Capítulo 273: Defesa (3/4)

『 Tradutor: MrRody 』 『 Revisor: SMCarvalho 』

Hans Aulock a partir de agora seria conhecido doravante como Hans J.

— H-Hans…?!

— O nome dele é Hans…?

No momento em que ele revelou seu nome, Raven e Ainar estremeceram e se viraram para nos encarar. Ambas sabiam o que o nome Hans significava para mim.

— …Há algum problema? — Hans J parecia assustado com a atenção repentina. Apertei minha coxa com força.

“Agora não. Seja paciente.”

Francamente, eu queria esmagar a cabeça dele agora mesmo e transformá-lo em um cadáver sem nome. O desejo dominava minha mente.

Grrp!

Mas eu ainda não tinha evidências de que ele era o traidor. Tudo o que eu tinha era uma suspeita. Mesmo que eu explicasse a sinistridade do nome Hans, Patzran e Ersina não seriam capazes de aceitar minha lógica. Pelo menos por enquanto, eles ainda o consideravam um companheiro de equipe.

— Não, nenhum problema.

E assim, eu ainda não podia fazer nenhum movimento. Mesmo que ele fosse o traidor, se ele tivesse um cérebro, apenas tentaria ficar quieto até poder voltar para a cidade. Determinei que a observação era minha prioridade máxima.

— Hã? Não parecia…

— Eu disse que não há problema.

— Hmm, se você diz… — Hans J tocou o queixo, parecendo inquieto. Eu realmente me sentia um pouco mal, pois parecia que estávamos intimidando-o. — Então, você vai deixar minha mão no vácuo?

Ainda assim, um aperto de mão cruzava a linha.

— Oh, Patzran! Já terminou de falar? — Tirei os olhos de Hans J e mudei de assunto. Parecia que aqueles dois haviam terminado de conversar na hora certa.

— Mais ou menos. Parece que Drous realmente era daquele lugar… Sempre achei que havia algo estranho nele.

— Entendo.

— Então, o que vai fazer com aquele homem?

— Vou levá-lo por enquanto.

— Certo.

Surpreendentemente, Patzran não teve objeções à presença de Nebarce, embora quase tenha morrido por causa dele. Ele não estava argumentando porque pensava que ele era meu saque?

— De qualquer forma, podemos todos nos reunir? — Assim que a reunião acabou, Raven chamou todos. Então, ela começou a organizar a situação comigo. — A passagem marítima está bloqueada pelas ondas, então é impossível escapar da ilha. Não é de se admirar que monstros continuem aparecendo.

— Falando em monstros, eles parecem estar ficando mais fortes. Não faz muito tempo, uma Rainha das Sereias apareceu.

— Sim. Não sei o que aconteceu nesta ilha hoje, mas parece que estamos envolvidos em algo incomum. A propósito, Sr. Patzran, você sabe alguma coisa sobre este fenômeno? — Raven perguntou.

Patzran fez uma pausa por um breve momento antes de responder. — Já que parece que você já tem uma teoria, serei honesto com você. Esta foi a razão pela qual visitamos esta ilha. — Aparentemente, ele havia ouvido algumas coisas de seu líder, Drous, mesmo que os outros não tivessem. — Eu não sei todos os detalhes… Mas ouvi que só temos que aguentar até o sol nascer em dois dias.

— Felizmente, isso significa que não vai durar para sempre. — Com isso, Raven nos apresentou duas opções. — Nossa primeira opção é encontrar um bom lugar defensável e aguentar por dois dias.

— E a segunda?

— Vagarmos pela ilha e procurarmos nossos companheiros. Nossa equipe não encontrou a Srta. Karlstein, e a equipe do Sr. Patzran ainda não encontrou sua arqueira. Se ambas estiverem sozinhas agora, ficará cada vez mais perigoso para elas com o passar do tempo.

Acabei rindo das palavras da Raven. Por que ela se deu ao trabalho de dizer que tínhamos duas opções?

— Então, o que faremos?

— Claro que devemos procurar nossos companheiros — respondi sem hesitar, e Patzran não foi diferente.

— Se eu escapei com segurança, tenho certeza de que Heina também escapou. Temos que resgatá-la.

