Índice de Capítulo


    Tradutor: MrRody Revisor: SMCarvalho 』


    A semana de trabalho nos reparos passou rapidamente. Não houve acontecimentos notáveis. Tudo o que fiz foi me concentrar no trabalho sem me desviar e depois falar sobre como era difícil ser um aventureiro na frente das crianças. Mas até isso foi retirado da agenda a partir do terceiro dia. Agora, mesmo que eu descansasse à sombra, as outras crianças não se aproximavam mais de mim. Então, durante o intervalo, tornou-se rotina sentar quieto na sombra com Dwalkie.

    Ah, claro, também conversávamos de vez em quando. — Como você acabou aqui?

    — …O diretor disse que meus pais não podiam me criar.

    — Entendi.

    — A-Ainda assim, estou melhor do que as outras crianças. Meus pais voltarão para me buscar em breve, então…

    — …Você disse isso na frente das outras crianças?

    — S-Sim, por quê?

    “Acho que sei por que ele não tem amigos aqui.”

    Quando suspirei, Dwalkie deu algumas desculpas. — E-Eu estou bem. Não vou ficar aqui por muito tempo, de qualquer maneira… M-Meus pais são ambos comerciantes. Então as coisas estão um pouco difíceis para eles agora…

    “Difíceis, uma ova.”

    Assim que ouvi isso, fui tomado por amargura porque eu sabia da situação dele. O barão atual deixou o Dwalkie com alguns parentes de linhagem inferior assim que ele nasceu, e eles o abandonaram aqui sem se importar.

    “Só depois que sua mãe biológica descobriu e contou ao barão que Dwalkie foi morar com ela no anexo…”

    Para referência, ele disse que mal viu seus pais adotivos nos dez anos que passaram juntos. No entanto, o apoio financeiro que eles forneciam não era ruim, então ele também conseguiu levar uma vida normal e aprender magia.

    — Parece que você teve um tempo difícil. Tome um pouco de carne seca. Você precisa comer bem quando é jovem se quiser crescer.

    — Ah, certo… obrigado. — Sentamos juntos e mastigamos a carne seca. Meu intervalo terminou logo depois. — Hum… hoje é seu último dia?

    — Sim, o trabalho de reparo está concluído agora. O teto não vai vazar mesmo se chover.

    — …Obrigado.

    “Pelo menos você tem boas maneiras. As outras crianças parecem achar que é natural que os voluntários venham e consertem a casa.”

    — Se você realmente está agradecido, nunca se torne um aventureiro.

    — Desculpe? O que você…

    — Apenas prometa.

    — Aventureiro? E-Eu nunca poderia fazer isso… E eu também, nem quero. — O rosto do pequeno Dwalkie ao dizer isso era sincero. Bem, eu tinha certeza de que isso era normal depois de ouvir todas as coisas que eu vinha dizendo nos últimos dias. As outras crianças estavam cansadas de qualquer coisa relacionada a aventureiros agora, então ninguém alimentaria essa ideia, pelo menos.

    “…Para ser honesto, ainda não estou totalmente convencido. Mas não posso ficar aqui para sempre, então só posso deixar o resto ao destino.”

    — Ei, Enze! Se você terminou de descansar, venha me ajudar com isso!

    — Então, vou indo, Riol.

    — …Certo. Adeus.

    Depois disso, dei toda a carne seca e lanches na minha bolsa para o Dwalkie e voltei ao local de trabalho. O garoto tentou recusar por um tempo, mas o que ele poderia fazer contra um bárbaro insistente?

    — Graças a você, também conseguimos encerrar a agenda de hoje rapidamente. Certo, bom trabalho pessoal!

    De qualquer forma, depois de mais algumas horas de trabalho de reparo, o chefe anunciou que o trabalho de uma semana estava finalmente concluído.

    — Vamos beber mais tarde hoje, você vem?

    — Mas eu sou um aventureiro.

    — Haha, sabemos que você não é arrogante como os outros aventureiros, então está tudo bem.

    O chefe perguntou se eu compareceria ao jantar e respondi que sim, depois de pensar um momento. Eu não tinha mais nada para fazer depois, de qualquer forma. Raven não estaria na biblioteca nessa hora.

    — A igreja pagou generosamente pelo seu trabalho árduo, então relaxe e beba hoje à noite!

    E assim, fomos para um pub próximo e tomamos uma bebida. Mas será que foi porque esta era minha primeira vez participando de algo assim com não-aventureiros?

    “É meio estranho.”

    Eu não conseguia acompanhar os tópicos de conversa. Tudo de que falávamos era sobre qual forja tinha equipamentos de boa qualidade, quem em qual clã estava saindo com quem, e assim por diante.

    — Hum… — Enquanto eu estava sentado sozinho, ouvi uma voz ao meu lado. — Meu nome é Warb Emirn.

    Ah, certo, eu a conhecia. Mesmo com sua pequena estatura, ela carregava cargas pesadas sem pegar atalhos e era uma trabalhadora diligente. — Você tem algo a me dizer?

    — Bem… ouvi o que você estava dizendo às crianças.

