Índice de Capítulo


    Tradutor: MrRody 』 『 Revisores: SMCarvalho – Demisidi 』


    Noark não rejeitava espíritos malignos, então, ao contrário do que acontecia na superfície, muitos viviam lá abertamente, com suas identidades expostas. Julgando pela nossa conversa anterior, a nativa Amelia também não via os espíritos malignos de forma negativa.

    “Mas o momento em que eu admitisse isso, se tornaria minha fraqueza pelo resto da minha vida.”

    Bjorn Yandel era um espírito maligno. Dizer isso era um eufemismo para minha situação. Era uma bomba que poderia destruir toda minha vida social e até ameaçar minha vida real, e o botão para essa bomba estava atualmente nas mãos de Amelia. Claro, Amelia e eu tínhamos um relacionamento amigável agora, mas ninguém sabia o que aconteceria depois. E se as coisas dessem errado por algum motivo? Eu nunca mais teria uma noite de sono tranquila se isso acontecesse, e definitivamente se tornaria uma causa de ansiedade mesmo que não houvesse problemas particulares em nossa amizade. Se ela decidisse me chantagear, eu seria convocado como um servo e trabalharia como um cão.

    — Amelia Rainwales, você está me insultando? — Falei com uma voz baixa, como o rosnado de um animal. E com razão. Espíritos malignos não perdiam a memória? Isso poderia ser uma mentira que ela inventou apenas para me testar. E mesmo que aquele remédio realmente funcionasse assim, eu tinha que fazer parecer que havia recebido uma dose defeituosa.

    — E se eu estiver?

    — Hã? — Eu nunca tive alguém respondendo a mim com tanta confiança.

    Enquanto eu estava momentaneamente atordoado, Amelia disse — Você vai me atacar? Sem minha ajuda, será mais difícil para você conseguir os itens na posse do lorde do castelo.

    — …Não teste minha paciência.

    Amelia bufou com minhas palavras. — O fato de você estar dizendo isso é prova de que você não está tão bravo. Caso contrário, você já teria me atacado há muito tempo, como todos os outros bárbaros fazem. Pensando bem, você foi estranho desde nosso primeiro encontro. Eu disse para você implorar pela sua vida, apesar de sua honra como guerreiro, e você nem sequer pensou duas vezes. Mas agora estou insultando você? Não acha engraçado dizer isso agora?

    Ha, isso era carma? Quando ela expôs tudo assim, eu não tinha como argumentar. Havia apenas uma abordagem disponível para mim. — Deve haver algo errado com sua cabeça para fazer piada de um bárbaro assim.

    Era um ultimato. Hesitar mais me deixaria definitivamente em desvantagem aqui.

    Enquanto eu me inflava com esse pensamento em mente, ela disse — Por que, você realmente está planejando me atacar? Assim como você atacou o caçador de espíritos malignos que se aproximou de você naquela época?

    “Hã? Ela também sabe sobre isso?”

    — …Você, me investigou?

    — Você é mais do que um pouco suspeito. A maioria das pessoas teria feito o mesmo, não só eu. Bem, tenho certeza de que todos deixaram de lado suas suspeitas depois que você recebeu um título nobre. — Amelia continuou falando sem me dar um momento para interromper. — Mas pensar que você realmente é um espírito maligno. Você tem talento. Como diabos conseguiu um título? Mesmo que o Ministério da Segurança tenha te liberado das acusações, o palácio teria feito uma verificação separada para algo assim.

    Oh, não houve nada disso. Não sei como, mas tudo deu certo. Eu poderia usar isso a meu favor agora. — Você não acha que isso pode ser porque eu não sou um espírito maligno?

    Falei com confiança, minhas costas retas e meus ombros erguidos, mas Amelia respondeu sem hesitar. — Como eu disse antes, apenas espíritos malignos retêm a memória depois de tomar aquele remédio.

    — Foi defeituoso…

    — Isso não pode ser o caso.

