Índice de Capítulo

    Após deixar o posto do Distrito Sete, utilizei o círculo mágico militar e cheguei rapidamente à capital imperial de Karnon. Assim que abri os olhos, fui recebido por um grupo de cavaleiros, o que me pegou um pouco desprevenido.

    — Estamos aqui para escoltá-lo, Barão Yandel.

    Aqueles orgulhosos cavaleiros do palácio haviam realmente vindo para me receber. Talvez fosse por estarmos no meio de uma guerra.

    — Por favor, suba na carruagem.

    Com isso, fui escoltado pelos cavaleiros do palácio em direção ao Palácio da Glória, um lugar que já havia visitado algumas vezes devido às cerimônias que participei durante minha ascensão como nobre.

    “Definitivamente parece que estamos em tempos de guerra.”

    O Palácio da Glória estava completamente diferente do usual, e não me referia apenas à aparência física, mas à atmosfera geral.

    — Confirmamos a identidade do Barão Bjorn Yandel.

    O procedimento de identificação no portão era várias vezes mais rigoroso. Assim que entrei na ampla área aberta além do portão, vi algo que parecia um acampamento militar, embora fosse um pouco diferente da imagem padrão que esse termo traz à mente.

    “Parece que só têm oficiais por aqui.”

    Como não estávamos na linha de frente, havia vários pilares de comunicação espalhados pelo acampamento, com soldados que pareciam mais habilidosos com a caneta do que com a espada posicionados diante deles. Esses soldados discutiam algo em tom sério com um mapa aberto diante de si.

    — O quartel-general fica por aqui.

    Vi alguns rostos familiares assim que cruzamos o limiar do Palácio da Glória.

    Conde Ferdehilt.

    Visconde Mülbark.

    Conde Alminus…

    Algo no modo como me cumprimentavam com os olhos de longe me deixava um pouco desconfortável. Atualmente, parecia que eu estava mais acostumado a lidar com pessoas desse calibre do que com cavaleiros, oficiais, gerentes de filiais da Guilda dos Aventureiros e altos funcionários públicos.

    “Até aquele Conde Ferdehilt ali. Eu o conheci pela primeira vez no salão de banquetes…”

    Foi lá que me tornei um guerreiro bárbaro e lutei contra os cavaleiros, ganhando o epíteto de ‘Esmagador de Cavaleiros’ e, no final, o colar de Garphas como troféu.

    “Já se passaram alguns anos desde então…”

    Agora, eu estava isento da maioria das leis comuns e havia me tornado um nobre titulado, sujeito apenas às leis nobres. Eu até me tornara o chefe de uma das seis raças que compõem a cidade e o capitão de um clã próprio. No entanto, por algum motivo…

    “Ainda acho que aproveitei mais aquele tempo.”

    Lutar imprudentemente contra monstros de sexto nível, observar o fenômeno de saturação de mana no terceiro andar e viver competindo contra outros aventureiros que encontrávamos no labirinto.

    Sempre que me sentia mentalmente exausto, pensava naqueles tempos, mesmo que, de uma perspectiva externa, minha posição atual fosse incrivelmente melhor e mais poderosa.

    — O comandante supremo está em uma reunião, então poderia aguardar aqui por um momento? Pode circular à vontade dentro do complexo militar.

    — Claro.

    O cavaleiro que me guiou então se retirou, e aproveitei o tempo restante para explorar a área geral e entender o clima do local.

    — Quanto tempo você passou treinando no meio do nada? — disse uma voz familiar.

    Uma mulher da Tribo dos Coelhos Brancos se aproximou.

    — Ah, Baronesa Lirivia.

    Ela era membro da aliança dos nobres não humanos de Melbeth e a chefe de uma casa que mais me favorecia, apelidada de ‘Baronesa Coelha’.

    — Quanto mais forte você quer ficar?

    Como éramos bem próximos, a Baronesa Coelha iniciou a conversa com uma piada em vez de um cumprimento formal, e eu respondi com um leve sorriso.

    — Tem estado bem? — perguntei.

    — Muito bem, até tudo isso acontecer.

    — É mesmo? Ainda assim, é bom vê-la. Sabe o que está acontecendo aqui? Há algo que eu deva saber?

    A Baronesa Coelha pareceu hesitar por um momento, como se não esperasse minha pergunta. — Hmm, como devo dizer isso…? Barão Yandel, o quanto você sabe?