    Ah, não é à toa que ela me olhava de forma estranha sempre que eu falava com elas. — Você quer dizer sobre o labirinto?

    Emirn assentiu, parecendo um pouco envergonhada. — Sim. — Então, depois de um momento, ela perguntou cautelosamente: — Aquele lugar é realmente tão terrível assim?

    — Nem sempre.

    — Desculpe? Mas…

    — A razão pela qual eu disse aquilo na frente das crianças é porque eu não quero que elas tenham ideias erradas. É um lugar difícil de lidar se você entrar despreparado, isso com certeza.

    — Ah…

    Aproveitando a oportunidade, contei a ela sobre outras partes do labirinto, desde a vista no terceiro andar que Dwalkie especialmente gostava, até a vasta floresta, até o campo nevado e vários mistérios da Caverna de Gelo. Quanto mais a conversa avançava, mais percebia que as pessoas ao meu redor ficavam em silêncio. Bem, essas eram histórias que crianças e adultos podiam apreciar.

    — Neve, hã? Nunca vi antes, então não consigo nem imaginar.

    — Seria como açúcar frio?

    Para pessoas que passaram a vida confinadas dentro das muralhas do castelo, o funcionamento interno do labirinto deve ter soado como contos de fadas. Assim como suas anedotas me pareciam estranhas, também seria raro para eles passarem tempo com aventureiros.

    — Faz tempo que não ouço uma história tão fantástica.

    — Vou ter que contar isso ao meu filho quando voltar.

    Claro, não passei muito tempo divagando sozinho. Quando terminei minha história, o tópico mudou naturalmente para as histórias de suas próprias vidas, e eu apenas participei dos tópicos que podia.

    “Isso não é tão ruim…”

    Conforme o tempo passava e o sol começava a se pôr, o jantar chegou ao fim e as pessoas voltaram para suas casas uma por uma. Assim que eu estava prestes a voltar para a pousada, a mulher de antes me seguiu e me parou. — Com licença…!

    — Ah, Emirn. O que foi?

    — Eu só queria te perguntar uma coisa. Tudo bem?

    — Claro.

    Emirn hesitou por um momento, e quando falou, parecia um pouco aflita. — Você disse que às vezes também sentia medo, certo?

    — Sim.

    — E-Eu também. Há momentos em que tudo parece impossível e só de pensar nisso me dá medo ao ponto de meu coração quase sair pela boca. Como você lida com situações assim?

    Essa era uma pergunta difícil de responder, especialmente quando a pessoa que perguntava era alguém que até alguns dias atrás era uma completa estranha para mim. Mas decidi não pensar muito sobre isso. Alguém estava na minha frente pedindo coragem.

    — Como eu disse antes, os bárbaros também sentem medo. — Eu conhecia ainda mais intimamente como um trabalhador de escritório comum, mas… — Sabemos que, se não fizermos o que deve ser feito por causa do medo, isso só levará à ruína.

    — Ruína… Sim, tenho certeza que sim…

    Depois, um silêncio constrangedor se seguiu. Dando-lhe um momento para pensar, perguntei a ela: — É algo que você tem que fazer?

    — Sim. — Sua voz era fraca, mas não havia hesitação, então só havia uma coisa que eu poderia dizer a ela.

    — Então faça. — Foi uma motivação que só um bárbaro poderia dar.

    Demorou um pouco para ela responder. — …Obrigada por me dar coragem. Vou fazer o meu melhor.

    — Sim? Seja o que for, espero que dê certo.

    — Sim. As histórias que você contou antes também foram muito interessantes.

    — Então estou grato.

    — Especialmente a sobre o lugar chamado mar. Só ouvi falar dele, mas acho que deve ser um lugar muito legal. Embora… alguém como eu nunca possa ir lá na minha vida.

    Eu não disse nada sobre seus comentários autodepreciativos. O que eu poderia dizer? Que ela poderia ir se realmente quisesse? Eu sabia muito bem que isso seria uma mentira.

    — …Então, vou indo.

    — Ah, certo. Vá em frente.

    Depois de trocar uma última despedida, me separei de Emirn.

    “Warb Emirn…”

    Não sei por quê, mas esse nome continuava aparecendo na minha cabeça durante todo o caminho de volta para casa.

    Quando voltei do jantar, cheirando a álcool, encontrei Amelia no meu quarto. — Você esteve fora o dia todo. Onde esteve?

    — Ah, fui fazer um trabalho voluntário.

    — Voluntário…?

    “Ah, esse seu olhar de desaprovação. O quê, eu disse algo que não deveria?”

    — As pessoas precisam saber quando é hora de retribuir.

    — …Entendi.

    — De qualquer forma, é bom você estar aqui. Estou sem dinheiro. Empreste-me um pouco enquanto está aqui.

    — Você já gastou todo aquele dinheiro?

    — Ah, depois de comprar equipamentos e fazer outras coisas, não sobrou nada.

    — …Entendi. — Amelia mexeu em algo na cintura e jogou uma bolsa para mim. Era bastante pesada.

    “Não vou precisar me preocupar em pagar por carne por um tempo.”

    — Vou usá-lo bem.

