Capítulo 299: Espírito Maligno (3/6)
『 Tradutor: MrRody Revisor: SMCarvalho 』
Os bárbaros tinham uma abordagem bem relaxada para nomes. Se a criança fosse um menino, ele usava o nome do pai como sobrenome, e se fosse uma menina, ela usava o nome da mãe. Assim, não havia nomes de família na tribo e todos os bárbaros se tratavam como parentes. Bem, isso não era importante no momento.
“Yandel Jarku.”
Era muito improvável que fosse outra pessoa com o mesmo nome. Quantos Yandel, terceiro filho de Jarku, poderia haver? Era lógico assumir que ele era meu pai biológico.
— Hahaha! Por quanto tempo você vai deixar minha mão no vácuo?
“Ok, vamos voltar à razão primeiro.”
Meu pai biológico? E daí? Eu poderia ficar chocado e perplexo o quanto quisesse, mas isso não era algo para ficar de queixo caído. Não era como se eu fosse realmente Bjorn Yandel.
— Ah, minha mente vagou por um segundo. — Aceitei o aperto de mão e recuei. Isso concluiu nossas apresentações.
Carlton riu de forma constrangedora e foi direto ao ponto, a primeira coisa que qualquer aventureiro deve fazer ao encontrar alguém que não está em seu grupo em uma Fenda. — Haha, chega de apresentações. Já que teremos que trabalhar juntos de agora em diante, vamos discutir como dividir o saque.
Assim que ele mencionou a distribuição do saque, Amelia me puxou pelo pulso. — Preciso falar com meu camarada por um momento.
“Hã? Falar?”
Eu segui obedientemente, mesmo estando confuso. Quando estávamos a sós, perguntei baixinho — Por que você quer falar de repente? Já não decidimos como distribuir o saque?
— Eu não trouxe você aqui para falar sobre o saque.
— Então sobre o quê?
Em um tom cauteloso, Amelia perguntou: — Você está bem…?
Só então percebi por que ela me puxou de lado. Certo, ela sabia por que eu congelei naquela hora. — Estou bem. Fiquei um pouco surpreso, mas não vou causar nenhum incidente, então não se preocupe.
— Não estou perguntando porque estou preocupada com um incidente…
“Hã? Então por quê?”
Quando a encarei, Amelia desistiu. — …Deixa pra lá. Já que você diz que está bem, não devo me preocupar com isso. Vamos voltar. Quanto à distribuição, seguiremos o que decidimos antes.
Fingindo terminar nossa conversa, voltamos ao centro e começamos nossa discussão oficial sobre o saque, que foi rápida e sem problemas. Isso porque não estávamos lá para obter uma essência.
— Vocês estão realmente satisfeitos em pegar apenas pedras de mana?
Em troca de dar todas as essências ao time deles, ficou decidido que pegaríamos todo o resto. — Não só pedras de mana… Itens Numerados e Pedras da Fenda também.
— Mas nem sabemos se conseguiremos enfrentar e derrotar o guardião.
— Isso é um problema nosso. Não se preocupe.
— Hmm, se você diz. — Carlton parecia perplexo com o fato de nossas condições serem tão favoráveis para eles, mas não argumentou. Isso resolveu a questão do saque. — Yandel, venha aqui!
Caramba, eu realmente não conseguia me acostumar com isso. Toda vez que esse nome era chamado, eu me encolhia.
— Hã? Quero falar com esses dois…
— Você pode fazer isso depois. Parecia que a lâmina do seu machado estava cega antes, então você deve afiá-la com uma pedra de amolar.
— Hã? Acho que está perfeito… mas tudo bem!
Assim que a conversa sobre o saque terminou, Yandel Jarku foi chamado por um camarada e nós não ousamos nos aproximar deles. Passamos o tempo em um silêncio constrangedor, mantendo distância entre nossos dois grupos.
— Sobre o que eles estão falando ali?
— Estão tentando adivinhar nossa lógica por não pegar uma essência.
— Lógica?
Isso me parecia uma questão trivial, mas agora que pensei nisso, era natural que eles estivessem preocupados com isso. Dizer que não queríamos nenhuma essência poderia ser interpretado como se estivéssemos dizendo que éramos fortes o suficiente para não precisar de uma essência do terceiro andar. Isso deve ter sido estressante para eles, já que não sabiam que tipo de pessoas éramos.
— Bjon, que tipo de pessoas eram seus pais? — Amelia me perguntou do nada.
Suas motivações eram tão óbvias que me fizeram rir. Pais? — Você está curiosa sobre meu pai?
— Um pouco.
— Então me desculpe. Para ser honesto, não sei muito além de que ele morreu no labirinto quando eu era muito jovem.
Isso não era uma explicação inventada, mas a verdade. E não só porque eu era um espírito maligno, mas o dono original deste corpo também sabia muito pouco sobre seu pai. Isso era comum na sociedade bárbara. Afinal, cerca de noventa e nove por cento dos membros desta tribo viviam explorando o labirinto. Era natural que nossa taxa de mortalidade fosse alta.
