Capítulo 127: Karlstein (1/4)

『 Tradutor: MrRody 』

Embora Missha Karlstein fosse de uma família de sangue puro, ela era uma aventureira com cinco anos de experiência que era tratada como estranha por seus parentes porque ela havia falhado em formar um contrato com um Animal Espiritual.

“O pai dela quer me ver, huh?”

Eu estava esperando por isso até certo ponto. Através de Missha, agora eu tinha uma boa compreensão de como a Tribo do Gato Vermelho operava. — Por que você não está dizendo nada? A que horas precisamos ir?

— Uh… E-Eu não acho que amanhã vai funcionar. Eu também preciso me prepararrr… E tenho que avisar meu pai com antecedência.

— O quê? O que você quer dizer com isso? Você foi quem me pediu para ir amanhã — perguntei incrédulo.

Missha desviou o olhar, mexendo nervosamente com as mãos. — Bem… honestamente, eu não achei que você concordaria tão facilmente…

— Por isso você me pediu para ir amanhã?

— Sim, você disse que é assim que você negocia, c-certo?

Eu não sabia se tinha dito isso, mas o plano de Missha era eficaz à sua maneira. Se eu afirmasse que não tinha tempo amanhã, ela teria adiado a reunião para outro dia com tranquilidade.

— Ah, você sempre diz que está ocupado toda vez que eu te convido para sair. Em que capricho você está agindo desta vez?

— Seu pai está pedindo. É claro que devo ir encontrá-lo.

— Hã? S-Sério? — Missha desviou o olhar diante da minha desculpa inventada. — V-Você é tão… como você pode dizer algo tão embaraçoso?

“Não foi você quem disse que bárbaros e terians são praticamente família?”

— Quando você marcar a visita, me avise. Agora saia. Preciso dormir mais. Ah, e não venha amanhã. Tenho que sair cedo.

— O quê? Você dormiu o dia todo e vai dormir de novo?

— Continue assim e eu não vou…

— Não! Não vou te incomodarrr, descanse!

Depois que a Missha saiu correndo pela porta, retomei meu sono interrompido. Foi só depois de dormir incríveis trinta e seis horas que finalmente me senti um pouco revigorado.

“Ufa, me sinto muito melhor agora.”

No futuro, devo me abster de usar a intenção assassina. De qualquer forma, depois de me lavar rapidamente, segui para a terra sagrada, onde o ancião me cumprimentou.

— Há quanto tempo, Bjorn, filho de Yandel.

Onde foi parar o Chefe? Curioso, perguntei ao ancião, e a resposta que recebi foi inesperada.

— O Chefe foi à cidade a negócios. Ele provavelmente estará de volta amanhã.

— O Chefe deixou a terra sagrada? Que surpresa.

— Certamente é incomum. Se você tem negócios com ele, por que não falar com alguns dos jovens guerreiros enquanto espera? Você será uma boa influência para eles.

Recusei gentilmente a oferta entusiasmada do ancião. Não era ruim ser reconhecido como um dos maiores prospectos dos bárbaros, mas hoje eu tinha outros negócios.

— Poderia chamar o xamã?

Depois de uma breve espera, o aprendiz do xamã veio me guiar até a tenda. O xamã, careca e enrugado, estava soprando fumaça do grande cachimbo em sua boca.

— Kekeke, guerreiro, você voltou. Que talento você tem. — Sua voz soava mais aguda do que o normal hoje, e seu discurso estava um pouco arrastado, fazendo-o parecer algum tipo de drogado.

— Posso obter a Impressão da Alma hoje?

— Se você tiver o dinheiro, kekeke.

“Eu só estava perguntando se você poderia fazer isso chapado…”

Eu estava preocupado internamente, mas abri minha carteira mesmo assim.

Tlim, tlim.

Cada vez que entregava uma pedra de um milhão, um pedaço do meu coração doía.

“Com isso, estou quebrado novamente.”

O custo de receber a impressão de quinto nível era de oito milhões de pedras. Depois de pagar isso, restaram apenas cerca de setecentas mil pedras em minha mão. Ainda havia dois milhões de pedras na conta que eu dividia com a Missha, mas esses fundos não eram para uso pessoal.

— Guerreiro, está faltando uma.

— …Já vou colocar.

Logo, o pagamento chegou ao fim com mais uma pedra no valor de quinhentos mil. Droga, espero que seja o suficiente.

“Acho que posso parar de me preocupar com erros durante a impressão.”

Deitei na cama, focando o máximo possível no lado positivo.

— Uhhh…

— Keke, guerreiro! Grite mais alto!

— Aaaaaah!

Logo, uma dor familiar me dominou.

Em Dungeon and Stone, Energia era um atributo importante. Não tinha um grande efeito no seu poder de combate, mas ficar sem vigor em batalha te deixava incapacitado. O Pergaminho Auxiliar de Regeneração de Energia até era considerado um consumível essencial durante raids que duravam horas.¹

“Eu não esperava que fosse um atributo útil na vida real.”

