Capítulo 415: Caminho Íngreme (2/5)

『 Tradutor: MrRody 』 『 Revisores: Demisidi – Elteriel – Note 』

Assim foi que retornamos a Pedra de Gelo no sétimo andar, especificamente ao Olho da Geleira, sua zona mais interna.

O ar gelado cortava meus pulmões. Parecia que o calor do sol no oitavo andar tinha sido apenas uma ilusão. Não tivemos nem tempo para nos adaptar à mudança no ambiente, pois precisávamos nos mover rapidamente.

— Naria, convoque os Trolls!

Os três Trolls do Gelo pegaram cada um um trenó e começaram a puxá-los. Havia cerca de treze dias de comida nos trenós. Se tivéssemos requisitado toda a comida armazenada em nossos sub-espaços pessoais, poderíamos nos sustentar aqui por meses, mas deliberadamente só puxei o suficiente para durar até o dia do fechamento. Precisávamos preencher o espaço restante com o máximo de suprimentos de combate e expedição possível.

— Formação de viagem!

Nosso grupo atualmente tinha vinte e cinco membros. Embora isso possa soar frio, julguei que seria improvável enfrentarmos problemas de escassez de alimentos, mesmo com treze dias de provisões.

— Partir!

Assim que estávamos em formação, começamos a subir novamente o Olho da Geleira, que antes havíamos levado dez dias para descer. Era como escalar uma estrada estreita e em espiral, subindo uma encosta de penhasco, mas avançamos com mais rapidez do que antes. Como o portal estava aberto, não surgiam monstros aqui. No máximo, poderíamos sair desta área em cinco dias. O problema seriam as pessoas nos perseguindo.

“Qualquer pessoa sensata simplesmente nos deixaria ir.”

Isso porque entrar em Pedra de Gelo exigia muita preparação. Você precisava de roupas de pele grossa para bloquear o frio, pedras isolantes, que eram um tipo de dispositivo mágico, comida, e um trenó para carregar todas essas coisas. Um aventureiro acostumado a carregar itens apenas em seu sub-espaço se encontraria em grandes apuros no momento em que entrasse neste lugar.

“Mas se for ele… ele definitivamente virá.”

Ainda era cedo para baixar a guarda. Não era apenas minha vida que estava em jogo aqui… eram as vidas dos meus camaradas e do resto do nosso esquadrão. Eu tinha que assumir o pior e reagir de acordo.

Toff, toff.

Forcei o grupo, que ainda estava cansado mesmo após a pausa que fizemos na Terra do Alvorecer, a acelerar o passo.

Cerca de oito horas depois, a maga da equipe de Kaislan veio até mim, gritando meu nome com urgência. — Sr. Schuitz! — Ela era da Segunda Divisão do Corpo Mágico. Eu só havia falado com ela algumas vezes, mas lembrava claramente dela por causa de sua voz pouco característica de uma soldada. — Sr. Schuitz! Sr. Schuitz! Temos um grande problema! Um problema realmente, realmente grande!

Ela era muito mais alta que Raven e parecia normal o suficiente, então eu não sabia por que ela falava daquele jeito. Bem, isso não era importante agora.

— Grande problema? É sobre aquilo?

— Sim! O feitiço de detecção instalado na frente do portal foi acionado!

— Entendo… — Isso significava que o inimigo nos seguiu até Pedra de Gelo. Eu meio que esperava por isso, mas eles realmente fizeram isso. — Quantos?

— Eu entrei em modo de projeção astral assim que o feitiço de detecção foi acionado e contei pelo menos mais de vinte pessoas!

— O que você quer dizer com ‘pelo menos’?

— Bem… o inimigo notou o feitiço mais cedo do que eu esperava. O Olho Mágico foi destruído, então eu não consegui ver quem mais entrou.

Estalei a língua ao ouvir isso. Foi extremamente decepcionante. Saber quantas tropas o inimigo tinha teria sido de grande ajuda para tomar decisões futuras. — A aparência deles… como estavam?

— Hehe, você quer saber se estavam tão bem preparados quanto nós, né?

— Sim.

Quando assenti, a maga sorriu. — Eles pareciam totalmente desleixados! Tudo o que tinham eram capas finas sobre seus equipamentos. Eles carregavam mochilas grandes que provavelmente continham comida. Como não podem ser mochilas expansíveis, talvez passem fome em breve e desistam?

Ela parecia que ia chorar quando veio até mim, mas, com base no sorriso em seu rosto agora, eu presumi que ela achava que isso era uma boa notícia. Na verdade, era uma boa notícia.

“Capas, tudo bem, mas as mochilas…? Bem, para ser justo, qual aventureiro carrega um trenó ou carrinho com ele o tempo todo?”

As mochilas tinham um limite óbvio para sua capacidade de carga. Em um lugar onde a fome era triplicada, era impossível armazenar treze dias de comida apenas em mochilas. Elas também eram desvantajosas durante o combate. O peso era uma coisa, mas também restringiam o movimento. Nos andares inferiores, onde era difícil juntar pedras de mana suficientes para pagar um sub-espaço, algumas equipes até levavam um carregador junto para evitar o incômodo de carregar suas mochilas por aí.

