Capítulo 261: Clã (5/5)
『 Tradutor: MrRody 』
A última vez que falamos sobre isso, eu disse a Missha que a considerava uma valiosa companheira de equipe, afastando-a com palavras covardes. Achei que era a coisa certa a fazer e, de fato, era. Na época, eu ainda estava ardendo com o desejo de voltar. Sem mencionar que eu não tinha o direito de cruzar essa linha, porque eu era um espírito maligno. Não importava quantas palavras doces eu sussurrava através dos lábios de Bjorn Yandel, eu achava que isso sempre significaria enganar a outra pessoa.
— O-O que isso significa? Que você não me considera apenas uma companheira de equipe…? — ela perguntou com olhos arregalados.
Eu respondi sem hesitar. — Você deveria saber o que quero dizer com isso.
Foi algo que percebi depois de visitar a comunidade desta vez. Mais do que o quarto escuro de Hansu Lee, eu considerava este lugar onde eu estava agora, meu lar.
— Você nem sequer disse isso direito… — Missha lentamente desviou os olhos da parede, que estava encarando para evitar meu olhar, para mim. — Então como posso saber…?
Talvez fosse isso que Baekho temia. No momento em que você formava uma conexão profunda com um NPC, seu desejo de permanecer neste lugar se tornava mais forte. Mas, e daí?
— Missha Karlstein, eu gosto de você.
Eu não me importava mais em voltar. O fato de que se tornava difícil tomar decisões racionais quando sentimentos românticos interferiam também era um fator, mas já era tarde demais para mim de qualquer maneira. Eu considerava meus companheiros de equipe, incluindo Missha, preciosos, e não podia me priorizar acima deles.
Este era um vestígio do legado que Dwalkie havia deixado para trás. O que mais eu poderia fazer depois que ele nos deixou daquela maneira? Eu nunca poderia pensar nessas pessoas como NPCs.
Então, qual foi a resposta da Missha? Eu me senti nervoso pela primeira vez em muito tempo, mas não demonstrei isso externamente para evitar influenciar os resultados. Houve um longo silêncio.
— Bjorrrn. — Logo, Missha abriu os lábios e cortou o silêncio. Antes que eu percebesse, ela estava fora do cobertor e de pé na minha frente. — Vamos sair.
Missha pegou minha mão e me levou para fora de casa. Eu não perguntei para onde estávamos indo. Era de manhã cedo, quando as pessoas estavam apenas começando a acordar e começar seus dias. Sem se preocupar em colocar casacos, Missha e eu saímos de casa e encontramos um quarto em uma pousada a trinta metros de distância, onde pressionamos nossos corpos juntos.
— Bjorrrn, devagar…! Dói quando você aperta muito…
Preocupado em causar dor a ela, forcei meu corpo bárbaro bruto a se mover cuidadosamente e conscientemente. — Você tem certeza disso…?
— …Qualquer coisa prrr você. — O abraço que Missha me deu foi desajeitado, mas caloroso. Foi assim que passamos nosso tempo até a noite, compartilhando nosso calor.
“Então é aí que a cauda dela vai.”
Naquele dia, pude aprender com meus próprios olhos a resposta para uma pergunta que sempre me intrigou. Mas, como diz o ditado, a felicidade é fugaz.
— Bjorrrn.
— Descanse mais um pouco. Não se preocupe com Ainar e Erwen. Tenho certeza de que estão bem…
— Não é isso. Tenho algo a dizer.
— …Hã?
Antes que eu pudesse inclinar minha cabeça em confusão para perguntar o que ela queria dizer, Missha sentou-se na cama e olhou para mim. Quando ela falou novamente, parecia resoluta. — Acho… que é melhorrr continuarmos apenas como companheiros de equipe.
Ela me rejeitou.1
Parecia que ela estava em um sonho.
— Missha Karlstein, eu gosto de você.
No momento em que ouviu essas palavras, seu coração começou a bater como louco e o mundo inteiro parecia mais brilhante. Foi por isso que.
— …Vamos sair.
Missha havia levado Bjorn e praticamente corrido para fora de casa com ele porque estava ansiosa. Sentia que, se tirasse os olhos dele por um momento sequer, acordaria desse sonho.
— Bjorrrn, Bjorrrn, Bjorrrn…!
— Não se preocupe, não vou a lugar nenhum.
Foi assim que passaram aquelas horas de sonho. Os dois trocaram calor corporal e, nos momentos entre, conversaram. Falaram sobre tudo, desde o momento em que se conheceram até agora, expondo seus pensamentos e sentimentos. Foi um tempo para compartilhar um com o outro.
