Índice de Capítulo

    A obra atingiu um pequeno ponto de hiato e novos capítulos serão publicados na segunda metade de julho.

    Pzzzzzz.

    Peguei a espada que eu havia deixado de lado momentaneamente e voltei para onde meus companheiros estavam. Então, coloquei a espada na minha bolsa. Não era claramente uma espada de ark comum, mas eu investigaria isso mais tarde.

    — Desculpa. Eu… como da outra vez… — Hikurod gaguejou e baixou a cabeça, envergonhado.

    Apenas dei um tapinha no ombro dele. O que eu poderia dizer? Eu também não era o motivo pelo qual todos nós sobrevivemos.

    — Bjorrrn. — Missha se aproximou com um passo triste e colocou a mão no meu peito. — Estou feliz… que você está vivo. De verdade…

    Parecia que algo estava subindo pela minha garganta. Eu sabia a quem eu devia minha segurança e sobrevivência contínuas. Ele deve ter querido compartilhar este momento feliz conosco.

    — Rotmiller. — Cobri a mão pequena de Missha com a minha e cuidadosamente a empurrei para continuar andando. Em seguida, aproximei-me do Rotmiller, que havia recuperado a consciência, e relatei as últimas palavras do testamento que o Dwalkie havia deixado.

    — Entendo. Ele… — Depois de ouvir tudo o que eu tinha a dizer, Rotmiller ajoelhou-se em frente ao cadáver do Dwalkie e fez o sinal da cruz. As despedidas que ele não conseguiu transmitir adequadamente pesavam no ar à sua frente. — Eu lembro quando você entrou no labirinto pela primeira vez. Você disse que finalmente podia entender por que os aventureiros o chamam de um grande mundo.

    Isso foi lá no Caminho do Peregrino, no terceiro andar. Em um esforço para nos mostrar que a aventura não era só trabalho árduo e terrível, Rotmiller nos levou ao topo de uma colina alta. Lá, vimos juntos a vasta paisagem tingida de luz prateada, e Dwalkie estava tão animado e feliz que não conseguiu dormir naquela noite.

    — Teria sido bom mostrar-lhe um mundo ainda mais amplo.

    Rotmiller terminou seu discurso, mas os outros ainda tinham coisas a dizer. Missha e Hikurod ajoelharam-se, e as palavras fluíram do fundo de suas almas. Dei um passo para trás e observei. Não era que eu não tivesse nada a dizer… era apenas que não era muito diferente do que esses dois estavam dizendo.

    — Waaaa! F-Foi minha culpa, s-se eu apenas tivesse escolhido uma porta diferente!

    — Não. A culpa é minha. Eu disse para ele confiar em mim e que eu o protegeria custe o que custar, mas essa promessa… eu não consegui cumprir.

    Não importava o que eu dissesse, acabaria em autocrítica, e o Dwalkie obviamente não gostaria disso. O mundo em que tínhamos que sobreviver não era gentil o suficiente para nos deixar ajoelhados aqui para sempre.

    — Meehhhg!

    Ao avistar o Vaikundus que apareceu no outro extremo do corredor, falei: — Todos, parem. Um inimigo.

    Enquanto nos lembrávamos do Dwalkie, precisávamos superar a tristeza. Isso era praticamente tudo que os que foram deixados para trás poderiam fazer.

    — Behelahhh!

    Não havia outra escolha a não ser seguir em frente.

    A batalha com o Vaikundus foi inesperadamente árdua. A razão para isso era simples. Agora havia apenas quatro pessoas nesse labirinto vasto, e seus atributos haviam diminuído drasticamente e suas feridas ainda não haviam cicatrizado. Foi graças ao Dwalkie que conseguimos derrotar monstros de sexto nível tão facilmente em primeiro lugar.

    — Vamos carregar apenas o que precisamos e ir.

