Índice de Capítulo

    A obra atingiu um pequeno ponto de hiato e novos capítulos serão publicados na segunda metade de julho.


    Tradutor: MrRody 』 『 Revisor: SMCarvalho 』


    Embora antes fosse uma mera colônia, o único bastião do mundo, Rafdonia, havia se transformado no lar final da humanidade, conforme os sobreviventes se aglomeravam para lá após o apocalipse. Este bastião consistia em quatorze distritos.

    Para começar, o Distrito Um era a capital real de Karnon, onde a família real e a nobreza residiam. Sua característica mais proeminente era que nenhum plebeu podia entrar sem permissão. Os Distritos Dois a Cinco eram Kommelby, uma área comercial comumente chamada de mercado livre. Localizada nos arredores da capital real, artesãos especializados e lojas lucrativas estavam concentrados aqui. Os Distritos Sete a Treze eram Ravigion. Ocupando a maior área da capital, cerca de 70% da população total residia nesta cidade. Sua característica principal era que uma Praça Dimensional, onde o portal abria todo mês, existia em cada distrito.

    Finalmente, o Distrito Quatorze era Bifron. Diferente da Árvore Gnomo no Distrito Seis, que havia sido classificada como um distrito especial desde o momento em que a cidade foi projetada, este distrito era um caso muito diferente. Originalmente, fazia parte de Ravigion, mas agora era designado como uma área proibida que nem sequer tinha uma Praça Dimensional própria.

    Creeeaak!

    Os portões deste lugar agora estavam se abrindo para que um único prisioneiro pudesse ser jogado lá dentro.

    — O que você está fazendo? Entre.

    — …É só isso?

    — Você já não foi informado? A menos que tente escapar, não importa o que faça. — O cavaleiro que me trouxe aqui virou as costas para mim, aparentemente desinteressado em ficar aqui por mais tempo.

    Boom!

    Logo, os portões do castelo se fecharam. Só então me virei para examinar meus arredores.

    — Uma prisão, hein?

    Como seu apelido sugeria, este lugar emanava uma vibração diferente dos outros distritos normais. Se o Distrito Sete, onde eu morava, fosse abandonado por cem anos, poderia parecer algo assim. Havia prédios antigos em vários estados de decadência ou demolição espalhados, e a parede externa estava coberta de sujeira e grafites. As ruas não eram muito diferentes. Materiais de descarte estavam empilhados de forma desordenada.

    “Bem. Acho que vou passar vinte dias aqui.”

    Eu não queria ficar parado perto do portão, então apenas comecei a andar. Eu podia sentir olhares desconfiados em mim. Esses olhares vinham dos residentes deste distrito, que usavam roupas esfarrapadas sobre seus corpos magros e ossudos. Ou deveria dizer, presidiários?

    Hehe.

    Eu não pude deixar de rir. Como reagiria o homem moderno Hansu Lee do século XXI a isso? Ele certamente teria se encolhido só com esses olhares. Junto com a desaprovação, aqueles olhos estavam cheios de ganância. Tenho certeza de que ele estaria ocupado procurando um lugar para se esconder, incapaz de pronunciar uma palavra.

    — O que você está olhando?

    Mas agora, eu era um bárbaro desta era, com um corpo musculoso de quase dois metros, coberto por uma armadura pesada. Mesmo se dezenas desses esqueletos me atacassem, eu estava confiante de que poderia transformá-los em mingau de melancia em questão de minutos.

    — Behelaaah!

    Quando liberei uma 【Explosão Selvagem】 carregada com essa confiança, os residentes me observando das sombras pareciam ter visto um fantasma e seguiram seu caminho.

    — Está tudo bem! Eu não mordo! — Observando-os, ri dramaticamente e continuei andando.

    — P-Por que esse homem está gritando do nada…?

    — …Vendo que ele chegou até aqui, ele não pode ser são.

    — Bastardo desequilibrado. Será melhor não chegar muito perto.

    Eu podia ouvir esses sussurros enquanto andava. Era exatamente a reação que eu esperava. Eu recusava atrair moscas no meio de toda essa bagunça.

    “Parece até que estou fazendo smurfing1.”

    Eu estava bastante preocupado porque este lugar era chamado de terra sem lei. Ou, pelo menos, foi o que a Missha chamou. Agora, eu estava convencido. O homem mais forte tinha a vantagem em lugares sem lei, e isso poderia acabar sendo mais confortável para ele do que uma sociedade onde as leis existiam.

