Capítulo 341: Bola de Neve (5/5)

『 Tradutor: MrRody 』 『 Revisores: SMCarvalho – Demisidi 』

Bjorn Yandel era um espírito maligno. No início, era apenas um boato, mas com o tempo, até o palácio reconheceu esse fato. Claro, refutar isso não seria tão difícil. Eu só precisava organizar uma audiência para provar minha inocência e usar o presente de Auril Gavis lá. Então, eu poderia recuperar minha reputação e meu status de baronete.

“Mas… algo está errado.”

Quanto mais eu pensava sobre isso, mais cauteloso me sentia. E com razão, porque uma pessoa morta tinha imunidade; não literalmente, mas em termos morais. Como não havia sentido em pedir aos mortos que respondessem por seus pecados, as pessoas geralmente não cavavam mais fundo ou prestavam muita atenção a esses pecados. No entanto, isso havia acontecido de qualquer maneira, uma situação em que uma pessoa morta era considerada um espírito maligno e o palácio havia confirmado isso.

“Eu deveria ficar em quieto por um tempo…”

Isso não era normal. Eu não via isso como um ato de deus ou algo acidental. O motivo pelo qual os rumores se espalharam era porque alguém queria algo. E como o palácio reconheceu isso, seria mais inteligente supor que eles fizeram isso por um motivo.

“Mas o problema é que não tenho ideia de qual é esse motivo.”

Eu não tinha informações suficientes, e, portanto, era perigoso ir ao palácio e dizer: ‘Estou de volta à vida’ e me apresentar para defender minha inocência. Nem todos receberiam a notícia da minha sobrevivência de braços abertos. Na verdade, poderia haver alguém por aí que veria minha sobrevivência como algo ruim o suficiente para querer me neutralizar completamente. Se essa pessoa estivesse no palácio, eu estaria tão bom quanto morto.

“…Subir ao palco pode vir depois de eu, pelo menos, descobrir o que está acontecendo.”

Logo, decidi meu plano para o momento. Primeiro, coletar informações sem informar ninguém sobre meu retorno. Limpar meu nome e restaurar meu status e reputação nobres viriam depois disso.

— Hah… — Depois de colocar meus pensamentos um pouco em ordem, soltei um longo suspiro e olhei para Erwen, que estava deitada na cama.

Parecia que eu precisaria da ajuda dela por enquanto. No momento, eu não tinha dinheiro nem para comprar roupas, quanto mais encontrar um lugar para ficar. Era impossível esconder minha aparência chamativa para sair e coletar informações em primeiro lugar. Para ser honesto, a atitude dela hoje foi muito desconfortável…

“Mas vendo que ela desmaiou depois de beber tão pouco, parece que seu antigo eu não desapareceu completamente.”

Enquanto eu observava Erwen dormir como um anjo com esse pensamento em mente, seus olhos se abriram. — Quanto tempo vai ficar olhando pela janela como se estivesse esperando por alguém?

“Hã…? Ela não estava dormindo?”

A particularmente calma e pacífica noite iluminada pela lua havia passado e, assim que amanheceu, Erwen vestiu seu casaco e se preparou para sair. Claramente ansiosa, ela emitiu o mesmo aviso várias vezes. — Você não pode sair enquanto eu estiver fora. Eu tenho um jeito de descobrir se você der até mesmo um passo para fora. Entendeu…?

Eu estava curioso sobre qual era o método dela, mas apenas assenti e perguntei para onde ela estava indo. — Você vai voltar para sua terra sagrada?

— Sim. Eu devo passar por lá.

Verdade, ouvi dizer que ela se tornou a sangue puro dos elfos e fez um contrato com a Regente Elemental. Ela tinha deveres e responsabilidades tribais…

— Porque vou precisar de mais dinheiro a partir de agora.

— …Hã?

— Vou me livrar de tudo o que preciso lá e encontrar uma casa melhor para você ainda hoje. Este lugar… não é o melhor, é?

— …De que maneira?

— Quero dizer… não que eu não goste, mas será melhor começar em um lugar melhor…

“…Sabe, vou interpretar isso como esta estalagem tendo muitos contras para ser usada como esconderijo.”

— Então… eu já volto?

— Ah, espere. Posso te pedir um favor?

— Desculpe? Favor? Você quer que eu compre carne?