    Após a batalha, começamos a limpar. Equipamentos haviam se espalhado pelo chão durante nossa luta desesperada. Depois de recolher os restos, até vasculhei a túnica do sacerdote. A única coisa que encontrei foi um colar de origem desconhecida. Não dava para saber se era algum tipo de artefato ou apenas decorativo. Afinal, Dwalkie era o único entre nós que conseguia sentir a mana dos objetos.

    — Não parece haver nada aqui também.

    Até saqueamos o aventureiro de meia-idade que ficou envolvido na batalha e morreu no início, mas não havia nada. Bem, a maioria das coisas estaria no subespaço daquele desgraçado, de qualquer forma. Finalmente, recuperei o corpo de Dwalkie.

    — …Vou entregar isso de acordo com seus desejos. — Ele carregava uma varinha e uma mochila expansível. Tirar as botas e as túnicas nos daria dinheiro, mas deixei-as intactas. — Vou carregar o Dwalkie.

    Depois, usamos a sala de armadilhas para chegar ao portal e voltamos para a Torre dos Céus. Cada um se espalhou para descansar. Alguns sentaram em frente ao Dwalkie e limparam o sangue do seu corpo, enquanto outros encostaram-se na parede e choraram. Essa paz enganosa que caiu sobre nós os forçou a aceitar que essa era a realidade, não um sonho.

    — Bjorn, há alguma maneira de levar o Dwalkie para a cidade? — perguntou Hikurod.

    — …Não.

    — Entendo…

    E a realidade era cruel. Embora ele tenha sacrificado sua vida preciosa por nós, não poderíamos nem mesmo levá-lo para a cidade para um funeral, porque o que morreu foi o nosso mago. Os cadáveres gerados no labirinto eram classificados como objetos e eram impossíveis de levar para fora sem magia de distorção. Era por isso que corações de bárbaros eram especiais. Eles poderiam ser trazidos de volta para a cidade sem magia. Os magos devem ter notado isso e começaram a pesquisá-los como ingredientes mágicos.

    — Missha, descanse um pouco.

    — Quero ficarrr aqui um pouco mais. Quando partirmos… ele vai se sentir solitário.

    — …Okay.

    Deixando o ar sufocante para trás, sentei-me em um canto e verifiquei o tempo. Eram 22:31h, mais de um dia até o labirinto fechar. Isso deixava um gosto amargo na boca.

    “Faz menos de uma hora:”

    Eu me senti verdadeiramente insignificante, apesar do fato de ter tido inúmeros encontros com a morte no passado. Parecia que eu havia estado lutando contra Vagos por dias e noites. No entanto, menos de uma hora havia se passado desde que saímos, mesmo levando em consideração a limpeza.

    “Apenas concentre-se no que você precisa fazer.”

    Tirei a carta deixada pelo sacerdote. As manchas e rugas que podiam ser encontradas aqui e ali me disseram que ele a carregou com ele por muito tempo. Na carta, com uma caligrafia nítida, havia uma descrição de como o velho acabou nessa situação. Enquanto eu a lia, foquei em uma seção em particular.

    “A cidade subterrânea de Noark.”

    Esse era o nome do lugar para onde o velho e seu jovem neto haviam sido levados pelo Matador de Dragões.

     — É um remédio feito por um alquimista em Noark. Se você tomar, vai apagar sua memória da última hora.1

    Também era o nome daquela cidade que aquela vadia tinha mencionado no passado, e era algo que eu não consegui encontrar informações, por mais que tenha pesquisado na biblioteca. Então algo assim existia sob o esgoto?

    “Será que essa mulher também era membro da Orcules?”

    Com isso em mente, li a carta. Ela continha uma outra informação surpreendente além do fato de que a cidade subterrânea de Noark e Orcules aparentemente tinham uma relação cooperativa.

    “…Para pensar que há um portal lá também.”

    A coisa que mantinha a cidade de Rafdonia funcionando, o portal conectando ao labirinto, também existia no subsolo. Era assim que os aventureiros subterrâneos conseguiam o feito milagroso de esconder suas identidades e minerar pedras de mana suficientes para construir uma cidade com elas.

