A obra atingiu um pequeno ponto de hiato e novos capítulos serão publicados na segunda metade de julho.
Capítulo 307: Távola Redonda (1/5)
『 Tradutor: MrRody Revisor: SMCarvalho 』
O cômodo exalava um aroma reconfortante de madeira.
“Não parece haver nada particularmente diferente aqui.”
Eu estava olhando ao redor com esse pensamento em mente quando algo chamou minha atenção. A máscara branca que usei durante minha última visita estava pendurada na parede vazia.
“Será que ele quer que eu a use novamente?”
Eu sorri e coloquei a máscara. Quando entrei pela porta, lá estava um velho vindo do fim do corredor: Auril Gavis, o homem misterioso que talvez tivesse todas as respostas para minhas perguntas.
— Haha, você está aqui. Estive esperando por você. — Este era um homem que não escondeu suas emoções ao ouvir que eu tinha completado o jogo original. — Teve algum problema desde então? Desde o dia em que te enviei de volta, fiquei muito ansioso com a possibilidade de algo acontecer com você.
Mesmo que ele começasse com uma risada alegre e induzisse uma atmosfera amigável, eu não podia baixar a guarda. Eu vi outro dia. O chefe da Orcules, o Erudito Caído, e outros indivíduos poderosos que estavam sem dúvida no mesmo nível que eles não conseguiram dizer uma palavra quando esse homem os repreendeu.
— Tenho estado bem. Mas o que aconteceu com aquelas pessoas de antes?
— Hã? Que pessoas?
— Você disse que elas quebraram outra regra e saíram antes do final da noite.
Só então Auril assentiu compreendendo. — Ah, você deve estar falando sobre aqueles fracassos.
“Fracassos, né?”
Ao ouvir essa declaração despreocupada, percebi que a batalha havia começado. A razão pela qual o velho enigmático usou a palavra ‘fracassos’, que me colocaria em alerta máximo, sem hesitação, era óbvia.
“Acho que ele não gostou que eu o enganei da última vez.”
Era uma espécie de variação da técnica da ‘cenoura e bastão’. A única diferença era que o ‘bastão’ não estava sendo usado no alvo, mas em outra pessoa.
— Os fracassos de que você fala estão reunidos naquela sala, então não precisa se preocupar. Deixei bem claro para eles o que acontecerá se fizerem mais confusão. — Enquanto mostrava sua superioridade castigando implacavelmente os outros, ele simultaneamente mostrava ao alvo infinita gentileza… exatamente como ele estava fazendo agora. — Hum, de qualquer forma, isso foi inconveniente da minha parte. Tenho certeza de que deve ter sido um pouco perturbador para você ouvir isso. Mas não se preocupe. Eu sei melhor do que ninguém que você é diferente deles.
A gentileza contrastava com a frieza que ele acabara de mostrar. O destinatário daquela gentileza não tinha escolha a não ser pensar:
“Eu não quero ficar do lado ruim desse cara. Para evitar isso, eu tenho que corresponder à sua benevolência.” Essa era a conclusão que seu subconsciente naturalmente chegava.
Eu era imune a técnicas sub-reptícias como essas.
— Você é especial. Não é?
Sorri diante da pergunta do velho e respondi: — Não sei.
— Hã?
— Chega de truques bobos.
“Estou cansado de cenouras, sabe.”
— …Truques? Isso é um pouco demais, não é? — Com minha provocação, a expressão do velho mudou, e ele olhou diretamente para mim. Embora não houvesse a picada de uma intenção assassina, o olhar em seus olhos era intenso e cheio de energia fervilhante.
Mas eu não recuei. Você tinha que mostrar para essas pessoas, de antemão, que você não tinha medo de ofendê-las. — Não vim aqui para falar sobre isso com você.
— Hã…?
— Se você vai ficar de conversa fiada assim, me mande de volta. Na verdade, nesse caso, quero que garanta que eu nunca mais volte aqui.
O velho parecia bastante perplexo. — Conversa fiada?! — ele gaguejou, como se fosse ele o injustiçado. — Você foi quem perguntou o que aconteceu com eles!
“Ah… isso é verdade. A situação tomou um rumo engraçado. Mas o que ele vai fazer sobre isso?”
— Então você está dizendo que a culpa é inteiramente minha? — Como um bárbaro que peidava onde queria, eu aprendi a importância da crença, uma crença poderosa em si mesmo. Essa forte convicção ajudava a construir a confiança para passar pela vida sem se intimidar, não importa quais desafios você enfrentasse.
— Não, eu não estou dizendo que é sua culpa…
— Peça desculpas — exigi audaciosamente.
— Espere, acalme-se. O que diabos eu fiz para te deixar tão sensível?
Mesmo que eu estivesse sendo irracional, mesmo que eu estivesse atualmente no corpo de Hansu Lee e não no de um bárbaro, eu disse: — Então você não vai pedir desculpas?
— …Haha, acho que você também pensa que sou frouxo. — O velho franziu a testa com minhas repetidas exigências, e percebi que nosso entorno começou a distorcer de uma maneira peculiar. Para ser honesto, era assustador pra caralho.
