A obra atingiu um pequeno ponto de hiato e novos capítulos serão publicados na segunda metade de julho.
Capítulo 291: Peixe Grande (3/4)
『 Tradutor: MrRody Revisor: SMCarvalho 』
Engraçado como todos os relacionamentos humanos funcionam assim. Na maioria das vezes, o lado mais desesperado se torna o lado em maior desvantagem em qualquer interação, assim como agora.
— Mais um copo.
— Ah, aqui está.
— Haaah… — Bebi mais um copo de refrigerante de limão. O velho parecia querer me interromper e terminar a conversa agora, mas sem chance. — Posso ter um pouco de coca também?
— Haha, acho que você realmente sente falta de casa.
— Haaah…! — É isso mesmo. Todo o meu corpo estremeceu com a sensação refrescante do ácido carbônico, uma sensação que eu não experimentava há muito tempo. No entanto, decidi parar minha viagem de poder baseada em bebidas aqui.
“Como ele sabe o que são esses refrigerantes, acho que ele realmente esteve no nosso mundo. Mas então, como ele atravessou? Tenho certeza de que ele não abriu o Portão do Abismo…”
Muitas perguntas passaram pela minha cabeça.
“Se eu descobrir como ele faz isso, posso voltar para casa sem ter que subir os andares?”
Claro, era só um pensamento. Eu não estava tão desesperado para que funcionasse. Para ser honesto, minha maior preocupação atualmente era se eu realmente precisava voltar ou não. Já tinha me adaptado muito bem à vida aqui. Era um mundo desconfortável de algumas maneiras, sem dúvida, mas era um lugar bom o suficiente para viver. Sim, mesmo sem refrigerante.
— Haha, ver você tão feliz também me deixa de bom humor. Que tal, quer outro?
— Não, isso é o suficiente por agora.
— Mesmo? — Auril inclinou a cabeça e então me fez a mesma pergunta de antes.
— Tenho certeza de que era minha vez?
Quando o repreendi, Auril pigarreou. — Ahem, ah, desculpe. Fui precipitado. Como você disse, agora é sua vez. Pergunte-me qualquer coisa.
“Está brincando? Você não respondeu nenhuma das minhas perguntas.”
— As perguntas terminam aqui — disse firmemente.
— Hã?
“O que quer dizer com ‘hã’? Você realmente não tem vergonha.”
— Há alguma razão para continuar? Não posso nem discernir se o que você diz é verdade ou não.
Quando critiquei o quão duvidoso era ele usar um detector de mentiras nos bastidores, o velho protestou como se eu fosse o injusto. — Mas eu não disse nenhuma mentira!
“Sim, claro, porque você não me disse nada importante.”
Na verdade, o fato de ele não ter dito foi o que me deu fé de que ele não tinha mentido para mim.
— É verdade que isso é injusto, no entanto. — Tudo o que esse velho tinha que fazer era mudar de assunto quando queria evitar um tópico, mas eu não podia nem segurar a língua sem revelar algo. — …O que posso fazer?
“Hmm, eu não sei.”
Fingi pensar sobre isso e esperei até o momento exato para abrir a boca. — Que tal eu poder fazer dez perguntas para cada uma das suas?
— O quê? — o velho disse, claramente chocado.
Hmm, isso foi um pouco exagerado? Rapidamente tirei a desculpa que tinha preparado. — Já estou correndo um grande risco ao falar com você.
— Risco?
— Como eu não sei como isso vai mudar o futuro. — Essa linha simultaneamente o lembrou da quantidade de risco que eu estava assumindo agora e de como a informação de vinte anos no futuro era valiosa.
— O quê? Hahaha! — Auril explodiu em risadas como se eu tivesse contado uma piada genuinamente hilária. A risada foi tão alegre que me irritou. Eu não estava tentando ser engraçado.
— Ah, desculpe por rir do nada. — Quando lancei um olhar mortal ao velho risonho, ele tossiu e controlou sua expressão. — É que eu nem tinha pensado nisso. Claro que seria natural para você assumir algo assim… Mas o Fragmento da Pedra dos Registros não pode mudar nada.