No passado, eu tinha acabado ultrapassando os limites da fadiga na Floresta da Bruxa. Apenas ontem, exauri minha mente e caí em um estado de semi-hibernação. Foi por isso que senti a mudança no meu corpo e mente de forma mais intensa.

— Keke, você está melhor do que o normal hoje.

Normalmente, eu estaria meio-morto a essa altura, mas hoje, o cansaço acumulado no meu corpo e mente parecia ser menor. Teria que testar mais tarde, mas tive a sensação de que ficaria bem acordado por duas noites graças a isso. Claro, se me perguntassem se esses resultados valiam oito milhões de pedras, eu diria que definitivamente não.

“…Como esperado, o custo-benefício de uma Impressão da Alma é péssimo.”

Nas fases média e tardia do jogo, os atributos valiam mais que ouro, mas na primeira metade, comprar equipamentos ou essências com dinheiro era muito mais eficiente. O caminho para encurtar o tempo para desenvolver seu personagem era melhorar o mais rápido possível e ganhar dinheiro suficiente para fazer a próxima fase da Impressão, por isso eu originalmente planejava marcar apenas a primeira fase e deixar assim por um tempo. Eu não sabia que acabaria com a Gigantificação tão rapidamente.

“Bom, mas tendo apostado tudo na Impressão, agora só falta mais uma fase.”

A desilusão que senti pela diminuição da minha riqueza foi passageira. Um sentimento de orgulho floresceu novamente em mim. No momento em que gravasse a sexta fase, seria compensado pelo dinheiro que tinha investido em várias vezes.

— Guerreiro, por que você está distraído? Estou cansado, então saia daqui.

Depois de ficar lá por um tempo, imerso em pensamentos, o xamã me ordenou que saísse, então saí da tenda. O dia estava escurecendo. Eu olhei entre as moitas enquanto caminhava, apenas por precaução, caso Ainar estivesse me esperando como da última vez.

“Ela não está aqui.”

Mesmo depois de chegar à borda da cidade, Ainar não estava em lugar algum. Bem, como seu treinamento estava chegando ao fim, ela provavelmente estava ocupada.

“Pensando bem, só falta um mês.”

Enquanto eu caminhava por uma rua mais deserta do que o normal, sorri. O tempo passava tão rápido, mas ao mesmo tempo tão devagar. Parecia que foi ontem que eu estava pisando em armadilhas porque não tinha botas de couro.

Três dias depois, Missha e eu embarcamos em uma grande carroça rumo ao Distrito Treze. Isso porque o território sagrado da tribo das bestas não faziam fronteira com o Distrito Sete, onde morávamos.

— E-Está com sede? Querrr água?

— Estou bem.

— Fome? Já está com fome? Eu trouxe um monte de coisas só por precaução, você querrr alguma?

Eu ri incrédulo com a ansiedade da Missha. — Pare com isso. Não vou mudar de ideia no meio do caminho ou algo assim.

— Estou apenas preocupada. Vai ser um lugar desconfortável para você. Você está indo prrr minha causa, então eu pelo menos deveria…

— Deixa pra lá. Me acorde quando chegarmos lá.

— O-Okay… Demora cerca de três horas, então descanse um pouco.

Antes que ela pudesse me incomodar ainda mais, fechei os olhos por um tempo indeterminado. Assim como ela disse, a carruagem só chegou ao destino ao meio-dia.

“Uma viagem de ida de seis horas… não é de admirar que ela passe a noite lá toda vez que vai.”

“Bem fosse uma viagem direta, não teria demorado tanto, mas levou mais tempo do que o esperado porque tivemos que contornar o Distrito Quatorze, que proibia a passagem de pessoas.

“Bem, deve ser por isso que ela se estabeleceu aqui. Ela quer estar o mais longe possível de casa.”

— Bjorrrn, por que você está apenas parado aí? Está cansado? Quer que eu te dê uma carona nas costas?

— Shh, apenas siga em frente.

— Okay!

Eu segui a Missha, que era indiscutivelmente uma local, e dei uma olhada nas ruas ao redor de mim. Não era muito diferente do Distrito Sete. Apenas as estradas eram um pouco mais complicadas e havia muito mais terians e anões.

— Okay, chegamos.

Considerando tudo, a terra sagrada dos terians era muito diferente da dos bárbaros.

“Ouvi dizer que era assim, mas não esperava que fosse ver tamanha diferença…”

A terra sagrada estava localizada fora da cidade, mas isso era tudo o que tinham em comum. Em vez de barracos ou tendas na vegetação, havia principalmente prédios de pedra e até mesmo estradas entre eles.

— Papai, tem um bárbaro. Um bárbaro!

Além disso, havia lojas abertas e várias famílias caminhando pelas ruas, implicando que moravam aqui em vez de na cidade.

“Todos nós somos expulsos quando nos tornamos adultos…”

A terra sagrada dos terians era literalmente como uma vila fora da cidade. Acho que devia parecer estranho apenas ficar olhando tudo.

