A obra atingiu um pequeno ponto de hiato e novos capítulos serão publicados na segunda metade de julho.
Capítulo 384: Nós (3/5)
『 Tradutor: MrRody 』 『 Revisores: Demisidi – Elteriel 』
【O labirinto está fechado】
【Você foi transportado para Rafdonia.】
Eu senti a luz do sol do mundo exterior na minha pele pela primeira vez em quase dois meses. Talvez porque eu tivesse passado os últimos dias em Atlante, nas profundezas do mar, a luz parecia ainda mais forte do que o habitual.
“Humanos definitivamente precisam de luz.”
Depois de olhar para o céu sombrio como o resto dos aventureiros ao meu redor, rapidamente me dirigi ao posto de controle.
— Aqui! — Erwen, que havia chegado primeiro, acenou para mim. Quando me juntei a ela na fila, não demorou muito para Amelia chegar.
— Você está atrasada.
— Demorei mais do que esperava para encontrá-lo — Amelia respondeu e olhou para o navegador, que estava de pé ao lado dela de maneira desconfortável.
— Acho que era verdade que eles entraram pela praça no Distrito Sete conosco.
— Esse cara não mente.
“Puxa, há quanto tempo você o conhece mesmo? Como pode ter tanta certeza?”
Fiquei um pouco perplexo, mas não demonstrei. — Houve algum problema?
— Nenhum. Ele ficou quieto e esperou até eu ir buscá-lo. — A voz da Amelia estava cheia de orgulho. Será que ela estava tão satisfeita que ele a ouviu?
Por outro lado, o navegador Auyen Rockrobe parecia finalmente processar sua situação. — Hehehe… — Assim que seus olhos encontraram os meus, ele forçou um sorriso profissional. Senti um pouco de pena dele, mas, como foram eles que nos atacaram primeiro, também achei que era carma.
— Agora é nossa vez.
Depois de esperar na fila por um tempo, logo chegamos à frente, trocamos todas as nossas pedras de mana por dinheiro e passamos pelo posto de controle. Uma rua cheia de pessoas apareceu diante de nós. A partir daqui, nos movemos em uma formação diferente. Amelia estava posicionada bem atrás e o navegador estava logo à frente dela.
— Haha… E-Eu não vou fugir…
— Você poderia se perder enquanto nos segue.
— Eu moro no Distrito Sete há vinte anos… — o navegador murmurou, mas não tentou sair da formação enquanto viajávamos pelas ruas lotadas e chegávamos em casa. — Este é o lugar…? — Finalmente, chegamos a uma mansão de três andares. Quando passamos pelos altos muros e entramos no pátio, o navegador ficou admirado. Mas acho que ele percebeu que algo estava errado enquanto fazia isso. — Por que as janelas estão todas… — O navegador não conseguiu terminar a frase. Seus olhos estavam fixos nas janelas tapadas.
— Não se preocupe com isso. É uma medida de segurança.
— Ah, certo… — Ele não disse muito, mas seus olhos e expressão mostravam uma mistura de curiosidade e medo. Ele parecia estar se perguntando quem diabos éramos, para morar em uma casa assim.
“Pensando bem, acho que ele já descobriu quem é a Erwen… Devo verificar isso mais tarde.”
Depois de atravessarmos o jardim e entrarmos na casa, decidimos atribuir um dos quartos restantes ao navegador após alguma discussão. Era um quarto localizado no porão.
“…Porão? Temos um porão?”
Quando inclinei a cabeça, Erwen corou timidamente. — Eu procurei deliberadamente por uma casa com um. Já que, nunca se sabe…
Bem, eu ouvi dizer que pessoas ricas muitas vezes têm salas de pânico em suas casas.
Creak, creak, creak.
Apesar de me sentir um pouco desconfortável, observei a Erwen remover o tapete e operar o mecanismo para revelar as escadas. Enquanto descíamos, apareceu um espaço que parecia ter sido projetado como um depósito. Estava completamente vazio, já que nunca o enchemos com nada. Na parte mais profunda, havia uma porta de ferro grossa com uma fechadura.
Tling, clink.
Quando Erwen tirou a chave e abriu a porta, apareceu um quarto com uma cama grande. Eu não sabia por que, mas também havia algemas na parede.
— Isso… não é um quarto, é uma prisão… — O rosto do navegador empalideceu ao ver o quarto atribuído a ele. Na verdade, eu me senti da mesma forma. Por algum motivo, arrepios percorreram minha espinha assim que vi o quarto no porão. Bem, não era meu problema, no entanto.
