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    Tradutor: MrRody Revisor: SMCarvalho 』


    — Sabe, um tipo de sistema de júri — disse Auril Gavis, antes de lançar o que parecia uma desculpa. — Claro, eu também não gosto dessa abordagem, nem acho que seja uma opção muito boa. Só estou sugerindo isso porque você não pode confiar em mim, então pode recusar se não gostar. — Vendo como ele estava pisando em ovos enquanto dizia isso, parecia que ele interpretou meu olhar como desaprovador.

    — Uma távola redonda, huh? — Para ser honesto, essa não era uma má sugestão para mim. Se íamos fazer isso, porém, seria necessário algumas modificações, como colocá-los todos sentados em uma mesa redonda em vez de emular um júri. Jogar Távola Redonda com esse grupo, que incluía o chefe da Orcules e o Erudito Caído, certamente me daria informações úteis. Mas…

    — Eu recuso. Não me sinto confortável em expor essa informação diante de outros. — Por enquanto, informações exclusivas de Auril eram minha prioridade máxima. Ajustar as regras da Távola Redonda vinha depois.

    — Uma recusa… Na verdade, pensei que você diria isso. Do seu ponto de vista, poderia parecer que estou conspirando com o resto deles. — Auril suspirou e perguntou — Então o que você fará agora?

    Eu ri. O que mais havia para fazer? Precisávamos voltar ao ponto inicial. — Uma pergunta por três.

    — Hmm, acho que minha parte do acordo melhorou desde cinco.

    — Já que você fez este item — eu disse, meus olhos na joia.

    Auril notou e sorriu. — Obrigado por reconhecer meus esforços, mas não faria mais sentido para nós fazermos uma pergunta cada um, nesse caso?

    Verdade, isso poderia parecer injusto para ele. Enquanto o detector de mentiras estivesse operacional, você poderia argumentar que estávamos em pé de igualdade. — Pense nisso como o preço da minha fé. — No entanto, como eu estava tratando isso como se fosse a primeira vez que via essa joia, não poderia ter certeza de que o velho não manipulou suas habilidades de detecção de verdade. Isso porque ele era o criador dela. Não seria estranho se ele tivesse um código secreto escondido.

    — Que contraditório. — Auril riu incrédulo. — Você já está bem ciente, não está? Se eu estivesse mentindo para você, não haveria sentido em fazer perguntas adicionais, não importa quantas você perguntasse.

    “Claro que sei disso. E daí?” — Então, você está recusando?

    — Haha, claro que não. Estranhamente, embora pareça contraditório, faz sentido. Pelo menos você está se lançando em uma situação incerta da mesma forma. — Ele aceitou meus termos com uma cabeça mais fria do que eu esperava. Pensei que as negociações seriam mais turbulentas do que isso. — Em troca, posso fazer a primeira pergunta? Você perguntou sobre minha idade antes.

    — Tudo bem. — Desta vez, dei-lhe uma concessão. Eu tinha certeza de que ele tinha um motivo para perguntar, mas também era verdade que ele havia sido muito considerado até agora. Além disso, fazer uma pergunta não era necessariamente uma coisa ruim, já que essa pergunta também poderia ser usada para entender as intenções da outra pessoa.

    Assim, nosso jogo de verdadeiro ou falso começou. — Então deixe-me perguntar. — Logo, Auril abriu os lábios e falou. — Quantas pessoas completaram o jogo original nos próximos vinte anos?

    Essa foi a primeira pergunta dele? Foi o pensamento que me veio à mente, mas era cedo demais para baixar a guarda. Já que ele escolheu fazer essa pergunta em particular, apesar da taxa de troca desfavorável de três perguntas por uma, isso não seria curiosidade ociosa da parte dele.

    “A razão pela qual ele está curioso sobre isso…”

    Ele deve estar curioso se haveria alguém disponível para me substituir, se necessário. E assim, apenas respondi honestamente. — A única pessoa que veio depois de completar o jogo original fui eu. Pelo menos, até onde eu sei. — Esta era uma resposta que me colocava em vantagem nesse relacionamento, mas deixava espaço para ele não se fixar exclusivamente em mim.

