Índice de Capítulo


    Tradutor: MrRody 』 『 Revisores: Demisidi – Elteriel – Note 』


    Sua cabeça doía. Ele sentia náuseas, seus lábios estavam rachados, e sua garganta estava seca por falta de umidade. Mas, antes de todo esse desconforto, a primeira coisa que registrou em sua mente foi uma pergunta.

    “Por que estou me sentindo assim?”

    O vice-comandante do Clã Sawtooth, James Calla, ofegou como um homem subindo à superfície para respirar e abriu os olhos. A primeira coisa que viu foi um teto desconhecido. Um belo padrão estava esculpido na madeira luxuosa e, no centro, havia um lustre deslumbrante pendurado por uma corrente.

    Enquanto tentava descobrir onde estava, o rosto de um homem apareceu em seu campo de visão. — Parece que você acordou agora. — Era o paladino, Jun. Quando Calla viu esse homem pela primeira vez, se perguntou como um paladino tão bonito poderia estar nesta reunião.

    — Ah…! — Recordando sua última memória antes de perder a consciência, Calla se levantou de um pulo. Ele se virou para o paladino, que felizmente se moveu a tempo de evitar ser atingido no rosto. — A luta… como a luta terminou?

    O paladino levantou os cantos dos lábios de maneira constrangida. — Você já sabe disso.

    — Então…

    — Sim, nós perdemos. Aquele homem era forte de muitas maneiras.

    Ao contrário do paladino, que não parecia nada decepcionado, Calla suspirou.

    — É difícil para você admitir a derrota, Sr. Calla?

    — Não… não é isso. Eu só… não sei o que dizer para a Companhia Alminus e a Guilda dos Aventureiros depois que eles acreditaram e me apoiaram.

    — Você pode simplesmente dizer a verdade.

    — Que quatro pessoas lutaram e perderam contra um homem bárbaro e acabaram tendo que ceder a posição para ele? Como posso dizer… Por que você está sorrindo?

    — Oh, desculpe. É que o uso da palavra ‘bárbaro’ deixou uma impressão.

    Diante disso, Calla admitiu para si mesmo que estava errado. Ele percebeu como devia ter parecido, dizendo coisas tão caluniosas depois de perder. Deve ter soado como se ele estivesse tentando menosprezar Schuitz, assim como os inúmeros parasitas desprezíveis que encontrou quando ascendeu à posição de vice-comandante.

    — Ainda é difícil para você aceitá-lo, Sr. Calla?

    — Isso é m… — O homem hesitou, então admitiu a contragosto — Não, não é. — Essa era a verdade honesta, não uma mentira. Embora ele tenha dito ‘bárbaro’ a princípio, foi apenas porque a primeira impressão que o homem deixou em Calla foi muito forte. — Aquele homem… é inteligente.

    O paladino concordou. — Sim, ele é.

    — Olhando de volta, estávamos jogando nas mãos dele desde o início. Achei que ele estava nos menosprezando. Mas, na realidade, não era isso.

    — Você está certo. Estou envergonhado em dizer isso, mas eu também não pensei que perderíamos até o fim. Ainda deve me faltar treinamento.

    Calla concordou completamente. Se ele não tivesse rido a primeira vez que ouviu o apelido ‘Homem da Espírito Sangrento’ e, em vez disso, investigado mais a fundo, as coisas poderiam não ter terminado assim.

    — O problema é que não sei como os outros vão reagir. Ah, onde estão Sir Kaislan e a Sra. Akurava?

    — Eles estão em outro quarto. Eles estavam inconscientes mais cedo, mas não sei agora. Os ferimentos deles foram mais graves que os seus.

    — …Seria melhor ir ver por mim mesmo.

    Os dois se levantaram e se dirigiram ao outro quarto. Aparentemente, os outros haviam sido curados por um sacerdote, e tudo o que restava era esperar que acordassem.

    Enquanto Calla se sentava ao lado da cama dela, Titana Akurava logo abriu os olhos. — A julgar pela expressão no seu rosto… estou supondo que perdemos? — Ao contrário de Calla, ela não fez muitas perguntas, nem parecia esperar uma resposta. Ela permaneceu em silêncio por um curto período, com uma expressão indescritível nos olhos, antes de perguntar onde estavam os outros.

    — Vejo que você também acordou, Sra. Akurava — disse Jun. — Como está se sentindo?

    — Estou bem, felizmente. Mas… onde está aquele homem?

    — Bem, também não sei. Talvez ele esteja nos dando tempo para acordarmos e nos recompormos.

    — Não há como aquele homem ser tão atencioso. — Com a declaração direta de Akurava, a atmosfera sombria na sala se aliviou um pouco.

    Enquanto a conversa continuava, Kaislan logo acordou. — …Aquele homem! O que aconteceu com aquele homem?!

    Era hora de discutir o que havia acontecido de fato.

    — Entendo. Nós perdemos… — murmurou ele, sua voz cheia de profundo arrependimento e raiva sem razão aparente. Kaislan, o cavaleiro, cerrava os punhos. — Não posso aceitar isso.

    — Que perdemos? — perguntou Akurava.

