Capítulo 112: Bebê Bárbaro (5/5)
『 Tradutor: MrRody 』
— Honkkk!
Depois de fingir adormecer com os roncos do bebê bárbaro servindo de música ambiente, ouvi um som de movimento vindo na direção da fogueira. Parecia que os outros três estavam tendo algum tipo de conversa por escrito entre si. Eu podia deduzir mais ou menos o conteúdo dessa conversa.
— O que você vai fazer?
— O que mais? Matá-los agora.
— Começando por quem?
Provavelmente estavam decidindo quem matar primeiro. Um verdadeiro filho da mãe não deixaria essa oportunidade passar. Afinal, era um evento duplo, uma chance de obter dois corações de bárbaros no valor de 1,8 milhão de pedras.
— A mulher por último. Vamos lidar com os bárbaros primeiro.
Eu previ qual conclusão eles teriam alcançado. Provavelmente tentariam me matar ou a Kharon primeiro. Portanto, eu estava mais focado na minha audição.
Tap.
Eu podia ouvir passos silenciosos se aproximando lentamente de mim… dois se movendo na minha direção, e um se movendo em direção a Kharon.
“Eles estão planejando pegar ambos de uma vez.”
Isso não foi uma má decisão da parte deles. Eles teriam que se dividir, mas um ataque simultâneo reduziria a probabilidade de algo inesperado acontecer. Mesmo assim, o resultado seria o mesmo.
Tap.
No momento em que as duas figuras pararam bem ao meu lado, meu tronco saltou. — Estou com fome… huh? O que vocês estão fazendo aqui?
O lanceiro e o líder segurando o martelo de guerra ficaram tão surpresos que se engasgaram com a saliva. Quando olhei sorrateiramente para o lado, vi o arqueiro mirando no bebê bárbaro adormecido.
Porém, fingi não perceber, agindo de forma tranquila. — Ah, vocês também acordaram com fome?
Quando esfreguei o estômago, eles concluíram que eu não tinha visto o arqueiro. Os caras trocaram olhares entre si e depois riram constrangidos. — C-certo. Quero dizer, eu estou com fome. Por que não vamos para lá e comemos juntos?
— É carne?
— …Claro. Tem carne seca na minha mochila ali.
— Carne seca!
— Quieto. Os outros estão dormindo.
— Ok… — Eu assenti. Justo quando estava prestes a liderar o caminho, algo colidiu com a parte de trás da minha cabeça.
Whack!
Parece que o líder me acertou com o martelo. — Huh? — Mas não haviam chances de que meu crânio, que estava bem mesmo depois de receber golpes de um guerreiro orc, fosse quebrado por algo assim. — O que foi isso?
Quando olhei calmamente para trás, pude ver olhares atordoados nos rostos dos dois homens. Eu entendia bem de onde vinham. Mesmo que ele tivesse me acertado na cabeça com um martelo, eu nem sequer vacilei, quanto mais gemer de dor.
— Uh, uhm… — O líder nem sequer pensou em atacar novamente e apenas ficou ali, congelado. Bem, tenho certeza de que seus pensamentos estavam bastante confusos no momento. Afinal, a conclusão mais razoável que ele poderia chegar agora era que eu tinha escondido minha identidade, mas isso seria uma verdade devastadora demais para acreditar.
— Oh, sua mão escorregou? — Eu disse com um sorriso.
— Uh, huh?
— Você não deveria cometer erros assim, não importa o quão faminto esteja.
Nada do que eu estava dizendo fazia sentido para mim, mas surpreendentemente o líder apenas deu um sorriso constrangido e assentiu. — A-Ah! Me desculpe.
“Desculpa, meu traseiro. Eu realmente pareço um bárbaro tão idiota assim?”
— Parece que cometi um e…
Whack!
— …rro!
Ploft.
Como eu não tinha uma maça, dei um soco no rosto dele. O resultado foi praticamente o mesmo. O líder desabou no chão com os ossos de seu rosto afundados.
— Huh…? — O bastardo do lanceiro ao lado dele ainda estava me olhando como se não tivesse ideia do que estava acontecendo.
— Ah, eu também estava com fome, então minha mão também escorregou. — Eu disse isso como um pedido de desculpas genuíno, mas parecia que ele não estava disposto a aceitar.
— Royce! O que você está fazendo? Atire! — O lanceiro deu a ordem no lugar do líder inconsciente.
Whip!
Logo, o arqueiro disparou uma flecha. Eu me perguntei se havia algum tipo de mal-entendido aqui. Ele deveria ter ordenado que atirasse em mim, mas a flecha voou em direção ao bebê bárbaro.
Tcha!
Felizmente, Kharon, que acordou depois de ouvir o grito do lanceiro, se esquivou e evitou ser atingido em uma área vital. — Argh, Royce! O que você está fazendo?! — Com uma flecha cravada no ombro, ele rapidamente se levantou e agarrou o arqueiro pelo pescoço.
Coff, coff!
— Fale! Perguntei por que você atirou em mim!
