Capítulo 312: Herança (1/4)
『 Tradutor: MrRody 』 『 Revisores: SMCarvalho – Demisidi 』
Arua Raven parou em um restaurante de alta classe bem conhecido no Distrito Sete para se encontrar com seus companheiros de clã pela primeira vez em muito tempo. Claro, essa era sua primeira visita aqui. Se tivessem marcado este encontro em um dos lugares que normalmente frequentavam, acabariam ainda mais deprimidos.
— Você não vai pedir nada?
— Ainda não estamos todos aqui. — Com a curta resposta de Raven, Abman parecia um tanto desconfortável.
Quando uma tensão constrangedora começou a se instalar, Ainar falou. — Não, todos estamos aqui. Missha disse que não viria. Eu esperava que ela mudasse de ideia, mas se não está aqui até agora, isso significa que não virá.
— …Entendi. Então somos só nós três. — Raven soltou um suspiro involuntário. Ao fazer isso, sons semelhantes vieram ao seu lado. Todos estavam se sentindo desanimados.
— Raven?
— Sim, Sr. Ulrikfried?
— O que aconteceu com a Erwen? Você tem estado em contato com ela?
— Enviei-lhe uma carta. Disse que íamos discutir o saque da última expedição e o… patrimônio do Sr. Yandel, então gostaríamos que ela viesse.
Na verdade, ela só entrou em contato com Erwen por dever. Não esperava que a elfa viesse, considerando como ela os deixou da última vez.
— Você recebeu uma resposta?
— Não, não recebi. Mas assim que terminarmos de dividir o saque, vou enviar a parte dela pelo correio.
— Entendo.
— De qualquer forma, chega dessa elfa. Nunca imaginei que a Srta. Karlstein também estaria ausente. Não esperava isso de jeito nenhum. Achei que a pessoa que é central era para essa discussão viria. — Raven suspirou e olhou para Ainar. Então perguntou cuidadosamente — Como está a Srta. Karlstein? Ela está bem?
Raven estava genuinamente preocupada com ela. A última vez que a viu foi durante a procissão fúnebre realizada pelo palácio. Na época, estavam distantes e não era o momento certo para conversar. Ela se perguntava como ela estava.
— Claro que não está bem. Ela fica trancada no quarto o dia todo e nem come direito. Uma vez forcei comida nela e ela vomitou.
— Entendi…
— É por isso que não vou muito para casa esses dias. Acho que ela se sente mais desconfortável quando estou lá.
— Então onde você está ficando agora, Srta. Ainar?
— Estou ficando na terra sagrada. Mas parece que Missha come pelo menos o mínimo necessário quando não estou por perto. Então só comprei muita comida para a casa.
— Isso é um alívio.
— Raven, o que você acha? É certo deixar a Missha sozinha assim?
— Isso… — Raven falou com base em sua própria experiência ao longo do mês passado. — Primeiro, acho que o motivo pelo qual ela não consegue comer é por culpa. Você sabe. O ato de comer em si… traz desconforto…
A explicação da Raven foi vaga, o que não era típico dela, mas Ainar e Abman assentiram em aparente compreensão. — Ah, certo.
— Acho que entendo o que você quer dizer. Mas o que isso tem a ver com a situação?
— …Eu não sei. Como ajudar a Srta. Karlstein, quero dizer. Não acho que seja uma má ideia dar um tempo para ela, mas também não sei se isso é a resposta certa.
— Verdade, não é como se você tivesse todas as respostas.
Ainar não disse isso de forma maldosa, mas Raven sentiu seu peito apertar e uma onda de tristeza a envolver mesmo assim. Ainar não estava errada. Se ele estivesse aqui, definitivamente teria sido capaz de descobrir a melhor maneira de lidar com isso.
— Antes de mais nada, vamos pedir. Se ficarmos enrolando assim, seremos expulsos. — Abman deve ter percebido que algo estava errado porque mudou de assunto.