    — Não sei muito porque vim às pressas. Finja que eu não sei de nada e me conte tudo.

    A Baronesa Coelha realmente fez isso, me dando um resumo detalhado do que sabia do começo ao fim.

    — Eles conseguiram invadir a capital imperial…? — repeti, chocado.

    — Não a força principal, mas uma pequena unidade de elite.

    No dia em que a barreira ao redor de Bifron desapareceu, os Noarkianos que saíram formaram uma unidade de elite e entraram na capital imperial. Contudo, no final, não causaram muitos danos e, após serem avistados por uma única unidade de busca, o exército não conseguiu mais encontrar qualquer rastro deles.

    — Você não viu no caminho para cá? A cidade inteira estava cheia de unidades.

    Hmm, de fato me lembrava de ter visto alguns soldados, mas presumi que estavam ali para defender a capital.

    — Não sabemos por que tentaram infiltrar a capital, mas, até agora, não encontraram qualquer indício de danos.

    Em conclusão, havia a possibilidade de a unidade de elite de Noark ainda estar em algum lugar de Karnon.

    — Ainda assim, você não precisa se preocupar muito. Uma unidade desse porte não pode nem sonhar em pisar no palácio real. Este lugar é seguro.

    A Baronesa Coelha parecia acreditar genuinamente nisso. Sua confiança não era exatamente infundada. Considerando o número de soldados estacionados no palácio, as chances eram altas de que até mesmo uma unidade de elite com mais de trinta pessoas fosse neutralizada em poucos minutos.

    “Mas eles não são idiotas…”

    Minha preocupação com a unidade dos Noarkianos começou a crescer.

    “É mais seguro assumir que o palácio também não é uma zona completamente segura”, decidi, enquanto continuava ouvindo sua explicação sobre os eventos recentes.

    Obtive diversas informações novas com a Baronesa Coelha, já que ela era uma nobre titulada de certo renome. Naturalmente, ela possuía muitas informações difíceis de se obter que pessoas comuns nem sequer sonhariam em acessar.

    — Os Noarkianos foram empurrados de volta até Bifron após usarem a Arma Mágica, mas o comando militar suspeita que tenham plantado espiões nesse processo.

    Soube por ela que o palácio estava conduzindo uma caça a homens em muitos distritos que abrigavam refugiados, temendo a presença de espiões.

    — Pelo que ouço nos rumores, parece que o comando militar está planejando levar todos os soldados até Bifron e limpar tudo.

    Também ouvi sobre o plano de ataque.

    — Você disse que seu clã está atualmente no Distrito Sete? Nesse caso, pode haver algumas baixas do seu lado também.

    E então, um murmúrio que eu não podia ignorar. — O que quer dizer?

    — Você… não pode contar isso a ninguém, entendeu?

    — Claro.

    Depois de me fazer jurar segredo, a Baronesa Coelha olhou ao redor antes de abaixar a voz ao máximo e sussurrar para mim — Sem relação com a invasão dos Noarkianos, o palácio aparentemente determinou que os aventureiros ficaram poderosos demais.

    — O quê?

    — Você não percebeu também? Desde a guerra que começou no Continente Negro do sétimo andar, os aventureiros estão ficando visivelmente mais fortes com o passar do tempo.

    Ah, então era isso que ela queria dizer.

    Eu… concordava com o que ela dizia.

    O palácio precisava recompensar os aventureiros durante toda a guerra.

    — Para superar um período de dificuldades, muitos clãs de médio porte foram fundidos e cresceram em forças poderosas por si próprios. Quando se juntaram à guerra, agiram como se fossem companhias mercenárias, e seus aventureiros conseguiram crescer significativamente mais rápido usando os equipamentos e essências que receberam do palácio.

    — Então, o motivo pelo qual usaram o método extremo de selar o labirinto não foi apenas para controlar os Noarkianos.

    — Não. Embora ninguém tenha ouvido o palácio declarar isso oficialmente, muitas pessoas suspeitam que esse seja o verdadeiro motivo.

    — Mas por que o palácio está tão preocupado com os aventureiros? — perguntei, finalmente expressando uma frustração que eu vinha guardando há muito tempo.