    Ela era uma governante? Porque ela era rígida. Sua guarda estava tão alta que nada do que eu dizia estava funcionando. O que devo fazer?

    Enquanto eu contemplava isso, Amelia murmurou — Hmm, agora que penso nisso, é possível que o palácio tenha ficado quieto de propósito. Já que você era praticamente um herói na cidade na época.

    Sobre o que ela estava falando agora? Eu estava curioso sobre o que ela diria a seguir, mas senti que perguntar seria admitir que ela estava certa, então engoli a vontade. Mas deve ter sido visível no meu rosto.

    — Parece que você não tem ideia do que quero dizer.

    — Sim, nem um pouco. Por que eu deveria me importar com o que você está dizendo em primeiro lugar?

    Amelia sorriu com minha negação. — Então você não vai admitir até o fim?

    — Claro. Porque eu não sou um espírito maligno.

    — Bem, isso é bem típico de você. Tudo bem. Existem maneiras. — Amelia procedeu a tirar um disco do tamanho de uma bússola de seu subespaço. Era um objeto que eu não podia deixar de reconhecer.

    “Deuses… por que isso está aqui?”

    Quando ativado, o No. 7234: Confiança Equivocada tornava impossível para qualquer pessoa dentro de um raio de nove metros contar uma mentira. Também aconteceu de ser o mesmo item que causou toda aquela confusão na Floresta do Doppelganger.

    — Não vi isso quando você esvaziou a bolsa na companhia mercantil antes.

    — Porque comprei quando estava vivendo sozinha na cidade. Achei que seria útil em uma cidade como esta. No entanto, não pensei que você seria a primeira pessoa em quem eu o usaria.

    “Então era isso. Você já executou uma simulação de exatamente como me encurralar combinando todas as cartas que tinha.”

    — Julgando pela sua expressão, acho que não preciso explicar o que é. Bem, não há como um espírito maligno não saber.

    Click.

    Amelia pressionou o botão no topo da Confiança Equivocada. Então, ela colocou no criado-mudo entre as camas. O ponteiro dos segundos começou a se mover lentamente, fazendo um som de tique-taque.

    Com o palco montado, Amelia se voltou para mim e falou. — Bjorn Yandel, você é um espírito maligno?

    Era xeque-mate. Um silêncio sufocante se seguiu, no qual eu desesperadamente vasculhava meu cérebro.

    “O que devo fazer?”

    A questão não era se revelar ou não que eu era um espírito maligno. Esse gato já tinha saído do saco no momento em que ela tirou a Confiança Equivocada.

    “Não é uma falsificação.”

    Infelizmente, a Confiança Equivocada era genuína. Eu testei no momento em que ela ativou. Quando tentei dizer a mentira ‘Eu sou uma mulher’, as palavras não saíram da minha boca.

    — Você tem cinco minutos agora. Vai ficar em silêncio, então?

    Este item significava que o silêncio era uma resposta em si. O fato de eu ser um espírito maligno já estava estabelecido. E assim, minhas preocupações estavam em outro lugar.

    “Devo matá-la?”

    Como esse era meu segredo mais importante, medidas extremas pareciam atraentes.

    “…Pare de pensar em coisas assim.”

    Afastei esse pensamento. Matá-la seria impossível em primeiro lugar. Para ser honesto, não era como se eu não tivesse chance de vencer em uma luta contra ela agora, mas se Amelia escolhesse fugir, a perseguição não seria fácil. Além disso, se nossa parceria desmoronasse aqui e agora, todos os meus planos também estariam em risco.

    “Além disso, ela claramente é do tipo que seria um grande incômodo ter como inimiga.”

    Nesse caso, havia apenas uma opção, embora não fosse uma solução típica de bárbaro. Como essa mulher pensava de maneira tão binária, eu não tinha escolha a não ser ser amigo dela se não quisesse que ela fosse uma inimiga.