— Não, não isso… Não que você não deva comprar carne. Enfim, este é um favor diferente. — Pedi a Erwen para passar pelo banco e verificar meu cofre, e se houvesse algo lá dentro, para trazê-lo para mim sem fazer perguntas.

— Certo. Vejo você mais tarde, Senhor! — Erwen aceitou prontamente meu pedido e saiu. No entanto, ela não parecia tão confiável.

“Ela vai trazer de volta, certo… certo?”

Eu me sentia estranhamente ansioso, mas não havia nada que eu pudesse fazer. Se eu saísse, alguém definitivamente me reconheceria.

“Ainda bem que Amelia voltou ao presente primeiro.”

Foi só na noite passada que percebi que o período de armazenamento do cofre de vinte e dois anos havia sido excedido, para minha surpresa. Felizmente, parecia que Amelia havia tomado as medidas apropriadas. Caso contrário, ela não teria me deixado aquela instrução.

— O cofre…

Provavelmente ela foi lá antes e estendeu o período de armazenamento. Ela era realmente uma mulher de confiança.

“Parece que ela também ficou ainda mais forte nesse tempo.”

O raio de invocação de um doppelganger criado através de Auto-replicação era tipicamente de cinco metros, e uma vez invocado, seu alcance de movimento era de cem metros do corpo original. Mas não parecia que o corpo principal da Amelia estava na área durante a luta de ontem. Simplificando, ela deve ter adquirido uma nova habilidade. Para referência, três habilidades funcionavam bem com Auto-replicação e poderiam eliminar as restrições acima. Mas considerando que Amelia geralmente seguiu meu conselho no passado, havia uma grande chance dela ter absorvido a essência que eu recomendei.

“Regra Dupla.”

Então, seria lógico supor que ela absorveu a essência de uma Hidra Gêmea e deu independência ao seu doppelganger, já que expliquei longamente os contras das outras possíveis habilidades para ela.

“De qualquer forma, devo dormir um pouco…”

Eu estava muito cansado, já que praticamente passei a noite toda acordado, então me dirigi à cama e fechei os olhos.

— Senhor, acorde.

— Ah… você está aqui…

Quando abri os olhos novamente, vi Erwen. O sol estava lentamente se pondo fora da janela. Um olhar no relógio me disse que cerca de oito horas haviam se passado.

— Aconteceu alguma coisa lá fora que eu deva saber?

— Você… estava preocupado comigo?

“Não, eu estava dormindo.”

— É claro.

— …Hehe, isso é meio legal.

— Ahem, então, como foi?

— Ah, isso? Eu tinha algum dinheiro guardado, então consegui encontrar uma casa adequada! Como não havia muito tempo, havia algumas coisas na casa de que não gostei, mas não se preocupe! Fiz questão de corrigir essas partes.

— Sério? Isso é bom. — Eu realmente não me importava com a casa, então cortei aquela conversa específica e verifiquei algo mais importante. — Mas… e o banco? Como foi lá?

— Ah… o banco…? — A resposta dela foi muito vaga.

Isso me deixou nervoso. Ela não conseguiu abrir o cofre? Eu tinha certeza de que dei a ela o código certo. Ou espere… Amelia não conseguiu uma extensão?

Justo quando todos os tipos de cenários estavam passando pela minha cabeça, Erwen me entregou um pedaço de papel amassado em uma bola que tirou do bolso. — Aqui.

— Uh… — Instintivamente o peguei, mas não entendi muito bem o que era. — O que… é isso…?

— O que estava no cofre. Você me pediu para pegá-lo para você.

— Havia um martelo lá? Mais ou menos desse tamanho…

— Não tinha nada assim. Só havia essa carta.

— …Carta? — Só percebendo o que era a bola de papel naquele momento, a desdobrei com cuidado. Embora não houvesse remetente, não foi difícil descobrir quem a escreveu: Amelia Rainwales. — …Posso ler?

— Como quiser.

Depois de pedir a Erwen para me dar um segundo, li a carta o mais rápido possível. Apesar de estar cheia de amassados, não era difícil de ler. Para resumir brevemente, a carta dizia o seguinte:

“Tomei algumas providências, mas caso algo dê errado e não possamos nos encontrar, estou deixando esta carta. Estendi o período de armazenamento, então se você deixar uma nota com sua localização atual aqui, irei encontrá-lo. Ah, e uma última coisa. O Triturador de Demônios de Kraul está…”

Infelizmente, a carta terminava ali. Parecia que a última frase havia se rasgado quando foi amassada.

