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    Tradutor: MrRody 』 『 Revisores: Demisidi – Elteriel – Note 』


    Após nossa discussão, peguei emprestada uma adaga de Amelia para abrir o abdômen do Matador de Dragões.

    Swip.

    A adaga cortou sua pele como um bisturi cirúrgico. Assim que a laparotomia1 terminou, tirei calmamente seu coração. Como estava muito frio aqui, ele ainda estava fresco.

    “O coração de um draconato é diferente do de uma pessoa comum.”

    Ele parecia quase uma fruta tropical, com um exterior irregular. Havia também marcas de corrente nele, por algum motivo.

    Enquanto o examinava curiosamente, Ravien disse: — As marcas de corrente são provavelmente traços da maldição da Pen.

    “Hmm, sério? Então sempre foi irregular?”

    — Gowland, por favor, lance magia de preservação e distorção nisso.

    Depois de lançar Distorção no coração extraído, guardei-o em um recipiente adequado. Ravien parecia querer guardar a caixa para si, mas a impedi antes que ela pudesse pegá-la. — Vou cuidar disso por enquanto.

    — …Por quê?

    — Será útil para negociações.

    — Você… não vai entregá-lo imediatamente?

    — Exatamente. Quando as coisas se acalmarem, pretendo me encontrar com o antigo dragão ancião e entregá-lo em troca de ele manter isso em segredo. Vai ser um problema se a notícia de que derrotamos esse cara e pegamos seu coração se espalhar.

    Eu estava um pouco preocupado com a reação dela, mas Ravien aceitou minha lógica de bom grado. — Certo. Você conseguirá muito mais do que eu. Claro, sinto pena de Pen, mas já que ela não terá que esperar muito…

    — Obrigado por entender.

    “Ok, esse assunto está resolvido.”

    Depois de conseguirmos o coração dele, realizamos um funeral. Não havia mais sacerdotes para presidi-lo, mas cremamos nossos companheiros mortos como da última vez.

    Crep, crep, crep.

    Quando tudo terminou, guardamos as cinzas e fragmentos de ossos em uma caixa. Depois disso, começamos a saquear os membros da elite de Noark e a Ordem da Rosa, além de reunir o equipamento de nossos companheiros mortos.

    — Peguem todo o equipamento do esquadrão. Como não podemos usar subespaço, encham o máximo possível em suas bolsas.

    Recolhemos todo o equipamento de nossos companheiros, que serviria como lembranças para nos lembrarmos deles.

    — Como não temos espaço, certifiquem-se de pegar apenas os itens valiosos dos homens de Noark.

    Decidimos pegar uma boa quantidade de equipamentos de Noark. Havíamos matado muitos soldados de Noark antes de voltar para o Olho da Geleira, e seus saques estavam atualmente guardados em nossos subespaços. Isso significava que, mesmo que alguém nos perguntasse onde conseguimos esses itens, não haveria como saber quando os obtivemos ou de quem exatamente. Diferente da Ordem da Rosa.

    — Recolham os itens das Rosa separadamente. Esses precisam ser manuseados com cuidado.

    O equipamento e os consumíveis deles eram em sua maioria suprimentos militares, então nossas opções para vendê-los e usá-los eram limitadas. No momento em que esses itens fossem colocados no mercado, a notícia chegaria ao palácio.

    “Sem mencionar que, se eles decidirem de repente dividir o saque em nosso nome e examinar nossas posses quando voltarmos, nosso plano de manter as coisas em segredo vai por água abaixo.”

    Não era algo certo, mas existia o risco disso acontecer.

    “Já ganhamos dinheiro suficiente do exército por enquanto.”

    Kaislan, um ex-soldado, parecia bastante satisfeito com o aumento em nosso orçamento. Foi alarmante vê-lo com os olhos marejados pelos companheiros mortos um segundo depois. Ele estava bem, ou…?

    — Yandel, não se sinta muito culpado. Vamos realizar os últimos desejos deles.

    — O que você está dizendo? Meu nariz só está escorrendo por causa do frio.

