Capítulo 314: Herança (3/4)

『 Tradutor: MrRody Revisor: SMCarvalho 』

O aventureiro de sexto nível Droff Itoms era como qualquer outro aventureiro comum no labirinto. Não afiliado a um grande clã, seu grupo atual era intermediado pela Guilda dos Aventureiros. Se havia algo um pouco estranho sobre ele, era que ele estava assumindo o lugar de seu líder anterior que havia morrido recentemente. Mas isso não mudava o fato de que ele era comum.

Seu grupo estava ativo no quarto andar. Seus colegas de equipe tinham talento medíocre e suas atitudes e mentalidade não eram diferentes da maioria dos outros. Eles normalmente trabalhavam duro para coletar pedras de mana, mas, como qualquer outro aventureiro, não hesitavam em sujar as mãos se a oportunidade certa surgisse, e foi por isso que Droff e sua equipe estavam atualmente em um dilema.

— Ah, vocês são tão gentis!

Encontrar esse bárbaro foi pura coincidência. Enquanto atravessavam o campo de juncos a caminho da Floresta da Bruxa, descobriram-no pedindo ajuda. Aparentemente, ele se separou de seu grupo ao tentar beber em segredo durante a pausa.

“Que tipo de idiota…”

Era quase inacreditável no início, mas o homem não parecia estar fingindo. Afinal, ele era um bárbaro. Algo completamente ilógico como isso era mais do que possível para alguém como ele. Mais importante, sua raça não mentia frequentemente, nem fazia isso bem.

“Então isso significa que ele realmente está perdido…”

— Droff, o que você vai fazer?

— Você não vai simplesmente mandá-lo embora, certo? Acho que o anel que ele está usando é um sub-espaço.

— Ele também disse que deixou sua arma para trás. Se vamos fazer isso, vamos fazer rápido. Seus colegas podem vir procurá-lo.

Os olhos de todos brilharam com ganância. Isso era natural, porque um anel de sub-espaço era vendido praticamente pelo mesmo preço pelo qual foi comprado. Não era como se tivesse uma data de validade, nem era como outros equipamentos que só podiam ser usados por alguém do mesmo tamanho que o dono original. O preço padrão era de vários milhões de pedras.

“A armadura dele também parece de boa qualidade…”

— O que todos vocês estão parados aí falando? Vocês disseram que iam me ajudar a encontrar meus colegas!

— Jackson, vá lá e acalme aquele bárbaro.

— Isso é fácil. Ei, bárbaro! Está com fome? Quer um pouco de carne seca?

— Oh! Carne seca! Mas… vocês não têm álcool?

— Haha, aqui está. Se estiver entediado, vamos beber juntos.

Droff designou um de seus colegas de equipe para o bárbaro e trocou olhares com o resto. Quando seus olhos se encontraram, todos assentiram silenciosamente para indicar seu acordo com o plano. A unanimidade foi alcançada em um instante.

— Ugh, estou tão cansado de correr o dia todo… Vocês têm algo a discutir, certo? Posso tirar uma soneca enquanto vocês fazem isso?

— Haha, faça como quiser.

Como se ensaiado, o bárbaro anunciou que estava cansado e se deitou no chão, e logo o som de roncos pôde ser ouvido.

Honk! Hooonk!

Com a visão, Droff deixou de lado o último resquício de culpa. Isso era culpa do próprio cara. Quem poderia resistir quando ele estava praticamente implorando para ser roubado? Droff trocou sinais de mão com seus colegas de equipe e eles se aproximaram lentamente do bárbaro.

— Agora.

Armas foram disparadas de todas as direções de uma vez. Mas… que diabos?

Khak!

A ponta de sua espada foi obstruída por algo duro. Sua lâmina ricocheteou como se ele tivesse tentado esfaquear algum tipo de barreira, e o barulho que fez também era estranho. Diferente do som que ele costumava ouvir ao cortar carne e couro, um som não diferente de raspar uma parede de pedra ecoou.

— …O-O que…?

Enquanto todos estavam ocupados se atrapalhando, o bárbaro se levantou de um salto sem uma única gota de sangue nele, levantou o punho e então gritou como se estivesse esperando por isso: — Temos um problema!

— Ha… Eu não pensei que isso realmente funcionaria. — Após a primeira caça a saqueadores bem-sucedida, Felic Barker soltou uma risada. Ele estava hesitante enquanto participava, mas depois de ver os resultados, teve que admitir que valeu a pena.

— Comandante, não havia saque nos sacos, mas eles têm uma quantidade substancial de equipamentos.

