Índice de Capítulo


    Tradutor: MrRody Revisor: SMCarvalho 』


    Era noite quando voltei para a pousada.

    — Você está atrasado.

    “Nossa, que susto. Tenho certeza de que tranquei a porta atrás de mim… como ela abriu? Pelo menos ligue a luz ou algo assim…”

    Quando acendi a lamparina, vi Amelia sentada na cama do meu quarto. Hmm, o que devo dizer em uma situação dessas?

    “Ela parece estar meio de mau humor… Mas desde quando me importo com isso?”

    Eu também estava me sentindo meio para baixo, então apenas a encarei para que ela se apressasse e dissesse o que tinha a dizer. Amelia levantou-se lentamente e passou por mim. — Precisamos chegar ao local até meia-noite, então se prepare.

    Então, era hora de partir. Eu deveria me equipar rapidamente.

    Slam.

    Depois que a Amelia saiu, coloquei peça por peça do equipamento que estava guardado em um canto do quarto.

    Swip.

    Botas feitas de couro de wyvern de segundo grau.

    Click.

    Um cinto com bolsos expansíveis que podiam armazenar poções e pergaminhos.

    “Me sinto vazio.”

    Não comprei perneiras nem uma couraça porque era impossível comprar um conjunto completo de armadura apenas despojando cinco saqueadores. Decidi investir todo o meu dinheiro em um escudo e uma arma. E assim, escolhi uma maça feita sob medida inteiramente de Aril, um metal de terceiro grau, e um grande escudo de batalha feito de adamantium, um metal de quinto grau.

    “A pegada é boa. Sim, é assim que um escudo deve ser.”

    Como ambos pesavam bastante, essas duas compras esgotaram todo o dinheiro que a Amelia me deu, razão pela qual meu capacete era de ferro simples. Bem, não se pode esperar que o ferro ofereça mais do que uma proteção mínima.

    “Mas não comprei isso para usar como armadura.”

    Quando encomendei esse equipamento três semanas atrás, estava muito preocupado com o futuro, então fiz um capacete completamente de ferro. O formato era semelhante ao que eu usava nos meus primeiros dias, com uma abertura em forma de T apenas para poder enxergar. Claro, tinha suas diferenças. Por um lado, o design era diferente, já que foi feito em uma forja diferente.

    “Será que é porque a abertura é mais estreita do que a primeira que usei? É realmente desconfortável.”

    A quantidade do meu rosto exposta foi significativamente reduzida. Meu julgamento foi que expor meu rosto às inúmeras pessoas que eu encontraria no labirinto a partir de agora poderia levar a problemas no futuro.

    “Na verdade, não sei se isso tem algum sentido agora, mas…”

    Suspirei e afastei minhas preocupações e então, depois de olhar no espelho, saí do quarto.

    Amelia estava pronta e esperando por mim em uma cadeira no final do corredor. — Finalmente, você chegou.

    “O que quer dizer com ‘finalmente’? Não levei nem dez minutos.”

    — Você… — Amelia se virou para me olhar e estremeceu. — Esse capacete, onde você conseguiu? — ela exigiu.

    — Fiz sob medida. Tem algum problema?

    — …Sob medida? — Assim que ouviu minha resposta, Amelia simplesmente ficou parada por um tempo, em silênicio total. Seu rosto estava frio e pétreo e o olhar em seus olhos era intenso, exatamente como quando viu a identificação de Nivelles Enze na Ilha de Farune. Claro, as coisas eram diferentes agora do que eram naquela época.

    — Por que está em silêncio quando foi você quem fez a pergunta?

    — …Não é nada. — Tanto naquela época quanto agora, essa mulher egoísta nunca me deu uma explicação adequada. — Não temos muito tempo. Vamos.

    Mas agora eu sabia o motivo.


    Em frente ao esgoto que estava servindo como nosso ponto de encontro, o intermediário estava esperando por nós em vestes negras. Era uma sensação muito estranha, eu me sentia quase como um contrabandista. O intermediário não nos cumprimentou, e nem Amelia. Quando ele estendeu a mão, tudo o que ela fez foi colocar uma bolsa de dinheiro na palma dele.

    Com o pagamento feito, o intermediário deu um aviso superficial. — Vou dizer isso uma última vez, mas uma vez lá embaixo, não será fácil voltar.

    Fiquei meio impressionado.

    “Se vai dizer isso, pelo menos diga antes de receber o pagamento.”

    Era claro que ele não daria reembolso.

    — Isso é algo que nós mesmos descobriremos.

    — Hehe, se você diz. — Diante da resposta fria da Amelia, o intermediário riu sinistramente e tirou uma chave para abrir as barras de aço que levavam ao esgoto. Então nos guiou para dentro. — Sigam de perto para não se perderem.

    A jornada até Noark foi mais longa do que o esperado. Foram necessárias horas caminhando pelos esgotos labirínticos até que a entrada apareceu.

