Capítulo 203: Benção (3/4)
『 Tradutor: MrRody 』 『 Revisor: SMCarvalho 』
A Bênção do Dragão era uma das características que tornavam a raça dos dragões tão poderosa. Ao contrário da Fala de Dragão, essa bênção podia ser concedida a outras raças. No entanto, o número de vezes que isso aconteceu podia ser contado nos dedos. Era preciso acumular uma certa quantidade de amizade com a tribo dos dragões e completar uma missão secreta para conseguir isso.
“Se você escolhesse um anão, com quem eles não se davam bem, como seu personagem, nem teria a chance de tentar.”
Claro, eu era um bárbaro, não um anão, mas na verdade eu já havia desistido da bênção. As condições da missão secreta eram insanas por si só, mas, de acordo com minhas pesquisas, essas missões estavam praticamente extintas nesta era. Cento e cinquenta anos haviam se passado desde o cenário do jogo. O problema que foi uma dor de cabeça para a tribo dos dragões ao longo da história supostamente havia sido resolvido por um certo herói.
“Espere, se eu puder fazer isso, significa que os outros não são impossíveis também?”
Relembrei algumas das rotas secretas que achei que estavam fechadas para mim e as repensei. Talvez ainda fosse possível seguir essas rotas. Mesmo que não fosse o caso, haviam coisas que estavam completamente bloqueadas pelo sistema do jogo que eu poderia tentar.
— Estou lhe dizendo apenas por precaução, mas você não pode escolher várias bênçãos. Como um bárbaro, seu corpo não aguentaria.
— O que você quer dizer com meu corpo não aguentaria?
— Exatamente o que eu disse. Você morreria.
Hmm, então isso não funcionaria. Ela poderia tentar se eu insistisse, mas não tinha intenção de ser tão teimoso. O preço era minha vida, afinal. Ouvi dizer que o número de pessoas que receberam mais de duas bênçãos era muito pequeno, incluindo o Sr. Dragão. Isso mostrava o quanto isso sobrecarregava o corpo.
— Então, sua decisão? Posso lhe dar mais tempo se precisar.
— Não, está bem. Vou com esta. — Balancei a cabeça e sorri. Isso porque já havia tomado a decisão antes mesmo de chegar aqui.
A Bênção do Dragão do Mar? Esta definitivamente não. Poder da Alma era um recurso importante, mas se eu o racionasse adequadamente para uma caçada, não faltaria. Não era como se eu fosse um feiticeiro ou algo assim. Só precisava do mínimo.
A Bênção do Dragão do Vulcão não era ruim. Como o buff de habilidade estava definido para acompanhar seu crescimento, a melhoria de desempenho não pararia em trinta por cento e funcionaria ainda melhor com o tempo.
— Vou receber a Bênção do Dragão da Terra.
No entanto, decidi que era melhor aumentar os atributos do que as habilidades. A razão era simples. Muitas das minhas habilidades dependiam de atributos de qualquer maneira. Se o atributo aumentasse vinte por cento, o desempenho das habilidades associadas também seria aprimorado.
— Boa escolha. Acho que você está sendo cauteloso em relação a ele. — O Sr. Dragão assentiu com minha escolha. Parecia pensar que eu estava levando o Matador de Dragões em consideração na minha decisão, então apenas concordei. Não que o pensamento não tenha passado pela minha cabeça.
Silêncio da Alma, a maldita Fala de Dragão dominadora de Vagos, reduzia o MP do alvo a zero e impedia que usassem habilidades, razão pela qual tive que lutar com ele com as mãos nuas. No entanto, se você perguntasse se isso foi o fator decisivo na minha decisão, não foi. A Bênção do Dragão da Terra tinha uma habilidade oculta.
“Mas não há como esses caras não saberem disso…”
Estreitei os olhos para o Sr. Dragão e a criança. Não me senti particularmente insultado, no entanto. Eles não teriam lealdade suficiente a mim para contar a alguém de outra raça algo assim. Eu não precisava desse tipo de consideração deles em primeiro lugar.
— É isso então. Vou deixar vocês a sós. — Uma vez tomada a decisão, o Sr. Dragão afastou-se com um sorriso satisfeito. — Divirta-se com a minha filha.
“Cara, isso soa errado.”