    Noark. Gravei esse nome na mente. Tinha um pressentimento poderoso de que acabaria envolvido com esse lugar no futuro.

    “Eu deveria investigar mais quando sairmos daqui.”

    Com esse pensamento em mente, coloquei a carta de volta no bolso. Depois de dar uma olhada no conteúdo, parecia que não haveria nenhum problema em entregá-la. Como dizem, o inimigo do seu inimigo é um amigo. De qualquer forma, isso resolvia essa questão específica.

    Soltei um longo suspiro e fechei os olhos. Eu estava desesperado por uma pausa, mas vários pensamentos distrativos e incômodos, surgiam repetidamente. O que eu deveria fazer agora? Enquanto eu tivesse um inimigo tão absurdamente forte por aí, mesmo estando na cidade não garantiria minha segurança. Ele poderia tentar me prejudicar no labirinto ou afetar meus companheiros.

    “Que se dane tudo.”

    Apesar da minha determinação de sobreviver a qualquer custo, problemas realistas persistiam na minha mente sem soluções adequadas. Era uma pena que Vagos tivesse saído de lá vivo. Se ao menos o sacerdote tivesse me curado, eu poderia ter acabado com ele eu mesmo.

    “O que eu estou pensando?”

    Eu balancei a cabeça e deixei de lado meus arrependimentos persistentes. O mundo não funcionava do jeito que você queria. O sacerdote provavelmente também não teve escolha. O deus maligno era assim no jogo também. Ele podia conceder um desejo por um preço, mas nunca te dava o melhor cenário possível. Como a ‘pata do macaco’2 que trazia miséria mesmo quando realizava seus desejos, ele era um ser que sempre entregava uma porção de desespero junto com a esperança.

    “Esse desgraçado também continua aparecendo na minha vida.”

    Adicionando o Deus Maligno Karui à minha lista de pesquisa, limpei minha mente. Era hora de descansar. Este lugar era mais seguro do que a cidade, mas teríamos muito a fazer quando saíssemos daqui.

    Depois de limpar meu corpo com uma toalha úmida, desdobrei o saco de dormir e me deitei. Era estranho, no entanto. Eu vinha lutando desesperadamente por quase duas noites seguidas, mas ainda assim não conseguia dormir por muito tempo.


    【O labirinto agora está fechado. Você foi transportado para Rafdonia.】

    A luz do sol tocou minhas pálpebras. Sem um momento para aproveitar a calmaria, passei pelo posto de controle e troquei minhas pedras de mana. Em seguida, me dirigi ao nosso local de encontro, a filial da Guilda de Aventureiros mais próxima da Praça Dimensional. Quando cheguei na frente dela, havia uma multidão de pessoas que pareciam comigo.

    O silêncio era marcante, considerando as dezenas de pessoas reunidas. Todos esperavam que os outros membros de sua equipe chegassem, com expressões sombrias nos rostos. Isso era esperado. Só havia uma razão para você voltar à cidade e ir lá antes mesmo de tomar banho: a morte de um companheiro.

    — Se todos estamos aqui, vamos entrar.

    Logo depois que todo o grupo chegou, entramos na guilda. Entregamos todas as peças do equipamento do Dwalkie que coletamos, incluindo sua mochila, e relatamos sua morte.

    — …Ele deixou ótimos companheiros. — O funcionário nos olhou com uma expressão estranha nos olhos.

    De fato, o que fizemos não era algo muito comum. Embora não tivéssemos direito aos bens deixados na cidade, pelo menos esses objetos poderiam ter sido levados pelo restante do grupo. A maioria só teria relatado a morte e encerrado o assunto.

    — Riol Warb Dwalkie, mago certificado de oitavo nível pela família real. Seu relatório sobre sua morte foi recebido.

    Não parecia um desperdício, no entanto. Afinal, sabíamos o conteúdo do testamento que ele escreveu antes de entrar no labirinto pela primeira vez.