    — Pronto, é aqui onde nos despedimos. Se vocês entrarem e seguirem este mapa aqui, chegarão a uma porta. Quando chegarem lá, mostrem esta identificação ao segurança e ele os deixará entrar. — O intermediário então entregou o que serviria como nossas identificações e colocou algo que parecia um dispositivo mágico perto da parede para abrir a entrada.

    O que parecia um portão de pedra e uma parede comum foi empurrado para revelar as escadas que levavam ao porão. Mas quando estávamos prestes a descer, o intermediário, que não havia aberto a boca durante toda a viagem, exceto quando necessário, perguntou — Posso perguntar uma coisa? Não é comum um bárbaro descer para Noark. Qual é a história? Vocês não parecem amantes fugitivos…

    — Pare. — Amelia o interrompeu. — Se seu trabalho está feito, pode ir embora. — O tom exalava um ar de profissionalismo. Parecia que também havia um pouco de intenção assassina misturada.

    — …Desculpe. Isso foi inadequado de minha parte. Vão em frente. Tenho que confirmar se a porta fechou. — Quando o intermediário recuou, Amelia desceu as escadas e eu a segui lentamente.

    Boom!

    Logo, ouvi o som de uma porta se fechando.

    “Cara, parece que estou entrando no inferno ou algo assim.”

    — Espere, aguarde um instante. Devemos verificar o mapa primeiro. — Depois de descer as escadas, fui abrir o mapa, mas Amelia me interrompeu.

    — Não há necessidade. Eu já sei como chegar ao castelo.

    “Ah, certo. Ela é daqui.”

    De qualquer forma, depois de desistir do meu papel de batedor pela primeira vez em muito tempo e apenas segui-la, chegamos ao nosso destino, uma cavidade tão vasta que era difícil acreditar que estávamos no subsolo. Eu podia ver um portão de pedra muito maior do que os portões de Rafdonia à distância.

    — Hahaha, não fiquem aí parados e venham logo! — Um homem estava em frente aos portões do castelo, um humano com um corpo tão robusto quanto o de um bárbaro.

    Amelia se inclinou para sussurrar para mim. — Não faça nada que atraia a desaprovação dele. Apesar do tom alegre, ele é um dos lutadores mais fortes desta cidade.

    — Você o conhece?

    — Se você vive em Noark por um tempo, não tem como não conhecê-lo.

    “Hmm, é mesmo? Ele não parece tão forte…”

    De qualquer forma, depois disso, entregamos ao homem em frente ao portão as identificações que recebemos anteriormente.

    — Oh, ho! Parece que aquele cara finalmente encontrou alguns bons. Prazer em conhecê-los. Eu sou o Guardião dos Portões, Lek Aures! Ah, acho que vocês não querem revelar seus nomes reais. Não se preocupem. Ninguém aqui usa seus nomes reais, de qualquer forma. Já decidiram seus novos nomes?

    Lek Aures, que se apresentou como o Guardião dos Portões, então perguntou nossos nomes e demos a ele os que escolhemos com antecedência. Amelia era Emily.

    — Bjon, filho de Thor. — Apenas fui com um pseudônimo que usei no passado. ‘Nivelles Enze’ também era um pseudônimo, mas achei melhor criar um novo, só por precaução. Claro, não importava muito. Isso era apenas para gravar nomes nas identificações, mas me disseram que ninguém na cidade perguntava por nomes.

    — Haha, acho que faz quase cinco anos desde que gravei o nome de um bárbaro em uma identificação. — Quando o guardião devolveu as identificações, elas estavam gravadas com os pseudônimos que demos a ele.

    — Há mais alguma coisa a fazer?

    — Não, o processo de admissão está concluído. Sigam por ali.

    — …Não é aquela porta que se abre?

    — Hahaha, não acha que seria um desperdício abrir aquela porta grande quando são apenas duas pessoas entrando? — Lek, o Guardião dos Portões, então abriu a porta lateral.

    Enquanto eu observava a porta de pedra se abrir, fui lembrado do dia em que vim para este mundo pela primeira vez. Sim, também foi exatamente assim naquela época.

    Boom.

    Então a porta se abriu completamente e uma cidade desconhecida apareceu à vista.

    — Emily e Thor Bjon.

    — Thor é meu sobrenome, meu primeiro nome é Bjon.

    — Hahaha! Ah, é verdade. De qualquer forma! Bem-vindos a Noark, vocês dois!

    “Então, eu acabei vindo até aqui.”


    As pessoas costumavam pensar em Noark como um covil de criminosos. Isso era natural porque este era o lugar onde aqueles que cometeram pecados graves demais para viver na superfície acabavam. Este também era o covil da Guilda Orcules.

    — É surpreendentemente normal.

    Não havia manchas de sangue nas paredes, as ruas eram limpas e as pessoas que passavam não tinham rostos tão assustadores.

