Capítulo 410: Dilema (2/5)
『 Tradutor: MrRody 』 『 Revisores: Demisidi – Elteriel – Note 』
À medida que o número de tentativas de estabelecer uma conexão com a unidade principal aumentava, um sentimento sombrio ameaçava me engolir por inteiro.
— De novo.
— Certo…
Não havia mais nada que eu pudesse fazer a não ser continuar tentando. Mas, não importava quantas vezes tentássemos contatá-los, nenhuma conexão podia ser feita com a unidade principal.
“O que diabos está acontecendo?”
O plano original para esta expedição era o seguinte:
1. Emboscar e infiltrar a base de Noark.
2. Usar o Olho do Céu para contatar a unidade principal localizada na Cordilheira do Dragão.
3. Após destruir a torre e escapar, nos juntar à unidade principal, que virá ao nosso encontro.
A chave para o sucesso do plano de ataque era a unidade principal reunir temporariamente a força necessária para penetrar as linhas de frente de Noark e nos encontrar no ponto de encontro para a retirada.
— Não deu certo.
Não conseguimos contatar a unidade principal, que era a parte mais importante deste plano.
“Será que eles… nos abandonaram?”
O pior cenário veio à mente, mas rapidamente sacudi a cabeça. O quê, descartar tropas como nós depois de nos usar uma vez? O palácio não faria tal coisa. Fazia mais sentido assumir que algo tinha dado errado nas linhas de frente. Mas, mesmo no pior cenário, havia apenas uma coisa para eu fazer, a mesma coisa que eu tinha feito desde o dia em que acordei neste corpo.
Kwaaang!
Sobreviver.
— Capitão! Quanto tempo temos que aguentar?
Antes de tomar uma decisão, pensei mais uma vez.
— O sacerdote Campbell não vai aguentar por muito mais tempo!
Como não tínhamos mais tempo, tive que escolher a melhor jogada possível com os recursos limitados que tínhamos. O que aumentaria mais nossas chances de sobrevivência? Não demorou muito para eu tomar uma decisão, embora eu não tivesse como saber se era a melhor.
Tap, tap.
“Ok, vamos com isso por enquanto. Não consigo pensar em uma maneira melhor, de qualquer forma.”
— Akurava.
— Estou ouvindo.
— Pare de tentar inserir coordenadas para esta transmissão. — Até agora, só tínhamos tentado fazer contato através de um número de telefone designado.
— Desculpe? Mas então nossa mensagem será transmitida para toda a região sem exceção…?
— É isso que eu quero. — Não havia sentido em deixar uma chamada perdida para alguém que nem sequer atenderia, certo?
— …Ok. — Akurava parecia entender exatamente o que eu queria dizer. Ela pensou por um momento, mas no final concordou. — Está feito. Também maximizei a largura de banda. — Akurava então me entregou a pedra de mensagem.
Clique.
Eu pressionei cuidadosamente o botão em sua superfície. Estava um pouco nervoso. Atualmente, estava configurado para o que era essencialmente o modo de transmissão de rádio. Amigo ou inimigo, qualquer um no continente com sua pedra de mensagem ligada receberia esta transmissão.
Mas e daí?
— Ouçam, todos.
— Ouçam, todos.
O som foi transmitido através das pedras de mensagem ativas próximas todas de uma vez como um eco. Tudo isso era culpa da unidade principal por não atender a chamada. Eu não sabia o que os mantinha tão ocupados, mas o que mais um bárbaro poderia fazer quando a unidade principal não estava ouvindo?
— O Olho do Céu foi destruído.
— O Olho do Céu foi destruído.
Eu gritaria isso diretamente nos ouvidos deles.
Era um terreno árido com cores opacas e um Olho do Céu destruído no centro.
Swip.
O homem tirou o manto, revelando o rosto escondido sob o capuz. Sua pele era grotesca, como se tivesse sido derramado ácido sobre ela.