    “Posso pensar nisso como tirar um bom descanso.”

    Este corpo de bárbaro era sensível à ordem natural das coisas e já estava percebendo que eu não teria dificuldades aqui.


    Eu estava andando e explorando os arredores quando um garoto de cerca de dez anos ousadamente pulou na minha frente. — Com licença, Senhor Novato!

    — Você me seguiu desde o portão? — Perguntei, só para confirmar.

    — Não? Eu te vi agora há pouco.

    — Então, como você sabia que sou novo aqui?

    — Porque estou te vendo pela primeira vez hoje. Sempre que alguém como você chega aqui, os rumores se espalham rápido. — Isso fazia sentido. Bastava olhar para as pessoas frágeis andando pela rua para ver por que eu me destacava.

    — O que você quer? — Consciente dos nossos arredores, falei em voz baixa.

    No entanto, esse garoto não recuou e falou claramente e alto sem desviar os olhos. — Se é seu primeiro dia, você ainda não encontrou um lugar para ficar, certo? Deixe-me guiá-lo. Posso não parecer, mas sou nativo aqui, nascido e criado.

    Simplificando, ele queria ser meu guia. Claro, isso não seria de graça. Tenho certeza de que ele não teve coragem de enfrentar um bárbaro gigante por caridade. — Seu preço?

    — Apenas cem pedras.

    Isso era um troco de pão que parecia estar faltando um zero no final. — Tudo bem. Conduza o caminho.

    Quando aceitei calmamente, o garoto tomou a dianteira, dizendo que me levaria ao melhor lugar desta área. Enquanto seguia o garoto, perguntei algumas das perguntas que surgiram na minha cabeça. Eu havia lido alguns livros sobre Bifron na biblioteca, mas seria arrogante presumir que sabia tudo sobre este lugar só por isso. Primeiro, por curiosidade pessoal, perguntei: — Você nasceu aqui?

    — Sim.

    — Pais?

    — Já faleceram.

    — Quero dizer, seus pais nasceram aqui como você? — O garoto parecia não querer responder isso, mas cedeu ao dinheiro no final. — Eu lhe darei cem pedras a mais.

    — …Só minha mãe. Ouvi dizer que meu pai veio de fora.

    — Por qual crime?

    — …Posse e distribuição de livros sediciosos2. E antes que você pergunte, era um livro sobre se os impostos pagos ao palácio são justos ou não.

    — Ele era um homem de intelecto, então. — Isso não era tão surpreendente. O apelido Campo de Prisioneiros havia sido atribuído a Bifron em primeiro lugar porque aqueles que caluniavam a família real eram banidos para cá. Você quer reclamar tanto assim, então tente viver em algum lugar fora do nosso alcance divino, essa era a essência da lógica por trás dos banimentos, mas para a família real, era um movimento muito inteligente. Era uma maneira de expulsar rebeldes enquanto solidificava a posição do soberano. Havia muito mais a ganhar dessa forma do que com enforcamentos.

    — Quantos anos você tem?

    — Tenho onze.

    — Então você pode sair em três anos.

    — Se eu provar que sou habilidoso o suficiente.

    Inclinei minha cabeça. — Habilidoso? Ouvi dizer que as crianças podem sair quando completam quatorze anos?

    — Você ouviu só a metade. A liberdade só está disponível para um pequeno número de pessoas que mostram promessa em qualquer campo. Bem, dizem qualquer campo, mas a maioria das pessoas tenta ser aventureira. É muito mais fácil assim e eles escolhem mais pessoas.

    — Você também está tentando ser aventureiro?

    — Não. Estudioso.

    Um estudioso, hein? Não é de admirar que esse garoto fosse tão bem articulado. Parecia que ele conseguiu manter sua educação mesmo nesse ambiente.

    — Você é um aventureiro, certo? Como você veio parar aqui?

    Logo o garoto também começou a me fazer perguntas. Parecia que ele achava injusto ser o único a responder.

    — Se você estiver disposto a ganhar cem pedras a menos, eu lhe contarei.

    — Mas nem é tanto dinheiro assim…

    — Aventureiros nunca deixam dinheiro na mesa, mesmo que seja uma pequena quantia.

    — Oh, então você é um aventureiro? — Era um truque infantil demais para dizer que ele realmente me superou. Mas percebendo que eu poderia machucá-lo, o garoto rapidamente continuou falando. — Tudo bem. Aceitarei um pagamento menor. Então me diga por que você está aqui.