“Será que eu adormeci um pouco?”
Um sonho era um sonho porque você tinha que acordar um dia. Missha abriu os olhos lentamente. Ela podia ver um céu escuro pela janela e o homem que tanto desejava dormindo ao seu lado. A felicidade profunda que sentiu ao vê-lo foi curta. O mundo foi tingido com a cor da realidade e ela voltou à sobriedade.
“Como eu pensei, o Bjorn…”
Ele era um espírito maligno. Incapaz de dizer isso nem mesmo em sua própria mente, Missha deixou a frase inacabada porque doía pensar nisso.
— Ugh…
Ela sentiu um nó na garganta. Tinha suas dúvidas, mas hoje teve certeza sobre a identidade dele. Isso porque, após ouvir sobre os deveres da tribo bárbara de Kharon, ela fez algumas perguntas a Ainar. Somente bárbaros poderiam dar à luz a bárbaros. Isso era algo que ela sabia desde o início.
— Ter um relacionamento? Haha, não é óbvio? Claro que podemos. Pelo que sei, há vários bárbaros que têm!
Os bárbaros ainda eram pessoas, afinal. Quanto mais tempo viviam na cidade e quanto mais tempo se aventuravam com pessoas de fora da terra sagrada, mais seus valores gradualmente começavam a mudar.
— Segundo o chefe, qualquer guerreiro está destinado a mudar após viver na cidade por alguns anos, mesmo que só um pouco. Acho que ele chamou isso de ‘urbanização’.
Porque eram gentis, suas personalidades se harmonizavam bem com os outros. O afeto acumulado de passar muito tempo juntos. Definitivamente, havia bárbaros na cidade que se sentiam atraídos romanticamente por pessoas, independentemente de sua raça, mas todos tinham algo em comum.
— Mas ouvi dizer que é difícil encontrar alguém, porque a maioria não entende nosso dever.
Mesmo esses bárbaros inevitavelmente queriam ter filhos. Ainar explicou que o dever era uma parte intrínseca de sua raça, impressa em suas almas. E assim, Missha tentou ser compreensiva. Esse foi o motivo pelo qual ela subiu ao quarto sem dizer nada, mesmo tendo esperado a noite toda, sem conseguir dormir devido à dor no coração.
— Missha, nada aconteceu na noite passada na terra sagrada, e eu não quero que você interprete isso mal.
No entanto, ela foi informada para não interpretar mal a situação.
— Porque não te considero mais apenas uma companheira de equipe.
Ela até ouviu algo assim de Bjorn. Na hora, estava tão perdida em sua felicidade que nem conseguiu pensar nisso, mas quando acordou novamente, tudo estava cheio de contradições. Claro, ela acreditou nele quando disse que nada aconteceu na terra sagrada.
“Mas se isso é verdade, por que Kharon mentiu?”
Por que Bjorn disse a Kharon que iria cumprir seus deveres? Pensando agora, a resposta era óbvia.
“Porque ele tinha que fazer isso.”
Os únicos bárbaros que ainda não haviam cumprido seus deveres eram aqueles no início de suas carreiras, que ainda não se estabeleceram. Era estranho para um guerreiro que até tinha o apelido de Gigante evitar seus deveres, e foi por isso que Bjorn usou Kharon. As palavras de Kharon ontem foram prova disso.
— Bjorn está cumprindo seus deveres com as guerreiras da tribo, então nem pense em interferir!
Sem nem precisar ser coagido, Kharon deu a ela toda a história. Se Bjorn realmente quisesse manter isso em segredo, não havia como Kharon ter feito isso, ele teria feito Kharon jurar segredo. Considerando quão meticuloso ele sempre foi, isso só poderia ser interpretado como intencional. Bjorn queria que Kharon espalhasse rumores na comunidade bárbara de que Bjorn Yandel estava cumprindo seus deveres.
“Ainda assim, a razão pela qual ele teve que se dar ao trabalho de mudar sua aparência…”
Missha abaixou a cabeça.
“Porque… ele gosta de mim…”
Bjorn queria ser visto como um bárbaro que cumpria seus deveres para seus compatriotas, mas para que essa mesma informação não chegasse aos ouvidos dela. Se ela não tivesse passado por aquele pub por intuição naquela noite, ela também pensaria que Bjorn tinha apenas saído para beber a noite toda. Qualquer pessoa que perguntasse diria o mesmo.
