Capítulo 253: Mundo Aberto (2/5)

Chamas ferozes subiam ao redor da barreira de mana. Havia gritos e muros de lamento para aqueles que haviam sido perdidos. Observando tudo isso com olhos vazios, Nebarce Greenhope pensou consigo mesmo: “Onde foi que tudo deu errado?”

A resposta não seria encontrada aqui fora. O verdadeiro culpado de tudo isso era o Matador de Dragões, Regal Vagos, que havia sequestrado o sumo sacerdote contra o conselho de Noark e o tratado como um escravo, e cujas ações malignas levaram o palácio a brandir suas espadas quando foram revelados ao mundo.

“…Foi culpa minha?”

Nebarce aceitou a culpa. Qual era a utilidade de voltar ao passado para escapar do presente? No final, até mesmo o antigo senhor do castelo de Noark, aquele que acolheu Orcules, deveria ser responsabilizado.

— Então, foi assim que você queria que tudo acabasse?

Era por isso que ele aceitava que era culpado pelo que estava acontecendo hoje.

— Fique perto. — Nebarce corria incansavelmente para não ficar para trás e fora do alcance da esfera de mana. À sua frente estava um homem idoso que estava lançando um feitiço de levitação com a facilidade de quem respira.

Este era Belbev Ruingenes, o velho que ganhou o apelido de Erudito Caído em seus últimos anos, um mago que ansiava por conhecimento a vida inteira e arruinou inúmeras pessoas em sua busca. Após ouvir de Amelia que não havia nada que pudessem fazer, coube a Nebarce procurar o mago, apesar de seu descontentamento. Porque naquela época, ele tinha uma convicção poderosa.

“Era uma grande causa.”

O palácio estava errado. Eles precisavam ser derrubados e um novo mundo precisava começar, um onde as pessoas acima e abaixo do solo estivessem unidas. Isso era o certo a se fazer. Pelo menos, esse deveria ter sido o caso.

— Está quente…

— Por favor, me salve. Eu posso pagar o que você quiser…

Pessoas estavam queimando vivas e caindo como moscas. Cada vez que uma caía, as crenças que formaram Nebarce no homem que ele era hoje lentamente desmoronavam. Isso era realmente a coisa certa a fazer? Pisar sobre aqueles que nem sequer tinham força para se defender pelo bem de uma grande causa? Esse era realmente o caminho para um novo mundo?

Nebarce finalmente não aguentou mais e abriu a boca. — Pare…

Só então o velho parou e olhou para trás, franzindo a testa como se Nebarce tivesse acabado de dizer algo estranho. — Parar? Eu também vim aqui esperando evitar destruir o equilíbrio de poder, mas foi você quem pediu minha ajuda em primeiro lugar. Se pararmos agora, o exército que se dirige a Noark nunca recuará.

Ele estava certo. — Mas… Eu não pedi isso.

— Mesmo? Então o que você queria que acontecesse?

Ele ficou sem palavras. O que ele esperava ao procurar o Erudito Caído, que era o maior vilão desta era?

— Esta é uma oportunidade que nunca mais virá. Nem eu esperava que aquele homem aparecesse. Eu não entendo qual é o problema. Enquanto ele estiver chamando a atenção para o palácio, não estaremos em perigo.

— Você acha que estou dizendo isso porque temo pela minha vida? Eu só… eu só…! — Nebarce não conseguiu terminar a frase.

Então, aparentemente achando que essa conversa era uma perda de tempo, o velho impiedosamente se virou e começou a andar para frente. — Você parece estar tendo dificuldades. — Mesmo naquele momento, centenas de chamas voavam indiscriminadamente de suas mãos com o único propósito de destruição, tingindo a cidade de vermelho. — Jogue fora suas emoções e pense apenas no seu objetivo. Isso é melhor do que perder os dois.

Foi uma observação extremamente calculada e típica de um mago.

Whoosh!

A bolha de mana seguiu o velho e, em pouco tempo, Nebarce sentiu um calor escaldante começar a queimar sua pele. Ele levantou os pés congelados e continuou andando. Cada passo estava cheio de perguntas.

— M-Mamãe… n-não consigo respirar…

— Está tudo bem, querido… mamãe está aqui. Até o fim.

O que estaria no fim dessa estrada?

Choveu naquela noite. Foi o feito dos magos da Torre Mágica.

Chwaaa!

Os guardas que vieram de toda a cidade para prestar apoio também não estavam descansando. Uma longa fila se formou em frente ao poço. Eles passavam baldes incansavelmente pela linha e os jogavam em direção às chamas. E não eram apenas os guardas.

— Se você está cansado, não seja teimoso e se afaste! Ser cabeça-dura só fará mais mal do que bem!