Depois que o Sr. Dragão saiu, a criança e eu conversamos até anoitecer. O principal tópico de conversa foram minhas missões até agora.
— Preciso falar sobre mim mesmo?
— Seria o melhor. Eu te disse antes, há poder nas palavras. Quanto mais você falar sobre o caminho que percorreu na vida, mais fácil será para mim detectar suas frequências.
— Se você diz.
Isso era mais confortável para mim do que divagar sobre bobagens, então contei a ela minha história enquanto filtrava algumas coisas. Não fazia nem um ano desde que me tornei um aventureiro, mas eu tinha mais coisas para contar do que pensei. Talvez por isso…
— Está escurecendo agora, quanto tempo mais?
Até tivemos uma refeição durante a conversa e já era noite, mas parecia que isso não era suficiente para conceder a bênção ainda.
— …Ainda não. Suas frequências são estranhamente difíceis de ler. Então continue de onde parou.
— Onde parei?
— Floresta do Doppelganger. Você contou até encontrar os outros aventureiros e perceber que alguns deles eram da cidade subterrânea.
Como cheguei a esse lugar durante o dia e passei o dia todo conversando, já havia alcançado eventos recentes. Depois disso, não tinha mais nada para contar. Eu estava um pouco preocupado, mas quando admiti isso honestamente, aprendi que aparentemente não havia mais necessidade de ler minhas frequências.
— Hmm, acho que isso é suficiente.
— Isso significa?
— Siga-me. Vou conceder a bênção ao seu corpo agora.
Quando segui a criança para dentro, avistei uma caverna escondida atrás de uma cortina fina.
“Uma caverna conectada à parede de um prédio, hein? Parece que estou em uma missão ou algo do tipo.”
Depois de caminhar pela caverna por alguns minutos, chegamos a uma cavidade de cerca de quarenta metros quadrados contendo uma cama e alguns móveis. As joias embutidas no teto criavam uma luz suave e fumaça, dando a impressão de um espaço místico.
— Agora, deite-se aqui.
— A cama é muito pequena para eu me deitar. Vou me deitar no chão.
Quando me deitei no chão com a calma de um bárbaro, a criança riu e começou a se preparar para conceder a bênção ao meu corpo. Não demorou muito. A bênção tomava a forma de uma tatuagem, mas, no fim, o núcleo de uma bênção era a habilidade especial do xamã.
— Onde você quer que seja feita?
— Qual o tamanho dela?
— Cerca desse tamanho. — A criança abriu a palma da mão e me mostrou. Era muito menor do que eu pensava.
— A localização importa?
— Não, não importa. Por que pergunta?
— Quero colocar em um lugar onde os outros normalmente não possam ver. — Afinal, era uma benção de outra raça. Até que eu me tornasse chefe e mudasse as regras da tribo, eu estaria encrencado se os outros descobrissem.
— …Em um lugar onde os outros não possam ver? — Algo veio à mente da criança, e seu olhar subconscientemente deslizou para um lugar específico. Uma careta apareceu em seu rosto. — Isso… vai ser um pouco difícil.
Quando segui seu olhar, fiquei genuinamente assustado. Jesus Cristo. Quem diabos faz uma tatuagem ali?
— …E-Eu posso fazer até a área das nádegas.
Aham, sei. — Está bem, faça aqui — disse a ela o local que tinha em mente desde o início.
— A sola do pé? Ah, entendi… — Esta sociedade era semelhante a uma cultura ocidental. Como usavam sapatos dentro de casa, quase não havia razão para mostrar o pé descalço.
A criança parecia aceitar isso, mas depois franziu a testa. — Mas não posso inscrever entre suas tatuagens? Não acho que vai aparecer muito. Você não usa sempre armadura por cima?
— O xamã vai notar.
— Ah, acho que sim.
Claro, considerando a personalidade do xamã, ele não me incomodaria com isso. Mas eu ainda queria esconder o máximo possível. Não havia como saber como as coisas se desenrolariam no futuro, e o xamã era estranhamente suspeito.
— É isso, então. Posso começar?
— Claro.
— Vai doer bastante.
— Não tem problema. Termine rápido, se puder. — Apesar do aviso da criança, eu não me preocupei muito. Poderia ser tão doloroso quanto a Impressão da Alma? Mesmo se minha Resistência à Dor não ajudasse, eu não estava com medo. — Eu sou um bárbaro. — Bárbaros são aqueles que sempre se levantam depois de serem derrubados.