— …Como isso aconteceu? — Quando o homem de aparência monstruosa olhou ao redor, aqueles cujos olhos ele tentou encontrar estavam ocupados olhando para baixo. — Você. — O homem estendeu a mão e agarrou o aventureiro mais próximo pelo pescoço.
— P-Por favor, não me mate! S-Senhor!
— Se você quer viver, me diga o que aconteceu aqui agora mesmo.
— E-Eu vou contar…! Tudo! Sem esconder um único detalhe!
Quando o aventureiro estrangulado gritou desesperadamente, Regal Vagos relaxou o aperto. A punição podia esperar até ele descobrir o que aconteceu.
— Eu repito: o Olho do Céu foi destruído. Agora nós vamos para o ponto de encontro.
As pedras de mensagem pararam de funcionar após essa transmissão, então Vagos não conseguiu descobrir o que exatamente aconteceu enquanto ele e suas tropas recuavam.
Quanto mais o homem em seu aperto falava, mais sua raiva aumentava como uma onda gigante. — Resumindo: os desgraçados invadiram abertamente nossa base e destruíram o Olho do Céu, depois usaram um feitiço de Multi Teleporte para escapar, e vocês não fizeram nada?
— B-Bem… é porque você mobilizou as tropas e saiu, então não havia muitos…
— Você está dizendo que isso é culpa minha?
Gaaah!
— N-Não! Os inimigos trouxeram monstros com eles como covardes…! E-Eu quis dizer que nós não… éramos fortes o suficiente!
— …Seu pedaço de lixo.
Quando Vagos apertou mais forte, o aventureiro assustado soltou um nome. — T-Titana Akurava!
— Titana Akurava…? — Esta era uma mulher que ele conhecia. Na época em que se juntou a Orcules, ela era uma das aventureiras mais renomadas da época. — Aquela velha estava aqui?
— N-Não só ela! Á-Águia Dourada James Calla! Lâmina Branca Kaislan! Havia tantos outros aventureiros famosos! Por favor, tenha misericórdia…! — Sentindo seu destino iminente, o aventureiro implorou por salvação em um tom trêmulo.
Nesse momento, um homem à distância caminhou lentamente para a frente. — Vagos, por favor, pare. Não havia nada que eles pudessem fazer.
Kayle Elbad Zenegger era o conselheiro do esquadrão liderado por Vagos. Quando ouviram pela primeira vez que uma força expedicionária do palácio tinha se infiltrado em Pedra de Gelo, ele foi o que sugeriu que não fizessem nada imprudente e protegessem a torre. Era por isso? Por um lado, Vagos podia admitir que deveria ter ouvido esse cara, mas, por outro, sentia-se repugnado com a ideia.
— Kayle, afaste-se. Esta é uma punição merecida.
— Então por que aquele homem? Todos aqui compartilham a culpa por não protegerem este lugar. Isso não é justo.
— Então eu vou punir todos aqui.
Os aventureiros se encolheram com essas palavras. O conselheiro suspirou e puxou seu trunfo. — O comandante não vai ficar quieto se você fizer isso. — Por ‘comandante’, ele quis dizer o chefe da Orcules: o Traidor, Ricardo Lüchenprague.
— Filho da puta…! — Vagos ficou furioso e agarrou seu conselheiro pelo colarinho, mas foi só isso. Até ele não podia ignorar o peso daquele nome.
— Já que algo dessa magnitude aconteceu, o comandante em breve retornará das linhas de frente para avaliar a situação. Não vamos fazer nada imprudente e esperar por enquanto.
— …Tsk. — Eventualmente, a raiva de Vagos esfriou. Ele não queria causar mais problemas ignorando o conselho de seu conselheiro novamente. No entanto, o homem em seu aperto continuava falando e logo disse algo estranho.
— Espírito de Sangue? Riehen Schuitz?