— Vamos parar de falar sobre isso.
Com minha sugestão firme, Amelia não investigou mais e começou a mastigar carne seca.
Pouco depois, a porta à nossa frente, que estava selada, começou a se abrir.
— Parece que os outros portais também se fecharam.
Era hora de começar a explorar a Fenda.
O Templo das Cem Cores era uma Fenda de tipo competitivo. Apenas um time podia entrar na sala do chefe, e isso era determinado por ordem de chegada. Nesse sentido, estávamos indo bem. Graças a termos cumprido o requisito de cinco pessoas cedo, pudemos discutir e resolver questões como a distribuição do saque com antecedência.
— Ok, vamos então. Ah, mas quem vai primeiro?
“Caramba, se vocês iam perder tempo com a formação, deveriam ter feito isso antes.”
— Eu vou primeiro.
— Ah! Então eu vou logo depois…
— Yandel! Venha aqui. Podem haver monstros que venham por trás.
— O-Ok!
Quando tomei a dianteira, nossa formação de batalha naturalmente se formou atrás de mim. Jarku estava bem na retaguarda, e os outros três estavam no centro. Claro, a formação não importava muito. Esta era a Fenda do terceiro andar, afinal, e com uma dificuldade de cinco pessoas.
“Devo limpar isso rapidamente e sair o mais rápido possível antes que algo problemático aconteça.”
Marchei pela porta aberta com essa determinação me impulsionando, e uma câmara de pedra com a mesma estrutura do templo de antes apareceu. O tamanho da sala era semelhante, mas desta vez havia apenas uma estátua de pedra dentro.
Shaaaaaa.
A luz que emanava da joia azul na mão da estátua começou a se espalhar pela câmara como névoa.
“Um monstro do tipo chefe logo de cara.”
Depois de usar a cor para confirmar que tipo de sala era essa, estalei o pescoço e entrei na névoa de luz.
Carlton ficou surpreso com isso e gritou um aviso. — E-Ei! Você não sabe o que vai sair daí!
“Hmm, então. Vocês não sabem muito sobre essa Fenda.”
Vendo que eles sabiam que havia um elemento competitivo, eu também esperava que soubessem disso. Mas, dada a reação deles, parecia que só tinham ouvido falar sobre que tipo de lugar era este de passagem.
Boom.
Nesse momento, uma grande sombra apareceu além da névoa. Era bípede, e tinha quase cinco metros de altura, um Colosso de Armadura Azul. Normalmente, este era um monstro do tipo chefe intermediário que deveria ser caçado apenas por cinco aventureiros de terceiro e quarto andar. Mas, no final das contas, esse cara era apenas um monstro de Fenda do terceiro andar. Os pontos de experiência que ele fornecia não eram maiores do que os de um sexto nível, e sua Força era menor que a de um quinto nível. Mesmo que fosse um mini-chefe, não era nada comparado a um monstro de quinto nível de verdade como um Troll.
— Behe…
“Ah, certo, não posso dizer isso.”
— Ooghahhh! — Soltei um grito primitivo e avancei.
— Espera! Precisamos lutar juntos… — Carlton estava dizendo algo lá atrás, mas eu não tinha razão para prestar atenção nele. Em vez de tentar esconder minha força, seria mais fácil para ambos os lados se eu a exibisse abertamente.
“Gigantificação.”
Primeiro, depois de igualar a classe de peso do meu oponente, saltei e diminuí a distância entre nós em um instante.
“Salto. Swing.”
Então desferi um 【Swing】 completo com toda minha força.
Chomp!
Esse combo básico quebrou o pescoço do Colosso de Armadura Azul, deixando-o em um ângulo torto.
— Q-Que poder…!
Elogios vieram dos novatos atrás de mim, mas senti um gosto amargo na boca. Era essa a dor de ser um tanque? Mesmo com minha força atual, ainda não consegui um golpe mortal.
“Caramba, que vergonha. Eu devia ter deixado para o atacante.”
— Emily! — Assim que eu estava gritando por ela, senti uma presença atrás de mim.
Shing.
Uma adaga repleta de aura perfurou o coração do Colosso.
Chomp!
Então o Colosso desapareceu em uma explosão de luz, e a névoa que preenchia nosso entorno se dissipou. Tudo acabou dentro de três segundos após o início da batalha.
— U-Uma aura…
— Por que essas pessoas estão no terceiro andar…?
Os novatos de vinte anos atrás começaram a se revelar como os novatos que eram. Parecia que só estavam percebendo naquele momento que tinham acabado de pegar o ônibus expresso.
— O que vocês estão fazendo? Depressa.
— Oh, j-já vou…!
A Fenda do terceiro andar tinha uma estrutura de palco. Limpar uma sala abria outra, e apenas o time que passasse por todas as etapas mais rápido ganhava o direito de entrar na sala do chefe.
Chomp!