    Depois de expressar minha gratidão, contei a ela sobre alguns dos bons restaurantes que visitei. Julgando pela reação dela, não achei que ela fosse visitá-los, no entanto. Caramba, tive a sensação de que ela ficaria irritada se eu não cortasse o papo furado imediatamente.

    — Ah! Então, como está o trabalho? Você disse que se encontrou com o intermediário ou algo assim da última vez?

    — Ainda estamos estabelecendo contato. Felizmente, tudo está indo conforme o planejado, então, se não houver outros problemas, devemos poder partir na próxima semana. Prepare-se.

    — Vou me preparar.

    Assim que nossa breve discussão terminou, Amelia saiu, dizendo que tinha algo a fazer.

    “Estamos partindo em uma semana, huh?”

    Depois de me lavar um pouco, deitei na cama e mapeei o que precisava fazer durante meus últimos dias aqui. Na verdade, não havia muito a mapear.

    Se estamos partindo na próxima semana, devo encerrar as coisas com a Raven.

    Deveria conseguir pegar o equipamento que encomendei em algum momento da próxima semana, e depois só preciso lidar com a Raven. Amanhã, devo ir direto para a biblioteca.

    “O que importa é o que acontecerá depois que formos para Noark, eu acho.”

    A partir de então, provavelmente terei que viver em alerta máximo. Embora já tenha discutido com a Amelia como devo agir quando chegarmos lá, quando as coisas alguma vez foram conforme o planejado?

    “Cara… Eu só quero voltar logo.”

    Com a cabeça cheia de esperanças e sonhos, o sono lentamente tomou conta de mim.


    O local era uma casa de aluguel de dois andares que Missha e eu havíamos encontrado juntos. Lá, eu estava rindo e conversando com meus companheiros. Não percebi no começo, mas rapidamente notei.

    “Isso é um sonho.”

    O que me convenceu foi o espelho. Olhei de lado enquanto ria para ver que a pessoa no espelho não era Bjorn, mas Hansu Lee, algo que nunca poderia acontecer na vida real. No momento em que percebi isso, o cenário se desfez e o espaço mudou.

    — Bjorrrn, o que você está fazendo? Vamos!

    Agora, eu estava no labirinto. Estava subindo os andares e explorando como de costume. Mas, mais uma vez, eu era Hansu Lee, não Bjorn. O escudo estava pesado, e meu nível de visão havia caído, então fui forçado a olhar para cima. Talvez fosse por isso…

    — Por que você não consegue nem parar isso?!

    Continuei cometendo erros, deixando meus camaradas sofrerem danos. No começo, eram ferimentos, mas acabou levando à morte.

    — Se não fosse por você…

    Era Dwalkie. Só então me lembrei de que isso era um sonho, e o espaço ao meu redor girou novamente. Eu estava mais uma vez em um lugar familiar — um quarto tranquilo que lembrava o escritório de um aristocrata medieval.

    — O que, é a Távola Redonda desta vez? — No começo, apenas ri, prestes a seguir em frente, mas logo notei algo estranho.

    “Está um pouco diferente…”

    A estrutura e a sensação do quarto eram semelhantes, mas a parede que deveria estar cheia de roupas e acessórios estava ausente. Bem, poderia ser que minha imaginação tivesse perdido um detalhe enquanto criava esse sonho.

    — …Mas é realista demais para isso.

    Entorpecido, abri e fechei minha mão repetidamente. Cada vez que apertava o punho, podia sentir claramente meus músculos se movendo. Até mesmo meu pensamento ficava mais natural e coerente.

    Knock, knock.

    O som e a sensação de bater em uma parede — tudo era indistinguível da realidade.

    Swip.

    Chegando a uma conclusão, imediatamente verifiquei o espelho de corpo inteiro ao lado do quarto. Como esperado, lá estava Hansu Lee, não Bjorn. Mas como isso aconteceu? Enquanto assumia que isso não era um sonho, uma hipótese plausível se apresentou a mim quase imediatamente.

    “Ah… hoje é o dia em que a comunidade abre.”

    Fui convocado enquanto dormia. Isso explicaria a situação em que eu estava. A comunidade de vinte anos no futuro tinha computadores e máscaras, mas essa versão deve ter funcionado de forma diferente. Considerando que isso era o início, fazia sentido. Eu poderia até ver o rosto surpreso do GM uma vez que saísse por aquela porta.

    De repente, lembrei de uma conversa que tive com Baekho.

    Já havia espíritos malignos nesta cidade há mais de cem anos. Na Terra, isso foi há mais de vinte anos. Então, quem eram essas pessoas?

    Naquela época, eu disse para ele apenas me dizer a resposta porque eu não sabia.

    A resposta é que eram de outra dimensão!

    Espíritos malignos convocados de outra dimensão, poucos em número em comparação com as pessoas da Terra, mas cada um possuía poderes únicos. Aparentemente, um deles criou este espaço, e o GM que conhecemos no presente apenas o herdou.

    “Poderia ser…?”

    Uma possibilidade muito plausível surgiu na minha mente.

    Knock, knock.

    Alguém bateu na minha porta.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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