Capítulo 442: Grandes Passos (4/5)

『 Tradutor: MrRody 』 『 Revisores: Demisidi – Elteriel – Note 』

Quando abri os olhos novamente, era o meio da noite. Decidi que não havia motivo para acordar agora, então voltei a dormir. Por isso achei que só tinha dormido por um total de dois dias.

— Eu dormi por três dias?

Pensei que a Amelia estivesse brincando no começo. Eu ainda estava exausto, apesar de ter dormido por três dias seguidos. Para ser honesto, eu realmente me forcei a levantar hoje, embora pudesse ter dormido mais.

“Mas realmente foram três dias?”

— Ainda bem que você acordou agora. Eu ia te acordar à força se você não acordasse hoje. Estou cansada da elfa ficar fazendo escândalo.

— …Então, onde está a Erwen?

— Fora.

— Fora?

— Ela disse que estava indo para sua terra sagrada. Parece que as coisas não estão se resolvendo lá tão facilmente quanto ela pensava.

Faltava contexto na frase dela, mas eu sabia do que ela estava falando. Deve ser sobre a Erwen deixando a unidade de forças especiais dos elfos e seu papel como Sangue Puro. Como a Erwen recebeu considerável apoio dos elfos enquanto eu estava fora, ela teria que fazer muitos sacrifícios para se tornar uma mulher livre novamente. Um exemplo importante seria o Arco Sagrado. Se não fosse isso, então os fundos usados para comprar esta mansão, que ela chantageou deles mantendo o dito Arco Sagrado como refém.

“Bem, o verdadeiro problema é a própria parte do Sangue Puro.”

O papel de Sangue Puro dos elfos era uma espécie de segredo racial. Apenas uma pessoa poderia herdar o título de cada vez, e o Poder Natural do sucessor aumentava drasticamente. Esse foi o motivo pelo qual a Erwen conseguiu fazer um contrato com o Rei dos Espíritos em primeiro lugar.

“Eu deveria resolver esse problema o mais rápido possível. Não faz sentido deixar Erwen lidar com isso sozinha.”

O tempo que passei dormindo de repente pareceu um desperdício. Embora não fizesse nem um mês desde que voltei de Pedra de Gelo, não era hora de descansar.

Growl!

— …Tem comida na cozinha, você deveria pegar um pouco.

“Sim, espera, vamos comer primeiro.”

Depois de encher o estômago após três dias de jejum, a primeira coisa que fiz foi processar o que havia aprendido sobre Baekho, o GM, Hyeonbyeol, Ragna, Auril Gavis e as várias outras informações que obtive na Távola Redonda. Desculpei-me com a Amelia e me tranquei no meu quarto por um tempo para organizar meus pensamentos.

“Ha… minha cabeça vai explodir.”

Eu me sentia como se estivesse voltando a ser um estudante antes do início do período letivo. Eu tinha uma pilha de dever de casa para colocar em dia, mas não sabia por onde começar. Então, decidi classificar tudo em ordem de prioridade, como fazia ao jogar um jogo. O que precisava da minha atenção imediata?

“É mais fácil agora que organizei tudo como uma missão.”

Depois de atribuir classificações forçadas, minha mente parecia mais clara.

“Então, a missão que preciso cumprir hoje é… terminar de criar o clã.”

— Amelia, como foi o processo de criação do clã?

— Eles terminaram de revisar os documentos ontem, então tudo o que você precisa fazer é ir pessoalmente e colocar seu nome na lista.

Eu realmente considerei reviver meu antigo clã por um tempo. Mas, como ele foi dissolvido após eu ser dado como morto, o processo administrativo para reativá-lo seria complicado demais, então decidimos apenas criar um novo em vez disso. Isso foi um pouco decepcionante. Ser um clã mais antigo vinha com muitas vantagens.

“Bem, acho que posso usar meu título de nobre para compensar isso no futuro.”

Negociar com a guilda, pelo menos, era algo em que eu estava confiante. Troquei de roupa e estava prestes a sair para cumprir a tarefa do dia quando a Amelia me seguiu, já com o casaco.