    — Haha, um testamento? Agora eu me sinto como um verdadeiro aventureiro.

    — Não importa o que você escreva, mas certifique-se de indicar claramente quem herdará sua propriedade. Caso contrário, tudo irá para a Guilda de Aventureiros.

    — Não se preocupe com essa parte. Isso já foi decidido.

    Ele queria doar sua fortuna para um orfanato sob um determinado templo. Eu só descobri os detalhes ontem. De acordo com o Hikurod, Dwalkie tinha memórias felizes de quando ficou lá por um tempo quando era criança. Seus bens deveriam ser usados onde ele desejasse. Já tínhamos recebido algo muito mais significativo dele.

    — Finalmente acabou… Agora, vamos.

    De qualquer forma, nossa primeira tarefa depois de voltar para a cidade foi relatar a morte do Dwalkie. Foi incrivelmente simples: um minuto para preencher a papelada, dois minutos para ser revisada pelo funcionário. Bastaram três minutos para pôr fim a vinte e cinco anos de vida.

    “Esse é o quão comum a morte é neste mundo.”

    Deixei minha amargura para trás na Guilda. Em seguida, fui para o Grande Templo de Reatlas. Essa era a única maneira de retribuir o favor ao falecido. — Vocês podem ir para casa e descansar.

    — Como podemos? Ele salvou nossas vidas.

    — Eu… quero irrr com você também. Descansei o suficiente lá dentro.

    Na verdade, Missha chorou o dia todo e não descansou nada, mas eu não mencionei isso. Estava claro que mesmo se ela fosse para a pousada, ela não conseguiria dormir.

    Todos nós fomos juntos para nosso destino. Em pouco tempo, chegamos a um edifício branco como a neve que parecia intocado pela imundície do mundo, e entramos. Quando o sacerdote aprendiz perguntou se estávamos lá para tratamento, eu hesitei um momento antes de responder que estávamos lá a pedido do Alto Sacerdote Ludwig.

    — A-Alto Sacerdote Ludwig…?

    Eles nunca imaginaram que alguém mentiria na casa de um deus. Os olhos do jovem sacerdote se arregalaram, e ele correu direto para dentro para entregar a notícia.

    — Há quanto tempo. — Enquanto estávamos esperando, um rosto familiar veio nos cumprimentar: o capitão do Terceiros Paladinos, Paal Krovitz.3 — Ouvi dizer que você veio a pedido do Alto Sacerdote Ludwig, que desapareceu há alguns anos. Vocês têm algum item como evidência? — ele perguntou educadamente. Ele também disse que esse era um assunto muito sensível para a igreja, e ele esperava nossa compreensão. Aparentemente, houve alguns grandes problemas como resultado da recompensa oferecida por toda a cidade.

    — Uma recompensa?

    — Sim. Como o valor é tão alto, tem havido pessoas que têm abrigado más intenções.

    Eu não vim aqui esperando uma recompensa. No entanto, como eu tinha um histórico de ter matado aquela desgraçada da Elisa e recebido uma grande quantia em dinheiro por isso, perguntei, — Qual é o valor da recompensa?

    Com a pergunta egoísta, Missha me cutucou de lado. Hikurod fez o mesmo. Rotmiller, um aventureiro e também membro da Igreja de Reatlas, também não parecia muito feliz com isso. — Bjorrrn, isso não é apropriado, mesmo vindo de você.

    No entanto, Krovitz abriu a boca sem um pingo de desprezo. — O valor varia dependendo das informações fornecidas e da presença ou ausência de relíquias sagradas, mas…

    — Mas?

    Todas as suas respostas foram estáveis. — Eu lembro que o Escritório do Tesouro estava oferecendo até setenta milhões de pedras.

    1. Cap. 84[]
    2. ‘The Monkey’s Paw’, escrito por W.W. Jacobs em 1902; a pata de macaco é um artefato mágico que concede três desejos ao seu portador, mas com uma consequência ou efeito inesperado e trágico.[]
    3. Caps. 85 e 95[]
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