    “Nossa, pense em outras coisas… outras coisas…”

    Caminhei até a área onde estavam os corpos das Rosas e seus equipamentos. Claro, não planejava pegar uma única coisa.

    “Mas posso pelo menos dar uma olhada…”

    Revirei-os minuciosamente, imaginando que um deles poderia ter algo que expusesse uma das fraquezas do palácio, ou conter outras informações importantes. Quanto mais eu olhava, mais meu estômago revirava.

    “Uau, todas essas adagas são de mystium. O couro é todo de Ogro… Temos que deixar tudo isso para trás? Não podemos encontrar uma maneira de escondê-lo para que possamos derretê-lo ou cortá-lo para fazer novo equipamento?”

    A ganância começou a surgir, mas…

    — Temos que desistir disso.

    Mesmo um risco de um por cento de exposição era inaceitável. Eu poderia inventar uma desculpa e afirmar que conseguimos o coração do Matador de Dragões enquanto ele nos perseguia, mas não havia como inventar uma história crível para esses itens.

    — …Hã? — Enquanto revistava os cadáveres das Rosas, fiquei confuso.

    “O que são esses anéis?”

    Todas as cavaleiras estavam usando anéis idênticos no dedo médio.

    “Esses caras… sempre usaram anéis?”

    Revirei minha memória, mas isso não parecia ser o caso. Enquanto eu lutava contra a mulher chamada Seis, ela não estava usando um anel.

    “O que é isso?”

    No momento em que essa pergunta surgiu, imediatamente retirei os anéis de todos os corpos e os examinei mais de perto. Não eram Itens Numerados. Então seriam itens mágicos?

    — Marrone, Gowland. — Sentindo a necessidade de verificar, pedi as usuárias de magia que os avaliassem. Não demorou muito para a avaliação chegar.

    — São dispositivos mágicos do tipo vinculativo. No momento em que você coloca um desses, ele desaparece e se torna parte da sua alma.

    — Dispositivos mágicos do tipo vinculativo?

    — Você sabe. Como as marcas de invocação usadas para convocar navios no Grande Mar, no sexto andar. Esse é um exemplo clássico de um item do tipo vinculativo.

    — Então… esse anel…

    — Sim. É um anel de subespaço. E também é de qualidade várias vezes superior à maioria dos produtos de magicologia semelhantes no mercado. — Não é à toa que nenhum deles estava usando anéis ou braceletes de subespaço. — Dispositivos mágicos do tipo vinculativo geralmente deixam algum tipo de marca, como uma tatuagem, no corpo da pessoa, mas esses não parecem ter nada disso. Parece que também há um circuito de anulação de detecção gravado nele.

    — Isso significa que nem o palácio tem como saber se alguém tem um desses?

    — Sim. Acho que sim.

    Eu não sabia o que havia dentro desses subespaços do tipo vinculativo, mas sabia de uma coisa: tínhamos ganhado na loteria. Com esses anéis, não precisaríamos jogar fora todo o equipamento das Rosas.

    — Peguem tudo!

    Recolhemos todo o equipamento das Rosas e colocamos em nossas mochilas. Poderíamos carregá-lo assim por enquanto e depois colocá-lo em nossos novos subespaços assim que chegássemos à cidade. Aqueles desgraçados não suspeitariam de nada.

    “O problema é que só temos sete…”

    Atualmente, éramos dez pessoas. Três não ficariam com um anel. Mas, surpreendentemente, a distribuição dos anéis terminou num piscar de olhos, sem qualquer disputa.

    — …Isso é muito mais do que eu mereço, já que não fiz nada nessa batalha. — James Calla, que não conseguiu participar da batalha por estar temporariamente cego, absteve-se graciosamente.

    — Eu também abro mão. Já tenho um subespaço do tipo vinculativo.

    — Eu também.

    Akurava e Ravien, que já tinham itens semelhantes, também cederam, resolvendo assim completamente a questão da posse.

    【Você colocou um Anel da Rosa Mentirosa.】

    【O Anel da Rosa Mentirosa agora pertence a você.】

    Os anéis começaram a brilhar e desapareceram em flashes de luz assim que os colocamos.

    — Como abrimos o subespaço?

