Capítulo 830: Salão Eterno (2/5)

Terra dos Espíritos Primordiais. Na verdade, não dá para dizer que aqui seja incondicionalmente um campo oculto. Dependendo da situação, pode se tornar também um mapa de raid. Mesmo sem entrar do jeito que eu entrei, ao chegar até a quarta fase se pode acessar este lugar. Mais precisamente, trata-se de perseguir o Espírito Primordial encurralado para capturá-lo. De qualquer forma.

“Então dei o primeiro passo.”

Quando se entra aqui de forma pacífica, como eu, a maneira de escapar é bem simples.

Sol, lua, estrelas.

É preciso destruir um total de dez fragmentos desses três tipos espalhados pelo campo e, ao conquistar a qualificação, sair através da saída.

Antes que esta terra gananciosa me devore por completo.

Sentindo o debuff em meu corpo ficar mais intenso, ergui novamente o martelo. O motivo era muito simples. Se fosse apenas para andar pelo mapa e destruir fragmentos, o grupo já teria explicado a situação e jogado aqui dentro o ladrão, o mais ágil deles.

Swaaaaah…!

A luz vazou pelas frestas dos estilhaços quebrados, tomando forma de maneira ameaçadora.

Quando percebi, já estava cercado por dezenas de cavaleiros de dois metros empunhando enormes rapieiras.

O nome oficial é Cavaleiro da Lua. Quinto nível.

Individualmente, o nível não é tão alto… mas, para aquele ladrão ou os outros, apenas isso já seria uma grande ameaça.

“É claro, é melhor que eu faça isso.”

Com esse pensamento, desci o martelo contra a cabeça do cavaleiro mais próximo. Ah, claro, sendo de quinto nível era bastante resistente…

Kwaang, kwaang, kwaang, kwaang…!

Foram dezenas de golpes até sentir a resistência ceder.

Kwachik…

Não importava que os outros cavaleiros me esfaqueassem, segui firme batendo apenas nele, até mesmo usando Swing, e por fim o sujeito perdeu as forças e caiu, transformando-se em luz.

Beleza, já garanti a experiência, então…

— Behelaaah!

Furando a formação dos que me cercavam, avancei à força. Ora, não é como se fosse preciso matar mosquito por mosquito só porque zumbem perto do ouvido. Ainda mais com o tempo tão apertado.

Kuung! Kuung! Kuung!

Os cavaleiros que já haviam sido atraídos me perseguiam arremessando espadas, teleportando para bloquear a frente, mas sem olhar para trás segui implacável pelo caminho. Ao menos agora não precisava mais vagar sem rumo.

Depois de destruir o primeiro fragmento, o Espírito passa a mostrar o caminho a cada movimento. Como se abrisse trilhas na floresta, ele cria um percurso claro à frente.

Kuung…!

Se tento ir para outra direção, até mesmo ergue uma parede para bloquear. É como se dissesse: ‘Pare de bobagem e vá logo destruir a pedra incômoda que te mostrei.’

“Se já está ajudando, bem que podia remover o debuff também.”

Pensei, achando o sujeito um egoísta desgraçado. Mas xingar não adianta. Graças a essa configuração ainda era possível enfrentar esse lugar.

Kuung!

Seguindo pelo caminho, logo surgiu o segundo alvo.

“De novo uma lua.”

Bem, cedo ou tarde apareceriam os dois tipos restantes entre os dez.

Sem precisar de mais experiência, ignorei todos e continuei correndo. E então…

Kuaaaang!

Repeti o mesmo processo. Até alcançar a meta necessária.

A cada fragmento destruído com o martelo, o número de cavaleiros que me perseguiam aumentava, chegando à casa das centenas…

“Isso não importa, passo.”

Francamente, eu poderia aguentar sendo espancado por eles o dia inteiro. O problema era o tempo.

Já tinha passado da fase em que a regeneração natural e as poções davam conta. Agora sentia instintivamente a vida sendo drenada. Uma vez ultrapassado o limite, a velocidade de drenagem só cresce de forma exponencial. Mas, restando apenas um fragmento, era só destruir rápido e…

“Ah?”

…Droga!

Kuaaaang!

No meio do golpe contra a rocha, forcei a trajetória do martelo para o chão. Não tinha como não soltar um palavrão.

— Esse maldito, quer me matar?!

Sol, lua, estrelas… não são os únicos fragmentos aqui. Também existe o Fragmento da Terra, e ao destruí-lo, o Espírito Primordial se torna hostil, é um gatilho oculto. Claro, a cor diferente da rocha permite distinguir a olho nu, mas…

“…Estava seguindo a orientação dele e quase quebro por engano.”

Por que diabos esse desgraçado me trouxe até aqui? Já ia me irritar de vez quando percebi que o caminho guiado seguia além da pedra. Acompanhando, encontrei uma rocha vermelha.

“Haa…”

Então era só a rota em linha reta mais curta. E se eu tivesse quebrado aquilo? Fiquei desanimado, mas reuni forças e esmaguei o último fragmento.

