A obra atingiu um pequeno ponto de hiato e novos capítulos serão publicados na segunda metade de julho.
Capítulo 327: Ouroboros (2/5)
『 Tradutor: MrRody Revisor: SMCarvalho 』
Era como assistir um monstro morrer.
Shaaaaaa!
O corpo de Jerome, que estava inerte no chão do esgoto, se desfez em pequenos pontos de luz que se espalharam. Alguns itens foram deixados para trás, mas a maioria eram coisas sem valor. Sua espada cara, armadura e outros itens estavam todos cobertos de luz e desapareceram com ele.
“É o Iblus…?”
Eu tinha um palpite sobre qual essência estava em jogo aqui, mas isso não era importante agora.
O silêncio era preenchido apenas pelo som da água fluindo. Auril Gavis, ainda com um sorriso fixo no rosto, falou novamente.
— Deixe-me perguntar. Você é um espírito maligno?
Não era tanto uma pergunta quanto uma afirmação. Bem, se ele veio até aqui, já devia estar convencido de que o aventureiro de sexto nível, Nivelles Enze, que ele não conseguia encontrar em lugar nenhum na cidade, era o Máscara de Ferro.
“Ainda assim, o motivo de ele perguntar é provavelmente porque quer ouvir isso da fonte…”
Tendo acabado de vê-lo incapacitar o maior cavaleiro do palácio com um movimento de pulso, decidi ativar o Modo Bárbaro Confucionista.
— Espírito maligno? Não sei de onde você tirou essa impressão, mas eu não sou, velhote.
— Você está mentindo — disse Auril, desconfiado apesar do meu tom educado.
“Ha, acho que ele também pode usar seu detector de mentiras aqui.”
Eu meio que esperava isso, mas ainda assim me irritou quando minha tentativa acabou sendo em vão. No entanto, não havia tempo a perder com desespero. Afinal, não estávamos dentro da comunidade agora. Se eu não tomasse cuidado com a forma de lidar com isso, poderia levar a problemas no futuro.
— Haha, acho que não posso enganar você. Você é incrível. — Rapidamente mudei de tom. Como qualquer outra mentira pareceria arrogância, decidi reconhecer e admitir o mínimo. — Sim, eu sou a pessoa que você está procurando. Nunca pensei que encontraria você aqui fora, então fiquei surpreso e não pude ser honesto com você.
— Surpreso, hein…?
— Sim, surpreso. E eu realmente não menti, não é?
Auril zombou da minha pergunta ousada. — Haha, sim… pensando bem, você não mentiu.
Isso mesmo. Eu não menti naquela hora. Sua pergunta sobre o estado da cidade? Respondi honestamente que o lorde do castelo havia se unido ao palácio e atacado a Orcules. Respondi sim quando perguntado se um bárbaro havia chegado à cidade há cerca de cinco ou seis meses e, quando perguntado pelo nome dele, informei que era Bjon, filho de Thor.
— Sim, eu não consegui mentir para você…
— Mas você quer saber de uma coisa?
— …o quê?
— Você percebe que ser enganado dessa forma é muito pior do que ouvir uma mentira descarada?
— Ah… — Isso era um bom ponto, não que não houvesse uma maneira de contrariá-lo. Comecei com um pedido de desculpas e decidi oferecer uma explicação. — …Sinto muito. Eu tenho um problema.
— …Um problema?
— Sim. Vivendo neste mundo, fui forçado a enganar os outros contra a minha vontade. Eu sei que realmente não deveria viver assim, mas…
Eu não iria assumir toda a culpa aqui. Se meu ambiente me fez assim, quem me empurrou para esse ambiente foi esse velhote.
— Haha… — De repente acusado e parcialmente culpado, Auril riu incrédulo. Felizmente, dessa vez, seus olhos estavam sorrindo, assim como sua boca. Parecia que ele estava se divertindo com a minha audácia.
“Ok, agora que as coisas ficaram menos tensas…”
— De qualquer forma, você veio aqui por minha causa?
— Isso mesmo.
— Hmm, não é muito agradável ter um levantamento de antecedentes feito sobre você… — deixei a frase no ar e o observei, certificando-me de que meu desconforto fosse conhecido.
Auril pigarreou. — Ahem, mas se eu não tivesse feito isso, não teria sido capaz de encontrar você.
— O quê? Ah… Certo. Por que a comunidade fechou de repente? Achei que você poderia ter me banido.
— Ah, houve uma razão para isso.
— Razão?
— Digamos que houve alguma intervenção real. Mas o espaço foi recuperado agora, até certo ponto.