    — Hmm, entendo. — Quando a joia acendeu verde, Auril apenas deu um leve aceno de cabeça, sua expressão indecifrável.

    Então era minha vez de fazer as perguntas. Já tinha compilado uma lista de perguntas anteriormente, então não havia necessidade de inventar nenhuma. Embora eu precisasse fazer alguns ajustes agora que essa joia estava na minha frente.

    — Você já usou o Fragmento da Pedra dos Registros antes? — Deliberadamente formulei isso de uma forma que ele só poderia responder com sim ou não. Claro, esse método reduzia a quantidade de informações que eu poderia obter, mas pelo menos eu poderia verificar os fatos corretamente. Então, desde que os fatos fossem estabelecidos, eu poderia inferir o resto. Isso seria mais confiável para mim do que qualquer coisa que uma terceira pessoa pudesse dizer.

    — Não pensei que seria perguntado isso logo de cara… Você realmente não é um cliente fácil.

    — Sua resposta?

    — Eu já usei antes.

    Então eu estava certo. Confirmando que a luz verde acendeu um breve momento depois, selecionei calmamente a próxima pergunta.

    Foi então que Auril perguntou, quase fascinado: — Mas como diabos você sabia disso?

    A resposta era simples: porque havia pequenas dicas disso em nossa última conversa. Para ser honesto, eu só queria testar para ver se estava certo. Mas no mundo da competição, nada é de graça. — Se você está curioso, pergunte-me depois.

    — Ahem…

    — Então deixe-me fazer a minha segunda pergunta.

    — Vá em frente.

    Tomei um momento para respirar antes de lançar a segunda peça de informação que precisava confirmar. — Você criou este mundo espiritual?

    Auril estremeceu ligeiramente antes de me dar um olhar estranho. — …Não consigo entender sua estratégia.

    — O que quer dizer com isso?

    — É difícil para mim entender por que você gostaria de saber isso. Se estivesse perguntando apenas por curiosidade, eu poderia entender. Mas você não parece ser o tipo de pessoa que faz coisas por emoção.

    Acho que entendi o que ele estava tentando dizer. Para esse velho, essa pergunta não pareceria eficaz em termos de custo-benefício. Embora eu não tivesse obtido uma resposta definitiva, as implicações eram claras. Pareceria um desperdício incomodar-se em verificar isso.

    “Mas essas coisas precisam ser claramente abordadas.”

    Este espaço para o qual fui convocado no dia quinze de cada mês era único. Como o palácio e a Torre Mágica estavam cientes de sua existência, muitas pesquisas foram feitas sobre ele, mas ninguém conseguiu descobrir o método pelo qual este lugar foi criado. Até hoje, os magos da Torre só podiam teorizar que um mago muito mais poderoso do que eles poderiam imaginar havia criado este lugar. Então, esse velho poderia realmente ser um mago tão grande?

    — Então, sua resposta?

    Logo, Auril me deu uma resposta. — É como você pensa. Eu criei este lugar.

    — Está vermelho. — A joia julgou que a afirmação era falsa. Assim que Auril fez uma careta, eu estava ocupado me perguntando. Não esperava que uma mentira surgisse aqui, de todos os lugares. Meus olhos se estreitaram. — Por quê?

    — Bem… — Auril hesitou. — Acho que a joia considerou minha resposta um pouco vaga.

    Vaga, hein? Porque eu tinha conhecimento prévio sobre a joia, tinha uma suposição geral de como isso aconteceu. Como a joia baseava suas respostas em como o falante se sentia, se o falante não tivesse confiança na afirmação, a luz não acenderia verde.

    Quando o olhei exigindo uma explicação, Auril me deu uma resposta Zen, parecida com um enigma. — Eu tanto criei quanto não criei este espaço.

    Que tipo de jogo de palavras era esse? — Você está falando sério?

    — …A luz está verde agora, não está?

    — Fale claramente. O que quer dizer com isso? Isso significa que você tem um colaborador?

    Auril respondeu depois de uma breve pausa. — Acho que você poderia ver dessa forma.

    “O que quer dizer com ‘poderia ver’?”

    Embora isso fosse absurdo, a luz verde realmente apareceu.

