Capítulo 24: O Saqueador (1/3)
『 Tradutor: MrRody 』
Uma pedra de mana de nono nível era igual a uma fatia de pão de pedra. Em outras palavras, cada pão tinha um valor de cerca de vinte pedras.
Então, e quanto a uma pedra de mana de oitavo nível? Infelizmente, um demônio da morte valia apenas cinco goblins.
— O quê? Quer dizer que são apenas cem pedras?!
— …Incluindo aqueles ghouls que ele invocou, temos um total de trezentas pedras.
É claro, mesmo levando esse extra em consideração, não dava para negar que a quantidade era baixa, especialmente considerando que tínhamos acabado de arriscar nossas vidas por isso.
— Bjorn… Quanto custava aquele pão que comemos na estalagem?
— …Acho que eram cerca de trezentas pedras.
— Então… Isso significa que posso sentir o gosto de doçura toda vez que derrubar um demônio da morte!
Parece que a torta de creme que tínhamos comido antes se estabeleceu como uma nova unidade de medida para Ainar. Claro, se dividíssemos nossos ganhos por 8:2, isso seria apenas 0,2 doces por demônio da morte… Mas decidi que era melhor não contar isso para ela.
— Bjorn! Não é hora de ficar parado. Vamos! Vamos caçar!
A frustração não durou muito. Sorri ao ver Ainar radiante de entusiasmo mais uma vez. Nesse aspecto, trabalhar com uma bárbara não era ruim. Eu gostava da Erwen como companheira, mas o inconveniente era que ela era meio passiva em relação a tudo. Era muito mais fácil se motivar dessa maneira.
— Ok, vamos lá!
Depois disso, continuamos caçando pela área os demônios da morte. Se levasse mais de vinte minutos para derrubar cada um, nosso negócio não seria lucrativo mesmo se ganhássemos trezentas pedras por demônio, mas… A primeira tentativa sempre deveria ser considerada uma exceção, não a regra.
— Kwoooh!
— BeheI-aaah!
Toda vez que encontrávamos um demônio da morte, gritávamos o nome do nosso deus ancestral e partíamos para cima. Então, cada um de nós agarrava uma perna, levantava e jogava o monstro no chão.
Chamamos essa estratégia de Derrubada Dupla Bárbara.
Um Demônio da Morte caído era presa fácil. Enquanto martelávamos a cabeça de cada demônio a uma distância maior que o comprimento do seu braço, eles logo desapareciam em feixes de luz. Tudo isso levava cerca de três minutos.
Assim que os monstros caíam no chão, percebiam que estavam encrencados e chamavam os ghouls, o que dificultava encurtar ainda mais esse tempo.
— Uhu!
Conforme a caçada continuava, a velocidade com que enchíamos nossa bolsa de pedras de mana também aumentava. No entanto, não estávamos satisfeitos com isso e aceleramos nosso ritmo cada vez mais.
Isso porque, ao chegar o terceiro dia, caçar demônios da morte se tornaria impossível. Se não tivéssemos alcançado o segundo andar mais rápido do que qualquer outra pessoa usando aquele bug, nem ousaríamos enfrentar esses caras. Eles normalmente nunca viajavam sozinhos. Lidar com dois era possível, embora difícil, mas grupos de três ou quatro seriam complicados apenas com nós dois.
【14:27】
Verifiquei o horário e decidi fazer uma pausa. Embora o ditado diga que você deve agir quando a oportunidade surge, acidentes sempre acontecem em momentos de pressa.
— Bjorn, estou com sede.
— Beba com moderação. A flor cadáver só floresce amanhã.
— Flor cadáver?
A flor cadáver era nosso único meio de reabastecer nossa água potável na Terra dos Mortos. Quando chegasse a hora, flores iriam florescer nas vinhas que cobriam os escombros, e você poderia encontrar água dentro delas se as cortasse. Quando contei isso a ela, a expressão de Ainar ficou sombria.