    — Seria uma pena desperdiçar este item, então acho que devo falar em vez disso, se você não vai. O que eu disse antes sobre espíritos malignos não perderem a memória com o remédio não foi uma afirmação inventada… é a verdade.

    Pus fim ao meu pânico prolongado. — Sim, eu sou um espírito maligno.

    Essa foi minha segunda ‘saída do armário’ após Bekho. Amelia não parecia particularmente surpresa. Ela só havia puxado aquilo para me fazer admitir em voz alta; ela já devia estar convencida há muito tempo.

    — Essa é uma expressão estranha no seu rosto — ela disse.

    — …Você nunca saberá o quão aliviado e sufocado eu me sinto agora.

    — Por alguma razão… — Amelia de repente parou no meio da frase. No começo, eu me perguntei por quê, mas logo entendi o que estava acontecendo. A Confiança Equivocada reconheceu uma mentira e a silenciou.

    — Você não estava prestes a dizer desculpa ou algo assim, estava? — Ela estava falando sério? Uma raiva momentaneamente me dominou, mas eu mal consegui suprimí-la.

    “Sim, não podemos nos tornar inimigos agora, certo?”

    Agora que fui descoberto como um espírito maligno, tinha que me tornar o melhor amigo desta mulher, então eu deveria confirmar algo primeiro. — Mas você está bem? Com o fato de eu ser um espírito maligno.

    — Se você está perguntando se eu tenho uma opinião negativa como as pessoas da cidade, a resposta é não. Eu já trabalhei na mesma equipe que um espírito maligno por mais de um ano.

    — …Então por que você foi tão persistente?

    — Porque eu estava curiosa. — Imediatamente me deparei com um segundo obstáculo. Só por uma razão como essa, ela se aprofundou em algo que claramente alguém queria esconder? Bem quando o vapor estava prestes a sair das minhas orelhas, ela desviou os olhos. — Estranhamente, continuo me envolvendo com você. Por isso fiquei curiosa. Se você tinha algo a esconder e se eu podia confiar em você.

    Visto que a Confiança Equivocada está ativada, não acho que ela esteja dizendo algo que não quer dizer… Ha, isso torna ficar com raiva meio…

    — Ah, claro, eu também imaginei que você não poderia me trair tão facilmente se eu soubesse sua fraqueza.

    Isso deveria ter ficado não dito. Bem, o que você pode fazer com uma mulher assim?

    — Tenho uma pergunta — ela continuou.

    — …Pergunte.

    — Se você é um espírito maligno, por que ficou tão bravo com a morte de Yandel Jarku? Foi culpa?

    — Eu…

    “Eu também não sei”, era como eu queria responder, mas as palavras não saíram. Então, apenas admiti honestamente. — Sim.

    — Hmm, você é realmente uma pessoa muito sensível. — Amelia me olhou com diversão. — Seu objetivo é voltar como os outros espíritos malignos?

    — …Eu não sei.

    — Por causa dos seus companheiros? Acho que o verdadeiro você também era um cara afetuoso.

    Ugh, por que ela estava tão interessada em mim? Eu precisava mudar de assunto o mais rápido possível.

    Click.

    Naquele momento, o ponteiro da Confiança Equivocada parou de se mover. Isso significava que não estava mais ativa.

    “Isso é muito melhor.”

    Eu rapidamente mudei o tópico da conversa. Gostasse ou não, eu já havia sido revelado como um espírito maligno, certo? Eu deveria começar perguntando as perguntas que vinha evitando para esconder minha identidade.

    — Mas Amelia, por que você estava procurando por Auril Gavis em Bifron?

    — Oh, acho que você saberia sobre ele se você é um espírito maligno.

    — Eu não só sei sobre ele. Eu até o encontrei pessoalmente não muito tempo atrás.

    — Você o encontrou?

    — Vamos falar sobre isso depois. Responda minha pergunta primeiro.

    — …Porque no dia em que minha irmã mais velha morreu, ele estava lá.

    — O quê?