    — Reconhecimento por ondas cerebrais. Se você pensar em abrir o subespaço, ele vai abrir.

    “Uau, essa é a tecnologia mais recente da realeza? Isso vai ser realmente útil no futuro.”

    — Parece que estamos prontos. — Com isso, o processo de recolhimento de lembranças e saque terminou.

    【A parede de gelo derreteu.】

    Um dia depois, quando a sala secreta foi aberta, todos deixamos o campo de batalha juntos. Embora houvesse comida nas mochilas das Rosas, não era o suficiente para alimentar dez pessoas.

    【Versyl Gowland lançou o feitiço espaço-temporal de sexto nível Distorção de Alto Nível.】

    【Lilith Marrone lançou o feitiço espaço-temporal de sexto nível Distorção de Alto Nível.】

    Pegamos o máximo de carne de monstro que conseguimos e voltamos em direção ao Olho da Geleira.

    — Que pena. Se pudéssemos de alguma forma levar tudo o que também está lá embaixo, poderíamos comprar mansões na capital real.

    No entanto, com o do Mago de Gelo Cariathea nos esperando, não tínhamos chance de voltar lá. Não havia como saber quanto equipamento estava enterrado lá embaixo. No momento em que o labirinto se fechasse, tudo desapareceria no ar.

    — Agora, vamos encerrar por hoje e descansar aqui.

    Conseguir carne era importante, mas não nos apressamos e fizemos pausas sempre que possível. Mesmo que ficássemos com fome nos próximos dias, isso não nos mataria, e o esquadrão não estava exatamente em forma de combate no momento.

    — Kaislan, você está bem?

    — Estou bem, não se preocupe. Posso aguentar até sairmos daqui.

    Não havia mais sacerdotes e só restavam quatro garrafas de poção. Todos haviam sobrevivido, mas para aqueles que sofreram ferimentos graves, havia consequências óbvias. Erwen, por exemplo, estava sem MP e Poder Natural, então não podia usar nenhuma habilidade. Apenas alguns de nós podiam lutar em nosso nível habitual.

    — Ainda assim… talvez seja porque passamos por tudo aquilo, mas isso aqui não parece tão difícil assim…

    — Ha, concordo.

    — Achei que já tivesse passado por quase tudo que a vida tem a oferecer, mas não percebi quão sortudo eu era.

    Conversávamos assim durante as pausas, mas, na maior parte, discutíamos o futuro.

    — O clã… você vai formá-lo imediatamente? — Marrone perguntou em voz baixa.

    — Provavelmente. Mas a maioria das pessoas terá que se juntar mais tarde.

    — Verdade… Sir Kaislan é do exército. Tenho certeza de que ele terá dificuldade em sair.

    — Não só o Kaislan. Seria estranho se nos juntássemos de repente. Teremos que deixar algum tempo entre isso. Se esperarmos o suficiente, todos nós acabaremos sendo expulsos ou demitidos de nossas posições, de qualquer maneira. Não será tarde para nos unirmos daqui a um ano.

    — …Tenho algumas ideias para o emblema do clã.

    — Uau, você é muito talentosa, Srta. Marrone.

    Passando em revista o início da expedição até agora, criamos uma narrativa de acordo com a linha do tempo dos eventos e acertamos nossas histórias. Se houvesse inconsistências ou preocupações, discutíamos juntos e resolvíamos.

    — Yandel, há uma coisa que me preocupa.

    — Manda.

    — Mesmo que nossas histórias estejam certas, o palácio realmente vai acreditar no que dissermos? Estabelecemos que todos nós somos resistentes a feitiços de detecção de mentiras, mas essa não é a única forma de descobrir a verdade.

    Eu também havia pensado bastante sobre isso, um cenário em que as autoridades não acreditassem em nós. Se eles tivessem a menor suspeita e quisessem verificar os fatos, o que faríamos então?

    — Como eu disse antes, o palácio não tem motivo para fazer isso. Eles não vão querer cavar a fundo e deixar um rastro para seguirmos.

