Capítulo 328: Ouroboros (3/5)
『 Tradutor: MrRody Revisor: SMCarvalho 』
Alguns a achariam tola. Todos morrem algum dia, e todos experimentam a perda pelo menos uma vez na vida. Era uma tragédia comum demais. Alguns provavelmente se surpreenderiam ao ver que essa mulher de sangue frio caminharia voluntariamente em direção à destruição certa apenas porque não conseguiu lidar com a morte de um membro da família. Alguns a considerariam fraca porque, por vinte anos, ela não conseguiu superar algo que todos os outros puderam. Amelia pensava o mesmo.
Sting!
No entanto, sua irmã teria acariciado seus cabelos, Amelia sendo mais jovem e necessitando de mais cuidados, e dito: — Deve ter sido muito difícil para você.
Sem se preocupar com pena, nem mesmo se preocupando em repreendê-la por fazer tal coisa, sua irmã a teria abraçado apertado e dito que ela fez um bom trabalho. Mesmo que todos no mundo a considerassem aterrorizante, mesmo que apontassem dedos e a chamassem de mulher de coração frio, para Laura, ela sempre seria apenas sua irmãzinha chorona. Ela tinha sido a única pessoa no mundo a tratá-la dessa maneira.
“Sim, ela definitivamente teria…”
— Desculpe…
— Para quem você está pedindo desculpas?
Amelia fechou os olhos, ignorando a dor que irradiava de seu abdômen. — Laura…
No final, ela não havia conseguido nada. Embora tivesse passado os últimos vinte anos ficando mais forte em preparação para este dia, não foi o suficiente para derrotar esse homem. Mesmo que ela tenha tentado falar com ele para esclarecer o mal-entendido, tentado explicar que não fazia parte da Ordem da Rosa, o homem não quis ouvir. No final, uma batalha se desenrolou, e ela desesperadamente ganhou tempo para que sua irmã escapasse. Mas isso acabou agora.
— O quê, você está vendo uma alucinação? — O homem zombou e torceu a espada. Uma dor ardente irradiou de seu ferimento. — Você achou que eu deixaria elas escaparem? — A sensação excruciante a trouxe de volta à realidade. — Você precisa ver pelo que eu tive que passar.
A espada deslizou para fora e Amelia desabou no chão, momento em que o homem começou a arrastá-la pelos cabelos. Os eventos que estavam prestes a se desenrolar eram muito claros para ela.
— Assim posso mostrar a você o que é sentir a perda.
Esse homem ia matar sua irmã bem diante de seus olhos, assim como fez naquele fatídico dia.
Splash!
A cada passo que ele dava, seu coração afundava mais e mais. Sua consciência se desvanecia e, cada vez que abria os olhos, a paisagem ao seu redor era diferente.
— Como eu esperava, elas não foram longe — murmurou o homem.
— L-Laura…
— Você vai primeiro! Eu cuido de…!
A mesma conversa também havia acontecido naquele dia.
— Amelia…!
A espada estava apontada para sua versão mais jovem.
Sting!
Sua irmã mais velha a abraçou.
— Laura…!
A espada do homem atravessou o peito de sua irmã, assim como fez naquela época.
“No final, eu não mudei nada…”
Foi então que Amelia percebeu que era isso que vinte anos de esperança lhe haviam trazido. O ‘felizes para sempre’ que essas duas meninas procuravam só existia em contos de fadas. Na realidade, tudo o que restava era uma mulher humana fraca e tola.
— Easa é uma boa cena.
Sting!
O homem puxou a espada embutida no corpo de sua irmã. Naquele momento, sua consciência desvanecia e a paisagem mudava novamente. O esgoto escuro cheirava a sangue.
Kwaaaang!
Um rugido encheu o corredor, e ela sentiu um calor em sua pele fria.
— Caramba, por que você está chorando? Ainda não acabou.
Ainda não acabou? O que isso poderia significar? Ela não conseguia entender.
— Você fez um bom trabalho. Agora deixe comigo e descanse. — Com essas palavras, a tensão em seu corpo desapareceu e seus olhos se fecharam sozinhos. — Quando você acordar, tudo estará acabado. — Essa foi a última consciência que sua mente permitiu.
Enquanto Amelia perdia a consciência, eu gritei:
— O que você está fazendo?! Leve sua irmã e corra!
O grito foi dirigido a Amelia Feto, Amelia F para encurtar.
— A-ah…! — Amelia F parecia momentaneamente confusa com minhas instruções, mas rapidamente jogou sua irmã sobre seus pequenos ombros e começou a correr.