    — Achei que ele devia estar envolvido de alguma forma. Por isso queria encontrá-lo e ouvir a verdade. Só isso.

    Hmm, na verdade não era nada especial. Pensei que haveria um segredo maior por trás disso.

    Não, o fato de o velho estar lá naquele dia não é uma informação inútil. Talvez eu possa descobrir qual é o objetivo dele a partir dessa missão.

    — Agora, então. Diga-me. Onde você o encontrou?

    — Você conhece os Caça-Fantasmas?

    — Se você está falando sobre a reunião de espíritos malignos, sim, até certo ponto.

    Ok, então havia menos para explicar. — Eu tinha certeza de que não seria convocado, já que estamos vinte anos no passado, mas fui convocado enquanto dormia. Encontrei um homem que dizia ser Auril Gavis lá. — Depois de explicar que fui exposto como um viajante do tempo durante nossa conversa, disse — A parte importante começa agora, então ouça com atenção. Aquele velho disse que não importa o que façamos aqui, o passado não pode ser mudado.

    — …Ele disse isso?

    — Sim, no começo, achei difícil de acreditar, então fiz o teste. E foi exatamente como eu te disse que foi no labirinto. — Dwalkie e Raven. Tentei mudar seus futuros, mas até essas ações já faziam parte da causa e efeito desta linha do tempo. — Então, vou perguntar novamente, Amelia. Você ainda vai tentar?

    Amelia não respondeu. Quando eu lhe disse isso da última vez, ela nem piscou, mas agora que a explicação adicional de Auril Gavis tinha sido adicionada, parecia que o peso das minhas palavras era diferente. Ela se recompôs silenciosamente antes de abrir a boca. — Eu vou. Já é tarde demais para desistir agora.

    Tarde demais, hein? Ela soava como alguém que comprou ações durante uma bolha prestes a estourar.

    — Entendo. Então eu vou te ajudar. — Em vez de discutir com ela, expressei minha intenção de me juntar a ela. Afinal, ela era uma mulher muito compassiva. Se eu continuasse a construir nossa boa vontade e a me aproximar dela assim, ela não consideraria brincar com minha fraqueza.

    — …Estou cansada. Vou dormir. — Amelia encerrou a conversa ali e deitou-se novamente em sua cama. Eu fiquei um pouco atordoado.

    “Hã? Dormir? Ela não deveria estar dizendo obrigada agora? Que pode confiar em mim, ou que está feliz por me ter?”

    Eu não estava esperando nada do tipo, mas nunca pensei que ela simplesmente se deitaria sem reconhecer minha oferta. Caramba, isso exigia uma mudança de planos, então. Como eu poderia ganhar pontos com ela?

    — Amelia, está dormindo?

    — …Hm?

    — E-Eu estava pensando que poderia te dar uma m-massagem se você estiver cansada.

    Silêncio.

    — Ah, certo… Isso é um pouco demais, né? Desculpe por atrapalhar seu sono.

    Deitei-me na cama em frente à Amelia. Embora eu fechasse os olhos, não havia como eu conseguir dormir.

    No meio de um longo silêncio, uma pergunta de repente veio voando para mim sem aviso. — Qual era o seu nome original?

    Eu não sabia por que ela estava de repente curiosa sobre meu nome verdadeiro, mas me vi respondendo honestamente. — É Hansu Lee. Oh, Lee é meu sobrenome. — Como eu já havia sido descoberto, algo como meu nome verdadeiro não era importante. Além disso, achei que recusar a responder poderia afetar sua boa vontade em relação a mim, o que era a última coisa que eu queria. Hmm, sim, isso deveria ser o caso.

    — Hans? Então seu nome é Hans? Isso é surpreendentemente comum…1

    — Que porra você ta falando? — Um palavrão escapou dos meus lábios sem querer. Isso tinha cruzado a linha.

    1. MrRody: Quantos de vocês haviam notado esse detalhe? Talvez a razão de todo azar seja ele próprio.[]
    Um pequeno gesto, um grande impacto.

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