— S-Sim! Tenho certeza. Ele estava liderando a expedição. Ouvi claramente chamarem ele de Schuitz! Mais importante, ele usou Gigantificação!
Vagos tinha recuperado a compostura e estava investigando o homem que o enganou quando estremeceu. Assim que ouviu a palavra Gigantificação, ele experimentou uma sensação inexplicável de déjà vu.
— Kayle!
— O que foi?
— Me dê a pedra de mensagem.
O conselheiro nem sequer questionou suas ordens. Ele pegou uma pedra de mensagem, e Vagos a arrancou de sua mão.
Clique.
Ele pressionou o botão e reproduziu uma gravação.
— Eu? No seu quintal… Por quê, você vai me encontrar…? Tudo bem, faça o seu melhor.
Apenas o som da voz fez suas mãos se fecharem em punhos apertados. Ao mesmo tempo, ele teve a estranha sensação de que já tinha ouvido isso em algum lugar antes.
Clique, clique, clique.
Vagos reproduziu a gravação várias vezes e logo explodiu em gargalhadas. — …Não é à toa que soava familiar. — Eventualmente, ele percebeu exatamente de quem era aquela voz.
— Eu repito: o Olho do Céu foi destruído. Nós agora vamos para o ponto de encontro.
Esse era o inimigo que ele não conseguia se lembrar por mais de três anos antes de recuperar sua saúde e as memórias que havia perdido graças à traição de Amelia Rainwales—o ladrão que havia roubado sua espada preciosa, que ele adquiriu a um custo pessoal enorme. Até este ponto, ele pensava que o homem estava morto.
— Ele estava vivo?
O palácio provavelmente sabia sua verdadeira identidade. Talvez fossem eles que falsificaram sua morte desde o início. Caso contrário, não haveria como terem nomeado um homem com a reputação de ‘O Homem da Espírito de Sangue’ como líder de uma equipe de expedição que incluía grandes nomes como Akurava.
— Bjorn Yandel. — Recordando a fúria que sentiu naquele dia, Vagos murmurou o nome e se levantou. — Kayle! Reúna todas as tropas! Vamos caçar os desgraçados que fugiram!
— Mas o comandante ainda não chegou…
— Não tem problema. Eu assumo toda a responsabilidade.
Era hora de se encontrar novamente.
Pau-Morto era uma área localizada a oeste da Cordilheira do Dragão. Era território de Noark, e eles nunca permitiram que o exército real a invadisse. Também era o ponto de encontro acordado com o palácio. Estávamos esperando ali com a respiração suspensa, acreditando que não havia como eles não terem ouvido nossa mensagem e que definitivamente viriam ao nosso resgate.
Continuamos a passar o tempo ansiosamente encolhidos nos galhos gigantes de árvores sem vida. Já fazia três dias.
— Se a unidade principal se mobilizou imediatamente após receber nossa mensagem, eles deveriam ter chegado ontem.
— Por que… eles não estão vindo?!
— Senhor Kaislan, abaixe a voz. Não temos mais recursos para usar magia de Controle de Voz.
Até ontem, essas pessoas estavam se encorajando, assegurando aos vizinhos que a unidade principal chegaria em breve, mas a tensão estava lentamente aumentando. Isso era natural. A primeira morte ocorreu nesta manhã.
“Philip Aintropi.”
Ele era um aventureiro que pertencia à equipe de Melend Kaislan, um navegador. Este homem, que principalmente havia aprendido habilidades úteis para navegação como Controle de Correntes Oceânicas, Leveza, e Suprimento Excedente, morreu durante a batalha desta manhã. Embora eles tivessem bastante mana, nossos feitiços de camuflagem se dissiparam temporariamente quando nossos magos ficaram sem energia. Noark estava procurando abaixo e nos notou. Durante uma batalha longa e cansativa, ele levou um tiro na cabeça e morreu instantaneamente. Isso foi há várias horas.