— Ok. De qualquer forma, como confirmamos que alguém está nos rastreando, vamos instalar outro desses feitiços aqui antes de irmos. Precisamos ter uma noção mais precisa de quantos são.

— Ok!

Paramos por um momento para instalar outro feitiço de detecção. Assim que isso foi feito, retomamos nossa jornada, aumentando a velocidade para compensar a pausa.

— Sr. Schuitz! Sr. Schuitz! — Seis horas depois, a maga veio correndo até mim novamente. — O feitiço de detecção foi ativado! — Como era óbvio pelo tremor em sua voz, isso era uma má notícia.

— …Isso é muito mais cedo do que eu esperava. — O feitiço, que havia sido instalado em um ponto no mapa que deveria levar cerca de oito horas para ser alcançado, foi acionado em apenas seis horas. Isso significava que eles eram mais rápidos que nós. Se as coisas continuassem assim, eles nos alcançariam dentro de dois dias.

— A-Acho que é porque eles não precisam puxar um trenó ou qualquer coisa assim… A-Acho que é por isso.

Eu estava começando a entender a mentalidade com a qual eles estavam nos perseguindo. Como eles não tinham comida suficiente, provavelmente estavam tentando nos alcançar o mais rápido possível e acabar com isso enquanto ainda tinham suprimentos.

— Quantos são?

— Ah! Confirmei isso. Q-Quarenta e seis pessoas.

— Isso é uma boa notícia. Obrigado.

— Claro, esse é meu trabalho! — A maga fez uma saudação brincalhona e se virou, mas acho que de repente se lembrou de outra coisa que tinha que relatar. — Ah, certo. Um… — Ela fez mais um giro de cento e oitenta graus, parecendo cautelosa. — Havia algumas pessoas incomuns entre eles. Com base no equipamento, eles eram diferentes dos outros… O mago negro que primeiro notou meu feitiço de detecção era um deles. C-Certo, isso é só minha opinião, então leve com cautela!

— Ok, vou levar isso em consideração.

— Certo… Ah, e mais uma coisa! O que devo fazer com o feitiço? Lançar outro?

— Por favor. Agora que sabemos mais ou menos quantos são, precisamos saber quando eles passarem por aqui.

— Ok!

Assim que a maga terminou de entregar a mensagem e voltou à sua posição, o Goblin soltou um suspiro estranho ao meu lado. — A senhorita Marrone está sempre tão cheia de vida — disse ele, com a voz baixa.

“Que diabos esse desgraçado está falando? Você tem tempo para se preocupar com coisas assim numa situação dessas?”

Eu ia repreendê-lo e dizer para se concentrar, mas fui interrompido pelo que ele disse em seguida. — Seria tão bom se ela pudesse voltar para casa viva… — disse ele tristemente, olhando para as costas da maga.

Não pude deixar de concordar com ele. — Sim, seria ótimo se ela pudesse. — Um silêncio caiu entre mim e o Goblin.

Nisso, Ravien se manifestou ao nosso lado. — Nesse sentido, Sr. Parav, como você está se sentindo agora?

“Caramba, e você me tratou como um maluco antes.”

Agora era ela quem estava pedindo a opinião dele primeiro. Bem, ela também havia visto a assustadora intuição de Parav em ação com seus próprios olhos enquanto viajava ao meu lado.

— Bem… não tenho mais certeza. Tudo o que sei é que precisamos continuar avançando, não importa o quão cansados estejamos.

— …Entendo. — O clima escureceu instantaneamente. Limpei a garganta e mudei de assunto. — Parav, por que você se juntou a esta unidade?

— …Desculpe?

— Com sua boa intuição, você não deveria ter sido capaz de evitar algo assim?

Eu já estava curioso sobre isso há algum tempo. Ele me disse que evitou a guerra que estourou no primeiro andar simplesmente não entrando no labirinto naquele mês, então por que ele acabou vindo desta vez?

— Bem, para ser honesto… eu nunca quis me juntar.

— O quê?

— Você não está dizendo isso apenas em retrospectiva, está? — perguntou Ravien.

— É a verdade. O arcebispo continuava tentando me persuadir com as recompensas, mas eu ainda não sentia vontade de ir. Então tentei usar várias desculpas para sair dessa, mas…

— Mas? — Ravien perguntou.

— O arcebispo olhou para mim e suspirou. Senti um calafrio descer pela minha espinha, então rapidamente disse que iria. Afinal… é melhor caminhar por um caminho espinhoso do que me dirigir direto ao cadafalso¹, certo?

— …Desculpe? — disse Ravien. — Cadafalso? Não entendo.

— Bem… isso provavelmente soará estranho, mas, por algum motivo, senti que seria morto na hora se recusasse. Essa foi a sensação que tive. O suficiente para eu achar que a melhor opção era entrar no labirinto.

— Ah…

— Bem, estou arrependido agora. Não há como o arcebispo realmente ter tentado me matar. Hahaha… — Goblin soltou uma risada desconfortável, e Ravien, ainda cética em relação à sua intuição, aceitou suas palavras ao pé da letra.