Iríamos revistar a ilha e procurar nossos companheiros primeiro. Mas bem quando nosso curso futuro de ação estava praticamente decidido, Hans J revirou os olhos e se juntou à conversa. — Voto! Por que não decidimos com um voto?

Inacreditável.

“Mesmo que seu nome seja Hans, você realmente vai dizer algo assim em um clima como este?”

Ele pigarreou. — Ahem, bem, é possível que haja pessoas que não queiram fazer isso, mas não conseguem falar.

— Se você diz. Vamos votar. Levante a mão se acha que devemos encontrar nossos companheiros.

A votação prosseguiu sem hesitação, e quando todos levantaram as mãos, Hans J também levantou a dele relutantemente.

— Está decidido.

A democracia bárbara era invencível.

Tuff, tuff.

Caminhei em um ritmo ligeiramente mais rápido para abrir o caminho. Atrás de mim seguiam oito indivíduos, todos os meus companheiros de clã, exceto Missha, e Patzran, Ersina e Hans J, com quem fizemos uma aliança temporária. Havia até o prisioneiro estratégico Nebarce Greenhop.

“Pelo menos, são oito pessoas por enquanto.”

Assumindo que Missha e a arqueira da equipe de Patzran se juntassem a nós, poderia ser possível que conseguíssemos superar este nível de alguma forma. A presença de uma sacerdotisa era enorme. Se ela não estivesse aqui, realmente teria sido impossível.

— Srta. Karlstein! Se você puder me ouvir, por favor, responda! Srta. Karlstein!

— Heina!

Depois de deixarmos a costa, nos concentramos em encontrar nossos companheiros, que deviam estar em algum lugar na ilha. Não era uma tarefa fácil. A ilha em si não era tão grande, mas devido às dezenas de monstros aparecendo onde quer que fôssemos, não podíamos nos mover mais rápido.

Crunch, chomp! Kaboom!

Atualmente, estávamos praticamente lutando sem sair do lugar.

Essa foi uma mudança que ocorreu há trinta minutos. Os níveis dos monstros que surgiam aumentaram drasticamente, a ponto de ser difícil para um grupo de oito derrotá-los de maneira eficiente.

Nosso humor também estava mais sombrio do que antes. Ninguém queria dizer isso em voz alta, mas o motivo da tristeza era óbvio.

— Com tantos monstros…

Não havia como nossas companheiras perdidas estarem bem. Mesmo que Missha e a arqueira tivessem tido a sorte de se encontrar, as duas sozinhas não seriam capazes de resistir a essa onda de monstros. Mas, e daí?

— Behelahhh!

Sem me importar com as terríveis condições, abri o caminho com mais vigor. Mesmo que eu tivesse que balançar minha maça várias vezes apenas para dar alguns passos à frente, isso não era motivo para parar de me mover. No momento, não sabíamos nada com certeza.

Chomp, chomp, chomp!

Continuei avançando.

Pop!

O sangue jorrou. Ouvi a respiração pesada dos meus companheiros exaustos.

Swip! Shing.

Havia o som nojento de pele e intestinos de monstros sendo perfurados. Sob o barulho, ouvi um murmúrio.

— …Não é hora de pararmos agora? — Era a voz de Hans J. — Por que ninguém está dizendo isso? Porque não querem ser os vilões? Mas t-todos já sabem!

Meus pés pararam sozinhos. Monstros estavam cuspindo saliva e avançando contra mim mesmo neste momento, mas eu me virei e fui em direção ao homem. — Sabemos o quê? Fale direito. Antes que eu o entenda mal.

— Pense logicamente! Não vê que já é tarde demais?

“Sim, então você quer bancar o mago sábio, hein? Tudo bem, então. Eu queria quebrar seu pescoço no momento em que te vi, de qualquer maneira. Já que você decidiu falar besteira na frente de um bárbaro, isso deve ser justificativa suficiente.”

Cough!

Agarrei-o pelo pescoço.

— S-Sr. Yandel! — Raven gritou, alarmada com minhas ações.