    — Cometi um pequeno erro na cidade. Eles me disseram para vir viver aqui por vinte dias.

    — Vinte dias… — Esse era um período infinitamente curto para um garoto que cresceu aqui toda a vida? O garotinho mordeu o lábio e ficou em silêncio por um momento. Então ele perguntou mais uma coisa. — Qual é seu nível?

    Essa era uma informação pessoal que eu realmente não queria responder. — Essa não foi a pergunta que você fez. Pode ficar com as cem pedras. Apenas responda minhas perguntas a partir de agora. — Como o adulto covarde que eu era, evitei aquela conversa e mudei o assunto para perguntas sobre coisas difíceis de entender apenas por livros, como os preços em Bifron, a estrutura social, etc. Como um verdadeiro nativo, ele respondeu cada uma sem muita dificuldade, mas uma informação me impressionou: a fonte da comida deles.

    — O palácio envia rações todo mês?

    — Sim. Mas os grandalhões pegam tudo e usam como alavanca contra o resto de nós.

    Os brutamontes que ele mencionou não me incomodaram. Uma hierarquia estava destinada a existir, mesmo entre os mais baixos dos baixos. Isso fazia parte do ser humano. O que chamou minha atenção foi outra coisa. — Este lugar é mais e mais contraditório…

    — Desculpe?

    — Nada. — Meu interesse em Bifron foi despertado. Parecia que este distrito, que no jogo era normal como os demais, tinha uma história oculta interessante.

    — Chegamos.

    Depois de andar e conversar por mais um tempo, chegamos à pousada que o garoto mencionou. O primeiro andar era uma taverna e o segundo andar uma pousada, como muitas outras lojas na cidade. Normalmente, esses tipos de lojas eram ocupadas e administradas por brutamontes.

    “Este é o melhor lugar?”

    Ri e abri a porta da pousada, que parecia estar infestada de insetos.

    Creeeaak.

    Surpreendentemente, havia bastante gente dentro, homens e mulheres com corpos robustos bebendo álcool e vestindo roupas esfarrapadas.

    Tling.

    Quando o sino enferrujado tocou, todos os olhos lá dentro se voltaram para mim. As emoções neles variavam: desconfiança, confusão, curiosidade, ganância. Ignorei tudo isso e me aproximei do balcão.

    — Você, quanto custa uma noite?

    — Cinquenta pedras.

    Mais uma vez, esse número estava faltando um zero. — E uma refeição?

    — Duzentas e cinquenta pedras.

    — Duzentas e cinquenta pedras… — Isso era troco para mim, mas agora que estava realmente experimentando isso por mim mesmo, percebi como este lugar era diferente do mundo exterior. Pensar que o preço da comida era cinco vezes mais do que o preço da hospedagem. Esses preços eram inimagináveis em Rafdonia, onde a crise habitacional era severa.

    — Vou dormir aqui esta noite.

    — A refeição?

    — Vou pegá-la imediatamente.

    — Aqui o pagamento é adiantado.

    Pagando trezentas pedras por tudo, sentei-me.

    — Vou indo agora, senhor.

    — Você ainda não foi pago.

    — Oh, certo! — Entreguei mil pedras ao garoto, que acabou de se lembrar por que estava ali. — Eu… não tenho troco…

    — Fique com o troco. Venha sentar-se ao meu lado.

    — Desculpe?

    — Faça-me companhia até minha refeição chegar.

    Depois de me lançar um olhar estranho, o garoto se recompôs e sentou-se ao meu lado. Ele respondeu a todas as perguntas que eu fiz. Passamos o tempo assim. — Aqui está a comida que você pediu. — Finalmente, minha refeição tão esperada chegou. Sem carne à vista, era apenas pão e sopa translúcida.

    — Então…

    Parei o garoto quando ele tentou se levantar. — Sente-se.

    — O quê? Mas você disse até a comida chegar.

    Caramba, bárbaros pareciam tolos para essas pessoas? Adicionando energia assassina à minha voz, falei imperiosamente: — Sente-se.

    Sentindo a pesada mudança no ar, o garoto se calou e se sentou novamente. Ele fingiu que não, mas eu podia sentir seu tremor mesmo do outro lado da mesa.

    Peguei uma grande colher de sopa. — Coma.

    — Desculpe?

    — Eu disse coma.