— Bjorn, isso não é meio nojento?
Honestamente, era. Eu tinha ouvido dizer que era seguro beber, mas ainda não estava muito a fim. No entanto, isso não era algo pelo qual alguém que dormia em um quarto para cinco pessoas com dez pessoas sujas deveria estar reclamando.
— Você tem uma alternativa, então?
— Não! Vou beber!
Depois de descansar por cerca de vinte minutos para recuperar nossa energia, continuamos a caçar novamente. Finalmente, quando estávamos prestes a desmaiar de exaustão, terminamos de caçar nosso septuagésimo demônio da morte. Isso significava que tínhamos ganho mais de vinte mil pedras em um único dia.
Isso é muito melhor do que apenas caçar monstros de nível nove.
No entanto, a essência que eu esperava não tinha aparecido.
— Abominável não era uma palavra forte o suficiente para descrever a taxa de queda de uma essência. Por isso, a maioria das pessoas que jogava o jogo tinha que desenvolver uma estratégia de progressão baseada na essência que caísse para elas no início. Mas a habilidade do jogador determinava o quão bem isso funcionava.
Foi por isso que eu estava ansioso para vir aqui. A essência de um demônio da morte estava entre as melhores essências que você podia obter nos estágios iniciais.
O problema é que não há sinal de que ela vai aparecer.
Sua habilidade ativa de invocação de ghouls, Chamado dos Mortos, era honestamente bastante decepcionante, mas sua habilidade passiva, Preservação Corporal, era boa o suficiente para compensar. Claro, absorver sua essência não lhe daria a capacidade de se regenerar como aqueles bastardos… Mas como minha Marca da Imortalidade já aumentava meu fator de cura, minha compatibilidade com a essência era muito alta.
【02:57】
Escutei o ronco de Ainar enquanto verificava o horário. Um dia já havia passado e o segundo dia havia começado.
Daqui para frente, teríamos que lutar contra dois demônios da morte de uma vez, mas de certa forma, eu estava aliviado.
Pelo menos agora não pareceríamos suspeitos se encontrássemos outros aventureiros. Novamente, os aventureiros eram os que mais me preocupavam.
— Ainar, levante-se.
— …Não fui eu que comi!
— É hora de trocar de turno.
Três horas por pessoa. Depois de descansar um total de seis horas, começamos um segundo dia de caça aos demônios da morte sem problemas.
— Kwoooh!
Hoje eles vieram em pares. Seus poderes ativos combinados invocavam agora vinte ghouls, mas ei, podemos ao menos bem tentar. Nosso sucesso nesse empreendimento se deve ao fato de termos aprendido e refinado nossa técnica para lidar com eles inúmeras vezes no primeiro dia.
Boom!
Antes que as criaturas soubessem o que estava acontecendo, eu corri para a frente e joguei um no chão. Então derrubamos a outra também. Um único passo em falso poderia tornar as coisas bastante precárias para nós… Mas sempre que isso acontecia, nós simplesmente corríamos sem olhar para trás.
— Ainar, corra!
— Oh!
Os demônios da morte eram lentos para se mover e tinham o hábito de não seguir você se você saísse do território deles, então as coisas ainda não estavam muito perigosas.
Shhh…!
Cada batalha levava cerca de dez minutos. Na realidade, três em cada dez tentativas que fizemos foram falhas, mas como lidamos com dois de uma vez, nossos lucros acabaram sendo semelhantes ao do primeiro dia. No primeiro dia, levou bastante tempo para encontrar os monstros sequer. No entanto, à medida que a tarde do segundo dia se aproximava, grupos de três começaram a aparecer de tempos em tempos, e à medida que o tempo passava, a frequência de nossos encontros com eles também aumentava.
— Devemos deixar esta área em breve.
— Um guerreiro sábio sabe quando recuar.
Quando o segundo dia estava chegando ao fim, deixamos o território dos demônios da morte, e todos os arrependimentos associados, para trás. Então retornamos ao campo pegajoso e enlameado e encontramos um acampamento adequado.