— É-É… me solte…!
— Você não vai explicar?!
“Parece que não precisarei mais me preocupar com aquele cara.”
Quando desviei meu olhar para o lanceiro, o vi recuando lentamente em direção à escuridão. Era quase louvável que ele pudesse até mesmo elaborar um plano para abandonar seu colega de equipe nesta situação, mas será que ele realmente achava que isso ia funcionar?
— …Eles realmente eram saqueadorrres. — A luta terminou quando Missha, que estava observando os acontecimentos do início ao fim, o atingiu na nuca com o cabo de uma faca.
— Como isso aconteceu?! — Kharon perguntou, incapaz de esconder sua confusão. No entanto, o arqueiro sufocado e inconsciente não tinha como responder.
— Esses caras são saqueadores. — Com isso, expliquei gentilmente tudo, desde o fato de que o coração de um bárbaro era vendido por um alto preço até o fato de que eu escondi minha identidade porque esses caras pareciam suspeitos.
— O quê? Não pode ser! Esses são meus companheiros de equipe…! — Nosso inocente bárbaro bebê se recusou a acreditar. Não, para ser exato, ele não queria acreditar.
— Kharon, filho de Tarson, cresça.
— …Você está tentando me insultar?! Já sou um guerreiro!
— Então por que você está tentando negar a realidade?
Kharon pressionou os lábios diante da minha pergunta. Ele deve ter percebido que tudo que eu havia dito era verdade.
A raça bárbara na verdade não era particularmente desinteligente. Era apenas que eles não eram ensinados nada além de habilidades de combate e, tendo passado toda a vida na terra sagrada, eram excessivamente ingênuos.
— Aquele arqueiro maldito atirou uma flecha em você. Se você não tivesse desviado a tempo, ela teria se alojado em seu pescoço, não em seu ombro. — Enquanto eu dizia isso, retirei a flecha presa em seu braço. Embora a dor devesse ter sido considerável, Kharon nem sequer emitiu um som, então continuei falando. — Esses caras são saqueadores. Eles são a escória do labirinto, e tentaram te matar e tirar seu coração.
— …Eu quero ouvir o que eles têm a dizer.
Talvez ele estivesse esperando que houvesse algum tipo de mal-entendido aqui. Kharon pediu para falar com o trio, e eu não tinha motivo para recusar. Apenas peguei suas armas e acordei um dos homens da pilha.
— E-Eek! — Escolhi o arqueiro. Determinei que ele sofreu menos danos do que os outros, pois apenas foi estrangulado. — T-Tenha misericórdia! — Assim que me viu, o arqueiro se ajoelhou e eu dei um passo para trás. Não era eu quem queria falar.
— Royce, você é realmente um saqueador?
— Kh-Kharon…? Isso é tudo um mal-entendido. Vou explicar tudo, então primeiro acorde os outros…
— Me responda. O que eu entendi errado?
— É… — O arqueiro não conseguiu responder à pergunta de Kharon. Isso fazia sentido, porque não era um mal-entendido. Para economizar tempo, joguei o caderno que encontrei enquanto pegava suas armas para o Kharon.
— O que é isso?
— Leia você mesmo.
— Eu… não sei ler.
Ah. Certo. — Então por que você não pede para ele ler para você?
— Eu posso… fazer isso.
Logo, Kharon entregou o caderno que havia recebido ao arqueiro. Ele continha a conversa escrita que esses três compartilharam enquanto fingíamos estar dormindo. Assim que viu isso, o arqueiro, que estava pingando de suor frio, baixou a cabeça. Parecia que ele havia alcançado a fase de aceitação.
Não vou deixar você ir tão facilmente. — Se você não ler, eu vou te matar. Bem lentamente.
— Eu… eu vou ler… — Logo, o arqueiro começou a ler o texto lentamente e com os lábios trêmulos:
— Briol, por que você concordou em deixá-lo ficar? Você também vai matá-lo?
— Ele está praticamente pedindo para ser morto. Não há necessidade de deixá-los sair vivos, não é?
— Eu acho esse cara suspeito. O fato de ele estar procurando um acompanhante noturno no segundo andar… nem mesmo um bárbaro é tão estúpido.
— Suspeito? Concordo com Briol. Você já matou tantos bárbaros e ainda não sabe? Eles são apenas…
O arqueiro, que estava lutando para continuar lendo, fechou a boca em certo momento, então eu quebrei um dos dedos dele. — Minhas palavras soaram como uma piada para você?
— Aaaah!
— Continue.
— E-Eles são apenas monstros ambulantes! A-A inteligência deles é semelhante à dos monstros, e especialmente no sentido de que quem os captura os possui.
Depois de terminar a frase, o arqueiro estudou cuidadosamente a reação de Kharon.
Kharon estava tremendo. — …Quem disse isso?
— Victor.
— Sim, aquele cara… Tudo bem, continue.
Depois de confirmar que era a fala do lanceiro, Royce continuou a história.