Raven mudou de marcha da conversa pesada para também escolher algo do cardápio. — Oh, nunca estive aqui antes, mas a comida é muito boa. O que vocês dois estão fazendo? Comam.
— Ah, certo…
Depois que a comida foi servida, eles conversaram enquanto comiam e então começaram oficialmente a falar sobre negócios.
— Não há problemas com a divisão do saque. Tudo o que havia para fazer era dividir tudo em cinco partes iguais. O problema é a herança… Todos vocês viram o testamento do Sr. Yandel?
— Ah, eu vi. Além da proporção de alocação, não havia nada mais. Bem, o que mais esperaríamos daquele cara…? — Abman riu um pouco antes de parar. Então fez uma pergunta cuidadosamente. — Mas não é estranho?
— Estranho?
— A proporção. Para ser honesto, não entendo por que ele dividiu assim.
— Ah, sobre isso…
Raven assentiu levemente em simpatia. Ela também ficou surpresa no início. Nunca imaginou que todos receberiam uma parte igual de vinte por cento da herança dele. Pensava que a maior parte da riqueza iria para Missha ou Ainar. No entanto, Bjorn Yandel não era esse tipo de pessoa. Porque a única coisa que ele escreveu foi a proporção e não quais itens exatos iriam para quem, teriam que chegar a um acordo sobre isso entre eles, mas a parte de cada um era do mesmo tamanho.
— Já que você não terminou sua frase, suponho que tenha um palpite?
Raven sorriu tristemente. — É óbvio por que o Sr. Yandel faria isso. — Aquele esperto guerreiro bárbaro queria garantir que mesmo depois de sua morte, eles não se magoassem discutindo sobre dinheiro e pudessem continuar se apoiando e sustentando sem problemas.
— …Acho que não deveríamos deixar a Srta. Missha sozinha assim.
Sim, se ele estivesse aqui, é isso que ele teria desejado.
Três dias após meu retorno da Távola Redonda, Amelia e eu colocamos nosso equipamento completo e visitamos o castelo.
Encontramos um homem no ponto de encontro designado. — Prazer em conhecê-lo. Você é o Máscara de Ferro, certo? — Seu apelido em Noark era Felic Barker, o líder do clã ao qual pertenciam as jovens irmãs Rainwales. Havia cerca de treze membros no total.
— Prazer em conhecê-lo. Sou Máscara de Ferro. — Eu também era conhecido como Bjon, filho de Thor, mas usei meu novo apelido ao me apresentar. Não havia nada de errado com isso. Nesta cidade, muitas pessoas usavam pseudônimos e títulos.
— Vamos entrar.
Quando seguimos o homem para a base do clã localizada dentro das muralhas do castelo, o cheiro de álcool imediatamente atingiu meu nariz. Dentro do interior bem decorado, membros do clã de aparência rústica estavam sentados, bebendo e fumando cigarros. Isso não era um tipo de esconderijo de criminosos.
— Gostaria de beber? — Quando nos sentamos no sofá em frente a ele, Felic Barker nos ofereceu uma garrafa de álcool.
— Não — disse Amelia secamente.
Eu apenas aceitei a garrafa, pois seria estranho se ambos recusássemos beber. Afinal, viemos aqui para nos juntar ao clã. Nesta cidade, recusar beber com alguém era o mesmo que dizer: “Eu não confio em você.”
Clique.
Tocando a base do capacete, levantei-o até acima do queixo e engoli a bebida. Felic Barker sorriu. — Bom, bom. Eu gosto disso. Ah, mas há uma coisa que quero lhe perguntar. Tudo bem?
— Pergunte.
— Por que escolheram nosso clã?
A resposta era simples: porque as irmãs Rainwales pertenciam a este clã. Esta era a nossa melhor maneira de garantir que teríamos uma razão válida para estar por perto quando aquele incidente ocorresse em cinco meses. No entanto, não podíamos dizer isso a ele.
— Emily disse que vocês nos fizeram uma oferta primeiro.