Foi por volta desse momento que encontramos um grupo de outros aventureiros pela primeira vez. Eles eram um grupo de três humanos e estavam rondando na escuridão, confiando em uma tocha assim como nós. Foi apenas quando estávamos a dez metros de distância que pudemos realmente nos ver.
— O que é que você está olhando? — Ainar perguntou friamente. — Se não tem negócios aqui, dê o fora.
— Ahem, nos desculpe.
O grupo passou por nós e desapareceu de volta para a escuridão. Foi bastante interessante. Eles tinham se afastado apenas vinte passos, e eu ainda conseguia ouvir levemente o som de seus passos, mas a luz da tocha que estavam segurando já não era mais visível.
Então era isso que as pessoas queriam dizer quando diziam que a maioria dos andares do labirinto absorvia toda a luz. Parecia que até o brilho de uma tocha era quase impossível de ver a olho nu mesmo estando a apenas dez metros de distância. Enquanto eu ponderava sobre esse fenômeno…
— Bjorn, precisamos nos mover. — disse Ainar, com a voz firme. — Eles sabem onde estamos. As paredes aqui são convenientes, mas ainda seria mais seguro encontrar um novo acampamento.
Na verdade, ela estava certa. Eu estava pensando a mesma coisa. No entanto, parecia que eu não conseguia me acostumar com isso.
Quem é essa mulher? Rosnando para outros aventureiros para sumirem…
Era como se ela tivesse mudado de personalidade de repente.
— Bjorn, nunca confie nos humanos.
— …Concordo.
Agora que eu pensava sobre isso, Ainar e eu tínhamos uma outra coisa em comum, além do fato de sermos ambos bárbaros… Uma desconfiança em relação aos humanos.
Parecia que algo também havia acontecido com ela durante sua primeira expedição.
Terei que perguntar sobre isso mais tarde.
— Então vamos. — ela respondeu.
Logo depois, arrumamos nossas bolsas e seguimos em frente. No entanto, era difícil encontrar um acampamento com uma localização tão boa quanto o nosso último.
Será que precisamos nos contentar e apenas aceitar ter só uma parede protegendo nossas costas?
Enquanto eu pensava nisso…
— Argh…
Ouvimos um gemido vindo de algum lugar não muito longe.
— Mm!
Não era uma banshee. Primeiro de tudo, não era a voz de uma mulher, e…
— …E-Espera!
Era coerente.
— M-Me a-ajudem…
Maldição. Devíamos ter simplesmente montado acampamento em outro lugar. Depois de um grito interrompido, houve silêncio.
— Aquilo não foi um ataque de monstros. — sussurrou Ainar.
Eu sei. Eu também tenho ouvidos.
Era raro alguém se dar ao trabalho de implorar por sua vida ao lutar contra um monstro. O que tinha acontecido era óbvio. Alguém acabara de matar outra pessoa.
Merda, que tipo de mistério de merda é esse? Eu não sou um maldito detetive.
Não querendo me envolver, eu segurei o pulso de Ainar e recuei lentamente. Mas quem quer que fosse parecia nos detectar.
— Quem está aí?
A voz era fria e baixa. Era rouca, mas definitivamente era de uma mulher. Seguramos a respiração e ficamos imóveis ao mesmo tempo.
Mas naquele exato momento…
Pyuuu! Boom! Boom!
Algo como um sinalizador foi disparado para o céu, e iluminou levemente um raio de cerca de cinquenta metros. Graças a isso, pude ver os olhos da pessoa que acabara de falar. A distância entre nós era de menos de quinze metros.
Se Erwen estivesse aqui, ela teria sido capaz de detectar sua presença de longe e evitar totalmente essa situação.
— Hmm, um novato?
A mulher estranha olhou para nós e chegou a uma conclusão imediata. O sentimento era mútuo.