— Você quer vir?

— Acho que é melhor assim. Já que você cuidou da maior parte da papelada.

É verdade, se formos juntos, há menos chance de esquecermos algo. Normalmente, a Raven assumiria essa função.

“Vai demorar bastante até conseguirmos tirar aquela garota do exército.”

Claro, isso não significava que eu tinha desistido. O mais importante era o que Raven queria, afinal.

— Espere.

— Hã?

— Use isso. Se você sair assim, vai causar um grande alvoroço.

— Ah… — Coloquei o capacete de ferro que a Amelia me entregou e saí pela porta.

— Faz tempo que não saímos juntos assim — comentou Amelia.

“Hmm, faz mesmo?”

Bem, agora que pensei nisso, a última vez foi quando fomos à galeria para comprar a essência de Vol-Herchan no leilão. Depois de voltar ao presente, não estávamos em posição de andar livremente por aí.

— Ah, chegamos.

Como a mansão em si estava localizada no centro da cidade, não demorou muito para caminhar até a filial mais próxima da guilda. Pegamos uma senha e esperamos como os outros aventureiros. Quando chegou a nossa vez, apresentamos nossos documentos.

— B-B-B-Bjo… ah…!

Fomos conduzidos a uma área de recepção privada no segundo andar por um funcionário que começou a hiperventilar assim que viu meu documento de identidade. O gerente da filial veio correndo e completou os procedimentos administrativos restantes para nós. Foi uma sensação estranha.

Comandante: Bjorn Yandel

Vice-Comandante: Vago

Membro: Vago

Membro: Emily Raines

Membro: Ainar Fenelin

Membro: Auyen Rockrobe

Esse era o número mínimo de pessoas necessário para criar um clã. Para referência, Erwen não podia se juntar agora porque ainda não havíamos resolvido o problema dela deixar os Sangues Puros.

— P-Por favor, visitem novamente em breve!

Depois de uma recepção calorosa e uma despedida do gerente da filial, deixamos a guilda e nos dirigimos a um restaurante próximo. Considerando que eu não tinha comido nada por três dias, já estava morrendo de fome de novo.

— Amelia.

— Aqui fora é Emily.

“Ah, certo. Estou com tanta fome que não consigo pensar direito.”

— Então, o que você queria me dizer?

— Oh, nada de especial. Só estou curiosa. Por que você me disse para deixar a vaga do primeiro membro em branco? — Fiz como ela aconselhou, mas ainda não recebi uma explicação. Então, por quê?

— Às vezes, a impaciência pode fazer as coisas desmoronarem.

— …Hã?

— Enquanto ela está ocupada retirando seu título como Sangue Puro, diga que você deixou a posição vazia de propósito. Isso vai acalmar aquela elfa.

— Uh… — O que eu estava ouvindo agora? — …Você deixou em aberto para Erwen?

Amelia desviou o olhar, parecendo um pouco envergonhada. — …Ela parecia chateada — ela murmurou antes de mudar de assunto. — De qualquer forma, o nome do clã.

— Hã?

— Há uma razão para você ter escolhido esse nome? Pelo que me lembro, é uma palavra antiga bem conhecida que significa ‘um grupo de feras selvagens’.

“Então, você também presumiu que era uma palavra antiga assim que ouviu. Nesse caso, acho que consegui o que queria?”

Depois de pensar por um momento, contei a verdade a Amelia, inclinando-me para que ninguém pudesse ouvir. — Na verdade, não é a língua antiga. É coreano.

Quando sussurrei no ouvido dela, Amelia estremeceu. — Coreano? — ela sussurrou. — Você está dizendo que é do seu país de origem?

— Sim. — Assenti e também contei a ela o significado. — É uma palavra que captura o espírito de trabalhar juntos com um só coração e uma só mente em direção a um futuro melhor.

— …Oh?