“Ufa, então posso deixar o resto com o velho…”
Mudei meu olhar.
— Você…! — Lüchenprague, claramente atordoado, olhou ao redor. Parecia que ele estava tentando verificar se o Cavaleiro da Luz estava comigo.
“Que panaca.”
— Se você ia fugir, então só fugisse. Por que veio até aqui?
Ele não respondeu minha pergunta, apenas evitou meus olhos, com uma expressão estranha no rosto.
Um pensamento de repente surgiu na minha cabeça, e eu decidi perguntar só por precaução, mesmo que tivesse certeza de que não poderia ser verdade.
— Você… acabou aqui enquanto tentava encontrar a saída?
Sua resposta foi breve.
— …O destino me trouxe aqui.
— Há, destino é o meu ovo.
Ri de quão ridículo isso era, mas pensando bem, percebi que destino não estava tão longe da realidade. Se as coisas seguissem um certo caminho, não importando o quanto você lutasse, como isso não era destino?
Enquanto eu pensava nisso, o cara me fez uma pergunta.
— De qualquer forma… você veio sozinho?
— Sim. — O Cavaleiro da Luz e eu nem éramos aliados para começar, então eu confirmei, não vi motivo para esconder isso. — Ei, deixe-me fazer mais uma pergunta. Por que você é tão obcecado por essa mulher?
— …Não é da sua conta.
— Rude — eu disse e deslizei meus olhos para verificar Amelia. Seu ferimento estava visivelmente se recuperando rapidamente graças ao fato de eu ter rasgado mais um pergaminho de Vínculo antes de intervir. Simplificando, como nós três estávamos agora vinculados, Amelia também não era mais afetada pela 【Anulação】.
Isso teria sido mais fácil se ela estivesse completamente acordada.
Isso foi um pouco decepcionante, mas o que se pode fazer? Se era pelo direito de recrutar um companheiro de clã 【SSR】, isso não era nada.
— Saia do caminho. Se você desistir dessa mulher, você…
— O que você está dizendo, seu monotemático? — Fiz um gesto com o dedo. — Cala a boca e luta comigo.
Esta seria a última batalha da minha jornada de viagem no tempo.
Huff, huff…
A garota correndo pelo esgoto arfava com respirações quentes. Seus músculos superaquecidos não mostravam sinais de esfriar, e ainda mais calor irradiava de suas costas molhadas.
— L-Laura… v-você está bem…? — Mesmo enquanto corria com todas as suas forças, a ponto de não conseguir nem respirar direito, Amelia continuava falando com Laura em suas costas.
Não houve resposta. No entanto, Amelia ignorou o pico de medo que sentiu e continuou se movendo. Mas parecia que ela havia atingido seu limite físico enquanto carregava Laura nas costas.
— Ugh…! — Amelia estava correndo a todo vapor quando perdeu o equilíbrio e caiu. Seu pé não prendeu em nada, suas pernas simplesmente cederam. — L-Laura! Você está bem? Hein? — Antes de se preocupar com seu tornozelo torcido, Amelia verificou Laura, preocupada que o ferimento tivesse piorado com a queda.
O choque parecia ter acordado sua irmã. Uma pequena voz escapou da boca de Laura.
— Amelia…
— L-Laura! V-Vai ficar tudo bem! Estamos quase lá. Não fale e…
— Soz… — A voz fraca desapareceu antes de chegar ao fim da frase, mas Amelia sabia o que viria a seguir. Laura provavelmente estava dizendo para deixá-la para trás e continuar. Se ela tivesse energia, certamente teria acrescentado todos os tipos de razões, apontando que já estava acabada e que faria mais sentido para Amelia seguir sozinha.
— Desculpe, não sei do que você está falando. — Amelia fingiu não entender e levantou o corpo inerte de Laura, pois não havia como ela ter força suficiente para fazer isso sozinha. Laura, que era quinze centímetros mais alta que ela, parecia particularmente pequena naquele momento. E talvez fosse apenas sua imaginação, mas Laura também parecia mais leve do que antes.
— Sangue…
Foi por causa do sangue que ela havia perdido. À medida que a vida que uma vez preenchera o corpo de Laura escapava, ela se tornava mais leve. Amelia apoiou o corpo da irmã contra a parede e rasgou suas roupas para aplicar pressão no ferimento. Então, despejou todas as poções que tinha sobre ela. Ela não tinha tido clareza mental para fazer isso antes, muito sobrecarregada pelo pensamento único de que precisava sair dali, mas deveria ter feito isso há muito tempo.
“Por que sou tão idiota?”