“E agora eu…”
Agora, de frente com a verdade, suas mãos e pés tremiam. Bjorn Yandel era um espírito maligno, mas isso não afetava seus sentimentos por ele nem um pouco. Isso era natural. A pessoa por quem ela se apaixonou não era Bjorn Yandel, mas o homem que a salvou e esteve ao seu lado em muitas aventuras.
“Então… o que eu faço agora?”
O fato de que ele era um espírito maligno não era importante. Mesmo que todos apontassem e dissessem que era errado, ela só precisava fazer o que queria, assim como ele a ensinou. Mas mesmo assim, ainda havia problemas logísticos que permaneciam.
“Se fizermos isso, ele será pego algum dia…”
O amor dificultava tomar decisões lógicas. Missha sabia disso melhor do que ninguém. E, na verdade, Bjorn tomou a decisão errada. Em vez de fingir cumprir seus deveres, realmente cumpri-los seria muito mais vantajoso para esconder sua identidade. E havia apenas uma razão pela qual ele não fez isso.
“Sim, por minha causa…”
Então Missha tomou uma decisão. Se esse relacionamento continuasse, Bjorn um dia cometeria um erro maior.
“Vou assumir isso sozinha…”
Essa era a melhor ação a ser tomada. Embora até mesmo imaginar isso fizesse seu coração doer, ela era excelente em suportar dificuldades assim. Antes de conhecer o homem que conhecia como Bjorn Yandel, ela viveu toda sua vida dessa maneira.
— Bjorrrn. — Ela chamou o nome de seu amante adormecido para acordá-lo.
— Descanse mais um pouco. Não se preocupe com Ainar e Erwen. Tenho certeza de que estão bem…
— Não é isso. Tenho algo a dizer. — Ela forçou um sorriso, mesmo que doesse, e falou, mesmo que o único caminho à frente fosse de dor. — Acho… que é melhorrr continuarmos apenas como companheiros de equipe.
Certamente, por esse homem, ela poderia fazer isso.
— V-Você vem um pouco mais tarde. E-E-Eu vou inventar uma desculpa para os outros… Okay?
Antes que eu pudesse entender o que diabos estava acontecendo aqui, antes que eu pudesse obter um resumo completo da situação, Missha saiu.
Eu congelei no lugar, imóvel como uma pedra: Modo Estátua Bárbara.
— Fui rejeitado…?
Minha cabeça parecia entorpecida. O que eu fiz de errado? Cometi algum erro hoje? Pensei por um tempo, mas as únicas coisas que vinham à mente eram cenários hipotéticos de pior caso. Sim, qual era a utilidade de me agitar? Se eu tinha uma pergunta, eu só precisava perguntar. E se eu fiz algo errado, eu só precisava consertar.
— Nyah, você está aqui? Venha comer. — Quando finalmente cheguei em casa, Missha me cumprimentou como se nada tivesse acontecido. Erwen e Ainar, por sua vez, pensaram que eu só havia chegado agora.
— Bem vindo, Senhor?
— Bjorn, fora a noite toda e só voltando agora? Leve-me com você na próxima vez que for beber!
Por enquanto, todos nos reunimos e comemos. Eu queria perguntar a Missha o que ela quis dizer mais cedo, mas não podia perguntar ali.
— E-Então, estou cansada e vou d-descansarrr agora! — Assim que a refeição acabou, Missha fugiu para seu quarto.
— Erwen, Missha está agindo estranho hoje, não está? Ela também está andando de maneira estranha.
— Hm, eu também não sei por que ela está agindo assim. Algo não parece certo, porém…
Enquanto as duas questionavam o comportamento de Missha, eu disse que ela provavelmente estava doente e rapidamente a segui para cima para ‘ver como ela estava’.
— B-Bjorrrn…?!
Finalmente, estávamos sozinhos novamente. Perguntei a ela se eu havia feito algo errado e por que ela queria continuar como companheiros de equipe, e sua resposta foi a mesma de antes.
— V-Vamos apenas fingir que nada aconteceu hoje. Acho que isso seria o melhor. — Foi uma recusa teimosa em oferecer uma explicação adequada. Determinando que agora não era o momento certo, decidi recuar e esperar o momento certo para perguntar novamente. Mas…
— Ah, desculpe! Eu tenho um lugar para irrr agora!
— Ainarrr! Lavanderia! Vamos estender a roupa!
— …Estou cansada hoje.