— Hmm, é mesmo? — A criança me lançou um sorriso enigmático antes de acender uma chama branca na ponta de seu dedo.
Chhhhhh!
Enquanto queimava a sola do meu pé com o fogo, ela falou. — Você pode gritar.
“Ah, é mesmo?”
【A Bênção do Dragão da Terra agora reside em sua alma.】
【Todos os atributos adicionais aumentam em 20%.】
Eu gritei com toda minha força… — Aaaaaargh! — Este não era o momento de se preocupar com a reputação da raça bárbara.
【Bjorn Yandel】
【Nível: 5
Físico: 555
Espírito: 198
Habilidade Especial: 191
Nível do Equipamento: 3068
Poder de Combate Geral: 1907.6 (Novo +1766)
Essências Adquiridas: Golem Cadáver – Nível 7 / Orc Herói – Nível 5 / Ogro – Nível 3 / Mantícora – Nível 5】
O processo de receber a Bênção do Dragão da Terra na sola do pé foi curto em si. Demorou talvez três minutos? Comparado à Impressão da Alma, que poderia levar horas, foi apenas um momento. No entanto, o tempo total acabou sendo semelhante. Isso porque, assim que terminou, eu perdi a consciência.
— Você está acordado?
Quando lentamente abri os olhos, pude ver a criança sentada contra a parede, lendo um livro. — …Devo ter adormecido.
— Não desmaiado? Você é realmente hilário.
Ignorei sua provocação e verifiquei o horário. Eram 9:00h da manhã, hora de começar um novo dia.
— Beba.
Eu engoli a água que ela me deu e me levantei. Estava muito cansado mentalmente, mas sentia uma grande energia em meu corpo. Bem, considerando que meus atributos haviam aumentado em vinte por cento, não podia deixar de sentir a diferença. Eu já estava ansioso para ver como isso funcionaria. Além do Golem Cadáver, o número de essências de quinto nível ou melhor que eu tinha atualmente era apenas três. Apenas preencher essas lacunas aumentaria meus atributos tanto quanto uma essência de alto nível.
— Criança.
— É Penitaseauros.
“Não quer ser chamada de criança?”
— Certo, Penetas. — Mesmo enquanto recitava seu nome, como ela pediu, parecia estranho. Isso deveria ser o nome de um humano ou de um dinossauro?
— …Apenas me chame de Pen.
— Ok, Pen. De qualquer forma, já acabou agora?
— Sim. Felizmente, foi bem. Mas, por via das dúvidas, venha visitar sempre que puder. Eu nunca concedi uma bênção a outra raça antes, então podem haver alguns efeitos colaterais.
— Ok, se eu tiver tempo.
— Arranje tempo. Eu já contei ao meu pai sobre isso.
Depois de dar um — ok — sem muito entusiasmo, ambos saímos da caverna. Perguntei sobre o paradeiro do Sr. Dragão para poder voltar ao lugar onde estava antes de ser convocado.
— Papai estará onde você chegou pela primeira vez. Quer que eu te guie?
— Posso encontrar o caminho sozinho.
Depois de receber aulas de navegação do Rotmiller, estava confiante na minha capacidade de memorizar direções. Quando estava prestes a sair, sua voz veio de trás de mim. — Desculpe.
— Hã?
— Eu disse desculpe. Ontem… Por ser honesta e te chamar de feio.
Eu ri. Estava confuso se isso era um pedido de desculpas ou uma tentativa de começar outra briga, mas, como um adulto, decidi apenas apontar os fatos. — Eu não sou feio.
— O quê?
— Sou bonito, como um homem.
Pen me estudou em silêncio antes de acenar ligeiramente. — …Ok.
Parece que consegui incutir os padrões corretos de beleza nela antes que fosse corrompida pelo mundo. — Até a próxima. Vou te contar mais histórias.
— …Ok.
Dizendo adeus a Pen, fui procurar o Sr. Dragão. Então, depois de finalmente entregar a Espada do Dragão, voltei ao esgoto onde estava originalmente por meio da Fala de Dragão. O cheiro familiar de sujeira fez meu apetite desaparecer completamente. Considerei por um momento se deveria apenas voltar e dormir um pouco, mas, no fim, decidi me apressar.
