Índice de Capítulo


    Tradutor: MrRody Revisor: SMCarvalho 』


    — Bjon! Eu posso ter ficado só assistindo dessa vez, mas foi uma expedição divertida! Vamos nos encontrar novamente se tivermos a chance!

    — …Sim.

    Após uma breve despedida, o grupo de Carlton saiu da Fenda. Também era hora de voltarmos ao trabalho.

    — Agora, vamos. Pode haver algo mais!

    — …Você está pensando em vagar por aí sem um plano?

    “Não, eu planejo fingir que estou vagando sem um plano e pegar tudo o que quero.”

    — Me siga. Eu sei de algumas coisas.

    “Oh, se você diz.”

    Segui a experiente Amelia para fora da sala do chefe e voltamos pelas outras etapas. Nesse ponto, localizamos dois itens ocultos: o Fragmento de Terra, que aumentava a Resistência à Terra e a Resistência Física do usuário em um ponto cada; e o Livro das Almas, que dava ao usuário três pontos de experiência adicionais. Amelia disse que já os tinha usado, então eu os peguei para mim, encerrando assim nossa busca por itens ocultos no Templo das Cem Cores, pois esses eram todos os itens do tipo espírito que havia. O resto exigia magia de distorção se você quisesse levá-los para fora da Fenda para vender.

    “Então, já que consegui tudo o que preciso…”

    — Amelia, por que não ficamos um pouco em vez de sair imediatamente?

    — Por quê?

    — Para ser honesto, estou bastante cansado de dormir apenas três horas por dia. Por que não descansamos bem aqui?

    A Amelia me olhou com desaprovação. Era óbvio o que ela estava pensando. Em um ponto em que muito tempo já havia decorrido e o labirinto fecharia amanhã, ela devia estar se perguntando se realmente precisávamos descansar agora.

    “Tsk, já alcançamos nosso objetivo dias atrás. Por que ela é tão gananciosa?”

    Mas como reclamar não era meu estilo, dei a ela uma desculpa razoável para uma pausa. — Minha mente está confusa, então preciso de um tempo.

    — Ah… — Amelia me olhou com compreensão e cedeu ao meu pedido. — Tudo bem. Vamos descansar antes de sair. Avise-me quando estiver pronto. — No final das contas, a Amelia era bastante gentil quando se tratava de coisas assim.

    — Obrigado, Amelia.

    — Apenas descanse.

    Amelia tirou seu saco de dormir e se deitou no chão, e eu fiz um lugar para mim a cerca de três metros de distância dela. Então comecei a contagem oficial.

    “Vamos ver…”

    Eu tinha obtido 156 pontos de experiência por primeiras mortes no Templo das Cem Cores. Quando você adiciona o bônus de um ponto por matar um mutante de alto rank, um bônus de três por matar o Guardião e mais três pelo Livro das Almas, esse número sobe para 163. Claro, mesmo somando toda essa EXP, eu ainda tinha um longo caminho a percorrer para chegar ao nível sete.

    “Se tudo correr bem, alcançarei o nível sete na parte média ou final do sexto andar.”

    Eu não podia negar que meu personagem estava ficando cada vez mais completo. Eu também já tinha conseguido o No. 87: Triturador de Demônios de Kraul.

    “Preciso descobrir como levar isso comigo…”

    Justo quando estava pensando nisso, Amelia disse — Yandel, há algo que quero te perguntar.

    — Ah! É sobre o item numerado? E-Eu também não sei o que é, mas gostei do peso dele, então vou usar…

    — É uma pergunta diferente.

    “Oh, não é isso?”

    Eu estava preocupado com o que fazer se ela pedisse para dividir o martelo.

    — Você… não quer mudar isso?

    — O que você quer dizer?

    — O que aconteceu com Yandel Jarku, seu pai.

    “Ah, isso… Bem, eu estava tentando ao máximo não pensar nisso.”

    — É possível que você possa salvá-lo.

