Índice de Capítulo


    Tradutor: MrRody 』 『 Revisores: SMCarvalho – Demisidi 』


    Dois anos e seis meses. Como eu fiquei no passado por cerca de meio ano, era seguro dizer que o tempo passou em uma proporção de aproximadamente cinco para um. O problema era que essa proporção não parecia ser consistente.

    — Amelia, você chegou antes de mim? — perguntei, mesmo já estando quase certo disso, e ela respondeu sem hesitar.

    — Sim, foi uma longa espera. O dispositivo mágico que você está segurando agora é um que deixei para enviar um sinal imediato para mim quando você retornasse. Bem… Eu não sabia na época que levaria mais de dois anos para o sinal chegar.

    Não é à toa que houve um beep quando acordei. Esse era o som do dispositivo ligando.

    — De qualquer forma, vou explicar tudo que você quiser saber depois, então corra. — Amelia parecia querer parar de conversar e se concentrar apenas em sair dali, mas eu não podia concordar com isso tão facilmente. Eu simplesmente não conseguia entender.

    — Espere, se Erwen está nos perseguindo, por que temos que correr?

    — Não sei quanto a você, mas aquela mulher definitivamente vai tentar me matar. Se lutarmos nesta cidade, onde meu juramento está ativo, inevitavelmente perderei.

    “Eu entendo que você vai perder, mas…”

    — Por que diabos ela te mataria?

    — Porque ela acha que eu tenho algo a ver com a sua morte.

    — Ah… — Com essas palavras, mais algumas peças do quebra-cabeça se encaixaram na minha cabeça. No entanto, eu ainda não conseguia entender as ações de Amelia. — Mas eu posso simplesmente falar com ela e convencê-la…

    — A persuasão não será fácil.

    — …O quê?

    Diante da minha óbvia confusão, Amelia parou de andar. Então ela olhou para mim, com uma expressão mortalmente séria. — Yandel, aquela mulher não é a elfa que você costumava conhecer. — Seu rosto parecia o de alguém lembrando algum tipo de monstro. Amelia parecia convencida de que nem eu poderia controlar a Erwen.

    — O que aconteceu enquanto eu estava fora…?

    — Muitas coisas aconteceram. Não há tempo para explicações extensas. — Amelia cortou firmemente meu murmúrio e continuou: — Eu duvido que aquela mulher ainda tenha o desejo de fazer isso de qualquer maneira, mas há apenas uma coisa que importa nessa situação.

    — O que é…?

    — Aquela mulher não pode te proteger.

    Já fazia muito tempo desde que eu me sentia assim. Não importava quanto tempo passássemos conversando sobre isso, parecia que meu cérebro não estava entendendo nada.

    — …Proteger? Eu? De quem? — perguntei, atordoado.

    A resposta da Amelia foi mais uma vez curta. — Do mundo inteiro. — O que diabos isso significava? Justo quando eu estava prestes a fazer uma nova pergunta, Amelia chamou meu nome e me parou. — Bjorn Yandel. Isso foi o que aconteceu dois anos atrás. — Como um médico dando um diagnóstico terminal ao paciente, ela disse em um tom firme, mas sombrio: — O palácio anunciou que você era um espírito maligno.

    “…O quê?”


    Era uma tarde tranquila em um escritório com luz do sol quente entrando pelas janelas. No entanto, o interior do escritório estava longe de ser pacífico.

    — …Isso é tudo. — Depois de chegar ao fim de seu relatório regular, Alex Halo, o assistente da vice-comandante da Terceira Tropa Mágica, manteve o queixo rigidamente erguido enquanto estudava o rosto de sua superior.

    Ela estava lendo o documento com uma carranca. — Hmm… — Quando terminou, sua superior levantou a cabeça e olhou para ele com aquele olhar cansado usual em seus olhos. Ao ver isso, ele suspirou silenciosamente de alívio. Ele sabia por experiência própria que isso significava que, pelo menos desta vez, ele conseguiu passar no teste. — Isso foi bem escrito. O conteúdo do relatório também foi bom. A parte sobre o movimento em Noark foi especialmente interessante. Embora seja apenas uma suposição, foi inteligente. Foi pelo menos melhor do que o lixo que você me trouxe até agora.

