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    Medo Dracônico. A habilidade característica que todo ser da raça ‘dragão’1 possui obrigatoriamente, e símbolo dos próprios dragões.

    — Huhuhu…

    Existem apenas duas formas de obter essa habilidade: consumir a Essência de Dragão, ou receber a Bênção do Dragão. Independentemente de qual tipo de bênção seja escolhida, no segundo estágio se adquire a Dignidade do Dragão. Bem, ainda que seja uma versão inferior.

    【Você lançou Medo Dracônico.】

    Não é uma habilidade passiva, e sim ativa. Além disso, possui tempo de recarga…

    【De acordo com a diferença de nível em relação ao alvo, penalidades são aplicadas de forma diferenciada.】

    O efeito em si também é bastante enfraquecido. Considerando meu nível atual, oitavo, um monstro de terceiro nível, equivalente a um inferior a mim, sofreria paralisia por cinco segundos. Se for quarto nível, seriam cinco segundos de rigidez; do quinto nível em diante, dez segundos de rigidez junto a estado de medo… Por maior que seja a diferença de nível, nunca se obtém um efeito apelão de ‘morte instantânea’. Mas…

    “Isso não significa que seja uma habilidade ruim.”

    Afinal, por que os exploradores enlouquecem tanto por itens numéricos, elixires e artefatos mágicos? Só o fato de poder ficar mais forte sem ocupar os slots de essência já tem valor suficiente.

    “Até porque o terceiro estágio da Bênção do Dragão é que é realmente valioso.”

    Claro, isso numa visão de longo prazo… Se for analisar apenas a situação atual, de curto prazo, pode parecer algo negativo. Afinal, ainda resta o maior obstáculo.

    【A energia da terra enfraquece visivelmente.】
    【O Espírito Primordial se enfurece imensamente.】

    A terra treme, expressando sua fúria. A resposta ao seu intento veio de imediato.

    Sssshhk.

    O caminho recém-criado que levava à saída também desapareceu, como se dissesse para eu me mandar logo dali. Mas isso não tinha grande importância. Ora, por que você acha que eu fui até a saída para verificar pessoalmente? Foi justamente para conseguir encontrá-la novamente sem precisar de navegação.

    【As restrições de visão retornam.】

    Bom, a volta da escuridão do labirinto, reduzindo o campo de visão a 3 metros, é meio chata.

    【Afinidade com a Natureza -50】
    【Resistência à Terra -50】

    Até os bônus que havia me dado foram mesquinhamente retirados.

    “Mas, ainda assim, obtive algo muito maior.”

    Resolvi engolir a mágoa por conta do velho amigo mesquinho. Não era alguém que eu fosse encontrar de novo, de qualquer maneira.

    Kuung…!

    O bárbaro não teme cortar laços.


    Entre os exploradores, soterrados até a metade do corpo no pântano lamacento, pairava um silêncio estranho.

    O herói do reino e ídolo dos exploradores. Também famoso como líder dos bárbaros. Foi esse guerreiro que, para ganhar tempo, sem medo algum, entrou diretamente na boca de um monstro de primeiro nível fazia cerca de cinco segundos. A princípio, parecia algum método novo de suicídio, mas no instante em que ele desceu até o fundo do buraco, o redemoinho cessou.

    — …E-Ele vai voltar, não vai?

    Alguém quebrou o silêncio. Maze Reiner, o primeiro passageiro do tanque bárbaro. Seu murmúrio era o mesmo pensamento que todos os sobreviventes compartilhavam ali.

    — …C-Com certeza!

    —Ele sobreviveu a incontáveis incidentes e se tornou famoso por isso. Não será diferente desta vez!

    Diziam tais palavras, mas nas vozes trêmulas e nos olhares vacilantes, a incerteza estava estampada.

    — Vamos apenas esperar…

    — Ele mesmo disse para aguardarmos um minuto, aconteça o que acontecer…

    Assim decidiram. Não por nobreza ou lealdade, mas porque a magia ainda não estava pronta. Não havia nada que pudessem fazer no momento além de esperar…

    — Haa…

    A respiração do mago, que soou naquele instante, mudou o clima.

    — O feitiço! Está pronto?

    — Sim, mas… e o lorde? Onde está?