Depois disso, Missha continuou a evitar situações em que nós dois poderíamos acabar sozinhos como uma praga, e se eu de alguma forma conseguisse encurralá-la e pressioná-la por uma resposta, ela sempre dava a mesma resposta. Depois de alguns dias, também desisti.
— …Entendo. Então vamos apenas fingir que aquele dia não aconteceu.
Nem eu podia continuar sendo tão persistente quando a outra parte estava agindo assim. Isso só seria coerção. E, para ser honesto, recuar era um mecanismo de defesa subconsciente.
“Uau, quero fumar.”
Eu nem me lembrava da última vez que me senti tão abatido. Mesmo quando pisei naquelas armadilhas de goblins e tive que rastejar pela Caverna de Cristal, ou quando aqueles pilares de fogo explodiram na praça, não foi tão ruim assim.
“Sim, apenas foque no que você precisa fazer.”
Eu não podia continuar tão distraído para sempre, então apaguei o incidente com a Missha da minha mente o máximo possível e me concentrei no meu trabalho. Felizmente, havia outras coisas para ocupar meu tempo.
— Senhor, você ouviu os rumores?
— Que o mundo exterior está bem?
— Sim. É tudo o que as pessoas falam hoje em dia.
As informações sobre o mundo além das muralhas do castelo que foram reveladas pela primeira vez na comunidade começaram a se espalhar por toda a cidade. Bem, ainda estava sendo tratada como um boato por enquanto, mas com o passar do tempo, cresceria cada vez mais.
“Eu me pergunto como o palácio vai reagir.”
Contrariamente às minhas expectativas, o palácio ainda não respondeu. Eu tinha que manter um olho mais atento na situação, enquanto ainda fazia meu próprio trabalho, é claro.
— Enfim, você sabe sobre hoje, certo?
— Encontro na sede do Distrito Sete às 15:00h hoje, certo?
— Sim.
Assim que terminei o almoço, fui para a Guilda dos Aventureiros cedo e preparei a papelada com antecedência. Esses eram os vários documentos necessários para criar um clã. Isso porque Raven e o Sr. Urso, que disseram que queriam pensar mais sobre isso, finalmente decidiram se juntar ao meu clã.
— Raven?
Enquanto eu preenchia a papelada, Raven apareceu antes do horário designado. — Isso é uma questão importante. Eu não queria deixar tudo para você. — Ela tentou fazer parecer que não confiava em mim, mas, na verdade, o que ela realmente queria dizer era que veio cedo para me ajudar. — Até onde você chegou? Deixe-me ver.
Raven pegou alguns dos papéis e rabiscou neles com a caneta, rapidamente anotando os itens essenciais. Ela era três vezes mais rápida do que eu e também cometia menos erros.
— Essas regras estão muito ambíguas. Essas coisas têm que ser claras. O mesmo vale para as condições de saída do clã. Você pode fazer exceções, mas tem que declarar claramente para quem fará essas exceções.
— E-Entendi…
— Mostre-me a papelada que você já fez. Tenho a sensação de que vou ter que corrigir tudo, de qualquer maneira.
— Aqui.
De qualquer forma, com a ajuda de Raven, estávamos quase terminando a papelada quando nossos outros companheiros de equipe chegaram.
— Esta é a primeira vez que formo um clã sozinho, então tudo isso parece novo. Você fez tudo isso, Raven?
— Sim. Todos vocês só precisam assinar aqui. Mas se quiserem ler os documentos antes disso, fiquem à vontade.
— Haha, está tudo bem. Tenho certeza de que você fez um bom trabalho preenchendo tudo.
Começando com o Sr. Urso, os membros restantes do nosso grupo assinaram o papel e, uma vez que o submetemos, nossa aplicação para a criação de um clã estava completa. Provavelmente seria oficialmente registrado na guilda até amanhã.
“Então isso resolve esse problema…”
A estrutura de um clã iria além de nos unir como um grupo, nos levaria a novos patamares.
— Todos liberaram suas agendas?
Com esse espírito, deixamos a guilda e fomos para uma taverna. Ainda éramos apenas seis, mas este foi nosso primeiro encontro como um clã, em vez de uma equipe. Pedindo alguns pratos e bebidas, tiramos um tempo para compartilhar nossos planos para o futuro. Hmm, provavelmente seria mais preciso chamar isso de ‘anunciar’ em vez de ‘compartilhar’.
— Nós vamos entrar no labirinto desta vez.
Agora que oficialmente criamos um clã, era hora de avançarmos novamente.
- SMCarvalho: 😿[↩]
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