    Isso foi um insulto ou um elogio? Alex não conseguia dizer, mas sua próxima linha era a mesma de qualquer maneira. — Obrigado…

    — É isso que você pensou que eu diria?

    “Ah, droga.”

    Gulp.

    A mudança repentina de tom fez ele engolir em seco. Os olhos de sua superior não estavam mais cheios de fadiga. Ou melhor, eles ainda pareciam cansados, mas não estavam sonolentos. Eles eram os olhos de um predador olhando para um herbívoro bem antes de mastigá-lo. Se ele ficasse quieto aqui, estaria realmente ferrado.

    — Se me disser o que precisa ser corrigido, eu corrigirei.

    — Primeiro, seu estilo de escrita é um problema. Especialmente esta parte. Tenho certeza de que apontei isso da última vez, mas você cometeu o mesmo erro. Você não sabe que isso será enviado ao Comandante Pevrosk após receber minha aprovação?

    — …Eu corrigirei.

    — Não, o conteúdo em si é o principal problema em primeiro lugar. Pessoas de Noark podem estar vivendo no labirinto? Por que você não se torna um autor em vez disso? No entanto, não acho que você venderia.

    — Eu corrigirei.

    — Você é um papagaio? Como vai corrigir? É isso que você deveria me dizer.

    “Ufa, finalmente acabou.”

    — …Eu vou reescrever.

    — Ok, então. — Seus olhos finalmente se moveram para outro documento e Alex se virou, lutando para juntar os pedaços de sua alma despedaçada. Então ele fechou a porta cuidadosamente para não incomodar sua superior, que já estava concentrada em uma tarefa diferente.

    Creeek.

    Ele podia ver sua superior pela brecha que diminuía gradualmente. Havia algo no seu ar cansado, mas trabalhador, que capturava a atenção das pessoas. Talvez fosse por isso que, embora os soldados no batalhão a temessem, eles, por alguma razão, não a odiavam.

    “Se ela fosse um pouco mais gentil, seria muito mais popular…”

    Ela era a Feiticeira Dourada, a vice-comandante da Terceira Tropa Mágica, embora fosse mais famosa pelo nome de Pequena Diaba entre seus soldados.

    “Ela definitivamente é bonita…”

    — O que você está fazendo? Não vai sair?

    — C-Com licença. Nia Rafdonia! — O homem assustado fez continência e apressadamente bateu a porta que estava fechando cuidadosamente.

    — Ha… quando ele vai parar de ser inútil?

    Olhando para a porta fechada por um momento, a Feiticeira Dourada Arua Raven suspirou. Claro, não demorou muito para que sua atenção mudasse. Movendo sua caneta novamente, ela atacou a pilha de tarefas em sua mesa uma por uma.

    — Isso é tudo por hoje. — Depois de um tempo, Raven esticou seus músculos rígidos e olhou pela janela. O mundo além do vidro já estava escuro, pois o sol já havia se posto.

    “Já que terminei todas as tarefas importantes hoje, posso chegar cedo amanhã para terminar o resto…”

    Raven estava desabotoando seu uniforme botão por botão quando parou, riu com tristeza e abotoou tudo de novo. Ela iria usar essas roupas para trabalhar novamente amanhã, havia algum sentido em trocar? Apenas colocando seu casaco de oficial por cima, ela arrumou sua mesa e finalmente olhou o calendário.

    Era 2 de dezembro, Novo Mundo 1561. Ela ainda se sentia estranha toda vez que olhava o calendário. Já era hora das coisas melhorarem, mas ela ainda tinha momentos como esses em que de repente congelava e seu coração afundava. Porque ela havia experimentado a perda, o curto tempo que passou aventurando-se com ele e seus companheiros parecia dolorosamente alegre e brilhante em comparação. Mas aqueles dias nunca voltariam.

