Capítulo 870: Influxo (5/5)
Para resumir o resultado, não consegui a aprovação da Hyeonbyeol. Ela disse que queria, pelo menos, proteger este lugar até Ragna acordar. Por isso, apenas disse algumas palavras de persuasão e me retirei. Afinal, insistir mais ali traria um efeito adverso.
O que ela faria depois que Ragna abrisse os olhos? Se reunisse os espíritos malignos em um grupo, ganharia uma pequena facção. Ragna queria realizar a incorporação dos espíritos malignos, e assim por diante.
O fato de ela não ter refutado minha persuasão com veemência já significava que, na verdade, estava praticamente meio convencida. Portanto, essa parte era algo que eu poderia deixar para o futuro…
— Hein? Você também vai sair hoje, nyah?
No dia seguinte também, comecei minha agenda saindo de casa logo pela manhã. No entanto, não se tratava de um compromisso que eu havia planejado originalmente…
— Aonde você está indo desta vez?
— Árvore Gnomo.
— …Hein? Por que ir lá de repente?
— É que algo me ocorreu de repente.
Era um compromisso feito de forma um tanto impulsiva. Ao conversar com Hyeonbyeol, que estava trancada no quarto, acabei me lembrando da pirralha dragão. Bem, não era apenas por causa disso que eu estava dedicando um dia inteiro para ir até Árvore Gnomo.
Drrr, Drrr…
Peguei o teletransporte militar, fui para Árvore Gnomo em um instante e, em seguida, viajei de carruagem até a Terra Sagrada dos Dragões.
— Seja bem-vindo, Barão Yandel.
O guarda no portão do santuário era bastante familiar. Pensando bem, parecia que era sempre este senhor todas as vezes que eu vinha. Será que não há sequer um sistema de revezamento aqui? Achei aquilo bastante bárbaro, mas como não podia me envolver no bem-estar interno de outra raça, não comentei nada. Ah, claro, mas eu tinha que mencionar uma coisa.
— Agora sou Visconde.
— Ah, é mesmo? Peço desculpas pela indelicadeza.
— …Já faz um bom tempo, não é? A notícia demorou para chegar?
— Eu não presto muita atenção nos assuntos do mundo. Se for algo que eu precise ouvir, cedo ou tarde, chegará aos meus ouvidos.
Aquelas eram palavras que, de alguma forma, soavam como uma epifania, mas decidi não as absorver. ‘Se fosse algo para eu considerar seriamente, uma hora ou outra, o faria. Não há necessidade de pressa, certo?’
— O chefe da tribo está lá dentro?
— …O Ancestral Dragão já está à sua espera.
— Oh, como o chefe da tribo sabia que eu viria?
— Dentro da Árvore Gnomo, não há nada que o Ancestral Dragão não saiba.
“Hmm, é mesmo…? Então será que ele também sabe sobre a primeira vez que encontrei Baekho Lee aqui, há muito tempo?”
— Que coisa fascinante. Eu não sabia que o chefe da tribo possui tal habilidade.
— Se está tão curioso, vá encontrá-lo e pergunte. O Ancestral Dragão está à sua espera.
“Francamente, ele insiste em dar ênfase a Ancestral Dragão. Por que será que cada raça tem um nome diferente para chamar seu chefe de tribo? Seria mais fácil e intuitivo usar apenas chefe da tribo, sem chance de confusão.”
— Finalmente você chegou.
Desci da carruagem, subi a passarela inclinada por um bom tempo e, assim que cheguei ao Templo do Dragão, pude encontrar o chefe da tribo dos homens-dragão, o Sr. Dragão.
— Seu tom indica que estava me esperando, não é?
— Mas é claro. Fui eu quem pedi para que viesse me visitar a qualquer momento durante a última reunião de raças. Ele finge que não, mas Pen está realmente ansiosa para vê-lo.
Ah, é verdade. Eu tinha me esquecido.
— Mas, vendo-o falar sobre esse tipo de coisa… Parece que você veio por outro motivo, não é?
— Humm…
— Diga-me, para começar. Também estou curioso para saber o motivo da sua visita.
O Sr. Dragão expressou mais curiosidade do que aborrecimento, o que me permitiu apresentar meu assunto com um pouco mais de tranquilidade.
— Quero receber outra Bênção do Dragão.
Ficar mais forte é sempre a coisa certa a fazer.
A Bênção do Dragão. Esta era a arte secreta exclusiva da raça, assim como a Marca Espiritual dos Bárbaros ou a Besta da Alma dos Terians. No passado, em troca de devolver a Espada Matadora de Dragões à tribo deles, eu recebi a Bênção do Dragão da Terra, algo que jamais era concedido a forasteiros. O vestígio disso ainda estava cuidadosamente escondido sob a sola do meu pé…
De qualquer forma, o que importava não era isso.
Naquela época, a pirralha dragão Pen me avisou, quase como um alerta, após finalizar a bênção.
— Caso você esteja pensando nisso, escolher múltiplas bênçãos não é permitido. Seu corpo não irá aguentar, especialmente sendo um Bárbaro.