    “Então acho que posso interpretar isso como ele querendo esconder o fato de que tinha um parceiro. A luz vermelha anterior deve ter sido porque ele se sentiu culpado por tentar me responder de forma vaga.”

    Eu tinha ganhado uma quantidade inesperadamente boa de informações com isso.

    — Então isso faz sua terceira. Vá em frente — Auril me instigou, parecendo um tanto exausto.

    “Oh, não me apresse.”

    — A bruxa… — Sorri e me corrigi. Era melhor ser claro aqui. Seria certo referir-se a ela pelo título apropriado. — A Bruxa da Terra está realmente morta?

    Embora isso possa não ser um assunto urgente agora, era algo que eu tinha que abordar pelo menos uma vez. Mesmo que você não estivesse particularmente interessado em história, a Bruxa da Terra era um nome que você não podia deixar de ouvir inúmeras vezes enquanto vivia neste mundo. Agora que eu estava pensando nisso, sempre fui curioso para saber quantas das histórias sobre a bruxa que eram consideradas de conhecimento comum entre os cidadãos de Rafdonia eram verdadeiras.

    — …Da primeira pergunta à última, você não conseguiu fazer uma única fácil, conseguiu?

    — Sua resposta?

    Auril sorriu infeliz com minha insistência e respondeu: — Ela está viva.

    “Uau, sério…?”

    De repente, eu tinha muito em que pensar.

    “Se esse for o caso, isso não só significa que o palácio intencionalmente escondeu esse fato… mas também não havia nenhum ‘easter egg’ que sugerisse isso no jogo.”

    Esse velho era o criador do jogo, mas ele não incluiu essa informação, mesmo sabendo disso. O mesmo homem que inundou os jogadores com todos os tipos de informações desnecessárias e configurações e ainda finalizou tudo com ‘Tutorial Completo’ no final? Isso, novamente, não fazia sentido. Seria mais razoável supor que ele escondeu isso intencionalmente na esperança de que não chegasse aos ouvidos dos jogadores.

    “Mas por que ele queria manter isso em segredo?”

    Brinquei com algumas suposições, mas ainda não tinha certeza. Eu não tinha pistas suficientes neste ponto, mas tinha a sensação de que, ao investigar isso, seria capaz de aprender quais eram os objetivos finais deste velho e do palácio. Simplificando, esta pergunta me forneceu o roteiro básico.

    Enquanto eu colocava meus pensamentos em ordem, o velho, que teve que perseverar através das minhas perguntas, soltou uma risada forte. — Haha, então finalmente é minha vez.

    “Credo, que tipo de pergunta ele está planejando fazer?”

    Eu estava começando a ficar ansioso quando o velho abriu a boca. — Você deseja voltar à Terra?

    A implicação por trás dessa pergunta era óbvia. Embora ele tenha expressado isso de forma indireta, eu tinha certeza de que havia algo mais que ele queria saber. O que ele realmente queria perguntar era provavelmente se eu estava determinado a abrir o Portal do Abismo.

    — Eu não sei — eu disse, soltando um suspiro que estava segurando, e logo a joia começou a brilhar verde.

    — Você não sabe, hein? — Auril riu como se tivesse sentimentos mistos sobre isso, então compôs sua expressão como se nada tivesse acontecido. Então ele me deu um conselho, o que não era comum para ele. — Espero que você tome sua decisão em breve.

    — Por quê?

    — Porque isso será melhor para nós dois. — Perguntei o que ele quis dizer com isso, mas ele apenas respondeu como o macaco velho que era com: — Essa é sua pergunta? — Marcando o fim daquela discussão em particular.

    Era minha vez novamente. Sem perder tempo, perguntei imediatamente: — O Veneno da Bruxa realmente existe?

    — …Você sempre foi tão curioso sobre ela?

    Bem, na verdade, não. Era só que quanto mais conversávamos, mais me ocorria que a Bruxa poderia ser a chave de tudo isso.

    — Hah… — Auril tomou um gole de seu chá e respondeu como se estivesse recontando uma história de um passado distante. — Isso não foi inventado. Este mundo quase foi destruído uma vez por causa dela. Se não fosse pela existência do labirinto, ele teria definitivamente chegado ao fim.