— Peça desculpas. — Mas isso não mudou nada. O que ele e aquele rosto inexpressivo iam fazer? Ele ia expulsar o usuário que completou o jogo original?
— …Hah, por que você está sendo assim? — perguntou o velho com um suspiro.
Logo, a sala ao nosso redor parou de se distorcer, como eu esperava. Estava perfeitamente claro para mim que ele estava fingindo raiva para sair dessa. No entanto, eu tinha a sensação de que a raiva era genuína.
— Por que você continua me provocando? Tenho certeza de que você não foi tão mal-educado da última vez.
— Você fala como se me conhecesse. E um frouxo? Não foi você quem me subestimou primeiro?
— Do que você está falando? Subestimar você…
— Você achou que, se usasse a palavra ‘fracassos’, eu me assustaria e faria o que você quer?
Surpreendentemente, o velho não refutou minha acusação para afirmar que eu estava enganado, que não era intencional. Eu tinha certeza de que havia muitas desculpas que ele poderia ter feito, mas ele apenas pensou por um momento e depois assentiu. — De fato, você é definitivamente diferente dos outros… Eu peço desculpas. Tratei você com muita familiaridade, embora alguém que completou o jogo original, que era considerado um fracasso, não pudesse ser uma pessoa comum. Terei mais cuidado daqui para frente.
“Uh, eu não esperava uma desculpa tão sincera…”
Eu estava um pouco confuso. Se ele tivesse me dado uma desculpa vazia, eu planejava usar isso para ter a vantagem nas conversas que se seguiriam.
“Talvez isso também fosse um movimento intencional da parte dele.”
— …Já que você colocou dessa forma, vou deixar passar. — Normalmente, eu não aceitaria desculpas que consistissem apenas de palavras bonitas, mas decidi aceitar nessa situação, achando que continuar o ato de bárbaro realmente faria nosso relacionamento desmoronar.
A tensão diminuiu depois disso. — Agora, por que não tomamos uma bebida e conversamos naquela outra sala, em vez de ficarmos aqui assim? Ah, há algum tipo de chá que você queira?
“Por que você está perguntando o óbvio?”
— Sprite. — Essa era a única coisa que estava na minha mente há semanas.
Chegamos ao ponto em que eu normalmente estaria pensando:
“Sim, é isso aí.” Bem, este deveria ter sido o caso.
“Por que tem um gosto tão sem graça? É porque pedi com gelo?”
Grrr.
Coloquei o copo sobre a mesa, que só tinha gelo, e me perdi em pensamentos por um momento. Não é que não fosse refrescante, mas parecia ter menos gás do que o normal. Tinha um gosto visivelmente pior do que da última vez que eu o tomei.
“Será que esse velho está guardando rancor…?”
Quando uma explicação plausível ocorreu a mim e eu o encarei, Auril Gavis falou. — Então, eu quero que comecemos devagar…
Era meio engraçado. Esse não era o tipo de cara que deveria estar pisando em ovos com um novato como eu.
“Acho que sou muito importante para esse velho.”
Embora tenha exigido algum esforço da minha parte, à medida que o tratamento dele para comigo melhorava, eu também aumentava minha vigilância. Afinal, ninguém neste mundo tratava alguém bem sem um motivo. Eu também parei de me preocupar com o refrigerante para poder pensar sobre o problema real de forma mais profunda.
“Por que o usuário que completou o jogo original é tão importante? Hmm… Eu não sei. Honestamente, não faço ideia.”
O fato de eu ter mais conhecimento do jogo do que outros jogadores era verdade, mas isso não poderia ser o motivo. O homem à minha frente aqui era Auril Gavis, o criador do jogo. Todo o conhecimento que eu tinha, ele também teria. Se o que ele queria era um jogador com conhecimento, tudo o que ele tinha que fazer era compartilhar isso com eles.
“Então por que ele está sendo tão obsessivo? Acho que é isso que tenho que tentar descobrir a partir de agora.”
— Hum-hum, no que você está pensando tanto?
— Ah, desculpe. Minha mente vagou por um momento.
— Ha! Comigo bem na sua frente? — Auril estava surpreso com o absurdo dessa afirmação. Claro, essa falta de educação dele não durou muito.
— Hah, você está começando de novo?
— Ah, não, não estou. Só quis dizer que é agradável ouvir algo assim pela primeira vez em muito tempo.
— Ah, entendi. Quase te entendi errado.
— …Você é por acaso um bárbaro?
“Hã? Ah cara, eu deixei muito óbvio?”
Embora por dentro eu tenha vacilado, não deixei minha inquietação transparecer no rosto e ignorei a acusação como se ele tivesse dito algo de mau gosto. — Isso é uma pergunta?
— Não, claro que não. Era uma piada. — A expressão dele me fez pensar que era realmente uma piada, mas eu precisava ser mais cuidadoso a partir de agora. — De qualquer forma, falando em perguntas…
— Está bem, fale livremente.