Uma adaga pingando sangue. Quatro cadáveres espalhados…
—…Um saqueador.
— Primeira vez vendo um? — a mulher perguntou calmamente.
— Pode se dizer que sim.
É a primeira vez que vejo alguém tão profissional como você.
— Entendo.
A mulher não estava preocupada de forma alguma por termos visto a cena do crime e apenas balançou a cabeça serenamente. E eu suspeitava que sabia o porquê.
Saqueadores… aqueles que caçavam profissionalmente aventureiros.
Eles geravam uma alta renda saqueando os equipamentos dos aventureiros em vez de pedras de mana. Claro, se fossem pegos, seriam condenados à morte assim que voltassem à cidade. Mas isso raramente acontecia.
Embora tenha sido em legítima defesa, também matei seis aventureiros e não fui investigado de forma alguma. Não havia como as pessoas do mundo exterior saberem o que acontecia dentro do labirinto. A menos que alguém dissesse algo.
— …Você não está usando uma máscara.
Isso era o mais perturbador sobre minha situação atual.
Essa vadia está operando como saqueadora com o rosto à mostra.
Ela tinha pouco mais de um metro e sessenta e cinco de altura e era magra. Tinha cabelos vermelhos até os ombros, uma tatuagem sob o olho e metade de sua orelha direita faltava. Não seria difícil rastrear alguém com essas características.
Se isso fosse nos dias modernos, o suspeito poderia argumentar falta de evidências… Mas esse era um mundo onde a magia existia. Isso significava que era possível distinguir a verdade da mentira sem evidências físicas.
— …Eles eram membros do seu grupo?
— Bem… — A mulher olhou para baixo para os corpos e deu de ombros. — Eles podem ter pensado assim.
Então era por isso que ela estava com o rosto descoberto. Enquanto fazia perguntas com respostas óbvias, eu rapidamente avaliava os fatos que tinha diante de mim.
Haviam quatro corpos no total. Devido à qualidade dos equipamentos que estavam carregando e ao fato de haver um mago no grupo, pude perceber que eram aventureiros ativos pelo menos no quinto andar ou acima.
Além disso, três dos corpos não apresentavam ferimentos visíveis. No entanto, como havia vestígios de vômito e sangue em seus lábios…
Será que foram envenenados? E talvez o homem que morreu por último tivesse resistência a isso, então ele sobreviveu um pouco mais?
Eu esperava que essa hipótese estivesse correta. Nossa situação seria desoladora se ela fosse uma assassina talentosa capaz de matar quatro aventureiros de nível médio sozinha sem deixar um único ferimento.
Brrrr.
Logo, a mulher se agachou e começou a remover habilmente os equipamentos dos cadáveres. Ela colocou cada item um por um em uma bolsa. A bolsa parecia estar encantada com magia, pois itens grandes e volumosos pareciam caber nela sem problemas.
O medo foi seguido pela inveja. Apenas possuir um item assim deixava clara a diferença entre ela e nós, desesperadamente.
— Bárbaro.
A mulher nos chamou. Eu não respondi.
— Vamos lutar? — Ainar me perguntou quietamente.
Ela era incrível. Se fosse Erwen, ela estaria tremendo de medo agora. Será que isso era o que significava ter o orgulho de um guerreiro, querer lutar contra um inimigo, não importa quão poderoso fosse?
Mantive minha resposta breve.
— Estou pensando.
Para ser honesto, eu queria evitar uma luta. A diferença em nossos níveis era óbvia apenas olhando para o equipamento que ela estava segurando. Se sua habilidade em combate fosse tão impressionante quanto esse equipamento… Mesmo levando em conta que era uma situação de dois contra um, nossas chances seriam muito menores.
Whooom…!
O sinalizador queimou e a luz no céu desapareceu, nos mergulhando na escuridão mais uma vez. Imediatamente tomei uma decisão.
—Corra. Na velocidade máxima.
O orgulho não salva vidas.
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