    — Não, não sou tolo a ponto de negar isso. No entanto, perder a batalha e ele ganhar a posição de comandante são duas coisas diferentes.

    — Oh meu, então você está dizendo que planeja quebrar uma promessa feita na frente do marquês?

    Quando o marquês foi mencionado, Kaislan estremeceu ligeiramente, mas não foi suficiente para quebrar sua teimosia. — Então vocês todos vão aceitar isso de bom grado? Estamos falando de trinta pessoas! Não apenas trinta pessoas, mas os principais talentos que carregam o futuro desta cidade em seus ombros! Você quer confiar suas vidas a alguém que não tem nada além de poder? Pelo bem maior, não posso ficar parado e assistir isso acontecer!

    Calla se pegou apertando a cabeça latejante diante daquele grito agudo. Não percebera que esse homem era um caso perdido. — Sr. Kaislan, você está dizendo que é melhor que o Sr. Schuitz em áreas além do poder?

    — Não estou falando apenas de mim; estou falando de todos nós. Não somos melhores do que alguém que apareceu do nada?

    — Entendo. Então, pode explicar por que pensa assim?

    — Não entendo por que está me olhando assim. Não tivemos todos uma conversa aprofundada sobre o que seria um comandante ideal mais cedo? Além daquele homem, nenhum de nós mencionou poder.

    — Isso é verdade.

    — Todos concordamos? Quando se trata de liderança, o poder é a última qualidade que deve ser levada em consideração.

    Até Calla achava que o cavaleiro estava certo sobre isso. Um comandante empunhava uma grande espada, eles não precisavam necessariamente ser mestres espadachins.

    “Mas, enquanto tivermos o marquês como testemunha, não podemos mudar os termos agora. É melhor encerrar isso aqui.”

    Calla terminou seus cálculos políticos e abriu a boca. — Não acho que aquele homem seja inferior a nós em termos de suas outras qualidades.

    — …O quê?

    — Isso pode soar estranho vindo de uma das pessoas que perdeu, mas ele não era significativamente mais forte que nós quatro. — Calla realmente pensava assim. Se tivessem tempo para estabelecer algum trabalho em equipe antes e tivessem lutado sério desde o início, a batalha teria tido um desfecho diferente.

    “Mas nada disso importa agora.”

    — Perdemos a única luta que tivemos, e ele venceu. Sabe o que fez a maior diferença? — O cavaleiro apenas olhou para ele teimosamente e não respondeu. Calla não esperou por ele antes de continuar. — Nos faltou informação. Assim que o vi lutar, eu soube. Ele já sabia muito sobre nós. Quais essências temos e até que equipamentos usamos.

    — Então, você está dizendo que ele se encaixa na descrição do comandante ideal que estávamos falando? Acorda! Ele só obteve essa informação do marquês!

    — Não é essa a parte mais assustadora? Enquanto não sabíamos de nada até chegarmos aqui, o marquês era diferente.

    Kaislan não desperdiçou mais palavras com Calla. — Certo, entendi o que você quis dizer. Vai apenas assistir aquele homem ficar acima de nós. Vocês todos têm a mesma opinião? — Os olhos de Kaislan então se voltaram para a aventureira do nono andar, Titana Akurava.

    Infelizmente, ele não recebeu o apoio que esperava. — Mesmo que você me olhe assim, isso não mudará o fato de que tenho uma opinião semelhante.

    — …Por quê? É porque você tem medo do marquês?

    — Não diria que isso não é um fator contribuinte. Mas, há uma razão ainda maior do que essa.

    — Uma razão maior?

    — Sim. Eu não acho que aquele homem será pior nisso do que nós. — Kaislan estreitou os olhos, claramente confuso. Akurava deu de ombros. — O que me impressionou não foi quem está apoiando ele, mas como ele é meticuloso por natureza.

    — Meticuloso…? — Kaislan bufou como se achasse isso ridículo.

    — Sim. Meticuloso. Por exemplo, como ele foi durante o almoço? Ele já sabia tudo sobre nós, mas agiu como se não soubesse e fez um grande espetáculo de arrogância para nos fazer morder a isca.

    Isso não foi tudo. Ele fez o mesmo durante a batalha, escondendo várias essências e habilidades até o final e as utilizando apenas quando obteria o máximo benefício. Pegue Calla, por exemplo. Quando ele foi nocauteado no início, isso colocou mais peso sobre os três que restaram.

    — E isso… não pode ser exatamente atribuído a um bom julgamento, mas seus sentidos, pelo menos durante a batalha, eram quase divinos.

    — …Ele era um talento natural — disse Calla.

    Embora aquele homem parecesse estar se esgotando, quando se deram conta, eram eles que estavam realmente sendo consumidos. E depois de tudo isso, o homem sorriu de contentamento.

    — Naquela hora, pensei que sua estratégia de batalha se baseava apenas no instinto, mas agora que estou refletindo, ele tomou decisões com base em deduções racionalmente fundamentadas — disse Jun.

    — Se isso é verdade, é realmente impressionante. Pensar que ceder um olho e derrubar Sir Kaislan com um martelo foi uma decisão racional.