“Você deixou de fora a parte mais importante!”

Perguntei a Erwen se ela sabia o que estava faltando, mas ela apenas respondeu que não sabia. Aparentemente, ela só deu uma olhada rápida na carta, então não lembrava.

“Meu martelo…!”

Meu coração se partiu, preocupado que algo pudesse ter acontecido enquanto eu estava fora, mas decidi pensar o mais positivamente possível. Sim, o futuro ainda não estava definido. Poderia ser simplesmente que Amelia o tivesse guardado consigo. Se não fosse o caso, eu poderia descobrir o que estava acontecendo assim que escrevesse uma resposta para ela.

— Hum, Erwen… — Depois de queimar a carta para manter o sigilo, chamei Erwen. Ia perguntar se ela poderia colocar a resposta no cofre para mim.

— Está tudo bem. Não é sua culpa que recebeu uma carta de amor, Senhor. Você não pode evitar quem você é.

— Hã?

— Ah, a propósito, certifiquei-me de me livrar do cofre, só por precaução.

— Uh…

— Você não está triste, está? Por não poder entrar em contato com aquela mulher.

Eu deveria ter ficado bravo e exigido saber por que ela fez isso, eu era alguém que sabia como ficar bravo quando necessário. Sim, isso era o que eu deveria ter feito, mas por alguma razão, me peguei concordando com ela. — N-Não, claro que não! — Foi uma reação instintiva. Se eu fosse justificar isso em retrospecto, poderia ser que eu estava preocupado com o que aconteceria se Erwen e eu tivéssemos uma briga.

— Hehe, certo?

De qualquer forma, depois disso, comi o que a Erwen trouxe para mim e logo chegou a noite, a melhor hora para usar o poder do espírito das trevas. Nós nos ocultamos como da última vez e fomos para a casa que a Erwen havia encontrado.

— Você… encontrou este lugar em um dia? — Era uma casa unifamiliar com cercas altas e um quintal privado.

— Eu te disse. Tenho muito dinheiro.

“Quer dizer, ainda assim, se ela conseguiu comprar uma mansão como esta em um dia, isso significa que ela comprou pelo preço total sem nem mesmo barganhar… Se for esse o caso, não pode me comprar um Triturador de Demônios novo?”

Segui Erwen para dentro da mansão.

Boom.

Quando a pesada porta de ferro se fechou e as luzes brilhantes da mansão se acenderam, percebi que não havia janelas. Não, para ser preciso, qualquer coisa remotamente parecida com uma janela havia sido coberta por tábuas grossas. Eu tinha notado que parecia escuro do lado de fora, mas pensei que ela apenas havia fechado as cortinas.

— Hum… Erwen…

— Sim?

— Por que as janelas…

— Ah, estas? Será um problema se alguém espiar de fora… — Erwen disse com um sorriso. — E você não vai sair mais, de qualquer maneira.

Gulp.

— Ainda assim… era necessário colocar tábuas…? Se o problema é as pessoas olharem, há cortinas, e a cerca lá fora parecia bem alta… — Sentindo que algo havia dado errado durante nossa conversa, ofereci rapidamente uma refutação sensata, mas minha lógica entrou por um ouvido e saiu pelo outro.

— Não, Senhor, você realmente não entende. Essa situação é absurda… Não, é perigosa! Não estou falando apenas de você. O que acontecerá se eu for pega escondendo você?

— …Isso seria um problemão. — Essa foi uma resposta tão válida que não tive escolha a não ser concordar com ela. Não só seria um problema, mas ela poderia perder tudo pelo que trabalhou tão arduamente até agora.

Mas será que minha reação aumentou a confiança dela? — Certo? Então esta é uma medida inevitável! Porque você é um encrenqueiro, Senhor. Não tenho escolha a não ser cuidar de você. — A voz da Erwen aumentou, embora não por muito tempo, claro. — Oh, não… seus ombros estão caídos… — Quando abaixei a cabeça, Erwen bateu os pés como alguém que acabara de ver algo incrivelmente triste e propôs cuidadosamente um compromisso. — Deve ser difícil, mas anime-se… vou deixar você dar passeios no jardim à noite às vezes. Tudo bem?

— Verdade…?

— Sim! Claro, assumindo que eu esteja ao seu lado.

Foi assim que minha vida em isolamento começou. O tempo passou e logo era meia-noite do dia 15.