    “Já se passaram mais de dois anos…”

    Mesmo alguns dias não seriam suficientes para explicar todas as coisas que aconteceram nos últimos dois anos e meio em detalhes. Mas se ela tivesse que resumir, independentemente, havia sido um tempo muito longo, longo o suficiente para destruir amizades que ela tentou desesperadamente manter, e longo o suficiente para uma feiticeira de sexto nível de Altemion se juntar ao Exército Real e subir nas fileiras até vice-comandante de um batalhão.

    Veee!

    Raven caminhou até a janela e a abriu bem. Uma brisa fria de inverno soprou silenciosamente.

    Shaaaaaa!

    Ela se lembrou da última vez que viu cada um de seus companheiros: a guerreira bárbara Ainar Fenelin, o normalmente pouco confiável, mas confiável quando necessário, Abman, e até mesmo Missha.

    “Já se passou mais de meio ano desde que os vi pela última vez…”

    O companheiro que ela encontrou mais recentemente foi Abman, mas mesmo isso foi há mais de meio ano, e sua conversa não foi tão confortável quanto antes. Eles se encontraram por acaso no sexto andar e falaram sobre o que estavam fazendo antes de se separarem de forma constrangedora. Bem, ela viu Erwen dois meses atrás, mas não podia exatamente chamá-la de companheira. Elas apenas se entreolharam e nem mesmo disseram olá.

    “Ainda assim, parece que o Sr. Abman e a Srta. Ainar estão bem…”

    Pensando em seus antigos companheiros, ela fechou os olhos silenciosamente. Então, de repente, lembrou-se do ponto mais doloroso.

    — Srta. Missha…

    Ela se perguntava onde e como ela estava vivendo agora. Raven estendeu a mão para a janela aberta. Enquanto pegava alguns flocos de neve caindo em sua palma, lembrou-se da última conversa que teve com Missha.

    Há algo que eu tenho que te contarrr…

    Já fazia cerca de dois anos e quatro meses, desde aquele final de verão.


    Intuição, o que os aventureiros brincavam ser seu sexto sentido, era surpreendentemente útil na vida cotidiana. Embora não houvesse dados claros ou base, abaixar-se por causa de uma sensação esquisita e ter uma garra passando por cima da sua cabeça um momento depois era uma ocorrência comum nesta indústria.

    Tum!

    Mas isso não era um sentido inato. Quanto mais experiência você tinha, e quanto maior sua inteligência, mais provável era que sua intuição estivesse correta. A intuição era um produto de centenas de milhares de pedaços de informação acumulados como grãos de areia no subconsciente. A parte difícil era explicar aos outros como você chegou à conclusão que teve. O raciocínio claramente residia na mente subconsciente.

    — Algo para me contar…? — Na época, Raven ignorou a sensação ominosa2 que estava tendo e respondeu com uma pergunta. Afinal, ela ainda não sabia nada com certeza. Era comum a intuição simplesmente acabar sendo um erro de julgamento. Não, você poderia argumentar que era muito mais raro corresponder a uma ameaça genuína.

    — Sim… Eu tenho algo para informarrr… quero dizer, te informar…

    — Hum, sua fala…

    — Ah, isso…? Estou tentando mudar. Não posso falarrr assim para sempre…

    — Ah… sério? Você pensou bem nisso. Isso é bom? Vou torcer por você.

    À primeira vista, a mudança de Missha era algo positivo. Raven sabia um pouco sobre a situação de Missha. Aparentemente, ela havia danificado a língua no passado e, embora a cicatriz tivesse curado com o tempo, ela acabou falando assim como resultado de um problema psicológico. Sim, ela deveria estar feliz por ela.34

    Tum!

    Mas por que seu coração estava batendo mais rápido? Estava deixando-a mais ansiosa. — …Então, o que você tinha para me dizer?

    — Bem, na verdade… — Missha hesitou e desviou os olhos antes de aparentemente tomar uma decisão e forçar as palavras. — Eu quero deixar a equipe.

    Foi um anúncio de aposentadoria. Raven não se preocupou em perguntar o motivo. Isso não foi muito surpreendente para começo de conversa. — Entendo…

    Para ser honesta, ela imaginava que isso aconteceria. Não importava quem se juntasse ao seu clã, ninguém podia preencher o vazio deixado por aquele bárbaro. A exploração do labirinto estava suspensa indefinidamente de qualquer maneira, e era natural que a equipe eventualmente se desmanchasse.