Da pedra estilhaçada emergiram cavaleiros de luz como antes. Mas, em vez de abrir caminho à força, fiquei parado esperando. Afinal, já não havia motivo para fugir.

Drrrrrr…!!

O chão tremeu como num terremoto.

Ao mesmo tempo, tanto os recém-invocados quanto os que me perseguiam congelaram. Não pararam por vontade própria, e sim como se estivessem presos.

Fwoooong…!

Cadeias invisíveis os arrastaram para baixo. O solo ganancioso se tornou um pântano viscoso e os engoliu inteiros. Em poucos segundos, centenas de cavaleiros sumiram sem deixar rastros.

— Se está satisfeito, então entregue logo a recompensa.

Não sei se entendeu minhas palavras, mas a resposta veio.

Ssshhk.

Do último fragmento destruído surgiu um novo caminho, levando adiante na escuridão. E eu já sabia o que havia no final. A saída.

Se está tão agradecido, podia remover esse maldito efeito de campo. Ou será que não importa se eu morrer antes de chegar à saída?

Bom, pelo menos os bônus de atributos são bem-vindos. E o brilho ao redor também trouxe alívio.

Kuung! Kuung! Kuung!

Sem motivos para perder tempo, corri pelo caminho indicado. Uns cinco minutos depois…

Kuung!

O percurso terminou diante de um penhasco. Quase parecia uma daquelas histórias de GPS levando gente até o abismo. Mas, surpreendentemente, ali era mesmo a saída.

— Certo, encontrei a saída, então…

Fiz rapidamente os cálculos de tempo. Quanto mais eu poderia resistir a partir de agora? Se o mapa tivesse sido gerado de forma cruel, talvez nem tivesse essa folga, podendo morrer antes de alcançar o portal…

“De forma segura, dez minutos.”

No máximo, onze ou doze. Após dez minutos, os efeitos de campo cresceriam exponencialmente.

— Vamos lá.

A cada passo, minhas pegadas afundavam na terra gananciosa.

Kuung…!

Impulsionei com força e avancei para dentro da escuridão.

Depois de tanto esforço, tinha que sair daqui levando o que fosse possível.

Uma região escondida que só pode ser acessada ao cumprir certas condições especiais ou com muita sorte. Eu a chamo simplesmente de campo oculto, mas as pessoas a chamam de Arranjo de Gabrielius ou, de forma mais genérica, Mistério do Labirinto. E então…

— Oh, areia dourada.

Naturalmente, os campos ocultos dão recompensas muito maiores do que áreas comuns abertas. Assim como isto.

Splash…!

— Por favor, um elixir!

Era como uma terra de mel, onde quase a cada minuto se descobria um segredo oculto. Claro que era uma recompensa justa. Desde o momento em que a visão foi liberada, encontrar esses segredos ocultos em um mapa plano era tarefa fácil. Bastava correr e pegar o que aparecesse pelo caminho.

Como naqueles jogos antigos.

Quando se concluía um estágio, itens eram espalhados por todo o mapa e, durante um curto intervalo, bastava correr freneticamente para coletar tudo, um verdadeiro Fever Time.

Kuung! Kuung! Kuung…!

Já havia garantido seis recompensas aproveitando esse Fever Time, mas eu ainda corria pelo ermo feito um louco.

Não era porque eu ainda estivesse com fome.

É que o mais importante ainda não tinha sido encontrado.

— Haa…

Já que tinha vindo até aqui, queria achar isso a todo custo.

Deveria desistir agora e ir para a saída? Se me afastasse ainda mais, poderia ficar apertado demais para voltar a tempo…

“Ou talvez devesse dar meia-volta e, nesse retorno, procurar pela última vez?”

Mesmo na dúvida, continuei correndo.

Kuung…! Kuung…!

Pela minha experiência, o que eu procurava nunca estava muito próximo da saída. Então, mesmo correndo um risco…

Kuung…!

Avancei cada vez mais fundo, na direção oposta. Esse era o estilo de Dungeon & Stone. Sem assumir riscos, não havia ganhos. Portanto…

Kuung…!

Pisei com ainda mais força, avançando com todo o vigor.

Dez segundos, vinte, trinta…

Mas, junto da determinação, a ansiedade só aumentava com o passar do tempo.

Cinquenta segundos.

Quando pensei que, se não desistisse e voltasse naquele instante, minha vida realmente correria perigo…

— Aleluia…

Finalmente, aquilo surgiu diante de mim.

Uma cratera, como se um meteoro tivesse caído ali. E, bem no centro, uma pequena pedra acinzentada.

Corri até lá e estendi a mão. Não para levá-lo comigo, afinal, esse objeto não pode ser carregado.

Ufa, quantos anos levaram para acumular duas cargas? Agora só falta concluir a caçada ao dragão para completar o máximo…

E assim, no corpo de um Bárbaro, conquistei a dignidade de um dragão. Em outras palavras…

— Behelaaah!

Agora o modo Bárbaro Dragão (verdadeiro) estava ao meu alcance.

【Você pode usar Medo Dracônico.】