Juntando-se a eles estavam aventureiros que moravam nas proximidades e civis que ouviram a notícia e arregaçaram as mangas para ver se podiam ajudar de alguma forma. As pessoas se uniram para superar a calamidade à sua frente.

— Minha Deusa, minha casa vai pegar fogo a esse ritmo!

— Ei, cara, você está falando sério agora? Há pessoas com famílias lá dentro agora!

— Se vocês dois têm força para brigar, passem um balde!

Claro, nem todos estavam ajudando com intenções nobres. Como eu.

“Raven.”

Quando finalmente cheguei a Karnon, a situação era sombria. O fogo estava em um nível totalmente diferente de várias fábricas modernas queimando. Eu me perguntava se Raven estava se segurando bem. Ou se talvez…

“Talvez o quê?”

Bati o punho no queixo para me despertar.

Smack!

Uma mente sã habitando um corpo machucado. Não havia tempo para se preocupar. Raven era uma maga, afinal de contas. Com a personalidade dela, ela estaria se segurando bem agora e até cuidando das pessoas ao redor. Sim, com sorte, ela poderia até ter decidido parar na Torre Mágica naquela noite e evitado todo esse desastre.

— Ei, mago. — Aproximei-me de um mago que estava ajudando a conter o fogo e revelei minha identidade.

Mesmo que eu o tenha incomodado em um momento agitado, o olhar em seus olhos era amigável. — ‘Ei, mago?’ Faz muito tempo que fui chamado assim. Haha! — Além do meu título nobre, parecia que eu havia causado uma boa impressão. — Então, o que Bjorn Yandel precisa de um mago?

— Você pode lançar Sangue Frio?

— Existe algum mago que não possa? — A meu pedido, o mago riu e lançou o feitiço em mim.

Ufa, agora estava menos quente.

— Você está pensando em entrar lá?

— Tenho uma companheira lá dentro.

O mago que lançou o feitiço em mim assentiu e riu. — Mas você vai ficar bem só com isso?

“Huh? O que é isso? Ele está zombando de mim?”

A ideia me ocorreu, mas fiquei envergonhado pelo que ele fez a seguir.

Click.

O mago pegou uma pedra de mensagem e pediu um favor a alguém. — Ah, ah, vocês podem me ouvir? Desculpe incomodar vocês enquanto estão ocupados, mas quero pedir um favor. Um homem chamado Bjorn Yandel, que vocês provavelmente já ouviram falar, diz que precisa entrar no fogo para salvar sua companheira. Se algum de vocês tiver um item ou poção que possa ajudar com resistência ao fogo, envie-o para as coordenadas do meu laboratório pessoal. Eu vou convocá-lo aqui fora.

O que era isso, um grupo de chat de magos? Esta foi uma sorte inesperada, então mantive a boca fechada e apenas esperei. Em pouco tempo, as respostas chegaram uma a uma.

— Bjorn Yandel tem um título nobre, então seu crédito não deve ser um problema. Mas ainda assim, vou cobrar por qualquer dano, só para você saber. — O primeiro a falar foi um velho de voz severa.

— Certo. A maioria dos meus discípulos foi para Karnon oferecer suporte, mas vou pedir a quem ainda estiver aqui e enviar tudo que corresponda à sua descrição — disse a voz de uma jovem.

— Meu querido discípulo voltou para casa vivo graças a ele. Vou enviar um pergaminho junto, mas diga a ele que não precisa pagar por isso. — Esse homem parecia benevolente.

— Bjorn Yandel… não é uma má ideia tê-lo em dívida comigo neste momento. Se ele não está ao seu lado ouvindo isso, diga-lhe isto por mim: o Anel do Dragão de Fogo foi enviado pela Escola de Ioni. Não se esqueça disso — disse alguém com um tom calculista.

Uma das vozes era até familiar. — Aru? Esse é o companheiro a que você se refere?

“Essa voz é… Vovô?”

Se eu estivesse me lembrando certo, aquele que havia falado agora era um homem que chamei de vovô em uma discussão, o Mestre da Grande Escola de Altemion e também o professor de Raven.¹

— Hmm, parece que sim. Ele está assentindo.

— Vou enviar tudo o que tenho agora.

Com isso, as transmissões terminaram. Para ser honesto, eu estava pasmo.

“O que acabou de acontecer?”

Tudo o que fiz foi puxar conversa com um mago de aparência tranquila para que ele lançasse Sangue Frio em mim. Mas agora eu pude ver que esse não era um mago comum. As pessoas no seu grupo de chat soavam como os chefes de diferentes escolas e eu sabia de fato que o Vovô, que era o Mestre de Altemion, estava nele.