“Mas isso é meio estranho.”

Algo sobre isso parecia fora do lugar. Eu não conseguia dizer exatamente o que era, no entanto. — Parav, você tem alguma ideia de por que teve essa sensação em relação ao arcebispo?

— Hmm, não sei. Não pensei muito sobre isso… Será que ele estava planejando me enviar em uma missão ainda mais perigosa…

Continuamos a conversar enquanto marchávamos, mas nunca conseguimos identificar a natureza exata de seu desconforto. Em algum momento, paramos de falar completamente para preservar nossa energia e continuamos a jornada em silêncio. Eu já tinha muitas coisas em que pensar.

“A esse ritmo, o inimigo nos alcançará em dois dias.”

Acelerar não faria diferença. De qualquer forma, eles nos alcançariam antes de sairmos do Olho da Geleira.

“Então, o que eu preciso fazer? O que posso fazer para tornar meus companheiros, meu esquadrão e eu mesmo um pouco mais seguros?”

Tum, tum, tum.

No momento, essa pergunta era o suficiente para me sobrecarregar.

Shink, shink.

O som de uma espada sendo afiada em uma pedra de amolar.

Nhoc, nhoc.

O som de alguém enchendo o estômago com carne seca.

— Haha, isso é verdade?

— Sim. Vamos lá juntos quando voltarmos à cidade. Eu também não acreditei no começo.

Algumas pessoas conversavam com amigos, e outras se sentavam eretas e exalavam em intervalos regulares. Todos tinham sua maneira de descansar.

— …Senhor, por que você não descansa também?

— Vou descansar aqui. Volte para sua posição.

— Mas…

— Vai.

À minha ordem firme, Erwen voltou para o seu lugar com os ombros caídos, me deixando para olhar para o caminho escuro abaixo.

— Ela só estava sendo atenciosa. Você realmente precisava ser tão frio?

— Ravien, não se meta.

— …Ok. — Ravien, que estava prestes a dizer algo mais, imediatamente se calou quando viu a expressão em meu rosto. Eu a ignorei e continuei olhando para a escuridão infinita.

Nossa localização atual era o meio do Olho da Geleira. Assim que chegamos aqui, nossa interminável subida parou, não por nossa própria vontade, mas pela de outra pessoa. De acordo com meus cálculos simples, nossos perseguidores chegariam aqui em uma hora.

Tum, tum, tum.

Meu coração acelerava, não com antecipação para a batalha que se aproximava, mas com ansiedade. Tentei pensar em inúmeras maneiras de evitar um confronto, mas não consegui encontrar nenhum método inteligente. A batalha em si era uma inevitabilidade. Ordenei uma pausa para que a equipe pudesse descansar um pouco antes disso. Mas será que foi por isso?

— Haha!

Tap, tap.

Nhoc, nhoc.

Aqueles sons pacíficos e cotidianos pareciam a brisa calma antes de uma tempestade iminente. Provavelmente era por isso que eu não conseguia relaxar adequadamente e, em vez disso, ficava olhando para a escuridão. Havia quarenta e seis inimigos, aproximadamente o dobro das pessoas que nosso esquadrão tinha atualmente. De acordo com o relatório da maga, dez dos inimigos eram particularmente fortes. Apenas julgando pelo equipamento, eles estavam em um nível semelhante ao do Matador de Dragões.

“Talvez tenham trazido algumas das pessoas que estavam explorando a Fenda do oitavo andar.”

Se for assim, a situação ficou muito mais perigosa. Para ser útil no oitavo andar, você precisava estar, no mínimo, no nível da Amelia. Não tínhamos chance de derrotá-los em uma guerra total. Mas não havia outra opção. A batalha já estava prestes a acontecer, gostássemos ou não. Por mais forte que o inimigo fosse, não tínhamos escolha a não ser fazer o nosso melhor.

“Bem, se falharmos, todos morrerão.”

Whip, whip.

Sacudi a cabeça para afastar os pensamentos perturbadores. A partir de agora, decidi pensar da maneira mais positiva possível. Por exemplo, o inimigo poderia acabar sendo mais fraco do que o esperado. Nesse caso, seria realmente possível para nós derrotá-los aqui. Claro, ainda haveria sacrifícios… mas no momento em que vencêssemos, essa missão estaria concluída. Sem a necessidade de fazer mais subidas difíceis, poderíamos simplesmente ficar aqui, comer nossa comida restante e esperar até o final.

Grrrp.

Sim, essa possibilidade definitivamente existia.

— O feitiço de detecção! O feitiço de detecção foi ativado!

“Vamos lá.”

— Todos em formação!

Embora ainda não soubéssemos o que restaria de nós depois da tempestade contida naquela escuridão sombria e silenciosa, havia apenas uma coisa que podíamos fazer.

— …O inimigo está vindo!

— Preparem-se para a batalha!

1. Uma estrutura, tipicamente de madeira, usada para a execução em público, seja por enforcamento, degolação ou outra forma.[↩]