— Eu imagino. Parece que essa não é a primeira vez deles.

Essa era a injustiça deste mundo. Em vez de caçar monstros para crescer organicamente, esfaquear colegas aventureiros pelas costas te levava muito mais longe. Embora, se você fizesse errado, poderia acabar se adiantando demais e morrendo antes do tempo.

— Agora, o que você acha? Sobre minha estratégia — perguntei, endireitando os ombros com orgulho.

Felic assentiu caridosamente. — Não é ruim. Não, para ser honesto, isso é inovador. — Ele ficou muito impressionado e continuou a me elogiar por um bom tempo. — Para começar, ter alguém como você atuando como pastor e se infiltrando nas equipes já garante a emboscada. Quem pode reagir a uma emboscada interna e a um ataque externo ao mesmo tempo?

Na verdade, durante a batalha agora há pouco, todos os membros daquele grupo tinham suas frentes voltadas para mim. Assim que os membros do clã escondidos na Floresta de Juncos atacaram, todos caíram como dominós. A batalha inteira durou cerca de dez segundos.

— De qualquer forma, a raça bárbara é realmente incrível! As pessoas estão propensas a desconfiar de uma criança no labirinto, mas nada disso aconteceu desta vez!

Isso era para ser um elogio? A pergunta surgiu na minha cabeça, mas logo descartei. Não era como se eu fosse um bárbaro de verdade, então poderia aceitar como um grande elogio.

“De qualquer forma, isso deve ser o suficiente para provar o quão excelente é esse método…”

Agora era hora de passar para a próxima etapa do meu plano. Havia um único motivo pelo qual compartilhei essa estratégia com eles. — Fico feliz que tenha gostado! Então vocês também vão usar meu método? — Eu provavelmente teria que trabalhar com esses caras por um tempo, mas eu não queria saquear bons aventureiros inocentes. E ser um espectador enquanto eles eram assassinados também não me parecia certo. Por isso, eu estava tentando persuadir esses caras a caçar saqueadores em vez disso.

— Eu gostaria que pudéssemos, mas… — Em resposta à minha pergunta, Felic expressou suas preocupações. — Infelizmente, esse método tem uma falha fatal.

— Qual é?

— Você é o único bárbaro aqui. É uma boa estratégia, mas não é eficiente para todos nós nos juntarmos toda vez…

— Não se preocupe. Eu já tenho uma solução para isso. Ei, você, e você ai. — Sorri e chamei os homens que eu havia recrutado com antecedência das Equipes Um e Dois, ordenando que tirassem suas roupas.

— Hum, por que estamos nos despindo…?

“O que você quer dizer com por quê? Estou tentando verificar seus músculos. Ok, tem um pouco de peso extra, mas devem ser grandes o suficiente.”

Swip.

Quando dei um passo à frente, os dois homens despidos recuaram, cobrindo seus troncos com os braços. O que, eu dei a entender que faria algo ruim?

— Hum, se você pudesse nos dizer o que vai fazer…

— Vou transformar vocês dois em guerreiros.

Tirei os itens que trouxe comigo. Eles finalmente perceberam o que eu estava tentando fazer? Os olhos dos dois se arregalaram e eles gritaram — Isso é…!

— Não pode ser!

Era um pincel e tinta.

O pintor surrealista Salvador Dalí disse uma vez: ‘Eu não sou estranho. Eu apenas não sou normal.’ O pintor impressionista Vincent Van Gogh disse uma vez: ‘Eu não sei nada com certeza, mas a visão das estrelas me faz sonhar.’ Pablo Picasso também disse algo: ‘Toda criança é um artista. O problema é como continuar sendo um artista quando crescemos.’ Perguntei-me se também haveria um dia em que eu poderia deixar para trás palavras tão famosas quanto as deles.

Eu não tinha como saber com certeza agora, mas falei mesmo assim. — Fiquem parados! A menos que queiram morrer!

Os dois continuaram se contorcendo. Ugh, quantas cócegas isso poderia causar? As linhas acabavam ficando tortas.

Flip, flip.

Quanto mais distrações externas havia, mais eu me concentrava. Usando quatro cores comuns, vermelho, verde, azul e preto, canalizei a sabedoria dos meus predecessores em meu coração e foquei-os em minhas pinceladas, expressando-os em uma forma de arte que a pessoa comum não poderia esperar entender. Em vez de papel, a pele humana servia como minha tela.

Flip, flip.

As pessoas comuns ao meu redor continuavam murmurando.