Eu, sendo um Bárbaro, não aguentaria. Mesmo entre a raça Dragão, a sobrecarga era tão intensa que, com exceção do Sr. Dragão, poucos eram os que haviam gravado duas ou mais bênçãos. Convencido pelo aviso sincero, eu cedi à ganância. Mas…
— Hum, outra bênção, você diz…
Agora, a situação havia mudado um pouco. Eu havia consumido a Essência das Lágrimas e me tornado, virtualmente, quase imortal. Eu poderia aguentar facilmente, mesmo que fossem duas ou três bênçãos. Bem, a dor seria muito pior do que antes, é claro.
— Não sei que ideia lhe deu, mas parece que você teve um pensamento estranho de repente.
O Sr. Dragão levou a mão à testa, como se já estivesse com dor de cabeça.
— Não me venha com a história de que meu corpo não aguenta. O eu de agora sou uma pessoa completamente diferente daquele tempo.
— Não posso negar essa parte. Mas esta é uma história completamente diferente.
— Tente me convencer.
— Hum, não sei por que eu deveria me dar ao trabalho de convencer…
Eu estava pensando em ativar o modo Bárbaro Sem Cérebro, mas o Sr. Dragão continuou.
— Digo-lhe para evitar que você cause outro problema se eu simplesmente recusar.
…Este cara também lê mentes?
Não sabia ao certo, mas o Sr. Dragão falou como se estivesse repreendendo uma criança mimada.
— A bênção não impõe um fardo apenas ao corpo físico. O verdadeiro problema reside na mente… não, para ser mais exato, é no Espírito que ele recai.
— Espírito?
— Continue ouvindo.
Achei o assunto um tanto inesperado, mas cerrei os lábios diante da expressão do Sr. Dragão, que me mandava não interromper.
— O corpo físico é o recipiente que contém o Espírito. E por mais que você se torne duro e resiliente, é impossível aumentar a capacidade total desse recipiente.
— Ah, e os Dragões são diferentes?
— Somos diferentes.
O Sr. Dragão respondeu seriamente ao meu comentário sarcástico.
— Não digo isso no sentido de sermos uma raça superior, mas apenas para apontar uma diferença racial. Afinal, é um fato que nos foi dado um tempo inimaginavelmente longo, algo que outras raças não podem ter.
— …
— Pense bem. No dia em que um Bárbaro nascido hoje morrer de velhice após uma vida pacífica, eu ainda serei exatamente como sou agora.
Hum, entendi o que ele estava tentando dizer. No entanto, uma coisa me intrigava.
— Então, isso significa que não importa o quanto o grau do meu Espírito aumente, é a mesma coisa?
Eu me perguntava se o conceito de ‘recipiente do Espírito’ mencionado pelo Homem-dragão teria alguma relação com o nível. A resposta do Sr. Dragão foi imediata.
— É a mesma coisa. Mesmo que a água barrenta contida no recipiente se torne mais limpa e pura, o recipiente em si não se torna maior.
— …
— Portanto, abandone a ganância. Pois pode ser que o seu Espírito sofra uma deficiência permanente. Tenho em meus antigos documentos histórias de que a maioria dos humanos que recebeu uma segunda bênção ficou idiota.
É, então é isso… Eu estalei a língua, mas perguntei incisivamente:
— Mas, e se, apesar disso, eu disser que preciso receber?
— Hum… Nesse caso, eu diria o seguinte.
Então, o Sr. Dragão, sentado no trono, olhou para mim.
— Em primeiro lugar, por que deveríamos atender ao seu pedido? Você não nos trouxe a Espada Matadora de Dragões desta vez, trouxe?
Er…
— Ora, da última vez eu…
— Se está se referindo à execução do Matador de Dragões e à recuperação do coração, eu posso anular o acordo feito na época e fazer o que você deseja. Você faria isso?
— …
Eu não pude responder. Afinal, o ‘acordo’ que o Sr. Dragão mencionava agora era o ‘Pacto’. Em troca do coração do Matador de Dragões, eu recebi a promessa de apoio da raça Dragão. Embora houvesse a condição de que o Rei não deveria estar envolvido.
“Eu disse que consideraria se a situação permitisse que eu enfrentasse o Rei.”
Não era uma promessa que valesse a pena anular apenas para receber mais uma bênção. O Sr. Dragão sabia disso, e por isso estava oferecendo a anulação do acordo existente para fazer um novo, se eu quisesse. Isto era algo que eu não podia, de forma alguma, anular. Portanto…
“Ok, a Bênção do Dragão está completamente descartada.”
Eu me livrei de toda a ganância. Afinal, era uma escolha perigosa que poderia me deixar idiota. Não valia a pena arriscar tudo por isso. Contudo, talvez minha desistência rápida e desinteressada tenha sido inesperada?
— Você cedeu mais rápido do que pensei. E parece não ter a intenção de bancar o teimoso.
— Eu estava apenas testando as águas, para falar a verdade.
Dei de ombros em tom de brincadeira, mas a expressão do Sr. Dragão estava estranhamente séria.
— …Essa ideia ainda é válida?
— Do que está falando?
— Da Família Real.