— Mas se metade dos rumores sobre vocês for verdade, vocês teriam recebido ofertas melhores.
Forneci as respostas que havia preparado com antecedência. — Porque ter um clã parece mais conveniente, mas se formos para um lugar assim, inevitavelmente receberemos uma parte menor do saque.
— Você está dizendo que prefere a cabeça de um Troll do que a garra de um de Ogro.
— Sim, isso é um problema?
Felic Barker me encarou como se estivesse tentando entender minhas verdadeiras intenções, mas não havia como isso funcionar. Como ele iria olhar nos meus olhos quando eu estava usando um capacete de ferro no rosto?
Justo quando eu estava pensando nisso, o cara de repente explodiu em risadas, seus olhos brilhando. — Ha! Hahaha! — Ao contrário de Auril, esse cara era uma piada. Seu ato de durão estava cheio de nada além de ar quente. Seu tom também soava estranhamente falso. — Bom, muito bom.
— O que é bom?
— Isso me faz gostar mais de vocês.
— Então, passamos?
— Não, ainda não. — Felic balançou o dedo para nós lentamente, como um tipo de chefe da máfia. — Operamos com base no mérito. Existem três níveis que alguém no clã pode ter, exceto eu, e a parte do saque que você recebe é determinada pelo seu nível. Mas não sabemos do que vocês são capazes ainda. Já ouviram o termo ‘lei da selva’?
— Já.
— Então isso será rápido. Se querem a cabeça do Troll, peguem. E provem a si mesmos. Neste mundo, é assim que se destacam…
Ah, eu estava me perguntando sobre o que ele estava falando. — Certo.
— Hã…?
— Você está dizendo que quer saber se os rumores são verdadeiros ou não.
— Sim, mas…
— Então por que está falando tanto? — Quando me levantei do meu assento, Felic piscou para mim, assustado.
“O que, você achou que se agisse de forma durona eu ficaria com medo? Essas cenas são feitas para serem puladas o mais rápido possível.”
— Chega de conversa… diga-me o que devo fazer. O que, preciso matá-lo?
— …Lutas só são permitidas entre membros. E não quis dizer necessariamente matar…
Ah, tão chato. — Então, quem eu preciso destruir? — Olhei ao redor para os membros do clã na área, momento em que um dos grandalhões que fez contato visual comigo estremeceu. — Então, parece que ele é meu oponente.
— Isso mesmo. Mas a luta não precisa ser até a morte…
“Ugh, pare de fazer tanto barulho.”
Quando marchei com intenção assassina, o homem grande se afastou de mim rapidamente e olhou para Felic com a expressão distinta de alguém implorando por ajuda.
Nesse ponto, Felic também voltou a si e falou. — E-Espere! Há um terreno vago nos fundos.
— Ah, então vamos para lá.
— E habilidades especiais são proibidas durante o duelo.
Ha, eu não achava que haveria uma regra proibindo habilidades. Isso significava que a luta tinha que ser conduzida apenas com nossas passivas e nossos atributos padrão. Parecia que Noark realmente era um lugar macho. — Destruir sem usar habilidades especiais… Bem, isso não será tão difícil. — Depois de um momento de reflexão, aceitei de bom grado as regras.
Mas o que era isso? — Preferiria se ninguém morresse, se possível… — Felic disse em uma voz muito baixa.
Virei-me para ele chocado. — Mas então não posso ser promovido!
— Tudo o que você precisa é da rendição dele.
— O quê? Posso ser promovido mesmo sem matar ninguém? — As lutas sangrentas pelo poder não eram a norma no mundo subterrâneo? Além disso, foi ele quem mencionou a ‘lei da selva’ antes. — O que está acontecendo? Como isso faz sentido? — Olhei para ele como se realmente não entendesse.
Coincidentemente, ele também estava com uma expressão semelhante no rosto. — Você… não disse que está em Noark há menos de um mês?
— E daí?
— Não é nada… — Felic foi o primeiro a desviar o olhar.