— Parece algum tipo de grafite.

— Tão torto…

“Tsc, que bárbaro. Eles nem sabem o que é arte moderna.”

— Ahem! — Quando eu pigarreei para mostrar meu desagrado, eles se calaram.

“Ufa, isso é muito melhor. Eu deveria ter feito isso há séculos.”

Continuei meu trabalho em silêncio. Não demorou muito. Foi divertido no início, mas quanto mais demorava, mais chato ficava.

— Tudo pronto! Vocês podem se levantar agora. — Quando terminei apressadamente e dei um tapinha nas costas dos dois caras, eles se levantaram timidamente.

“Credo, vocês estão matando a inspiração do criador.”

— Por que estão cobrindo as tatuagens com os braços? — Removi seus braços, que estavam cobrindo seus troncos por vergonha, para que minha arte ficasse totalmente à mostra. Eu estava bastante satisfeito, embora não fossem tão boas quanto as tatuagens no meu corpo.

— …É menos óbvio do que eu pensei. — O líder do clã, que estava me olhando como se algo estivesse errado comigo antes, parecia surpreso com o produto final. No labirinto escuro, pequenas imprecisões não eram tão perceptíveis. Mas como artista, não pude deixar de notar as falhas na minha criação.

— Por que estão olhando para o chão? — Exigi. — Estão com vergonha?

“Olhe para essas expressões e atitudes dóceis. Ninguém vai acreditar que são bárbaros se agirem assim.”

— Venham aqui. Vou transformá-los em verdadeiros guerreiros.

Pedi compreensão ao líder do clã e comecei a corrigi-los. Não foi muito difícil. Demorou cerca de trinta minutos.

— B-Behelahhh!

— Mais alto!

— Behelahhh!

— Bom. E o que vocês dizem quando correm?

— Estou perdido! Me ajudem!

— Ronco!

Honk! Hooonk!

— Sentem!

Ploft!

Ok, agora vocês parecem um pouco mais como bárbaros.

No meio da noite, com a lua crescente alta no céu, Erwen Fornacci di Tersia bateu na porta de uma casa.

Toc, toc.

A porta se abriu cerca de um minuto depois com um rangido. O elfo que abriu a porta congelou quando viu o rosto da Erwen. Sua expressão sombria lhe dizia exatamente por que ela veio visitá-lo a essa hora da noite. — …Você tomou uma decisão.

— Sim. — Sua resposta curta não mostrava nem a menor hesitação, o que fez o homem suspirar tristemente. Não era que ele não pudesse simpatizar com o que essa criança sentia.

— O processo de ganhar o poder de um sangue puro é muito mais terrível do que você imagina, e também não é algo que você pode alcançar só porque quer.

— Eu sei.

— Por favor, por que você não reconsidera uma última vez? — o homem perguntou, incapaz de assistir a isso. Ele já podia ver claramente o caminho que essa criança acabaria trilhando no futuro.

Mas a determinação da Erwen permaneceu inabalável. — Desculpe, mas já tomei minha decisão. Por favor, me ajude. Ajude-me a me tornar uma sangue puro. — Erwen levantou a cabeça abaixada. Seus olhos cor de âmbar, que antes estavam sempre brilhantes, agora continham apenas sede de poder.

O peito do homem ficou apertado. Ele havia visto pessoas com olhos como os dela chegarem ao fim muitas vezes. No entanto, ele não podia ousar recusar o pedido da Erwen. — Tudo bem. Vou te ajudar. — Independentemente do quão poderoso ele se tornasse ou se seu clã o chamasse de herói ou não, ele ainda seria sempre um vilão para as irmãs di Tersia.

— Obrigada. Eu vou indo agora. — Erwen se virou e começou a andar lentamente.

Enquanto a observava, o homem se pegou parando-a. — Espere.

— …Há algo que você quer dizer?

— Se… sim, se…

“Se houvesse uma maneira de trazer aquele homem de volta à vida, o que você faria?”

O homem queria fazer essa pergunta, mas não conseguia continuar. — Nada. Só tive um pensamento tolo. É tarde, você deve ir para casa. Vou relatar sua decisão ao conselho dos anciões.

— Sim. — Erwen, que havia parado por um momento para inclinar a cabeça, virou-se novamente para sair. Desta vez, o homem não a parou.

Não, ele não podia pará-la.
Não apenas aquele homem, que sabia sobre a Pedra da Ressurreição, estava ausente da reunião deste mês, mas a pessoa que a pedra seria usada para salvar já havia sido decidida.