    — Como posso, se nem sei como e quando exatamente ele morreu, exceto que aconteceu quando eu era jovem?

    — Se você quiser, depois que eu terminar meu trabalho aqui, posso voltar para Rafdonia e ajudar…

    — Não precisa. — Cortei ela, a voz firme. — Eu não quero isso.

    — Por que não? — Amelia perguntou, soando genuinamente curiosa.

    Bem, isso provavelmente parecia estranho do ponto de vista dela, já que ela não sabia que eu era um espírito maligno. — Se o futuro pudesse ser mudado por algo tão simples assim, o fato de nos encontrarmos aqui também teria mudado o destino dele.

    O futuro não podia mudar. Amelia também parecia estar ciente disso até certo ponto. Mas como Auril Gavis tinha confirmado isso para mim e eu também havia confirmado através da Raven e do Dwalkie, ela provavelmente estava dando menos peso a essa ideia do que eu.

    Amelia se levantou de repente. — Poderia ser mudado? O que você quer dizer com isso?

    Pensei por um momento antes de responder honestamente, contando a ela sobre minhas tentativas de mudar o futuro de Dwalkie e Raven, e como todas acabaram em fracasso.

    Depois de ouvir minha explicação, Amelia apertou os lábios em negação. — Impossível…

    Decidi ser direto. — Amelia, você não meio que já percebeu isso também?

    — Perceber o quê…?

    — Se não percebeu, então o que foi aquilo outro dia? Por que você ficou surpresa quando viu o nome Nivelles Enze, e qual foi a estranha expressão que você fez quando desci as escadas usando este capacete?

    — Isso é…

    — Você já não percebeu? Não importa o que façamos, o passado não mudará. Não, na verdade, todos esses eventos aconteceram do jeito que aconteceram por nossa causa.

    Amelia não disse nada. Apenas fechou os punhos, claramente contendo algo. Houve um breve momento de silêncio antes de seus lábios se abrirem novamente. — Então, você vai desistir? Sem nem tentar, quando talvez você possa salvar seu pai? — Sua voz soava a mesma de sempre, mas eu percebi um toque de agressividade por baixo da superfície.

    Talvez por isso eu também tenha ficado um pouco agressivo. — De qualquer maneira, eu nunca vi o rosto do meu pai.

    — Então, você não se importa o suficiente com ele, é isso?

    — …Sim.

    — Entendo. — Mas, apesar de sua suposta compreensão, Amelia resmungou. Parecia que estava decepcionada comigo.

    “Ha… talvez eu não devesse ter levantado esse tópico para começar. Parecia que tínhamos nos aproximado nesses últimos dias e agora está tudo arruinado.”

    Depois disso, apenas fizemos nossa pausa sem dizer uma palavra. Cerca de cinco horas depois, levantei-me após um sono reparador e propus que saíssemos, achando que seria melhor do que andar pisando em ovos como estávamos ali.

    — Espere, podemos parar ali? — Perguntei.

    — Se você quiser.

    Quando chegamos de volta à sala do chefe para pegar o portal de saída, aproximei-me da cabana localizada atrás dela por pura curiosidade. No jogo, essa cabana fazia parte do terreno e não podia ser acessada.

    “Oh, a porta abre.”

    A cabana se abriu com um rangido, e eu escaneei o interior. Tive uma estranha sensação de déjà vu. Havia uma estante de livros, uma mesa de jantar, um tapete e um fogão. Em todos os sentidos, não havia nada de especial no espaço. Era uma cabana comum, estereotipada. Mas o tamanho da sala, a estrutura e o layout dos móveis me lembravam de outro lugar sem que eu precisasse olhar mais de perto.

    “É quase exatamente igual aquele local…”

    O lugar ao qual me referia era a única zona segura na Floresta da Bruxa no terceiro andar: a Cabana da Bruxa. O mesmo lugar onde Missha e eu descansamos e invocamos o Lorde do Caos após oferecer lenha humana.