    — Certo… isso seria o normal. Se realmente estivéssemos alheios, fazer essas perguntas nos daria motivo para suspeitarmos deles… Mas e se eles ainda assim arriscarem?

    — Se arriscarem… não importa. O objetivo deste plano não é enganar o palácio. — O Plano A era ideal, claro, mas ter que mudar para o Plano B não significaria necessariamente que tudo estava perdido.

    — Desculpa? O que você quer dizer?

    — Para eles, o fato de termos alinhado nossas histórias e escolhido ficar em silêncio será uma mensagem em si. Um sinal de que vamos manter a boca fechada, então não há necessidade de mexer conosco daqui pra frente. Uma espécie de apelo dos fracos aos fortes.

    Esse incidente envolvia o Duque, o Marquês, uma aliança de nobres menores, a Companhia Alminus e até a Guilda dos Aventureiros. Mesmo que suspeitassem que algo aconteceu no labirinto, não tentariam confirmar. E mesmo que tentassem, era altamente improvável que fizessem algo tão ousado de novo. Eu faria um grande alarde antes que tivessem a chance. Quando há mais olhos sobre você, é preciso ser mais cuidadoso. Um exemplo claro disso foi a forma como me deram um título sem confirmar oficialmente que eu não era um espírito maligno. Esse era o jeito real de lidar com as coisas.

    — Precisamos aumentar nossa influência nesse tempo para que fechar os olhos pareça uma opção muito melhor do que mexer conosco.

    — Mas isso não é mais perigoso? Quanto maiores ficarmos, mais desconfiados eles ficarão de nós.

    — Não acho.

    — Por quê?

    — Não importa o quão grandes ficarmos, somos uma gota no oceano comparados ao palácio.

    A influência do palácio era enorme. Nenhuma pessoa sã jamais consideraria pegar em armas contra a família real de Rafdonia.

    — Eles apenas vão supor que estamos nos unindo porque é nossa melhor chance de sobrevivência. Eles não vão perceber que estamos nos preparando para apunhalá-los pelas costas.

    Os membros deste esquadrão nunca haviam se encontrado antes da nossa única incursão no labirinto. Quem iria supor que planejamos nos unir contra o palácio para buscar vingança? Afinal, tristeza e raiva são emoções passageiras. Normalmente, as pessoas só ficam gratas por terem sobrevivido a situações horríveis e tomam decisões inteligentes depois.

    — Mas na pior das hipóteses… — Akurava parecia um pouco convencida pela minha lógica, mas ainda levantou o pior cenário. — Na pior das hipóteses, se decidirem que somos um incômodo e tentarem nos eliminar… o que faremos?

    A resposta era simples.

    “Bem, o que se pode fazer? Só resta passar para o Plano C.”


    Era o nosso septuagésimo quinto dia no labirinto, cerca de quatro horas antes do fechamento tão esperado.

    — O que foi?

    Versyl Gowland de repente se sentou ao meu lado durante uma de nossas pausas e me perguntou algo. — Ei, Sr. Yandel, a Srta. Naria provavelmente era um espírito maligno, certo?

    — Provavelmente.

    — Certo… provavelmente…? — Versyl murmurou. Eu apenas fiquei em silêncio porque não tinha mais nada a dizer sobre o assunto. Após um momento de silêncio, Versyl falou novamente. — Hum… então o que você pensa da Srta. Naria? — A pergunta dela estava cheia de cautela.

    — Eu a considero uma companheira que teve um fim infeliz. Mas… o que você realmente quer me perguntar?

    — Vou reformular a pergunta. Se a Srta. Naria ainda estivesse viva, você ainda a consideraria uma companheira?

    Eu podia ver vagamente aonde ela queria chegar, mas respondi com honestidade de qualquer forma. — Claro.

    — …Mesmo que ela seja um espírito maligno?

    — Já somos todos inimigos do palácio, então de que isso importa? Espírito maligno ou não, não me importa. O que importa para mim é se alguém é confiável.

    — …Entendo. — Versyl assentiu, com uma expressão estranha no rosto, e foi embora após mais alguma conversa trivial.