Patzran deixou o monstro que estava lutando na linha de frente e correu em minha direção. — O que você pensa que está fazendo?! — Como eu estava agredindo seu companheiro de equipe, Patzran não me chamou mais pelo meu título.

— Dê mais um passo e eu o mato. — Diante da cena, Ainar também entrou em modo de batalha e bloqueou o caminho de Patzran. Erwen fez o mesmo.

Swip.

Ela não disse nada e continuou disparando flechas nos monstros. Mas em algum momento, Erwen se posicionou atrás da sacerdotisa, sinalizando que a mataria se uma briga começasse.

Raven entrou em pânico. — T-Todos, parem! — ela gritou.

— Yandel, volte à realidade. — Sr. Urikfried afastou os monstros com sua grande besta e me parou. Tudo isso aconteceu nos três segundos depois que agarrei o mago pelo pescoço.

“Maldição.”

O que eu estava fazendo? Eu não estava agindo como eu mesmo.

Ploft.

Relaxei o aperto no pescoço de Hans J e o soltei no chão. A linha de frente já havia falhado graças a mim, e os monstros começaram a se aglomerar em nossa direção.

— Desculpe. Eu me exaltei.

— …Vamos falar sobre isso depois.

Quando voltei para a linha de frente, Patzran não disse mais nada para mim, lidando silenciosamente com os monstros ao meu lado.

— Ufa…

Assim, retornamos do limiar de uma guerra civil, mas não se podia dizer que as coisas eram as mesmas de antes. Embora ainda lutássemos juntos, todos estavam cautelosos uns com os outros. Graças a isso, nossa velocidade diminuiu ainda mais. Bem, pelo menos a armadilha de Hans permaneceu fechada.

“Missha…”

Ainda assim, isso era uma má notícia para mim, já que eu tinha que encontrar a Missha o mais rápido possível.

“Maldição.”

— S-Senhor! É um corpo!

Enquanto procurávamos a ilha na velocidade de um caracol, encontramos o cadáver de uma pessoa que estávamos procurando.

No momento em que fiquei cara a cara com o cadáver, meu coração parou. Senti-me fraco e minha mente ficou vazia. Mas logo, aquele vazio se transformou em alívio, porque não era Missha.

— Heina…! — Era a arqueira da equipe de Patzran. Patzran, que estava abrindo caminho ao meu lado, correu em direção a ela, devastado. — Droga! — Depois de verificar se ela estava respirando, ele socou o chão. Nesse momento, ondas brancas de energia ondularam do centro da nossa formação.

Destruição do Mal era uma das habilidades principais da classe de sacerdote. Você poderia pensar nisso como um tipo de barreira. Não podia parar pessoas, mas enquanto estivesse ativa, monstros não podiam passar.

— Keeeeeek!

Simplificando, estávamos seguros por enquanto. Baixei meu escudo e me aproximei do corpo, mas não do corpo da mulher arqueira. Havia mais um corpo ali.

— Quem é essa pessoa? — Quando arrastei um Nebarce assustado e perguntei a ele, ele respondeu que era seu camarada. Graças a isso, minha mente ficou vazia novamente.

“Mas… o que diabos aconteceu?”

Eu podia aceitar que a arqueira estava morta, mas não fazia sentido que o corpo desse cara estivesse bem ao lado dela.

— Raven, causa da morte?

— Há muitas marcas de mordidas para ter certeza. Mas… Tem que ser a ferida fatal de esfaqueamento no abdômen dele.

“Então foi isso que o matou.”

— Aparentemente foi esfaqueado por uma espada, hein? — Heina era uma arqueira, mas o homem foi esfaqueado até a morte? Isso realmente não faz sentido. — E a mulher? Você pode dizer exatamente o que a matou?

— Eu não sei. O lado dela está ainda pior…

— Se tivesse que adivinhar.

— …Primeiro, há uma ferida que parece que ela foi cortada por uma grande garra. Mas isso também é um pouco estranho. Não vi nenhum monstro aqui que pudesse deixar uma marca assim. É como se ela tivesse sido despedaçada por uma grande criatura…

— Algum monstro vem à mente?