Assim que minha permissão foi dada, o velho rapidamente foi ao ponto. — Não falamos sobre justiça antes de nos despedirmos? Tenho quebrado a cabeça nos últimos dias…
— Mais curto e direto ao ponto.
— Criei um item que pode resolver o problema.
“Veja, você pode resumir em uma linha.”
— Hmm, item?
— É isso. — Em vez de explicar longamente, Auril tirou uma joia do tamanho de um punho do bolso interno. Era um item que me era muito familiar.
— Isto é…
Não importa o ângulo que eu olhasse, não havia dúvida. Era a joia que estava embutida no centro da Távola Redonda. Eu não sabia que esta era sua história de origem. Então, esse velho era o Mestre?
— …Você está reagindo assim porque sabe o que é?
— Não, só parece caro.
— Caro… haha! Este é um item cujo valor não pode ser convertido em capital do mundo real… ahem, quase me empolguei de novo. — Parecia que depois de apenas algumas lições, Auril havia aprendido a interromper seus monólogos por conta própria. Ele rapidamente explicou o item. — Este é um item que possui alguns dos poderes que eu tenho neste espaço espiritual.
Eu não entendi o princípio por trás disso, mas não me atrevi a abrir a boca. Não só eu não entenderia sua explicação em primeiro lugar, mas quando você não tinha certeza de algo, era melhor ficar quieto.
— É muito simples de usar. Se você falar a verdade na frente desta joia, uma luz verde se acende, e ao contar uma mentira, a luz vermelha se acende. Gostaria de testar?
Eu tinha deixado de lado a suspeita de que este item poderia ser falso no momento em que ele o tirou, mas não me dei ao trabalho de mostrar isso. Isso porque ele praticamente me deu uma chance de fazer uma pergunta de graça. — Auril Gavis, você tem mais de trezentos anos? — Deliberadamente mencionei um período de tempo específico. Se eu simplesmente perguntasse quantos anos ele tinha, ele poderia responder com ‘um’ para provar que a joia ficaria vermelha quando mentisse.
— …Eu não tenho — Auril respondeu em um tom que sugeria que ele percebeu meu esquema, mas estava deixando passar.
Shaaaaa.
A joia ficou vermelha.
— Isso significa que o que foi dito era uma mentira.
“Uau, então ele tem mais de trezentos anos? Desde que O Livro Completo das Fendas foi escrito há 150 anos, eu só joguei um número aleatório… Que tipo de monstro é esse cara?”
Embora eu estivesse internamente chocado, não deixei isso transparecer.
— Que tal? As coisas não serão justas se usarmos isso para fazermos perguntas um ao outro?
— Hmm, mas isso não é um pouco injusto? Já que você fez isso, talvez possa decidir de que cor a joia vai brilhar. — Era uma preocupação muito válida.
Surpreendentemente, Auril optou por enfrentar essa acusação de frente. — Eu juro pelo meu nome, isso é impossível.
“Você jura, hein?”
Essa era uma palavra que eu sentia muita falta. Já tinha tido minha cota de traições. — Vai ser difícil acreditar em você só com isso. Talvez se você jurar pelos seus pais.
— P-Pais…?
— Vendo que você não pode, acho que estava mentindo.
— Claro que não! É só… uma sugestão tão absurda que me pegou de surpresa. Como posso jurar por pessoas que não estão mais neste mundo? — Parecia que ele não havia considerado que um juramento feito em seu próprio nome não me convenceria nem um pouco. Ele levou um momento para pensar. — Cabe a você acreditar ou não, mas vou dizer isso. O voto que acabei de fazer é a verdade, e agora, sem este item, eu também não posso discernir se você está dizendo a verdade ou não.
— Hã?
Enquanto eu inclinava a cabeça, uma luz verde apareceu. — Eu te disse antes. Uma parte significativa do meu poder foi usada para criar este item. Não posso mais ler sua alma em sua totalidade.
— Minha alma em sua totalidade…?
— Isso significa que não posso ler quais essências e de que nível você possui.
A luz verde se acendeu novamente. Mas será que esse velho percebeu que quanto mais isso acontecia, mais minha fé diminuía?
“Isso me deixa ainda mais suspeito de que ele está falando sobre suas fraquezas tão abertamente assim… E se realmente for manipulado?”
Justo quando meu olhar começou a escurecer, ele perguntou: — Você se lembra das pessoas que viu outro dia?
— As pessoas que você chamou de fracassos?
— Isso mesmo. Eu posso ter dito isso antes, mas aqueles são, de fato, indivíduos que são tratados com respeito onde quer que vão, com base em suas reputações e habilidades por si só.
— Reputação e habilidade são duas coisas diferentes.
— …É uma figura de linguagem.
— De qualquer forma, então o que você está tentando dizer?
Auril suspirou e fez uma nova proposta. — Por que não temos essa conversa onde eles estão? Eles podem não saber tudo, mas devem ser totalmente capazes de reconhecer uma mentira absurda e objetar a ela.
— …O quê? — Minha mente ficou em branco assim que ouvi sua sugestão. Será que esta é a versão beta da Távola Redonda?
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