— Isso é o que ‘anabada’ significa: reduzir, reutilizar, reciclar.¹

Esse também seria o lema do nosso clã por enquanto, já que, considerando a situação em que fomos colocados, não podíamos nos dar ao luxo de fazer outra coisa.

Depois da refeição, Amelia saiu porque tinha alguns assuntos para resolver. Era óbvio para onde ela estava indo. Provavelmente, ela estava se dirigindo ao local de trabalho da irmã para dar outra espiada nela, incapaz de se forçar a falar com ela.

“Bem, se ela está satisfeita com isso, não é como se eu pudesse dizer algo.”

Minha missão de hoje estava cumprida, mas caminhei para outro lugar em vez de voltar para casa. Havia algo que eu queria fazer pessoalmente.

Cling!

Quando abri a porta da loja e entrei, vi um restaurante razoavelmente cheio. A taverna vendia comida durante o dia e bebidas à noite, com uma pousada no segundo andar.

— Bem-vindo! Você está sozinho? — Quando entrei, uma jovem garçonete, na casa dos vinte, me conduziu a uma mesa com um sorriso brilhante. — O que posso trazer para você?

— Algo com bastante carne, por favor. Estou com fome depois de caminhar até aqui.

— Claro, espere só um…

— Espere, o dono não está aqui hoje?

— Ah, o sacerdote disse a ela que ela precisa começar a se cuidar. Ela não vem mais esses dias.

“…Ela está doente?”

Fiquei um pouco preocupado com isso, mas decidi esclarecer o mal-entendido primeiro. — Eu estava perguntando sobre o dono homem.²

— Ah! O Sr. Urikfried chegará em breve. Provavelmente em cerca de trinta minutos? Ele está sempre por aí, então não me culpe se ele se atrasar!

“Ok, então vou vê-lo se esperar um pouco.”

— Obrigado por me avisar.

Dei uma gorjeta à garçonete por ter tomado seu tempo e depois me sentei em uma mesa para matar o tempo. Terminei minha primeira refeição e acabei de pedir outra quando a porta se abriu e a pessoa que eu estava esperando chegou.

Cling!

— Você está aqui, Sr. Urikfried!

— Sim, aconteceu alguma coisa?

— Seu amigo está aqui.

— …Amigo? — Sr. Urso se virou para examinar a loja e congelou assim que seus olhos encontraram os meus. Parecia que ele percebeu o que estava acontecendo. — Myla, não aceite mais clientes daqui para frente. E mande os que estão aqui embora assim que terminarem de comer.

— Desculpe?

— Ah, e depois de mandar todos embora, você e o cozinheiro podem ir para casa.

— Ehh?

— Se puder, não deixe ninguém vir para a minha mesa — Sr. Urso rapidamente instruiu a garçonete antes de se aproximar de mim. — Então é realmente você, Bjorn Yandel.

— Faz tempo, Abman.

Sr. Urso me encarou por um longo momento de silêncio antes de se sentar sem hesitação. Houve uma breve pausa. Sr. Urso foi o primeiro a quebrar o silêncio.

— Eu ouvi… as notícias.

“Vish, por que isso está tão estranho?”

— Ainda não entendo o que está acontecendo, mas parece que algo grande aconteceu com você.

— Ah, sim… aconteceu…

— Você se encontrou com… os outros?

— Todos, exceto a Missha.

— Então… entendo… — Sr. Urso pareceu pensar em algo por um momento antes de continuar. — Na verdade, fui até sua casa algumas vezes depois que soube das notícias. Mas fui embora porque não havia sinal de você saindo.

— Você deveria ter batido. Eu teria deixado você entrar a qualquer momento.

— Eu não sei, mudei de ideia.

“Havia algum tipo de significado oculto nas palavras dele ou… Não, tenho certeza que não. Sim, então… Primeiro de tudo, vamos esclarecer as coisas.”