Esse foi o motivo pelo qual ele riu da minha afirmação.
Experimentei uma tela azul mental temporária. Mas mesmo depois de reiniciar meu cérebro e tentar processar o que ele acabou de dizer, ainda não conseguia entender. Então perguntei diretamente. — O que quer dizer com não pode mudar nada?
— Oh, essa é a sua pergunta?
Me senti sem palavras e sem fôlego.
Quando eu estava desesperado por mais um gole de sprite, Auril riu divertido e respondeu à minha pergunta. — Haha, isso foi uma piada. Como explicar os conceitos de tempo e causa e efeito para você seria muito complicado, aqui está o que você precisa saber. Não importa se o ovo ou a galinha veio primeiro. O universo só tem uma única história, independentemente.
História do universo ou o que seja… ainda não entendi. Mas, embora eu não tenha entendido a teoria por trás disso, entendi o que ele estava tentando dizer. — O que quer que eu faça aqui, não vai mudar o futuro?
— Isso mesmo. Uma linha do tempo, uma vez observada, não pode ser alterada.
— Mais simples.
— Isso significa que o que quer que você faça, por qualquer motivo, qualquer conversa que tenhamos aqui e agora, já aconteceu no futuro de onde você veio.
Entender e aceitar eram duas coisas diferentes. Entendi a teoria pela qual ele operava, mas… e o Dwalkie? As cartas que deixei na terra sagrada? No final, nada mudaria, não importa o que eu fizesse.
“Nem fodendo!”
Decidi ouvir atentamente o velho, mas não confiar muito nele. Mesmo um velho como ele não podia saber de tudo. Ele nem sabia que eu era a única pessoa a completar o jogo na versão original.
— Parece que você não acredita em mim. Bem, você descobrirá assim que terminar tudo o que tem que fazer aqui e voltar ao seu presente. O que significa responder ao chamado dos tempos. — Então Auril mudou de assunto e voltou ao nosso tópico original de conversa. — Então, em termos de justiça… Dez é absurdo. Que tal três?
Nossa, me pressionando justo quando eu estava sobrecarregado. Deixei de lado toda a questão da “história do universo” por agora e me concentrei na negociação. — Três é muito pouco. Talvez cinco.
— …Você não tem consciência? Embora a informação de vinte anos a partir de agora seja valiosa, as coisas que eu sei também não são inferiores. — Auril franziu a testa como se eu estivesse ferindo seu orgulho.
Bem, não era que eu não entendesse de onde ele estava vindo. Se você perguntasse a cem jogadores da Terra, todos estariam interessados na informação que Auril tinha e achariam que era mais valiosa do que qualquer coisa que pudessem oferecer.
— Se você realmente pensa assim, então não precisa concordar. — No entanto, o valor da água dependia do ambiente em que você estava. Um punhado de água era mais precioso para alguém morrendo de sede do que cem quilos de ouro.
— As perguntas são cinco para um. É pegar ou largar. — Apresentei minha oferta final no momento certo.
Foi quando algo aconteceu.
— Esses malditos bastardos… — A expressão do velho de repente endureceu. Por um momento, fiquei aterrorizado de ter cruzado a linha. Felizmente, porém, parecia que eu não era a causa de sua raiva. — Oh, desculpe. Eu não estava falando com você. É só que aquelas pessoas de antes quebraram as regras novamente — continuou o velho, parecendo preocupado com a possibilidade de eu interpretar mal sua expressão. — Parece que devo partir por hoje. Que tal continuarmos essa conversa no próximo mês? Vou pensar na questão da justiça nesse meio tempo.
Embora isso tenha sido repentino, não deixei minha decepção transparecer. No momento em que eu revelasse meus verdadeiros sentimentos, os termos da negociação que estávamos prestes a concluir iriam por água abaixo. — Tudo bem. — Assenti como se não tivesse pressa nenhuma, e em resposta ele acenou com a mão.
