mais de mil, com certeza.

    Do 1º ao 10º andar. Sem contar os inúmeros campos ocultos e fendas. Passamos por praticamente todo o labirinto em um único dia. E isso… é suicídio.

    — Não são muitas, mas há áreas no labirinto onde entrar significa morte instantânea.

    Uma fenda no oitavo andar. No nono, há o Lago de Lava, o Fim do Mundo, e a Origem do Sonho. No décimo, são cinco campos assim.

    Mesmo que nem todos esses campos sejam morte garantida, cair neles despreparado é basicamente game over. E ainda existe um campo especial: o ‘Inferno’.

    “E no décimo andar… tem aquele lugar.”

    O último portão antes de chegar à Porta do Abismo. Lá existe uma armadilha de morte instantânea. Não importa o preparo, se pisar nela, morre.

    Eu sei bem. Já passei por isso.

    Na última vez que um colapso dimensional aconteceu, tentei salvar pelo menos meu personagem principal e abandonei os companheiros, usando exatamente esse mesmo método. E então…

    “Na terceira onda, pisei numa armadilha de morte no 10º andar e morri sem nem saber o que me atingiu.”

    Por isso, a partir de agora, temos uma única meta.

    — Hoje não tivemos escolha e assumimos o risco, mas o mais seguro é reunir o máximo de pessoas possível e enfrentar o colapso do jeito certo.

    O melhor cenário seria encontrar meus companheiros espalhados nesse processo.

    — Hm. Com essa explicação, faz todo o sentido. Concordo plenamente!

    — Também pode servir como esperança para os aventureires desesperados.

    — Não importa o caminho que escolher, eu o seguirei!

    Felizmente, todos os passageiros concordaram com meu plano. Bom, exceto o ladrão, que ficou calado… Mas caroneiro não tem direito à opinião, então não importava.

    Com isso, nossa conversa sobre o futuro estava resolvida. Restava agora… o próximo problema.

    Fuuuuuuush…

    Estávamos em uma clareira tão escura que nem mesmo a esfera de luz do mago conseguia iluminar mais de 5 metros ao redor. O solo era simples: terra e pedregulhos.

    “Sem nada de especial.”

    Mesmo enquanto conversava, eu avaliava o ambiente ao redor, sem sucesso. Então, resolvi perguntar diretamente:

    — Alguém aqui faz ideia de onde estamos?

    Onde foi que a gente veio parar?

    1. MrRody: Detalhe aqui na tradução, apesar de parecer que é para chamar o Elbein de mago Espacial, o texto realmente usa Especial.[]
    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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