    — O-o-obrigado, mas não estou com fome…

    “Então, é assim que você vai jogar?”

    — Se você comer, eu lhe darei dez mil pedras.

    Fiz uma oferta que o garoto não poderia recusar. Que escolha ele faria agora? A resposta foi realmente simples. — P-Por favor, me poupe… — Como uma criança nascida e criada em um ambiente horrível, ele foi rápido.

    Havia duas razões pelas quais eu consegui ver através dos truques do garoto.

    Você me seguiu desde o portão?

    Não? Eu te vi agora há pouco.

    Uma, o garoto respondeu calmamente à minha pergunta com uma mentira. Bem, ele foi bom o suficiente para não tornar a mentira óbvia, mas eu estava bastante confiante na minha memória. Esse garoto estava por perto desde que os portões do castelo se abriram.

    Apenas me dê cem pedras.

    Duas, a quantidade de dinheiro que ele pediu era muito baixa. Isso era muito estranho. Destinos turísticos sempre enganavam as pessoas de todas as maneiras, mas esse garoto e até o dono da pousada não pensaram em me cobrar demais. Claro, isso poderia ser apenas uma coincidência.

    P-Por favor, me poupe… — Mas em vez de comer, o garoto caiu de joelhos. Eu não estava surpreso porque meio que esperava isso. Esta não era a primeira vez que as pessoas deste mundo careciam da criatividade necessária para executar um bom esquema.

    “Se você quiser apunhalar alguém pelas costas, faça com que seja um pouco menos óbvio na próxima vez.”

    Virei a mesa junto com a sopa que eu não comeria nem se me pagassem e me levantei. No começo, eu ia interrogá-lo para fazê-lo revelar o nome de seu cúmplice, mas parecia que isso não era necessário.

    — Parem aí — falei para os brutamontes que estavam se afastando silenciosamente em direção à porta, tentando uma conversa amigável para variar. Infelizmente, os quatro homens e mulheres, incluindo o dono da pousada, estavam ocupados acelerando sua fuga.

    — Fodeu!

    — Corram!

    Observei e cliquei a língua em irritação.

    “Vocês realmente acham que isso vai funcionar?”

    — Aaagh!

    Em uma série de movimentos fluidos, primeiro peguei o garoto com uma mão, depois ativei 【Gigantificação】 no meio do passo e, em seguida, dei um 【Salto】.

    Smashhh!

    Meu corpo cruzou uma distância de dezenas de metros num instante e pousou no chão. Com o efeito de Knockback, os homens e mulheres tentando escapar foram lançados pelo ar.

    — Behelaaah! — Quando segui com uma 【Explosão Selvagem】, o grupo de quatro não ousou mais se levantar e fugir.

    Crunch.

    Para evitar que escapassem, quebrei um pé de cada um. Era plena luz do dia e também no meio da rua, mas tanto faz. Esta era uma terra sem lei, afinal. Nenhum guarda viria correndo porque usei uma habilidade especial.

    — Agh, ah!

    Só então eles perceberam. Entre os quatro, o homem com rosto de rato gritou o que parecia ser uma linha preparada. — N-Nós somos da Aliança Ocidental!

    A Aliança Ocidental era uma das quatro gangues que controlavam Bifron. Aparentemente, seu líder era um aventureiro.

    — S-Se nos deixar ir, não retaliaremos por…

    “Sonha!”

    Crunch.

    Esmaguei seu outro pé para calá-lo, mas aparentemente isso o deixou ainda mais desesperado. — N-Nosso chefe é um aventureiro de sexto nível! — Mesmo gritando de dor, o cara não parava de falar.

    Não pude deixar de inclinar a cabeça em confusão. — Seu chefe? O que você quer dizer? — Ele inclinou a própria cabeça com meu tom intrigado, como se não entendesse do que diabos eu estava falando. Coloquei um sorriso amigável e me abaixei para acariciar a cabeça do homem. — A partir de agora, seu chefe sou eu.

    Eu sempre quis ter meus próprios subordinados.

    1. ‘Smurfing’ é um termo comum em jogos, neste caso Bjorn se refere a ir para uma área com adversários menos habilidosos, fracos, ganhando vantagem injusta.[]
    2. Que ou aquele que se revolta contra a autoridade ou a ordem instituída; que excita, provoca ou se envolve em sedição; revoltoso, indisciplinado, insurgente, amotinado, insubordinado.[]
    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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