Em um quarto escuro com as janelas cobertas por um pano grosso, Missha Karlstein levantou seu corpo da cama, com olheiras profundas. Outro dia começou.
Espiando pela cortina apenas o suficiente para verificar se era dia, ela voltou a deitar na cama novamente. O sono não vinha, e seu corpo não lavado ainda estava coberto de suor do pesadelo da noite passada. Mais do que isso, seu estômago estava vazio a ponto de doer.
Missha arrastou seu corpo exausto para fora do quarto. Parou em frente ao quarto de Bjorn, que não tinha sido tocado desde aquele dia. Quase parecia que, se ela abrisse aquela porta, encontraria a pessoa que desejava dormindo lá dentro. Mas, mais uma vez, não conseguiu se forçar a verificar.
Virando-se fracamente, desceu as escadas até o primeiro andar, que estava tão escuro quanto o segundo. As cortinas estavam fechadas por causa das pessoas que vinham deixar flores.
— Ela veio de novo… — Missha murmurou distraidamente.
Na mesa havia um bilhete deixado pela Ainar, escrito com letras tortas. Dizia que a despensa havia sido reabastecida e que ela deveria verificar.
Rrrr.
Missha verificou a despensa. Estava cheia principalmente de coisas que ela costumava gostar de comer, como pão de centeio, vegetais usados frequentemente para cozinhar, carne e frutas.
Só de olhar para isso, ela se sentia enjoada. Não conseguia nem suportar o cheiro. O pão de centeio era o favorito do Bjorn, sem mencionar a carne. Os vegetais eram algo que ela sempre mantinha em estoque, já que Bjorn era um ‘comilão seletivo’, o que significava que muitas vezes acabava tendo que comer a parte dele.
No final, Missha quase fugiu da despensa, mas estava bem ciente de que ainda precisava comer. Se não o fizesse, seu corpo falharia. Bjorn não gostaria disso.
— Bjorn…
Na cozinha escura, com as luzes apagadas, ela desabou em uma cadeira e soluçou por um tempo antes de finalmente se levantar novamente e ir até a despensa. Foi quando aconteceu.
— Oh, você está aqui. Pensei que não haveria ninguém em casa. — Uma voz masculina desconhecida soou atrás dela.
“Um ladrão?”
Missha pegou a faca que estava na tábua de cortar e se virou rapidamente. A ação foi tão ágil que era difícil acreditar que foi realizada por alguém que parecia tão desgastada.
— Uau, uau. Isso é perigoso. — O homem não identificado não teve problemas em segurar seu pulso para subjugá-la. Mesmo quando ela se esforçou contra o aperto dele, ele não se mexeu. — Você vai começar balançando uma faca para mim quando faz tanto tempo que nos encontramos pela última vez?
— Tanto tempo…? — Missha olhou para o rosto de seu agressor. Estava escuro demais para ver, mas parecia de alguma forma familiar.
Ele era humano, com pele branca como a neve, e não havia uma única cicatriz em seu corpo, o que parecia indicar que havia sido criado em um lar rico. Seu cabelo platinado, um símbolo de nobreza, estava bem arrumado e penteado para trás.
— Gata Vermelha, você é uma jogadora?1
— Hmm? X-Xogadowa?
— Um espírito maligno.
— N-N-Não, não sou!
Graças àquele modo de falar distintamente leve, mas assustador, ela se lembrou imediatamente de onde conhecia aquele homem. — Você é aquele…!
— Acho que se lembra? Sou Baekho Lee. Vou soltar você, então fique calma. — Depois de se apresentar com um nome de som estranho, o homem soltou seu braço como prometido. Missha abraçou seu pulso dolorido e deu um passo para trás. O homem de cabelo platinado então sorriu de uma forma que ele provavelmente achava tranquilizadora. — Não fique tão na defensiva.
Arrepios percorreram sua espinha. Ao contrário dos lábios largos e curvados, os olhos dele não estavam sorrindo.
— Só vim fazer uma pergunta.
- Cap 245.[↩]
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