“Realmente está conectado à cidade.”
Como Amelia disse, quando segui o túnel secreto, apareceu uma saída que levava à cidade. Estava no Distrito Oito, bem ao lado do Distrito Sete, onde eu morava. Originalmente, planejava encontrar a Missha e a Ainar para saber o que estava acontecendo com elas, mas estava cansado demais para isso.
“Vou vê-las em alguns dias de qualquer maneira.”
Cobri meu rosto com o capuz que trouxe comigo, então comprei o espetinho que Jingjing pediu antes de voltar.
— Aqui está o espetinho da loja que você mencionou. Pedi o sabor mais picante e masculino. — Ele apenas olhou. — Por que não está dizendo nada? Não está feliz?
— …Estou feliz.
— Muito baixo.
— Estou muito feliz! — Jingjing se alegrou entusiasticamente, validando a viagem que fiz com meu corpo cansado até aqui para trazer isso de volta. Isso tirou um peso dos meus ombros. Agora que o avisei que poderia voltar a qualquer momento, Bifron não voltaria ao seu estado anterior da noite para o dia.
— Você está chorando?
— É… porque o espetinho… é tão picante…
— Tsk. É porque você chora tão facilmente que seu cabelo está caindo.
— Certo…
— Vou dormir agora, então não me acorde.
Depois de dormir quase um dia inteiro, passei ainda mais tempo dormindo como se estivesse aproveitando o último pedaço das minhas férias. Logo, o dia finalmente chegou.
— Behelaaah!
Era o fim do meu exílio curto, mas longo. Recebendo uma despedida entusiástica de todos os membros da minha organização, dirigi-me à muralha da cidade. Também compartilhei uma breve despedida com Jingjing.
— Vou visitar de vez em quando.
— Sim, chefe! Estaremos esperando por você! — Ainda assim, o estado mental de Jingjing parecia ter se recuperado muito desde o primeiro dia. Depois de mais uma vez enfatizar que ele deveria manter o túnel secreto como um segredo entre nós dois, chamei o guarda na muralha.
— Bjorn, filho de Yandel. Confirmado.
Então entrei no posto de controle e passei por um simples processo de identificação. Depois que isso terminou, o guarda abriu a porta do outro lado da estrutura de porta dupla.
— Um cavaleiro de Mozlan deixou uma mensagem para você. Ele disse para se manter fora de problemas.
Que problemas? Foi culpa deles que eu fui trancado aqui quando isso deveria ter sido resolvido com uma multa. Resmunguei enquanto entrava na cidade e respirava fundo. Até o ar parecia diferente aqui. Estranhamente, até a luz do sol parecia mais quente hoje.
“…Mas onde estão todos?”
Voltando para a cidade após vinte dias de exílio, fiquei parado na rua por um tempo. Mesmo depois de alguns minutos, nenhum dos meus companheiros apareceu. Eu esperava que eles viessem me cumprimentar.
“Bem, eles não saberiam a hora.”
Peguei apressadamente uma carroça e fui para a estalagem. Assim que cheguei, bati na porta da Missha.
Bang, bang!
Mesmo após várias batidas, a porta não se abriu. Eu também não conseguia ouvir nada dentro.
“Huh? Ela saiu?”
Podíamos ter nos desencontrado enquanto ela vinha me cumprimentar. Isso foi o que pensei quando uma porta se abriu.
Brum, clak.
Era a porta do quarto da Ainar, não da Missha. — Bjorn…! — Ainar me cumprimentou com urgência, parecendo ter acabado de acordar. Por algum motivo, alarmes começaram a soar na minha cabeça.
“O que…?”
A princípio, começou no subconsciente, mas logo percebi a causa dessa estranha sensação de algo errado. Se a Missha tivesse saído para me cumprimentar, a Ainar não estaria aqui sozinha, porque ela a teria levado junto.
— Por que…! Por que você demorou tanto tempo!?
— Se acalma e me diga o que aconteceu. — Reprimindo minha crescente ansiedade, perguntei primeiro o que estava acontecendo.
— A Missha…! A Missha foi sequestrada!
Algo havia dado errado enquanto eu estava fora.
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