— …Estou de volta.
Quando voltei a mim, estava deitado na minha cama na pousada. Era meia-noite do dia 15. Voltei para a cama depois de conferir a hora. Claro, o sono não veio facilmente para mim. Incontáveis pensamentos, preocupações e ansiedades passaram pela minha cabeça, como um turbilhão caótico. No entanto, a manhã chegou como sempre chegava.
— …Nada muda.
Assim que o dia amanheceu, me vesti e fui para a biblioteca. O fato de que o futuro não mudaria depois disso de qualquer maneira? Que, não importa o que eu fizesse, seria inútil porque tudo já tinha acontecido? E daí? Isso não podia se tornar uma desculpa para não fazer nada, porque havia a possibilidade de Auril estar errado. Se eu não fizesse nada, isso só significaria que a possibilidade realmente se tornaria zero.
“Ela não está aqui hoje.”
Parei na biblioteca com esse pensamento em mente, mas a Raven não estava em lugar nenhum. Onde aquela garotinha foi? Será que ela levou uma surra por assustar as pessoas com eletricidade enquanto eu estava fora?
“Enfim, ela não veio.”
Eu até esperei até o horário em que Raven normalmente ia para casa, mas ela não apareceu. No dia seguinte, mais do mesmo.
“…Droga, isso está me preocupando.”
Embora eu estivesse começando a me arrepender de não ter descoberto onde ela morava, continuei a visitar a biblioteca. Não foi até o que parecia ser mais um dia sem sucesso que a Raven apareceu.
— Por que você não estava aqui?
— Eu tinha algo a resolver. E você?
— Porque sim. — Raven mentiu descaradamente, sentou-se e começou a ler um livro.
Mas o que era isso agora? — Por que você continua virando a cabeça?
— Eu não virei a cabeça.
“Você também está virando agora. E seu cabelo está suspeitosamente bagunçado.”
— Venha aqui.
— Não.
— Então eu vou até você. — Fui até ela e afastei a franja de Raven para o lado. Quando vi o que estava por baixo, mal consegui manter a calma.
“Então, era isso que você estava tentando esconder.”
Havia um grande hematoma ao redor do olho da Raven.
— Quem foi?
— …Não é da sua conta.
Ha, como eu ia fazer ela me contar?
Enquanto eu suspirava e pensava em como lidar com isso, Raven estudava cuidadosamente minha reação. — …Não se preocupe com isso — disse ela, a voz baixa e consoladora. — Minha mãe só me pegou chegando tarde da biblioteca.
A explicação deixou um gosto amargo na minha boca. Mesmo deixando de lado o fato de que essa garotinha havia sido espancada pela mãe, essa era uma criança que nunca falhava em ir para casa na hora certa.
“Chegou tarde em casa, hein? Por quê?”
— Você estava atrasada porque estava me esperando?
Raven permaneceu em silêncio, e seu silêncio valeu mais que mil palavras. Um momento depois, ela disse — Não.
“Já é tarde demais para isso, garota.”
— Chega de falar de mim. Me conte sobre o labirinto. Você não terminou sua história da última vez.
— …Onde eu parei?
— Floresta dos Doppelgangers. Você disse que os Doppelgangers se especializam em fingir de mortos. Mas isso não é muito interessante, então me conte outra coisa.
Contei a Raven sobre o labirinto conforme ela pediu, fingindo que tudo estava bem até chegar a hora dela ir para casa.
— Estou indo embora agora.
— Claro.
— Você… vem amanhã?
— Se eu não tiver nada importante para fazer.
Assim que teve minha resposta, Raven saiu apressada da biblioteca. Eu também saí.
“Devo segui-la?”
Comecei a seguir Raven. Eu queria evitar me intrometer nos assuntos familiares de outra pessoa sempre que possível, mas…
“Não é como se ela tivesse feito algo que merecesse ser espancada.”
Isso foi um pouco demais.
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