    A Baronesa Coelha respondeu assim:

    — Não é natural? Quanto mais forte um grupo se torna, mais alta se torna sua voz. Eles começam a desejar mais coisas, e a ganância leva ao sangue. É necessária uma autoridade absoluta para governar esta cidade.

    Hmm, fazia sentido do ponto de vista político, mas senti que não era tão simples assim.

    As vozes dos aventureiros tornavam-se mais altas à medida que eles se fortaleciam. Pelo que pude perceber, o palácio não estava apenas receoso disso, mas sim do fato de os aventureiros estarem ficando mais poderosos.

    “É como se estivessem tentando impedir os aventureiros de alcançarem as partes mais profundas do labirinto…”

    O pensamento surgiu em minha mente como se fosse inevitável chegar a uma conclusão tão natural.

    Ba-dum.

    Não, espere.

    Se o que acabei de pensar for verdade…

    — Olhem ali, é o Barão Yandel.

    — Se ele está aqui, isso deve significar que o clã que ele lidera também chegou à linha de frente.

    — Isso é bom de ouvir. Comparado a um grande clã, eles têm poucos membros, mas cada um deles é tão forte quanto cem soldados.

    — Há um rumor circulando. Se o primeiro aventureiro em mil anos a alcançar o décimo andar aparecer, será o Barão Yandel e seus aliados.

    Se isso fosse verdade, meu clã não estaria em maior perigo?


    O terceiro centro de comando foi montado ao tomar posse de um dos maiores edifícios situados próximo à muralha da cidade no Distrito Sete.

    Toc, toc.

    Um cavaleiro, parecendo petrificado, entrou na sala após bater na porta.

    — Comandante, uma mensagem urgente foi enviada pelo comando militar.

    — Fale — ordenou um homem sentado diante de um enorme mapa espalhado na mesa central.

    O cavaleiro que entrou na sala deu seu relatório com cuidado.

    — A primeira notícia que recebemos é sobre a operação de varredura em Bifron. Minha patente não me permite acessar o documento, então o senhor precisará verificá-lo pessoalmente, comandante.

    — Entendido. Qual é a segunda notícia?

    — É o relatório de que o Barão Yandel chegou ao comando militar.

    O comandante fez uma pausa. — Entendido.

    Após ouvir o relatório de seu subordinado, o homem levou um momento para organizar os pensamentos antes de pegar o arquivo e abrir suas dobras para visualizar os documentos dentro.

    O dia da operação, o horário, a formação das tropas e assim por diante. Era uma informação inestimável em tempos de guerra e que nunca deveria cair nas mãos do inimigo.

    Depois de ler todos os detalhes, o homem congelou ao ver a formação proposta para os soldados.

    “Então, todos eles vão morrer.”

    As elites do exército seriam posicionadas na retaguarda, enquanto os aventureiros estariam na linha de frente mais perigosa.

    As intenções eram óbvias demais. Havia até um comentário final no documento.

    Notificamos, por meio deste, que o Barão Bjorn Yandel estará estacionado no comando militar e não deverá ser transferido para outro local sob quaisquer circunstâncias.

    Nem era necessário adivinhar o que os superiores do exército queriam com isso.

    A mão que segurava o documento caiu enquanto o homem soltava um longo suspiro.

    — Então faça bem o seu trabalho. Porque isso não vai acontecer de novo.

    O assustador aviso deixado pelo bárbaro ecoou em sua mente.

    — Não gosto disso.

    Ele estava muito desconfortável com a ordem que veio de cima. Independentemente de a situação realmente exigir isso, ele ainda era apenas uma pessoa no final das contas.

    “Não sei o que o palácio está pensando…”

    O homem colocou o documento desagradável sobre a mesa e chamou seu subordinado novamente.

    — Esta é a formação estratégica que nos foi dada — disse ele. — Compartilhe isso apenas com os oficiais de mais alta patente de cada unidade e faça-o com discrição.

    — Hmm, isso…

    O subordinado também percebeu imediatamente as intenções ao ver o documento.

    Uma reação compreensível. O homem também não gostava do conteúdo do documento. No entanto…

    — Esta é uma ordem direta do quartel-general, então não permitirei nenhum comentário.

    Se quisesse continuar vivendo nesta cidade, ele não podia simplesmente fazer o que bem entendesse.

    — Nia Rafdonia!

    Ele, pelo menos, não era um bárbaro.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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