— …Prisão? É apenas um quarto comum. Veja, até tem um vaso sanitário, um banheiro! É bom não ter que compartilhá-lo com ninguém. — Limpei a garganta. — Ahem-hem, de qualquer forma, vou subir. De repente, não estou me sentindo bem…
Ugh, por que meu coração está batendo tão rápido? Não é como se eu tivesse claustrofobia.
Quando empurrei o navegador para dentro do quarto e fechei a porta, Erwen rapidamente trancou-a.
Tling, clink.
— E-Espere! Espere!
Bang, bang, bang!
O navegador bateu na porta, mas todos nós fingimos não ouvir.
— Posso ficar com a chave? — perguntou Amelia.
— Claro.
Amelia tomou posse da chave, resolvendo assim a questão dos aposentos do navegador. Eu tinha certeza de que ela também cuidaria de alimentá-lo.
Havia outra coisa que eu estava me perguntando. — Emily, esse veneno é real? Um veneno que mata se você não tomar o antídoto todos os dias? Nunca ouvi falar disso.
Soava como algo que uma Bruxa do Veneno de um romance Wuxia1 poderia fazer. O clichê típico era que o culto demoníaco usava veneno como esse para ameaçar e manipular membros da seita justa para se tornarem seus subordinados. Se isso fosse real, eu poderia pensar em várias maneiras de usá-lo no futuro.
— Acho que você tem um lado ingênuo, Schuitz.
— …Hã?
— Não existe veneno assim. Felizmente, aquele cara não parece saber muito sobre veneno.
— Ah… — Então era um blefe, afinal. Eu só estava verificando porque parecia possível.
— O quê? — Naquele momento, Erwen recuou. — O veneno… não existe…? — Por algum motivo, ela parecia muito desapontada. Não pude simplesmente ignorar isso, então perguntei se ela precisava dele para alguma coisa. Erwen desviou o olhar. — N-Nunca se sabe…
“O que exatamente nunca se sabe?”
Eu queria pedir para ela elaborar, mas parei, achando que não obteria uma resposta adequada de qualquer maneira.
No primeiro dia após voltar do labirinto, todos passaram o tempo descansando em seus respectivos quartos. A partir do dia seguinte, no entanto, ficamos ocupados. Afinal, não estávamos lidando com um ou dois saques.
— Erwen, você deveria ir comigo — disse Amelia.
— Eh? Eu? Mas você pode fazer isso sozinha…
— Está dizendo que não pode fazer isso pelo Schuitz?
— …Não foi isso que eu quis dizer.
A partir do segundo dia, Erwen e Amelia entraram e saíram de casa trocando o saque por dinheiro, e eu passei a maior parte do tempo guardando a casa.
— Schuitz, preparei a comida para ele e coloquei na mesa na ordem certa, então apenas leve para ele na hora certa.
Além de descer ao porão todas as manhãs, almoços e jantares, minha rotina diária não tinha nada de especial.
No terceiro dia, alguém veio me ver. — Raven.
— Eu ia vir ontem, mas estava um pouco ocupada. Posso entrar?
— Claro.
Quando ela entrou, Raven olhou ao redor da casa e perguntou: — Onde estão as outras duas?
— Elas saíram para cuidar do saque.
— Hmm… — Seu ‘Hmm…’ soou um pouco estranho. Quando perguntei se havia algo errado, Raven respondeu que não era nada. — Só estava pensando em como elas estão fazendo o trabalho que eu costumava fazer.
— Sinto muito pelo que aconteceu. Você era a única pessoa em quem eu podia confiar essa tarefa.
— Não disse isso para obter um pedido de desculpas. Mais importante… não é algo pelo qual você precise se desculpar.
— Obrigado por pensar assim.
Guiei Raven até a sala de estar e sentei-me de frente para ela. Conversamos brevemente um ao outro sobre o que estávamos fazendo.
— Como foram as coisas do seu lado? — Raven perguntou.
— Tudo acabou dando certo de alguma forma. E vocês?
— O mesmo de sempre. Afinal, não é como se a guerra fosse acabar da noite para o dia.
— Entendo.
Senti uma barreira entre nós, que não sentia quando éramos companheiros de equipe. Ela provavelmente sentia o mesmo. Como estávamos ambos no labirinto, tecnicamente estávamos nos vendo pela primeira vez em dois meses.