— Além disso, mesmo deixando de lado o bárbaro, já não há uma recompensa boa o bastante aqui? Parece que ela é tão estúpida quanto o bárbaro, m-mas o corpo dela é… um pouco atraente…
— Continue.
— Concordo. Mas eu não sei como uma vadia se envolvendo com um bárbaro estaria com…
— Chega! — Missha interveio e arrancou o caderno das mãos dele. Então, após examiná-lo rapidamente, ela perguntou ao arqueiro: — Isso aqui, e isso aqui. Quem escreveu isso? — Sua voz estava fria como gelo. Eu nunca a tinha visto assim antes.
Quando o arqueiro apontou para o líder com mãos trêmulas, Missha olhou para mim e disse diretamente: — Bjorrrn, eu vou matar este.
— Faça como quiser.
De qualquer forma, não havia necessidade de deixar Missha mais irritada, então fiz o arqueiro pular as partes obscenas. Depois disso, as discussões continuaram sobre quem matar primeiro e como.
— Eu… vou cuidar do Kharon. Me irritou que ele tenha me desprezado por ser um arqueiro. Ele nem sabe que estará morto depois que esta caçada acabar…
A conversa terminou com a fala do arqueiro. Depois de um momento de silêncio, Kharon abriu a boca. — Eu… não entendi nada. — A primeira coisa que saiu de sua boca foi uma pergunta. — …Eu fiz algo errado?
Apesar de tudo, ele primeiro encontrou culpa em si mesmo. Claro que ele não fez nada de errado. Era apenas que este mundo era muito brutal para alguém tão inocente.
— Bjon, filho de Thor…
— É Bjorn, filho de Yandel.
— Entendi. Então você é o famoso… Bom. Me diga, Bjorn, filho de Yandel, pessoas assim são comuns no labirinto?
— São sim.
Este lado do labirinto não era falado na terra sagrada. — Então… o que eu faço? — perguntou o jovem guerreiro que estava enfrentando isso pela primeira vez, como se sinceramente esperasse aprender a resposta. Como se, se eu lhe dissesse como lidar com isso, ele definitivamente seguiria meu conselho à risca.
Eu respondi a ele. — Desconfie de todos, sejam humanos ou de raças diferentes. Assim como eu os enganei, esconda um machado por trás de sua inocência. E mesmo que seja irritante e um pouco difícil, sempre pense antes de agir.
— …Será que eu realmente consigo fazer isso?
— Não é sobre conseguir, é sobre ter que fazer — disse firmemente. — Se você não souber distinguir entre essas duas coisas, não terá escolha a não ser ser uma criança para sempre. E lembre-se disso: se você matar uma dessas pessoas, muitos outros jovens guerreiros serão poupados.
Com minhas palavras, Kharon pressionou os lábios juntos. — Entendi. Por isso que você… — Ele parecia agora entender por que fiz o que fiz.
— Agora, o que você vai fazer? — perguntei pela última vez. — Eu vou respeitar sua escolha.
Grrrp.
Kharon, o jovem guerreiro e filho de Tarson, apenas apertou firmemente o cabo de seu machado.
Chomp!
Num único golpe, ele finalmente se tornou um guerreiro. A cabeça do arqueiro voou quando Kharon desenhou uma linha em seu pescoço.
Missha, que estava esperando por isso, acordou o líder dando um pisão em sua virilha e rapidamente cortou-lhe a garganta. Eu quebrei o pescoço do último. Ele havia acordado no meio disso e implorou por sua vida.
— P-Por favor, me poupe! Vou viver uma vida honesta a partir de agora…
— Quer dizer que será um saqueador honesto?
— U-Um saqueador honesto? Ah, sim, sim! Eu vou…
Suas promessas não significavam nada. Só havia uma maneira de ser um saqueador honesto.
— Aqui, é uma poção.
— Obrigado.
Depois que a limpeza estava praticamente terminada, entreguei uma poção a Kharon e ele a derramou em seu ferimento no ombro.
— Por que você não derrama mais?
— Se eu fizer isso, ele vai curar completamente. Cicatrizes são evidências de erros passados. Eu não quero esquecer o que aconteceu aqui.
— Se é o que você diz. — Eu sabia que os bárbaros tinham o hábito de considerar cicatrizes como medalhas, então não contribuí com mais nada.
— Obrigado, Bjorn, filho de Yandel. Agora sei o que devo fazer a seguir. — Seus olhos já eram diferentes dos de antes. À vista disso, fiquei oficialmente convencido. — Não serei capaz de fazer como você, mas vou esmagar os crânios daqueles com quem me deparar… não, mesmo que tenha que encontrá-los por conta própria. Além disso, se eu encontrar um jovem guerreiro, vou contar a eles sobre o que passei hoje e alertá-los, assim como você fez hoje, pelo bem do meu povo.
Com sua nova visão de vida, parecia que ele seria capaz de deixar claro para a maioria dos saqueadores: a partir deste momento, se você tocar em um bebê bárbaro, estará ferrado.
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