    — Você pode escolher dar uma olhada se quiser, mas não encontrei um Arranjo de Gabrielius quando procurei da última vez que estive aqui.

    Como Amelia estava me instigando a apressar-me, apenas verifiquei brevemente os livros na estante e saí. Os livros estavam todos em branco, a propósito, e os títulos estavam todos escritos em uma língua antiga, então eu também não podia lê-los. Talvez, se eu trouxesse Raven aqui mais tarde, ela pudesse encontrar algo.

    — Se você terminou, vamos.

    — Oh, eu saio primeiro, só por precaução.

    Nós nos posicionamos em frente ao portal. Quando passássemos por ele, voltaríamos ao mesmo local em que estávamos quando entramos na Fenda.

    Tap.

    Como o tanque, entrei no portal primeiro.

    Shaaa.

    A luz do portal envolveu meu corpo e o mundo ao meu redor ficou branco. Então, lentamente, minha visão voltou. Mas o que era isso?

    — Legal, vocês finalmente chegaram! — Um grupo de aventureiros estava de pé na frente do portal como se estivessem nos esperando.

    — Então, vocês pegaram um Item Numerado… — O grupo e eu fizemos contato visual e ambos os lados se encolheram simultaneamente. — Uh, que diabos? Máscara de Ferro? — Este era o grupo de aventureiros de antes que trabalhava para o lorde de Noark.

    — Ha, que coincidência! Nunca pensei que fosse você quem esses três bastardos encontraram lá dentro.

    — Três bastardos…? — Seguindo subconscientemente a linha de visão de Beck, imediatamente congelei.

    Beep…

    Por algum motivo, meus ouvidos estavam zumbindo.

    “O que é isso?”

    Minha mente ficou momentaneamente em branco, mas meu cérebro continuou a perceber e analisar as informações visuais em tempo real. Carlton Drek, Eimbern Berta Garcia e Yandel, terceiro filho de Jarku… os corpos dos três homens que saíram pelo portal várias horas atrás estavam no chão. Não, não eram apenas esses três. Havia mais dois corpos. Eu podia adivinhar a quem pertenciam.

    Oh não! Lemud e Hans não entraram!

    Devem ter sido as duas pessoas que estavam esperando do lado de fora. Então, como isso aconteceu?

    — …Bjon. — Amelia saiu do portal um momento depois e segurou meu pulso assim que percebeu o que estava acontecendo. Ela estava me dizendo para suprimir qualquer impulso volátil? Parecia ser o caso.

    Beeep.

    “Ugh, tão barulhento.”

    Fechei os olhos por um tempo, tentando de alguma forma restaurar minha calma habitual. Quando os abri novamente, tudo na minha frente permaneceu igual.

    — Já que esta é a segunda vez que nos encontramos durante esta missão, acho que é destino! — Beck sorriu de forma amigável e se levantou do corpo em que estava sentado como uma cadeira.

    — O que vocês estão fazendo aqui? — Amelia perguntou a Beck.

    — Bem, começamos a procurar pela área assim que a Fenda se abriu e vimos esses dois aqui. — Beck cutucou o que pareciam ser os corpos de Lemud e Hans com o pé. — Eu os capturei e descobri que apenas três de seus camaradas entraram. Então, depois de esperar um pouco, esses três saíram.

    Beck então deu de ombros, omitindo o que aconteceu a seguir, e Amelia não fez mais perguntas. Era óbvio, de qualquer maneira. Eles provavelmente mataram esses três depois de obter as informações necessárias deles, como o fato de que o guardião havia deixado um Item Numerado no final. Coisas assim.

    Beeeeeeep…

    Amelia e Beck conversaram. Este lugar estava barulhento demais, porém, dificultando a audição. Tudo o que pude fazer foi ficar ali parado, lembrando.

    Ah, isso é um pouco difícil para humanos? Apenas me chame de Yandel Jarku!

    Eu sabia que ele iria morrer, mas… não sabia que seria por minha causa.