— Oh, então eu poderei ver você lá a partir do próximo mês?
— Não. Recentemente transferi a propriedade para um amigo. Vai ser difícil me alcançar de agora em diante.
— Por amigo… você está falando do GM?
— Provavelmente será o caso.
Curiosidade despertada, perguntei quem era o GM, mas Auril não respondeu. Em vez de ser uma informação ultrassecreta, parecia mais que ele estava emburrado e não queria me contar.
— Bem, não há motivo particular para manter isso em segredo… Mas tente descobrir sozinho.
— Como?
— Se você só me ver como alguém com quem tem uma relação transacional, não tenho escolha senão tratá-lo da mesma forma.
— Ah, certo…
“Nossa, um homem com mais de trezentos anos vai fazer birra por causa disso? É culpa sua por ser enganado enquanto segura um detector de mentiras.”
— Então, por quanto tempo você vai continuar falando desse jeito?
— Desculpe?
— Você não falou assim comigo lá. Você soa como uma pessoa diferente aqui. É bem estranho.
— Haha. Aquilo foi só uma atuação.
— Atuação?
— Sim, outro personagem. Vamos chamar isso de uma tentativa dos fracos de não serem subestimados. Não há como eu ser rude com você na vida real, a menos que eu tenha perdido a cabeça.
— Hmm, acho que entendo o que você está tentando dizer. — Auril acenou com a cabeça silenciosamente e não disse muito mais por um tempo, um momento de silêncio se instalando entre nós. Passou-se algum tempo antes que sua boca se abrisse novamente. — De qualquer forma, vim encontrá-lo porque queria dar um novo começo ao nosso relacionamento. — Ele soava como alguém que não superou a ex-namorada.
— …Como assim? — Não consegui esconder o quanto fiquei perplexo.
O velho rapidamente ofereceu uma explicação.
— Quero estar em bons termos com você. Está claro que podemos ser úteis um ao outro, mas continuar dando voltas será frustrante para ambos.
— Ah…
— É por isso que eu até preparei um presente para você.
— Um presente… — Eu inconscientemente estremeci com essa palavra. Enquanto eu estava empolgado com a perspectiva, também estava preocupado. Não conseguia entender suas intenções.
— Não fique nervoso. Não é nada ruim.
— Poderia me dar mais informações?
— Como você sabe, quero que você abra o Portal do Abismo. Nesse sentido, chamei isso de presente, mas também é algo que me beneficia.
“Ugh, qual é a dessa explicação longa?”
— Entendi. E daí?
— É uma habilidade que será de grande ajuda para você quando se trata de manter sua identidade oculta no futuro — Auril então me deu um resumo do presente. Em resumo, ele iria usar seu poder e expertise para me conceder um buff.
— Então, se eu aceitar isso, não serei afetado por feitiços como Verificação ou outros itens de interrogatório, como Confiança Equivocada1?
— Exatamente. Isso só aplica um escudo protetor ao corpo, no entanto, então não será eficaz na mente quando estiver em estado puro.
— Um estado puro?
— Como é no lugar para onde você é enviado todo mês, por exemplo.
“Ah, então não funciona no mundo espiritual. Então, acho que contar mentiras descaradas na Távola Redonda não será possível.”
— E então, o que acha do meu presente?
Pensei nisso por um breve momento. Primeiro, não havia dúvida de que era uma habilidade muito útil. Ele mesmo disse: com esse poder, eu não estaria à mercê de coisas como Confiança Equivocada.
“Mas, quando se olha objetivamente, parece que ele poderia estar tramando algo secretamente.”
Eu não sabia muito sobre magia. Se Auril plantasse um dispositivo de rastreamento no presente, eu não teria como encontrá-lo e removê-lo.
“O problema é que não posso recusar.”
Este era o velho que enviou o Cavaleiro da Luz para o túmulo com um único movimento de mão. Simplificando, se ele pretendesse me prejudicar, ele poderia fazer acontecer, mesmo à força.
— Tudo bem. Você vai me dar isso agora?
— Bem… Na verdade, eu já fiz isso. No momento em que encontrei você novamente aqui no esgoto.
— O quê? Mas eu não senti nada disso.
— Porque essa é a minha especialidade.
“Ah, entendi. Eu já sabia que não tinha escolha, mas parece que fui violado.”
Não é de se admirar que ele estivesse falando no passado desde o início.
Uma vez que a conversa sobre o presente terminou, Auril decidiu ser direto. — Estou dizendo isso só por precaução, mas não tenho a intenção de controlá-lo à força.