    — Desde então, nossa linha de batalha começou a colapsar, ele se beneficiou muito ao fazer isso.

    Enquanto Calla e o paladino trocavam palavras de elogio, Kaislan rangia os dentes. Ele não conseguia entendê-los de jeito nenhum.

    “O que há de errado com essas pessoas? Eles deveriam saber a importância da posição de Comandante, mas ainda estão agindo assim?”

    Ele quase começou a se perguntar se haviam feito um pacto secreto com o marquês enquanto ele estava inconsciente. Mas, apesar de suas preocupações, a conversa continuou.

    — Para ser honesto… o que acho mais digno de elogio é sua determinação em alcançar seus objetivos.

    “Ha, agora é determinação?”

    Kaislan bufou, mas o paladino continuou sem reconhecê-lo. — Como o Sr. Calla disse, ele não era significativamente mais forte que nós quatro. Mas, apesar disso, ele nos provocou a ponto de nos tornar arrogantes.

    Seus ossos foram quebrados inúmeras vezes, suas entranhas cozidas, e ele até acabou com uma flecha cravada em um olho, mas nunca caiu. Ele deixou sua pele queimar para atravessar paredes de fogo e cuspiu sangue depois de morder a língua. Mesmo quando suas omoplatas cederam e seu braço ficou pendurado, ele continuou a balançar seu martelo.

    — Há mais alguém aqui que poderia ir tão longe?

    — Tenho vergonha de dizer que nunca vi ninguém lutar nesse estado sem qualquer hesitação.

    Mesmo um homem como aquele não poderia ter gostado daquela luta árdua. Deve ter sido doloroso. Todos teriam entendido se ele tivesse escolhido desistir. Era óbvio que ele tinha alcançado seu limite.

    — Uma pessoa normal começaria a vacilar em uma situação como aquela. ‘Sim, isso é suficiente. Fiz o suficiente’. Eles começariam a fazer concessões e desculpas para se convencerem de que tentaram o máximo possível. — Mas aquele homem não fez isso. Como isso era possível? Como seguidor de Deus, o paladino encontrou a resposta na fé. — Ele tem uma fé de que nunca cairá. E porque ele tem uma fé tão forte em si mesmo, conseguiu evitar se quebrar e superou as provações à sua frente para alcançar a vitória.

    — Acho que isso significa que você também concorda que aquele homem deve se tornar comandante, Sir Jun — resmungou Kaislan, seu tom quase sarcástico.

    O paladino respondeu sem um pingo de hesitação. — Sim. Se devo seguir alguém aqui, ele é o que mais confio. Mesmo em um momento em que qualquer outro cederia, aquele homem permanecerá firme.

    Parecia que o paladino realmente havia se encantado com o homem. Calla, por sua vez, estava preocupado com o marquês, e Akurava não parecia querer renegociar seu acordo com Schuitz por orgulho.

    — Apenas admita — disse Akurava. — Perdemos. Ele nunca reclamou, mesmo quando um de nós foi curado e voltou para a linha de frente depois de cair. Na hora, estávamos ocupados demais lutando para pensar nisso, mas isso realmente não é diferente de trapaça.

    — A razão pela qual ele ficou quieto provavelmente foi porque ele achou que precisaríamos de algo assim para aceitar que ele venceu.

    Enquanto os outros três concordassem, não havia mais nada que Kaislan pudesse fazer.

    “Isso é um alívio,” pensou Calla. “Se aquele homem protestasse o resultado e solicitasse uma revanche, não há como um homem como o marquês aceitasse isso de bom grado.”

    Com a crise evitada, Calla suspirou enquanto olhava para Kaislan, cujos lábios estavam contraídos. Claro, isso não significava que ainda não houvesse atrito.

    — Como todos vocês estão de acordo, não falarei mais sobre isso. Apenas saibam que isso é um erro. Como disse antes, apenas disciplina e controle rígido podem criar um grupo forte. Recuso-me a acreditar que ele tem esse nível de controle. — Sua atitude teimosa tornava impossível para ele reconhecer seu oponente até o amargo fim. Era claro que usaria qualquer desculpa para desafiar o status quo se surgisse a oportunidade. Se isso acontecesse dentro do labirinto, poderia se tornar um grande problema.

    Toc, toc.

    Ouviram uma batida do lado de fora da porta.

    — Ah, acho que todos estão acordados. — O homem entrou no quarto sem nem esperar permissão, e Calla livrou-se de qualquer vestígio de ansiedade. — Como agora vocês são meus subordinados, vou falar informalmente — o homem murmurou, embora nunca tivesse usado honoríficos com eles em primeiro lugar. Seus olhos se moveram para o lado e ele inclinou a cabeça. — Cavaleiro, por que você está piscando assim? O golpe que levou mais cedo bagunçou sua cabeça?

    Era realmente uma coisa incrível. Calla não sabia quando exatamente aconteceu, mas o cavaleiro que estava gritando sobre a importância do controle há pouco havia subitamente abaixado os olhos.

    — Responda-me. Estou perguntando a você.

    — N-Não…

    Parecia algo muito natural de se fazer.

    Um pequeno gesto, um grande impacto.

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