— Há três marcas de garras e há uma depressão profunda perto do final. Esse padrão de ferida geralmente aparece quando alguém é atacado por um monstro voador como um Wyvern.

— Entendo. Essa situação está ficando mais complicada. — Isso significa que não poderia ter sido um monstro.

— Sim… parece que sim. — Raven acenou com a cabeça em concordância, o que era lógico, considerando que os corpos também haviam sido despojados de todos os equipamentos.

— Patzran, a mulher ainda tem os equipamentos que estavam no sub-espaço dela?

— Não, ela não tem. Alguém o levou.

Agora havia duas possibilidades.

“Ou há outro aventureiro nesta ilha que não conhecemos… ou o lado de Noark também está enfrentando algum conflito interno.”

Tap!

Nebarce parecia estar perdendo a cabeça, então dei um tapa na cara dele. — Volte à realidade. Tenho algo para te perguntar. Você pode adivinhar quem fez isso?

— Carmilla e Belverson. Isso tem que ser obra desses desgraçados.

— Explique.

Nebarce me disse que o homem chamado Belverson usava uma espada, e a mulher chamada Carmilla tinha um Drake como besta invocada.

— Mas por que eles também machucaram seu camarada?

— E-Eu não sei. Talvez cobiçassem o tesouro. Talvez até tenham chegado a Lady Rainwales…

“Não tenho tempo para cuidar da sua saúde mental.”

Puxei a cabeça de Nebarce pelo cabelo para mantê-la erguida e fiz uma pergunta que havia passado por alto antes. — Conte-me sobre o tesouro.

A explicação dele não foi particularmente informativa. — Eu não sei nada além do fato de que é um item que foi passado pela família do senhor do castelo por muitas gerações. Ah, e as lendas dizem que ele pode mudar a história do usuário!

Mudar a história? Era realmente um item com tanto poder? Como ele disse que essa parte era uma lenda, eu teria que aceitar com um pé atrás

“De qualquer forma, é claramente um objeto importante o suficiente para que eles enviassem uma mulher como Amelia para encontrá-lo.”

Como tal, esses dois tinham mais do que motivo o suficiente. Afinal, Noark também havia partido para o mundo exterior. Conseguir um grande saque, criar novas identidades e viver na cidade não parecia um plano ruim.

— Sr. Aulock, por favor, cuide da Srta. Heina.

— Ah, deixe comigo… — Hans J lançou um feitiço de preservação no corpo da arqueira. Então ele colocou o corpo no sub-espaço, encerrando o processo de embalsamamento.

— …Yandel, então o que você vai fazer agora? — Como o aventureiro que era, Patzran rapidamente sacudiu sua tristeza e perguntou quais eram meus planos, mas eu não conseguia me obrigar a responder. — Você vai continuar procurando por sua companheira?

Eu sabia que não deveria, mas simplesmente não conseguia dizer.

— Ainda temos um pouco de energia, mas a situação só vai piorar a partir daqui.

Eu sabia disso logicamente. Nossa marcha forçada estava consumindo nossa resistência, e agora tínhamos que ficar de olho em Carmilla e Belverson. Neste ponto, a coisa certa a fazer seria encontrar um local defensável na ilha e preservar nossa energia.

“Então, o que Missha deveria fazer…?”

Continuava difícil para mim tomar decisões racionais.

“Talvez seja por isso…”

De repente, tive um pensamento. Era possível que Missha soubesse que isso aconteceria, e foi por isso que ela me afastou naquele dia. Se nosso relacionamento tivesse tido a chance de se desenvolver em algo mais profundo naquela época, eu nem conseguiria pensar assim agora. Eu teria entrado em frenesi, levado pelas minhas emoções, assim como com Hans J mais cedo.

— Sr. Yandel…

Respirei fundo, exalei e olhei ao redor lentamente. Raven, Erwen, Ainar, Sr. Urikfried… meus preciosos companheiros estavam me olhando com preocupação nos olhos. Era hora de eu tomar uma decisão como líder deles.

— Todos, abaixem suas armas. Vamos descansar enquanto a barreira estiver ativa.

Mas, mesmo enquanto dizia essas palavras, parecia que minhas entranhas estavam apodrecendo.