Ela se sentia envergonhada. Sua irmã sempre calma teria feito exatamente o que precisava ser feito, mesmo em uma situação como essa.
— Ugh…! — Enquanto seu ferimento começava a cicatrizar por causa da poção, Laura se contorcia de dor. Veias grossas surgiam em seu pescoço e testa.
— L-Laura! Por favor, aguente… — Amelia levantou o corpo de Laura novamente. Mas assim que estava prestes a se levantar, o corredor tremeu com um estrondo alto.
Kwaaaang! Brroooom.
O teto acima delas desabou e pedras começaram a cair. Naquele momento, o corpo de Amelia foi empurrado para a frente. Alguém a empurrou por trás.
Boom!
Livre dos escombros, Amelia rapidamente se virou, e lá estava Laura. A visão do corpo amado de sua irmã esmagado sob uma rocha gigante não parecia real.
— Amelia…
— L-Laura… — Amelia estendeu a mão para ela como uma garota possuída. Quando fez isso, Laura afastou sua mão. — O-O que você está fazendo?!
Quando Amelia gritou, os olhos de Laura se moveram debilmente em sua direção. — No começo… eu te odiei…
— E-Eu sei. A-Até mesmo alguém como você teria sentido isso. Mas pare de ser teimosa e…
— Escute! — Com o grito de Laura, Amelia mordeu o lábio. Sua voz estava fraca e nem poderia ser chamada de grito, mas Amelia ficou muda pelo comando avassalador que ela carregava.
Tap.
Laura colocou a mão na bochecha de Amelia e, ao contrário de antes, falou em um tom suave. — Você… desejou. Você sempre… desejou isso…
Com essas palavras, algo escorreu pelas bochechas da Amelia. Ela não sabia se era suor ou lágrimas, mas sabia uma coisa com certeza.
Tum!
O coração de Amelia começou a bater acelerado como se estivesse quebrado. Talvez, mesmo que sua mente tentasse negar, seu coração sabia o que estava acontecendo ali.
— P-Por que… você está falando assim? — As palavras de Laura careciam de uma coisa crucial: ela mesma. Ela estava falando como se aquele momento fosse o último. — L-Laura… não desista. Você tomou uma poção, certo? Só precisamos ir um pouco mais longe… N-Não se preocupe com a rocha. E-Eu vou removê-la em breve. E-Eu prometo que farei isso… Tá?
Ao pedido da Amelia, Laura apertou os lábios com uma expressão de dor no rosto. Claro, isso durou apenas um breve momento. — Esqueça… todas as memórias dolorosas aqui. Uma vida normal… isso é o começo para você. — Laura forçou os músculos trêmulos da mandíbula para cima, dando-lhe um sorriso brilhante.
A partir daí, tudo aconteceu num instante.
Tap.
Laura estendeu a mão, puxou a adaga presa na cintura de Amelia e a enfiou no próprio pescoço.
Shuaah!
— N-Não…! — Amelia rapidamente puxou a adaga. Despejando a poção restante no ferimento, pressionou com ambas as mãos na tentativa de parar o sangramento. — N-Não. Não, não…
Não foi o suficiente. O sangue sufocante de Laura parou.
Chhhhhh.
O mesmo valeu para o sangue que estava borbulhando em reação à poção. O calor que fluía por seus dedos desapareceu. O sangue era pegajoso, mas não mais quente.
— Ahh… A-Ahh…
Amelia percebeu naquele momento que sua irmã não estava mais ali.
— Ahhh! — Amelia soltou um grito terrível, dilacerante, e abraçou o tronco de Laura contra seu peito. Nesse momento, o teto começou a desabar novamente, derrubando uma avalanche de pedras.
Dddddd!
Amelia viu isso acontecer, mas não evitou. Ela pretendia ficar com Laura assim até o fim. No entanto, este mundo cruel nem permitiu isso.
— …Ugh! — Seu corpo foi arremessado para trás como se alguém a tivesse puxado pela nuca.
Boom!
A parte de trás de sua cabeça deve ter batido na parede porque a visão de Amelia ficou turva. Enquanto sua consciência se afastava cada vez mais, Amelia olhou para sua irmã, ainda enterrada nos escombros.
Tap.
Ela ouviu um passo perto e instintivamente se virou em direção à fonte do som. Um velho estava caminhando em direção a elas.
— Quem…?
Ao murmúrio de Amelia, o velho a olhou impassível. Quando ela olhou mais de perto, no entanto, percebeu que ele parecia preocupado com algo. Depois de um momento de silêncio, ele suspirou, então abriu a boca.
— Hunf, tantos pedidos. Auril Gavis. Esse é o nome deste velho.
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