    — Ok. Se você acha que isso é o melhor, não há nada que eu possa dizer sobre isso. — Ela realmente não se importava com o desmantelamento da equipe. O que importava era a amizade deles. Só porque não iriam mais entrar no labirinto juntos, isso não significava que a amizade deles tinha que terminar ali. — Então, o que você planeja fazer a partir de agora?

    — Vou voltar para a minha família.

    — Ah, se você planeja tirar um descanso sem um plano específico em mente, concordo que isso é…

    — E então vou entrarrr no labirinto. Não… entrar no labirinto.

    — …Desculpe? — Raven não conseguia entender isso. Ela disse que iria deixar a equipe, mas ainda assim entrar no labirinto? O fundo de sua mente começou a formigar com uma sensação inexplicável de traição, e ela bombardeou Missha com perguntas. — O labirinto? Com quem? Você já encontrou uma nova equipe?

    Mas a Missha não respondeu. Ela apenas mudou de assunto, um tom ligeiramente triste em sua voz. — Antes disso, isso não é tudo o que tenho para dizer…

    Com essas palavras, Raven sentiu que a sensação sombria que ela mal havia conseguido suprimir se intensificou novamente. Foi por isso? Seu volume, que havia aumentado à medida que ela se exaltava, nivelou-se para os níveis normais. — …Vá em frente. — Talvez porque sua cabeça tivesse esfriado, sua voz também saiu soando um pouco fria.

    Missha continuava evitando seus olhos e acabou fixando o olhar no chão. Quando falou, sua voz era incrivelmente quieta. — Só para você saber, em breve… vão haver rumores de que Bjorn é um espírito maligno.

    — …Desculpe?

    — Ah! É-É apenas um boato! Não acredite no que ninguém disser! Eu só queria te contar isso…

    “Do que diabos a Srta. Missha está falando? Ela perdeu a cabeça como resultado da morte do Sr. Yandel?”

    Enquanto Raven começava a se perguntar se estavam tendo uma conversa racional naquele momento, por outro lado, outro pensamento começou a ganhar força em sua mente. Essa era sua intuição, aquele sexto sentido que tinha uma maneira de chegar à verdade antes do pensamento racional. — Então você está dizendo que vai espalhar esses rumores. Embora eu não saiba por que você faria isso.

    Em vez de responder, Missha recuou.

    — Por isso veio me contar com antecedência. Porque você não gostaria que nos lembrássemos do Sr. Yandel como um espírito maligno. — Raven deu um passo à frente. — Mas sabe o que eu acho? — Ela já havia descoberto a origem dessa sensação sombria que estava corroendo-a desde mais cedo. — Você disse que vão haver rumores de que o Sr. Yandel é um espírito maligno… mas não será apenas um boato, será? — ela exigiu, segurando Missha pelo pulso.

    Esse foi um descuido pouco característico de sua parte, pois não havia como uma maga parar uma aventureira do tipo marcial com força.

    — …Ugh! — Missha sacudiu a mão dela e fugiu, e no dia seguinte, rumores de que Bjorn Yandel era um espírito maligno se espalharam pela cidade.

    — Para onde diabos ela desapareceu…?

    Essa foi a última vez que ela viu Missha.

    1. MrRody: A linha do tempo é complicada… 2 anos e 6 meses significam 35 meses, já que cada ano tem um 13º mês… Considerando que a última vez em que Bjorn entrou no labirinto era na verdade Setembro, agora seria Fevereiro. Eu desisto, vou contar o tempo como se tivesse certo ser dezembro a partir de agora.[]
    2. Ominosa: adjetivo; Em que pode haver infelicidade; que pode expressar ou trazer mau agouro; funesto.[]
    3. SMCarvalho: Deem adeus aos Nyah’s. Press F to pay respects ‘F’[]
    4. MrRody: Muahahahaha! Vai ficar muito mais fácil traduzir.[]
    Um pequeno gesto, um grande impacto.

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (1 votos)

    Nota