— O que há de errado…? Tem alguma coisa errada? Mesmo que tenha, você não pode voltarrr agora!

— …É apenas fascinante.

— Huh? Fascinante? — Missha inclinou a cabeça confusa.

Havia muitas coisas que eu queria dizer, mas fiquei calado. Desabafar sobre as más condições de vida dos bárbaros só seria esfregar sal na minha própria ferida. Então só perguntei — Todos os lugares sagrados são assim?

— Nyah, eu não entendi o que você quer dizer…

— Os terians não deveriam estar criando gado na floresta ou algo assim?

Na verdade, era assim que a terra sagrada deles parecia no jogo, então talvez tenha sido o caso há 150 anos?

— Ah, uh, acho que ouvi dizer que as pessoas costumavam viver assim para preservar nossas tradições… Mas isso foi há muito tempo, eu não sei muito sobre isso.

— Entendo… — Huh, por que os bárbaros eram os únicos que permaneceram iguais? Enquanto caminhava pela rua, reprimindo meu descontentamento, uma enorme mansão apareceu na nossa frente.

— Esta é a minha casa.

“Caralho! Nosso chefe ainda dorme em uma tenda.”

Assim que soltei um suspiro profundo, Missha demorou mais um momento para me observar. — V-Você não precisa ficar nervoso. Nada vai acontecer. Você é o Pequeno Balkan, Bjorrrn, filho de Yandel, certo? Meu pai gosta de aventureiros famosos. Hmm? — Missha tentou me tranquilizar, mas estava claro que ela era quem estava preocupada.

— Você deveria se acalmar. Estamos na sua casa, por que está nervosa?

— Nyah!? E-Estou perfeitamente bem?

— Então abra a porta. Por quanto tempo vamos ficar aqui parados?

Ao ouvir minhas palavras, Missha respirou fundo e tocou a campainha para chamar um criado. — Um, eu quero entrarrr. Você pode abrirrr a porta?

O criado não disse nada em resposta ao pedido da Missha. Ele apenas a olhou rapidamente, abriu a porta e saiu.

“Que diabos?”

Foi uma visão muito estranha. A Missha já não estava na sua era de ‘lesada’.

Tenho certeza de que o pai dela sabe sobre o contrato dela com um Animal Espiritual, certo?

Sem querer, olhei para Missha e nossos olhos se encontraram, enquanto ela também me observava. A emoção em seus olhos era familiar para mim. Minha ex-namorada costumava me olhar assim quando eu descobria algo que ela queria manter em segredo.

— Um… sabe, Bjorrrn. Tem algo que ainda não te contei.

— Diga logo.

Missha engoliu em seco diante das minhas palavras e prosseguiu com cautela. — Meu pai é o único que sabe que assinei um contrato com o Animal Espiritual. Então, não importa o que aconteça lá dentro, não fique com raiva. Entendeu?

— Isso depende do que acontecer lá dentro.

— Não é nada demais, realmente. Aquela pessoa agora só foi um pouco rude.

— Me conte mais. Não deveria saber mais para responder adequadamente?

Missha hesitou por um momento, mas então, com uma expressão resignada no rosto, me contou sobre os abusos verbais de seus irmãos, o bullying disfarçado de brincadeira, e os criados cochichando pelas costas dela quando ela podia ouvir. Nada era horrível, mas imaginei que fosse porque ela escolheu apenas os incidentes mais leves para me contar. Deve ter sido muito pior na realidade.

— Oh, é claro, ninguém vai fazerrr isso com você. Então não se preocupe demais…

Por algum motivo, meus lábios se curvaram como se tivessem vontade própria.

— B-Bjorrrn? Por que está sorrindo? N-Não sorria. Você parece assustador assim… Isso tudo vai parar quando meu pai revelar a verdade sobre meu contrato mais tarde. Só preciso ser paciente por um pouco mais.

Missha mencionou nervosamente seu pai, mas senti que ele era o maior problema. O homem que deveria ser seu pai ainda a negligenciava mesmo sabendo a verdade. Independentemente de haver uma razão válida por trás desse silêncio, ele estava deixando sua filha sofrer por seu próprio egoísmo. Ainda assim, ele ousava me chamar para sua casa?

“Ele deve me ver como lixo.”

De repente, senti uma malícia sombria vindo dessa enorme mansão, como se estivesse olhando para uma masmorra cheia de monstros. Será que era por isso?

— Behelahhh! — O grito veio até mim do nada.

Naquele exato momento, o criado que havia desaparecido sem nem mesmo olhar reapareceu. — O que você está fazendo, seu bárbaro louco?! Tenha modos!

— Modos, é? — Me aproximei dele, ponderando sobre isso. — Deve ter algo errado com a sua cabeça.

Afinal, onde no mundo havia um bárbaro que era educado com seus inimigos?

1. ‘Raid’ em jogos é uma atividade em grupo onde os jogadores trabalham juntos para derrotar inimigos poderosos ou completar objetivos desafiadores em busca de recompensas valiosas.[↩]