Depois de limpar a primeira sala em três segundos, Amelia e eu usamos nossas habilidades reais para limpar o restante das etapas em alta velocidade. Ao contrário da primeira etapa, raramente conseguíamos terminar tudo em poucos segundos. Para cada monstro do tipo ‘chefe’, havia também um do tipo ‘quantidade’.
— Ooghahhh!
Os monstros saíam por um período determinado, armavam armadilhas e usavam habilidades psicológicas contra nós. À medida que salas de vários conceitos passavam, a dificuldade das etapas aumentava. Isso era o que tornava o Templo das Cem Cores único. Os ocupantes eram agraciados com condições de status cada vez que limpavam uma etapa, ou buffs permanentes eram dados aos monstros que apareceriam na próxima etapa. Normalmente, você não passaria por isso cegamente.
— Espera! Já ouvi falar desse símbolo antes. Há algo escondido aqui que pode cessar as maldições sobre nós…
De acordo com o conselho de Carlton, a estratégia padrão para limpar o Templo das Cem Cores era ativar os recursos ocultos em cada sala para se livrar dos efeitos de status. Haviam também pistas como essas colocadas abertamente em cada sala. Em cada bifurcação no caminho, você podia usar os símbolos para encontrar as salas onde poderia cessar as maldições.
— Deixa pra lá, não estou com paciência para isso.
— O que você quer dizer com ‘paciência para isso’? Que tipo de bizarrice…
— Você fala demais. Apenas siga.
Qualquer coisa que demorasse um pouco mais de tempo era ignorada. Eu julguei que não teríamos problemas para limpar a Fenda, mesmo com alguns obstáculos extras. Eu estava varrendo a Fenda como uma fera.
— Emily, por que esta porta não abre?
— É uma característica da Sala Dourada. Não sei o motivo, mas você tem que esperar três horas para ela abrir.
— Ah, é mesmo?
Foi só quando chegamos ao ponto médio da Fenda que nos reagrupamos para descansar.
— Vocês vão descansar aqui? — Minha pergunta carregava a sugestão subentendida de que poderia ser mais confortável para nós sentarmos distantes uns dos outros, como estávamos fazendo antes.
Carlton sorriu tristemente. — Não é como se tivesse algum sentido.
Hmm, isso era verdade, mas eu honestamente não esperava que ele admitisse isso.
Quando eu ri, Carlton pediu desculpas. — Desculpe. No começo, nós considerávamos vocês suspeitos. Achamos que poderiam nos apunhalar pelas costas.
— Mas não mais?
— Isso mesmo.
— Sua razão?
— Se vocês dois tivessem más intenções, já estaríamos mortos há muito tempo. Não é como se vocês não tivessem a capacidade de passar por esta Fenda sem nós três. — Carlton deu uma razão lógica, então acrescentou — Mais importante, vocês não parecem pessoas que fariam isso.
— Isso é uma intuição?
— Isso mesmo. Não minha, mas do Yandel.
O olhar de Carlton pousou no guerreiro bárbaro sentado no chão mastigando carne seca. Olhando para ele agora, percebi que seu perfil parecia um pouco com o meu.
— Descanse um pouco. — Após concluir minha breve conversa com Carlton, levantei-me do meu lugar e fui até Jarku.
— Oh, o que te traz aqui? Ah, quer um pouco? — Jarku sorriu inocentemente assim que me aproximei e me ofereceu um pedaço de carne seca. Aceitei e coloquei na boca. Não havia necessidade de tirar o capacete. Eu o tinha feito de modo que a viseira da boca pudesse se mover para cima e para baixo em antecipação a essa situação.
— Essa coisa não é desconfortável? Não acho que eu conseguiria durar um dia nisso, é tão abafado.
— Fica tudo bem depois que você se acostuma.
— Haha! Essa é a adaptabilidade humana de que todos falam! — Jarku riu com vontade, então se deitou em sua mochila. Então ele me fez uma pergunta inesperada. — Bjon, você tem filhos?
— …Não.
— É mesmo? Eu tenho.
— Qual o nome deles?
— Bjorn. Bjorn, filho de mim, Yandel.
“Então, você realmente é o pai deste corpo.”
Mais importante, enquanto a evidência clara se apresentava diante de mim, senti meu coração apertar.
— O que acha? Não é um bom nome?
— …Eu acho que sim.
Depois disso, Jarku conduziu uma conversa unilateral por um bom tempo. A maior parte era sobre seu filho, e eu silenciosamente o ouvi falar.
Tum.
Enquanto eu ouvia seu tom ficar cada vez mais animado, acabei não conseguindo manter contato visual, então desviei o olhar. Quando fiz isso, avistei Amelia me observando a uma curta distância com um olhar de pena. Graças a isso, finalmente consegui identificar a emoção que pesava em meu coração.
— Hehe, ele vai se tornar um grande guerreiro. Um filho do sangue dela e meu…
— Pare!
— Hã?
— Pare. Eu preciso ir…
Era culpa.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.