Isso era uma boa notícia. Embora eu não pudesse ter certeza de quanto tempo essa promessa duraria, era melhor do que ser estrangulado com magia e ameaçado agora. — Isso é muito típico do senhor. Muito respeito.
— Haha… — Apesar da minha bajulação e do riso humilde do velho, ambos sabíamos que tudo isso era uma farsa. No entanto, às vezes, encenações como essa eram consideradas boas maneiras em ambientes sociais.
Ri alegremente enquanto reunia meus pensamentos. Daqui em diante, eu tinha duas opções. A primeira era de alguma forma me livrar de Auril e ir resgatar Amelia.
— Haha, foi bom ver você. Disse que não usaria força contra mim, certo? Então, estou realmente ocupado agora, preciso ir… Fique bem!
A segunda opção, exploração dos idosos, obter ajuda diretamente de Auril. Não demorou muito para tomar uma decisão. Afinal, tentei evitá-lo uma vez, mas acabei encontrando-o novamente assim. Seria impossível me livrar dele sorrateiramente. Mesmo se eu escolhesse a primeira opção, esse velho perseguidor certamente me seguiria.
“Se este velhote decidir, a máscara de ferro cobrindo meu rosto poderia ‘cair’… E nesse ponto, descobrir meu nome seria moleza para ele.”
Se eu ia acabar entregando a ele de qualquer maneira, achei que pelo menos deveria conseguir algo em troca.
“Posso muito bem espremer tudo dele.”
Tomando minha decisão, abri a boca cautelosamente.
— Hm… senhor.
— Ah, fale.
— Posso lhe pedir um favor? Se você me conceder isso, revelarei meu nome e rosto para você.
— Nome e rosto…?
— Sim, você não está curioso?
— Isso é verdade…
— Então, por que você não faz esse trabalho comigo?
Auril não respondeu à minha sugestão. Ele apenas me encarou com um olhar nos olhos que parecia perguntar: ‘O que esse desgraçado está tentando fazer desta vez?’
Enquanto isso, Amelia estava correndo pelo esgoto com as irmãs quando de repente parou no meio do caminho.
— P-Por que você parou de repente…?
Não havia presenças próximas. No entanto, uma de suas habilidades, que ela manteve ativa desde mais cedo, havia sido desligada de repente.
— Ele está aqui.
Em outras palavras, Ricardo Lüchenprague, o Traidor, estava por perto.
“Então é assim que vai ser… Nesse caso, o que aconteceu com Yandel?”
Esse foi o primeiro pensamento que surgiu em sua mente, mas Amelia afastou suas preocupações. Ela disse que confiaria nele. Não era com isso que ela precisava se preocupar agora.
Laura estremeceu com as palavras da Amelia.
— Por ele, você quer dizer… — Em resposta a uma pergunta anterior sobre seu braço decepado, ela havia contado às irmãs que Ricardo Lüchenprague estava a perseguindo.
— Sim, ele.
Quando Amelia confirmou, as duas meninas começaram a tremer. Elas ainda se lembravam da visão dele abatendo centenas de aventureiros algumas horas atrás.
— Amelia, Laura.
— S-Sim!
— Ouçam com atenção. Já estamos quase lá. — Mantendo sua explicação o mais curta e concisa possível, Amelia deu-lhes direções para a cidade. — Vão. Farei o meu melhor para detê-lo.
As irmãs tiveram duas reações conflitantes a isso.
— Por que está nos ajudando assim…? — Sua versão mais jovem estava perdida. Ela também parecia preocupada em deixar Amelia sozinha.
No entanto, sua irmã Laura era diferente.
— Amelia, venha rápido.
— M-Mas…
— Rápido! — Embora parecesse haver uma mistura de suspeita e gratidão em seu rosto, ela liderou friamente sua irmã mais nova pelo caminho que Amelia havia indicado. Laura tinha algo mais importante para se preocupar do que seus próprios sentimentos.
Amelia observou as duas irmãs correrem de mãos dadas. Sem nem precisar fechar os olhos, ela podia se lembrar vividamente do fim daquele corredor escuro e do que experimentou lá.
Ela realmente poderia mudar o futuro? Ela ainda não podia ter certeza.
— Elas parecem ser preciosas para você — uma voz masculina profunda disse suavemente. — Bom. — Quando ela se virou, Ricardo Lüchenprague estava lá sorrindo para ela. — Isso significa que poderei mostrar a você o que é sentir a perda.
Amelia apertou a adaga em sua mão com mais força.
- No. 7234[↩]
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