    “Hmm, me pergunto qual era o objetivo dela. Ela estava apenas curiosa sobre que tipo de pessoa eu sou? Será que ela percebeu que aquele Goblin desgraçado é um espírito maligno? E está se perguntando o que eu faria com ele?”

    Achei essa hipótese bastante plausível, pelo menos até Amelia me puxar para o lado duas horas depois.

    — Yandel, quero falar com você por um minuto.

    — Aconteceu alguma coisa?

    — Tem a ver com o que você me pediu para fazer.

    Pisquei, confuso. — Eu te pedi para fazer algo?

    — Você me pediu para investigar Sven Parav.

    “Ah, aquilo?”

    Definitivamente pedi para ela fazer isso. Considerando o hábito dele de falar sem pensar na Távola Redonda, não conseguia deixar de me preocupar que ele acabasse revelando os segredos do nosso esquadrão lá. Eu planejava monitorá-lo e manter um bom controle sobre ele.

    — Eu quis dizer para você fazer isso lá fora…? — Eu nem usei o termo ‘investigar’ propriamente dito. Tudo o que foi pedido era que ela o observasse de perto.

    Amelia deu de ombros com um sorriso. — Então você deveria ser grato por eu ter entendido errado. — A atitude dela sugeria que ela tinha algo útil para mim.

    Sentei-me de imediato. — Acho que você encontrou alguma coisa?

    — Se está curioso, veja você mesmo. — Com isso, Amelia desabotoou o cinto de repente. Pisquei, alarmado, mas tudo o que ela fez foi mexer em um compartimento oculto e tirar uma pequena bola de cristal.

    — Isso é…

    — É um cristal de gravação.

    “Você acha que eu não sei o que é? Só estou surpreso que você conseguiu esconder algo assim em um cinto que está sempre usando… Ela provavelmente me daria uma surra se eu brincasse que ela é uma voyeur, certo?”

    Resisti à vontade e ativei a bola de cristal que Amelia me deu, pensando que a primeira coisa a fazer era verificar o conteúdo.

    …Nhoc, nhoc, nhoc.

    O início do vídeo mostrava Sven Parav secretamente mastigando carne seca que ele havia escondido em sua jaqueta, longe do grupo. Fiquei imediatamente tomado por um sentimento de traição.

    — Aquele filho da puta, ele me disse na cara que não tinha roubado nenhuma carne seca…

    — Cala a boca e só assista. Está chegando.

    Mal Amelia me repreendeu, algo mudou no vídeo.

    Sr. Sven Parav. — Uma mulher se aproximou de Sven, que estava virado de costas.

    Eek! — Ele claramente se surpreendeu ao ser pego no flagra com a carne seca.

    Podemos conversar por um momento? — Para minha surpresa, a mulher que se aproximou dele era Versyl. Sven olhou ao redor desconfortavelmente e não respondeu. — Ah, não vou contar aos outros sobre a carne seca. Não se preocupe. Só quero ter uma conversa rápida.

    …Não podemos falar mais tarde?

    Isso significa que você não quer falar comigo?

    N-Não, não é isso… Eu s-só sinto que algo está estranho…

    Você não faz sentido.

    Versyl inclinou a cabeça como se não tivesse ideia do que ele estava falando, mas eu fiquei impressionado.

    “Será que ele instintivamente percebeu que Amelia estava observando ele?”

    Não tinha certeza, mas o vídeo continuou a rodar.

    — De qualquer forma, vou ser breve e ir direto ao ponto.

    — Desculpa? Ah, certo… vá em frente. Estou ouvindo.

    O que se seguiu foi uma única frase. — Eu sei que você é um espírito maligno.

    …Uh.

    …Hã?

    Em resposta, tanto Sven quanto eu adotamos a mesma expressão vazia.

    …Cof! Coff!

    Fique quieto. Eles vão ouvir você.

    M-Mas o-o-o que você está falando?! Eu? Um e-e-espírito maligno…?!

    As bombas não pararam por aí.

    Não adianta planejar uma fuga. Eu também sou um espírito maligno.

    “Caramba, uma revelação dessas?”

    …Eh? O quê… Srta. Gowland… um espírito maligno…? — Sven estava completamente desnorteado.