“Isso significa que esse cara também não é um mago comum.”

— Quem é você? — Perguntei por pura curiosidade.

Acho que ele nunca teve a intenção de esconder sua identidade, pois se apresentou com um sorriso. — Ah, pensando bem, eu não me apresentei. Meu nome é Leven Arfegan.

Foi a primeira vez que ouvi o nome, mas eu tinha ouvido falar da escola de magia que ele mencionou em seguida. Era uma escola pertencente às fileiras médias da Torre Mágica. Pensar que o mestre daquela escola seria tão jovem.

— Vou me certificar de retribuir essa dívida algum dia.

— Se isso o tranquilizar.

Poucos minutos depois, recebemos a notícia pela pedra de mensagem de que os itens haviam sido entregues, e Leven Arfegan usou magia para convocar todos os itens para este local.

“Isso realmente é o Anel do Dragão de Fogo.”

Começando com um item de alta classificação, havia vários itens raros. Enquanto eu olhava para eles um por um, senti um estranho sentimento surgir dentro de mim.

— A Sorte está do meu lado.

Para ser honesto, sorte não era suficiente para explicar isso. Quais eram as chances de o mago com quem eu acabei de falar ser o chefe de uma escola de magia e ser gentil o suficiente para usar seu grupo de chat pessoal para me ajudar?

— Sorte? Isso não está certo.

“Huh?”

— Nunca vi essas pessoas tomarem medidas diretas para ajudar um estranho. Você acha que algo assim pode ser atribuído apenas à sorte? — Quando inclinei a cabeça em confusão, Leven sorriu. — Não sei o que eles viram em você para ajudar tão prontamente a salvar sua companheira, mas… É um testemunho de suas próprias realizações.

Foi uma explicação cheia de palavras como se esperaria de um mago, mas pude entender o que ele estava dizendo. Embora fosse meio embaraçoso ele dizer isso na minha cara.

Swip.

Enquanto coçava meu nariz manchado de cinzas de vergonha, Leven riu e deu um tapinha no meu ombro com uma mão delicada. — Então, não fale sobre sorte e apenas faça o que você tem que fazer. Você deveria se apressar e salvar sua companheira.

Sim, este não era o momento para ser sentimental. — Obrigado. — Depois de agradecê-lo sinceramente, ativei ou coloquei os itens convocados.

Primeiro, bebi as poções de dopagem³.

Rrss.

Depois, rasguei um pergaminho.

Equipei-me com um item numerado de três dígitos e vários artefatos mágicos específicos para fogo.

Whoosh!

O ar não parecia mais quente. Como um teste, estendi a mão em direção às chamas e percebi que estava igual.

— Está fresco — disse sem querer. Claro, isso era um sentimento que um não coreano como Leven nunca poderia entender.

— Hmm, não importa quão alta seja sua Tolerância ao Fogo, você não deveria sentir frio fisicamente…

— Eu estava apenas falando sobre como me senti. — Ignorei isso antes que ele pudesse entrar na teoria mágica comigo e olhei para as chamas, que não mostravam sinais de diminuir. Perguntei a Leven uma coisa. — O que você viu em mim?

Leven disse antes que não tinha certeza do que, mas os outros viram algo em mim, e foi por isso que estavam dispostos a ajudar. Então o que ele viu?

Sua resposta foi algo completamente inesperado. — Foram os rumores.

— Rumores?

— Rumores que ouvi sobre você. Eu só vi você pela primeira vez hoje, mas soube assim que encontrei seus olhos que era tudo verdade. — Foi uma resposta ambígua com muito espaço para interpretação. Assim que estava prestes a pedir uma explicação mais detalhada, Leven me empurrou com seus braços de macarrão. — …Seu corpo é como ferro. — Ele deu uma risada embaraçada pelo fato de eu não ter me mexido nem um pouco e então me pediu um favor. — Ah, pensando bem, não perguntei antes. Se você tiver força depois de salvar sua companheira, por favor, também salve os outros.

Não era um pedido particularmente difícil. “Ok, entendi.” — Vou tentar meu melhor.

— O fato de você estar dizendo isso me faz acreditar. De qualquer forma, não vou te segurar aqui por mais tempo. Vá em frente.

Logo, terminei meus preparativos ativando o Orbe de Fogo que adquiri meses atrás.

Este era o Modo Bombeiro Bárbaro.

— Behelaaah!

“Vamos!”

1. Cap. 42[↩]
2. Lixívia: Água Sanitária ou Soda Cáustica.[↩]
3. Doping; O uso de substâncias ou métodos proibidos pelo atleta para melhorar o treinamento e resultados no esporte; Esteroides; ‘Bomba’.[↩]