Boom, boom, boom!
Nesse momento, ouviu-se um barulho vindo de baixo.
— Acho que acabei de ouvir algo vindo do porão…
“Ah, já passou do horário do almoço.”
— Tivemos alguns trabalhos feitos nos encanamentos, acho que é por causa disso. Não se preocupe com isso. — Seria um pouco suspeito dizer a ela que estávamos mantendo alguém como refém, então inventei uma desculpa qualquer.
Felizmente, Raven não pareceu suspeitar de nada. De qualquer forma, nossa conversa prosseguiu sem problemas depois disso e, no processo, consegui saber o que aconteceu durante esta expedição. Bem, a informação mais importante surgiu no final.
— Ah, e Sr. Y…, não, Sr. Schuitz, sobre aquela coisa que você perguntou.
— Aquela coisa?
— O Projeto de Incorporação Nacional.
— Você descobriu quem levantou isso?
— Sim. Foi a Condessa de Peprok.
— Peprok…? — Fiquei surpreso. Afinal, esse era o sobrenome de alguém com quem eu costumava ser próximo, Ragna Litaniel Peprok. Perguntei-me se era apenas alguém com o mesmo sobrenome, mas não conseguia me livrar de uma suspeita incômoda. Na última vez que verifiquei, não havia nenhuma família nobre chamada Peprok em Rafdonia. — Raven, qual é o nome da condessa?
— Ragna Peprok, eu acredito. O nome dela era algo assim.
— …O quê?
“É realmente ela? Mas seu nome do meio foi omitido…”
— …Você a conhece?
— Talvez. Pode me contar mais sobre a família Peprok?
— Eles são um exemplo clássico de nobres caídos. Eles foram até apagados do Departamento de Nobres Reais, mas foram reintegrados há um ano sem que ninguém percebesse.
“Mas o quê…? Então é natural que eu não tenha conseguido encontrá-la quando procurei dois anos atrás. Isso significa que Ragna realmente é a condessa de quem Raven está falando?”
Enquanto pensava nisso, Raven baixou a voz e continuou. — Investiguei mais a fundo porque essa parte não fazia sentido para mim. Não é raro que nobres caídos sejam reintegrados, mas como eles acumularam poder político suficiente para participar de uma reunião do conselho real em tão pouco tempo? A resposta foi simples. Eles tinham um patrocinador.
— Quem era?
— O primeiro-ministro de Rafdonia, Marquês Tercerion.
— …O quê?
Senti uma dor de cabeça chegando. Além do fato de que a Condessa de Peprok era Ragna, se o que Raven estava dizendo era verdade, a dita condessa estava do mesmo lado que o primeiro-ministro.
— Então… isso significa que foi o primeiro-ministro quem insistiu em empurrar o Projeto de Incorporação Nacional… — falei sem pensar.
Raven balançou a cabeça ligeiramente. — Não. Isso é um pouco incerto. Na verdade, dizem que o próprio primeiro-ministro gritou que isso era um absurdo no momento em que o Projeto de Incorporação Nacional foi levantado. Os outros nobres ficaram tão surpresos que a discussão rapidamente se dissipou.
— Talvez ele estivesse apenas fazendo um show.
— Um show…?
— Uma peça encenada. Deixe os outros nobres verem como isso o irrita para que eles não tenham ideias.
— Ah… — Os lábios de Raven se abriram como se ela nunca tivesse considerado essa possibilidade. — Acho que você também entende de política…?
— Só estou interessado em pessoas. — Claro, isso era apenas especulação e eu não tinha como saber a verdade. Ainda tinha poucas informações. — Raven, você pode investigar mais sobre a Condessa Peprok?
— Sim. Também tenho muitas perguntas sobre ela.
— Obrigado, como sempre.
— Então vou indo agora.
— Claro, vá com segurança. — Meu encontro com Raven naquele dia terminou ali.
Uma semana depois, em uma tarde ensolarada, Erwen e Amelia estavam mais uma vez no distrito comercial coletando os lucros das nossas vendas de saques. Cavaleiros usando o brasão da família real arrombaram a porta da frente e invadiram nossa casa.
Kwaaang!
— Riehen Schuitz, você está preso sob suspeita de conspiração com Noark.
“Ha, então finalmente chegou a isso.”
- Wuxia é um gênero literário e cinematográfico, originário da China, que mistura fantasia e artes marciais ou ainda, basicamente luta de espadas em um mundo medieval imaginário.[↩]
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.