— Ah…
Percebi que o Sr. Dragão havia interpretado minha submissão logo após a menção do Pacto de uma forma diferente. É claro que eu não tinha intenção de corrigi-lo. Afinal, não era exatamente um mal-entendido.
— O que posso fazer? Eu também espero sinceramente que essa situação nunca chegue, mas… — é preciso estar preparado. — Se chegar a hora de lutar, não terei escolha a não ser lutar.
A expressão do Sr. Dragão ao ouvir minhas palavras era peculiar. Não conseguia descobrir o que ele estava pensando, e ele acabou não verbalizando seu pensamento.
— Uma postura fascinante e invejável, de fato.
Tendo o assunto da Bênção do Dragão chegado ao fim, minha conversa com o Sr. Dragão também terminava ali.
— Antes de ir, veja Pen. Você também ficará surpreso.
— Eu vou vê-la, mas há outra pessoa que eu gostaria de ver primeiro.
— Se estiver falando de Ravi, a criança não está na Terra Sagrada.
— …Hein?
— Ah, eu interpretei errado?
Não, não era isso. A pessoa que eu queria ver antes da pirralha dragão era Ravien, a colega Dragão que me acompanhou na expedição ao Rochedo Gélido. Eu estava pensando em convencê-la a vir comigo para o Labirinto, caso ela não estivesse fazendo nada…
— É ela mesma. Mas como assim, ‘não está’? Você sabe quando ela volta?
— Não sei. Mas não crie muitas expectativas. Ela não voltou desde a última vez que você veio a Terra Sagrada.
— O quê? Desde aquela época…?
— Se por acaso você tiver alguma notícia dela, por favor, me informe mais tarde. Estou começando a ficar curioso sobre o que essa criança anda fazendo.
Aquilo era absurdo. Será que ele era mesmo um pai decente? Se ela não aparece por anos, não deveria se preocupar e pensar que ela está desaparecida? Esse pensamento me ocorreu primeiro, mas era uma mentalidade puramente não-draconiana.
— Para um Dragão, isso é apenas um período de tempo extremamente curto.
…Nesse caso, como um Bárbaro, eu não tinha mais o que dizer.
A Pen, a pirralha dragão que encontrei após a reunião com o Sr. Dragão, estava diferente em muitos aspectos da última vez que a vi. Não sei quanto ao lado mental, mas, pelo menos, a aparência externa havia mudado com certeza.
“Desse jeito, não dá mais para chamá-la de pirralha dragão…”
Ela havia crescido bastante em altura. Não a ponto de ter o tamanho de uma mulher adulta, mas… estava ligeiramente mais alta do que a Raven.
— Por que demorou tanto para vir…! Você disse que viria com frequência!
A forma de falar era a mesma, mas talvez fosse porque sua aparência tinha mudado tanto? De alguma forma, senti mais estranheza do que alegria em revê-la.
— Huhuhu, parece que você está surpreso ao me ver, não é? Eu disse! É só esperar um pouco que eu ficaria igual a minha irmãzona! Algo errado? Agora está arrependido?
— …Arrependido?
— Já é tarde. Mentirosos já estão desclassificados.
Perguntei, pois não conseguia entender o que ela estava dizendo, mas a única resposta que recebi foi ainda mais confusa. No entanto, decidi não pensar muito nisso.
— Certo, então me conte suas histórias! Meu pai me deu um resumo, mas ouvir de você é diferente! Quem sabe? Se forem histórias interessantes, eu mudo de ideia!
— …Você fala como se tivesse me encarregado de algo.
Fiquei um pouco perplexo, mas, por enquanto, comecei a contar as aventuras que acumulei durante esse tempo. Mas o que estava acontecendo?
— E então? E o que aconteceu depois?
Embora essa pirralha estivesse ouvindo e reagindo a cada parte, eu sentia uma dissonância.
— Rápido! Não enrole e me diga! Essa é a parte mais divertida!
Por algum motivo… ao contrário de antes, a reação dela parecia não ter alma alguma.
“Desse jeito, vai ser complicado.”
Meus encontros periódicos com essa pirralha eram como um tipo de serviço comunitário. E ela sequer conseguia reagir corretamente para uma pessoa tão gentil! Uma criança tão mal-educada não merecia ouvir minhas histórias…
Swish.
Nesse momento, a pirralha dragão, de repente, colocou algo rapidamente na minha mão. Olhei e era um bilhete rabiscado.
Continue falando enquanto lê.
O que é isso…? Eu estava inclinado a perguntar quando o pirralho dragão apressadamente escreveu outro bilhete e me entregou.
Por favor, salve a irmãzona.
O conteúdo ainda era incompreensível. A irmãzona deveria ser Ravien…
Parece que meu pai quer matar a irmãzona.
Ao confirmar o conteúdo do próximo bilhete, fiquei paralisado. Vendo a expressão tensa e cautelosa em seu rosto enquanto ela examinava os arredores, parecia que ela estava falando completamente sério…
“É por isso que suas reações não tinham alma…”
Pude entender por que a pirralha dragão não estava concentrada na minha história. No entanto, meu entendimento parava por aí.
“O Sr. Dragão quer matar a Ravien?”
Que história é essa?

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