    Versyl, por outro lado, estava absolutamente calma. — A razão pela qual estou te dizendo isso é simples. Com a sua personalidade, achei que você poderia escorregar na comunidade.

    U-Uh…

    Então nem pense em falar uma palavra sobre esse esquadrão. Vou estar de olho. Seja no quadro de avisos da comunidade, ou na Távola Redonda.

    Dun-dun-dun!

    Não houve efeito sonoro, mas tanto Sven quanto eu parecemos ouvir o som em nossas cabeças.

    A-A Távola Redonda? Como você…?

    Porque sou uma dos membros. Como mais eu saberia que você é um espírito maligno?

    E-Espere… se você é uma mulher… R-Rainha? Não, isso não combina com você… — Sven balbuciava numa tentativa óbvia de acalmar a mente. Então ele levantou um dedo trêmulo para apontar para ela. — N-Não pode ser… você é… a Raposa?

    Com isso, pausei o vídeo.

    “Versyl Gowland é a Raposa, hein?”

    Essa missão deu mais frutos do que eu esperava.

    【O labirinto está fechado】

    【Você foi transportado para Rafdonia.】

    O marquês estava em sua mesa de trabalho quando fez uma pausa, colocou a caneta de lado e pegou uma xícara de chá quente. Ele tomou um gole e olhou para o relógio.

    “Está quase na hora do portal abrir.”

    Faltavam cinco minutos para o meio-dia. O labirinto logo se fecharia e as Praças das Dimensões seriam preenchidas com aventureiros que haviam completado suas árduas missões. Embora fosse um evento que acontecia todo mês, até ele achava o dia de hoje especial.

    — Espero que a missão tenha sido bem-sucedida.

    O Olho do Céu era o dispositivo central da estratégia de Noark e sua maior arma contra Rafdonia. Um esquadrão de trinta pessoas havia sido reunido às pressas para destruí-lo.

    — Bem, não importa se eles falharem.

    O marquês havia preparado documentos e declarações oficiais para dois cenários. O primeiro era se a missão fosse bem-sucedida, mas a equipe de expedição não sobrevivesse. O outro era se a missão não fosse bem-sucedida e a equipe também não sobrevivesse. Não havia nenhum arquivo preparado com a sobrevivência deles em mente. O marquês podia ser um homem meticuloso, mas não tinha o hábito de fazer trabalho inútil.

    — Parece que finalmente me livrei daquela pedra no sapato.

    O marquês riu e colocou a xícara de chá de volta na mesa. Em seguida, pegou a caneta novamente e começou a revisar a pilha de trabalho à sua frente. Pouco mais de dez minutos se passaram.

    Whooom!

    A pedra de comunicação no escritório vibrou. A chamada vinha de um posto de controle perto da casa do marquês.

    Uma expressão carrancuda surgiu no rosto do marquês. — O que houve?

    …Desculpe incomodar. Alguns aventureiros que afirmam ser uma equipe de forças especiais a serviço da família real chegaram ao portão.

    — …Forças especiais?

    Ah, sim… o senhor não os conhece, então? Desculpe. Cada um deles é bastante extraordinário, então hesito em acusá-los de mentir…

    — Entendo…

    Sim. E o homem que parece ser o porta-voz deles não para de exigir que entremos em contato com o senhor… O que devemos fazer?

    — É mesmo? Tudo bem. Vou enviar alguém até aí em breve. Mantenha-os lá. Ah… quantas pessoas são?

    Dez pessoas… exatamente dez pessoas.

    — Entendo. Certo — disse o marquês, com um tom calmo e controlado. Com isso resolvido, ele encerrou a chamada.

    Riiiiip.

    Assim que a chamada terminou, ele rasgou ambos os documentos que estavam em sua mesa e os queimou.

    — Dez pessoas, hein? As coisas estão ficando interessantes.

    Ele não sabia que tipo de truque eles usaram, mas parecia que os mortos, de alguma forma, voltaram à vida.

    1. Processo cirúrgico, que envolve uma incisão para acessar a parede abdominal.[]
    Um pequeno gesto, um grande impacto.

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