    “Se não fosse por mim…”

    Yandel Jarku e seus companheiros teriam entrado todos juntos na Fenda, o que significava que seus outros camaradas não teriam sido encontrados por esses caras enquanto esperavam pelo resto do grupo. Como resultado, ele… não, eles não teriam morrido. Eles teriam continuado sua jornada. E talvez…

    Hehe, ele vai se tornar um grande guerreiro. Um filho do sangue dela e meu…

    Yandel Jarku teria visto seu filho crescer. Era até possível que pudessem ter entrado no labirinto juntos como adultos.

    “Se não fosse por mim.”

    Então nunca teria havido um espírito maligno habitando o corpo de Bjorn Yandel.

    Beeeeeeeeep…

    O zumbido nos meus ouvidos piorou. Era uma espécie de mecanismo de defesa, uma forma de abafar a voz que ecoava dentro de mim, mesmo que apenas um pouco. Um sistema de alarme para um covarde.

    Grrp.

    Embora eu colocasse toda a força em meus punhos cerrados, o sangue ainda corria para minha cabeça.

    Beeeeeeep…

    “Se não fosse por mim…”

    Dwalkie não teria morrido. Mesmo que ele se tornasse um aventureiro no futuro, ele nunca teria ido a um lugar tão perigoso como aquele no quarto andar.

    Beeeeeeep…

    “Se eu não tivesse vindo…”

    A história de amor de Dwalkie poderia ter se realizado. Um dia, os dois poderiam ter se encontrado como companheiros de equipe e progredido naturalmente em um relacionamento no qual curariam as feridas um do outro.

    Talvez.

    Quem sabe.

    Se eu não estivesse aqui.

    Beeeeeeep…

    Meus ouvidos… não, minha cabeça estava dormente.

    — Mas por que Máscara de Ferro está tão quieto?

    — Bjon.

    Era como uma lição de casa que eu estava adiando o tempo todo, sempre dizendo que sentimentos não eram mais do que sentimentos em vez de lidar com eles de frente.

    — Bjon, se recomponha.

    Numerosas emoções que eu estava enterrando em um canto do meu coração e ignorando voltaram todas de uma vez. Eu tinha que fazer algo. Sabendo que seria hipocrisia dizer que isso era por outra pessoa, eu sabia que tinha que fazer isso por mim mesmo.

    Forcei meus lábios a se moverem. — Amelia. — Eu disse seu nome verdadeiro, não o pseudônimo ‘Emily’. Isso foi o suficiente para ela perceber o que estava prestes a acontecer?

    — Estes são homens que trabalham para o lorde do castelo. Controle-se — ela sibilou, apertando meu pulso com mais força. Claro, isso não fazia muita diferença.

    “Você é uma personagem de Agilidade.”

    — Bjon…

    Quando sacudi Amelia e dei um passo à frente, Beck sorriu. — Haha, parece que o Máscara de Ferro está bravo. Não estou pedindo para você me dar de graça. Só quero dar uma olhada no que você tem. Afinal, esperamos aqui por muito tempo.

    Embora eu realmente não tenha ouvido a conversa que os dois tiveram, pude entender pelas pistas contextuais.

    “Então, você está curioso sobre isso, hein?”

    Click.

    Tirei o martelo que estava guardando no subespaço… No. 87: Triturador de Demônios de Kraul.

    — Um martelo? Há um item numerado assim… — Beck murmurou para si mesmo antes de se calar. Então sua expressão mudou. — E-Espera. Posso dar uma olhada mais de perto? Só quero ver se é o item que estou pensando.

    — Vá em frente. — Dei mais um passo à frente e Beck também deu um passo cauteloso.

    Quando a distância estava perfeita, ele parou e disse — É-É realmente é aquele item! Isso realmente apareceu lá?

    — Sim.

    “Fico feliz que sua curiosidade tenha sido satisfeita.”

    Smack!

    “Agora morra.”

    Um pequeno gesto, um grande impacto.

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