    — Pediu-nos apenas um minuto de espera, mas foi direto para dentro do buraco!

    — …?

    O mago parecia confuso, mas pelo menos percebeu uma coisa com clareza.

    “Esses lixos estão com outra ideia em mente.”

    Claro, ninguém disse isso diretamente. Mas na voz, nos olhos, na nuance, o mago captou o ‘segundo pensamento’ e, de imediato, traçou a linha.

    — Enquanto o Lorde Yandel não retornar, não pensem que usarei feitiço algum.

    — O q-quê isso quer dizer?

    — O próprio lorde disse que, se um minuto passar, devemos ir embora sem ele!

    Na verdade, a ordem foi esperar, aconteça o que for, até o limite de um minuto. Mas, sem saber disso, o mago coçou o queixo.

    — Hmm, é isso então…?

    — Sim! Restam apenas trinta segundos para o tempo combinado!

    — Ainda assim, não mudo de opinião. Se não houver perigo, devemos esperar o lorde, por mais alguns minutos que leve. Esse é o mínimo de respeito que devemos a quem nos salvou. Não acham?

    — I-Isso é verdade, mas…

    As palavras carregadas de lealdade surpreenderam até a sacerdotisa, mas na realidade o mago não falava movido cem por cento por honra e fidelidade.

    “E como confiar nesses lixos?”

    Era impensável superar a crise sem Bjorn Yandel. Mesmo agora, quem se lançou para resolver o problema foi aquele bárbaro selvagem. Para atravessar em segurança a tempestade colossal chamada Colapso Dimensional, precisavam do guarda-chuva chamado Bjorn Yandel.

    “Huhu, e se isso chegar aos ouvidos do lorde, minha avaliação só vai subir.”

    Com esse cálculo feito, o mago manteve o feitiço de Teletransporte Múltiplo preparado, fixando os olhos no centro. O tempo passou até que…

    Drrrrrr…!

    O chão começou a tremer. O redemoinho ressurgiu, abrindo novamente o buraco no centro. Até mesmo um leigo perceberia que algo estava acontecendo.

    — P-Poderia ser…

    Será que o lorde conseguiu voltar? Esse pensamento atravessou a mente de todos os sobreviventes.

    — GUOOOOOOOOOOO…!!!

    Do fundo mais profundo da cratera, um uivo arrepiante ecoou, como vindo do próprio abismo, congelando o corpo de todos. Não havia linguagem alguma naquela voz. Mas todos que ouviram puderam sentir a mesma emoção naquele grito hediondo.

    Raiva.

    Um monstro sem precedentes, capaz de despedaçá-los em instantes, rugia em fúria. E então…

    — GUOOOOOOO…!!!

    Não havia mais dúvida.

    — N-Não pode ser…! — Está vindo até nós!

    O som se aproximava em tempo real. Ao perceber, o mago gritou desesperado.

    — R-Rápido, temos que fugir! Venham todos!

    — Mas ainda há pouco disse que devíamos esperar…

    — Eu disse ‘se não houvesse perigo’!

    A lógica do mago fez todos acenarem em concordância.

    — E-Então vamos! — Já passou o tempo de qualquer jeito…!

    A sacerdotisa parecia contrariada, mas diante daquele rugido terrível não ousou discordar.

    Swoooosh…!!

    A luz jorrou do cajado do mago, fazendo o círculo mágico flutuar no ar e brilhar, no instante em que…

    — Hã?

    Algo imenso disparou do buraco como um projétil de canhão…

    Fwoooong…!

    Um braço colossal emergiu atrás, estendendo-se como se fosse agarrá-los. E, como a mão aberta de alguém esmagando uma mosca, desceu sobre eles.

    【Elbein Cutter conjurou o feitiço espacial de quarto nível Teletransporte Múltiplo.】

    O feitiço se completou.


    Ao abrir os olhos, senti sob o corpo não mais o lodo viscoso, mas o piso firme. Rostos voltados para mim me observavam.

    — L-Lorde Yandel…?

    — Ainda bem que voltou a tempo…!

    — Esperamos até sua chegada…!

    Esperaram coisa nenhuma. Vi muito bem o círculo mágico se ativando antes mesmo de eu sair.

    — M-Mas não deveríamos fugir depressa?