— Schuitz, este lugar não é mais seguro — disse Akurava.
A ansiedade da equipe estava chegando ao ápice, e com razão. Noark também já teria notado a ausência das pessoas que morreram esta manhã. Quanto mais o tempo passava, mais intensa seria a busca deles por esta área. O número de inimigos caminhando abaixo de nós já havia aumentado significativamente.
— Você tem que tomar uma decisão — ela pressionou.
— Espera, uma decisão? O que você quer dizer? — perguntou Kaislan.
— Não podemos ficar aqui para sempre. Se a equipe de resgate não vier, seria melhor abandonar este lugar.
— …O-O que você está falando?! Está dizendo que o palácio nos abandonou?
— Eu não disse isso. Mas… não conseguimos contatá-los e… se eles também estiverem com problemas, precisamos ser proativos.
— Você tem um ponto, mas sou contra. Até onde conseguiremos chegar quando todos estão tão exaustos? Se formos descobertos pelo caminho, seremos aniquilados.
— E então, o que? Quer esperar? Até quando? Os magos ficarão sem mana em dois dias. Então seremos aniquilados de qualquer maneira.
Como sempre acontecia em emergências, as opiniões estavam divididas.
Agh…
Mesmo sem os questionamentos de Akurava, eu já sabia. Era hora de tomar uma decisão de uma vez por todas.
“Estou prestes a enlouquecer.”
Havia um total de três escolhas que eu poderia fazer. Primeiro, esperar aqui. No melhor cenário, todos seríamos resgatados sem ferimentos.
“Mas, por outro lado, no pior desfecho possível… Morreremos em vão.”
Segundo, não esperar e viajar diretamente para o território do exército real. Pau-Morto era muito menos importante que a Cordilheira do Dragão, então as linhas de frente eram frágeis e as tropas, poucas. Foi por isso que escolhemos este como nosso ponto de encontro. Não era um otimismo cego.
“Ainda assim, seria difícil conseguir com menos de trinta pessoas.”
Seria um milagre se até dez por cento de nós saísse vivo. O pior cenário para essa escolha seria o mesmo que o da primeira.
“Então acho que não temos escolha a não ser ir para outro lugar.”
A terceira opção era uma espécie de estratégia de sobrevivência. Como a base de Noark longe da linha de frente provavelmente estava vazia neste ponto, se nos escondêssemos lá, poderíamos conseguir resistir até o labirinto se fechar.
“Como o Olho do Céu foi destruído, as informações sobre nós não terão se espalhado muito.”
Essa opção nos expunha ao risco por mais tempo, então era óbvio que seríamos atingidos por inúmeros contratempos. Mesmo que fizéssemos os melhores movimentos possíveis em cada situação que encontrássemos ao longo do caminho, incontáveis sacrifícios seguiriam.
“Qualquer que seja a escolha, o pior desfecho é a aniquilação total.”
Quando meus pensamentos chegaram a esse ponto baixo, não pude evitar rir. De repente, me dei conta.
“Se o pior cenário é um massacre de qualquer forma… Não seria mais inteligente escolher a primeira opção, onde o melhor cenário é que todos sobrevivem? Já que isso foi culpa do palácio, também podemos jogar a responsabilidade sobre eles.”
— …É, claro.
— Se sairmos e a unidade principal chegar, você estaria disposto a assumir a responsabilidade pelo-o quê? O que você acabou de dizer?
Ignorei a pergunta de Kaislan e falei. Embora eu possa não ter certeza da minha escolha…
Tap, tap.
Alguém tinha que tomar uma decisão.
— Todos, preparem-se, vamos sair daqui.
— V-Você está dizendo que não vai esperar pela unidade principal? — perguntou Kaislan.
— Sim, já fomos deixados esperando tempo demais. Ah, e não se preocupe. — Sorri para Kaislan. — Eu assumo toda a responsabilidade.
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