    — Não sei o que você esperava, mas este também é um lugar comum onde as pessoas vivem, sabia?

    “Nossa, não pode um novato se surpreender?”

    — Siga-me.

    Primeiro, segui a nativa de Noark, Amelia, para dar uma olhada na cidade e fazer perguntas sobre tudo o que me passava pela cabeça. — O que são aquelas pedras embutidas no teto?

    — Dispositivos mágicos. Eles usam pedras de mana para emitir luz.

    — E aquela coisa que parece uma boneca em movimento?

    — Golems chamados patrulheiros. Todos pertencem ao lorde do castelo.

    — Ah, e também há um mercado aqui?

    — Há, mas não é grande, pois há apenas um alquimista na cidade. A maioria dos produtos alimentícios são racionados por tipo.

    “Hmm, entendi.”

    — E se você quiser comer algo específico?

    — Você pode entregar pedras de mana na oficina de alquimia e fazer um pedido. Mas leva cerca de dois dias e o preço é muito mais caro do que na superfície. Terminou de fazer perguntas?

    — …Por enquanto.

    — Bom. Porque parece que estamos chamando atenção.

    — Hã?

    — Estamos sendo seguidos. Vamos acelerar o passo. — Amelia então acelerou sem pedir minha opinião, então eu a segui apressadamente.

    — Seguidos? Faz menos de dez minutos que chegamos aqui.

    — Bárbaros não são particularmente comuns nesta cidade. Eles perceberiam que você veio da superfície assim que o vissem.

    Eu tinha a sensação de saber o que ela queria dizer. Em Noark, havia rumores de que demônios habitavam a superfície. Eu só podia imaginar o quanto eles cobiçavam as carteiras dos novatos frescos da superfície que ainda tinham todo o seu dinheiro de lá.

    — Você não estava dizendo que este é um lugar comum onde as pessoas vivem?

    Amelia inclinou a cabeça com minha pergunta. — E o que há de estranho nisso? Não é natural haver pessoas assim em um lugar onde as pessoas vivem?

    “Uh, é?”

    — Acho que é justo.

    Não sendo capaz de refutar isso logicamente, apenas aceitei casualmente. Não é como se Rafdonia fosse tão diferente em primeiro lugar. Mesmo em Rafdonia, três tipos de pessoas perambulavam pela periferia à noite: criminosos, aventureiros com força para se defender, e se não fossem nenhum dos dois, aqueles que acreditavam em minimalismo forçado.

    — E agora?

    — Vamos para o beco onde os patrulheiros não podem nos ver.

    — Hã? Beco?

    Por um momento, me perguntei se tinha ouvido errado, mas a Amelia me deu uma razão lógica para a mudança. Machucar um cidadão comum nascido em Noark era considerado tabu, e você seria caçado pelo lorde do castelo para punição, mas aparentemente ferir qualquer outra pessoa estava tudo bem.

    — Esses são caras que se especializam em atacar novatos, então eles terão muitas coisas com eles.

    “Ha, você deveria ter começado com isso. Acho que os cidadãos nativos têm um processo de pensamento totalmente diferente. Sim, a colheita vem sempre em primeiro lugar, não importa o quê.”

    Thump!

    Depois de entrar no beco e perambular por um tempo, paramos naturalmente em um beco sem saída e nos viramos.

    — Para onde vocês estão indo assim? Quando sabem que não vão longe. — Como se fosse um sinal, um grupo de quinze saqueadores apareceu diante de nós.

    — Achou que poderia escapar para o beco?

    — Quem diria que vocês entrariam aqui com seus próprios pés. É por isso que os novatos não duram muito.

    — Todos nós passamos por isso como novatos, então não nos resinta muito.

    Os veteranos da cidade estavam claramente empolgados com a ideia de roubar alguns novatos. Era como assistir a um jogo flopar pouco antes do fim. Tsk, é por isso que você deve receber os novatos de braços abertos.

    — Hã? — Olhando ao redor do grupo, avistei um homem humano e estremeci. Mas, porque eu ainda não tinha certeza, precisava confirmar. — Você aí.

    — Está falando comigo?

    Quando eu o destaquei, o cara deu um passo à frente como se sua curiosidade tivesse sido despertada. O homem, que tinha um físico grande o suficiente para ser confundido com um bárbaro, estava vestindo uma couraça brilhante. Era feita de um material que eu não podia deixar de reconhecer.

    — …Isso é Lithinum.

    — Ha, e daí? — ele perguntou.

    “O que quer dizer com e daí? Nunca ouviu falar de doações forçadas?

    Era senso comum para um veterano doar um item a um novato. Eu estava realmente começando a ficar envergonhado por estar nu da cintura para cima, então isso funcionou perfeitamente.

    — Tire isso. Antes que acabe com sangue.

    Era hora de evoluir para uma pessoa civilizada.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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