    — Sim…! Aquilo, seja lá esse tal de Espírito Primordial ou o que for… parecia estar tomado de fúria.

    Ao me erguer, todos lançaram palavras apressadas de preocupação. Mas não dei grande importância. O Espírito Primordial não era uma criatura errante. Tal como certos monstros planta, ele permanecia fixo em sua posição, servindo de guardião e devorando invasores. Tendo saído da área de efeito do Corpo de Terra, a segurança mínima já estava garantida…

    — Por favor, precisamos decidir logo…!

    — Chega.

    — …Senhor?

    — Estou pensando, então calem a boca.

    O problema vinha agora. O que fazer a seguir? Duas opções me ocorreram.

    Primeira: simplesmente ficar aqui, esperando até o próximo colapso dimensional. Sem risco imediato, mas também sem retorno.

    “Essa não me atrai muito.”

    O número de pessoas era um fator incômodo. Como antes, seria difícil resistir em constante movimento durante todo o colapso, e para enfrentar as ondas de forma direta, faltava segurança. Por eliminação, escolhi a segunda opção.

    — Preparem-se para marchar.

    — …Senhor?

    — Vamos seguir em movimento e procurar sobreviventes.

    Talvez por não terem laços firmes como o nosso clã Anabada, os olhares dos sobreviventes transpareciam desagrado. Procurar pessoas em uma área onde surgiam monstros de primeiro nível, logo após o que tinham acabado de presenciar? Era isso que passava pela mente deles.

    — V-Visconde, entendo sua intenção, mas…

    Dessa vez, fui mais duro do que o habitual. Não por emoção, mas por razão. Em qualquer grupo, se não se estabelece autoridade logo no começo, em momentos de crise surgem problemas inesperados.

    — Não aceitarei objeções. Se alguém discorda, pode ir embora.

    — ……

    — Tomo o silêncio como concordância.

    Claro que ninguém ousou replicar. Ainda assim, complementei minha decisão, que soara um tanto autoritária.

    — Já que sabemos onde estamos, se avançarmos com cautela não enfrentaremos grandes perigos. Pelo que sei, o Espírito Primordial não se move de sua região.

    — Ah…

    — Mesmo que haja problemas, eu os resolverei, como antes. Não precisam se preocupar.

    — C-Contamos com vossa força…!

    Forçar obediência pelo medo tem limites. Era preciso convencê-los de que seguir minhas ordens era a opção mais sensata, reduzindo assim a chance de atritos.

    — Mas… de onde veio tal informação? Esse Espírito Primordial… eu nem sabia da existência dele.

    — Há coisas que só se descobre ao receber um título de nobreza.

    — Ah…!

    Talvez essa seja a maior vantagem de ter me tornado nobre. Desde que ganhei o título, não precisava dar grandes explicações. Esse pretexto encerrava qualquer dúvida. Afinal, eles não eram nobres.

    — Hm… mas os nobres que conheci não sabiam nada disso…

    Às vezes aparecia alguém mais entendido sobre a nobreza que fazia perguntas adicionais, mas… também não era problema.

    — Eles são nobres, não aventureiros. Naturalmente, não teriam interesse.

    — Ah…! Sim, faz sentido! Perdão por ter perguntado à toa.

    — Se não há mais dúvidas, vamos partir.

    — …Sim!

    Assim, segui novamente, guiando o grupo de sobreviventes.

    — Já conhecia sua fama, mas não imaginava que fosse tão verdadeira. O lorde é de fato nobre e grandioso…

    Percebi o olhar da sacerdotisa sobre mim mudar sutilmente, mas decidi ignorar.

    — Mesmo nessas circunstâncias, dedicar-se a salvar mais pessoas…

    Na verdade, minha decisão de seguir em frente não tinha como objetivo principal o ‘resgate’. Procurar sobreviventes era apenas uma forma de reforçar nossa força…

    “E nem isso é o ponto principal.”

    Para ser franco, encontrar sobreviventes era só uma missão secundária. Afinal, agora eu sabia exatamente onde estávamos.

    O Salão Eterno. O campo oculto do nono andar, que nem eu havia conseguido alcançar pelos métodos normais.

    — Ah… que a luz da lua nos proteja…

    Cof cof…

    Um lugar cheio de coisas úteis.

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