    A luz na joia era verde. Hmm, então o mundo exterior realmente voltou ao normal por causa da passagem do tempo? Passei para a próxima pergunta. — Se a Bruxa está viva, onde ela está agora? — Esta foi a única pergunta subjetiva entre aquelas que fiz hoje. Como não tinha nada em que me basear, imaginei que não conseguiria uma resposta a isso com uma pergunta de sim ou não.

    No entanto, Auril estava pronto. — Ela está onde vão todas as esperanças.

    “Ugh, esses malditos enigmas.”

    Suspirei e verifiquei a joia. Vendo que a luz verde estava acesa, não achei que ele daria uma resposta mesmo se eu tentasse argumentar.

    — Você vai realmente agir assim? — Decidi pelo menos tentar e olhei para ele.

    Auril colocou a mão na joia. — Mas realmente não há uma explicação mais apropriada do que essa. — A luz verde acendeu novamente. Dada a expressão altiva dele, não achei que ele mudaria de posição mesmo se eu pressionasse mais, então apenas desisti.

    “Bem, pelo menos confirmei uma coisa.”

    Auril sabia a localização da bruxa e não queria me dizer onde era. Simplificando, o que eu poderia aprender sobre a bruxa tinha o potencial de interferir com os objetivos de Auril.

    — Já estamos em três. — O velho riu uma risada fácil como se esta rodada de perguntas não tivesse sido tão difícil.

    “Ugh, tão irritante.”

    Talvez fosse hora de verificar isso, a coisa que poderia ser muito mais importante do que qualquer uma das perguntas que fiz sobre a bruxa até agora.

    — Agora, vá em frente.

    Depois de um momento de reflexão, eu disse: — Você ao menos sente remorso?

    Houve uma breve pausa. Eu sabia que Auril era um mago. Ele também parecia ser conhecedor dos segredos deste mundo, incluindo informações sobre a bruxa. Ele era o criador do jogo, e eu também sabia que ele tinha uma relação hostil com o palácio. Então, era hora de ver por mim mesmo. Que tipo de pessoa era Auril Gavis?

    — Haha, você está fazendo outra pergunta difícil. — A risada distinta e calorosa do velho trouxe o breve silêncio ao fim. — Você respondeu à minha pergunta sobre se deseja voltar à Terra com, ‘Eu não sei’, correto? Isso significaria que sua vida aqui não tem sido tão ruim.

    Essa não era uma resposta para minha pergunta. Sem me incomodar com longas explicações, apenas olhei diretamente para ele sem dizer uma palavra.

    — Por que está me olhando assim? Você deve saber. Para alcançar um objetivo, há momentos em que você deve abrir mão de toda emoção.

    Embora eu concordasse com isso, também não era uma resposta para minha pergunta. — Se essa pergunta é tão difícil de responder, vou mudá-la.

    Auril consentiu com minha concessão. — Ah, você vai?

    Assenti e mudei a pergunta, já que parecia que ele estava tendo dificuldades com a original. Para ajudá-lo, fiz uma um pouco mais específica. — Auril Gavis, você sente o mínimo de remorso pelas mortes de inúmeros ‘espíritos malignos’ que foram trazidos aqui como resultado da sua ganância?

    Novamente, não houve resposta, apenas uma risada constrangedora, mas isso já era resposta suficiente para mim. — Haha! Hahaha! — Auril começou a rir alto. Para um observador, era uma visão muito perturbadora, tanto que arrepios correram pela minha espinha. — Sabe, você torna muito difícil vê-lo de forma amigável. — Ele me olhou com olhos que estavam desprovidos de qualquer alegria. Naquele momento, o ar ao nosso redor ficou pesado.

    Tap.

    Então Auril colocou a mão na joia no centro da mesa e falou com a mesma voz amigável que vinha usando até agora. — Como eu poderia estar em paz? Claro que sinto muito por você. Também me sinto responsável. Provavelmente viverei com isso e farei penitência pelo resto da minha vida. — Auril sorriu. — Isso foi uma resposta suficiente para você?

    — …Mais do que suficiente — respondi, olhando para a joia.

    Shaaaaaa!

    A luz emanando da joia era de um vermelho vívido.

    Um pequeno gesto, um grande impacto.

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