— Abman, eu nunca planejei enganar vocês. O motivo pelo qual não consegui aparecer por dois anos e meio é…

— Pare. Bjorn, acho que você entendeu errado. Eu não estou com raiva de você por isso. Claro, seria mentira dizer que não me senti um pouco traído… Mas isso não tem nada a ver com isso. — Sr. Urso esclareceu isso imediatamente. Então ele roubou minha bebida, engoliu tudo e respirou fundo. — Eu só não queria ouvir o motivo do seu desaparecimento. Porque isso pode estar ligado a algo perigoso. E isso não tem nada a ver comigo agora, de qualquer forma.

Parecia que algo estava apertando meu peito. — Nada a ver com você, huh?

— Desculpe, mas acho que devo deixar isso claro antes de continuarmos: se você está aqui para me trazer de volta à sua equipe, isso vai ser impossível.

É isso que significava ser rejeitado antes mesmo de pedir alguém em namoro? Eu estava mais curioso do que chateado, no entanto. — Parece que você não está dizendo isso porque ama o clã em que está agora.

— Sim, não estou.

— Então você pode me dizer o porquê?

Sr. Urso soltou um longo suspiro pelo nariz, como se estivesse tentando suprimir um suspiro mais profundo. — No dia em que ouvimos a notícia do seu retorno… minha esposa me chamou de lado. Muito preocupada, ela perguntou se eu ia te ver.

— Entendo…

— Sabe, Bjorn, dois anos e meio é muito tempo. Tempo suficiente para mudar a mentalidade de um aventureiro cujo sonho era ver o fim do labirinto — disse Sr. Urso solenemente. — Então… o que quero dizer é que… não posso voltar à vida que vivia antes. Se eu continuar trabalhando com você, acho que não vou conseguir ver meus filhos se casarem.

— Hm… Entendo…

Com isso, deixei de lado qualquer vestígio de arrependimento. Não, não havia arrependimentos desde o início. Havia um motivo pelo qual eu não classifiquei a visita de hoje como uma missão propriamente dita. Nunca planejei recrutá-lo. Na verdade, planejei me impedir de fazer isso. Pense bem: como eu poderia pedir a ele para se juntar a um clã que poderia se voltar contra o rei um dia? Um homem casado, com filhos?

— Sinto muito — disse o Sr. Urso.

— Não precisa, vamos beber. — Quando ele hesitou, eu o provoquei. — O quê? Não pode beber comigo se não formos juntos ao labirinto?

— …De jeito nenhum.

Sr. Urso então pegou seu copo, e passamos o tempo conversando sobre trivialidades enquanto a taverna gradualmente se esvaziava e todos os funcionários iam para casa. O sol se pôs e a noite chegou. Falamos sobre o passado, rimos e, às vezes, entramos em debates sérios.

— …Está tarde.

—A noite mal começou.

— Minha esposa estará esperando.

— Então… isso é uma pena.

— Desculpe. Se minha esposa não estivesse prestes a dar à luz, eu teria ficado um pouco mais.

“Prestes a dar à luz?”

Minha mente ficou momentaneamente em branco, mas só levou um segundo para processar isso.

“Então ele tem um segundo filho a caminho.”

Essa realização me pareceu estranha por algum motivo. Agora que pensei nisso, não consegui estar ao lado dele quando seu primeiro filho nasceu. Ele costumava falar sobre ser o padrinho deles sempre que bebíamos.

— Está chovendo. Pegue isso. Eu deveria arrumar tudo antes de ir.

— …Ah, obrigado.

Depois de trocar mais algumas palavras, coloquei a capa de chuva que Sr. Urso me ofereceu e saí para a rua.

Tututututu.

Estava chovendo forte.

“Não estou exatamente triste, mas…”

Será que era porque fazia muito tempo que eu não bebia tanto? A percepção de que dois anos e meio haviam passado sem mim de repente parecia cruel. Parecia que eu havia perdido algo precioso. Mas o que eu poderia fazer a respeito agora? Eu não tinha escolha a não ser aceitar.

Chua, chua.

Caminhei pela rua chuvosa.

Chua, chua.

Embora eu estivesse concentrado em colocar um pé na frente do outro, meu corpo embriagado ainda cambaleava aqui e ali. Perguntei-me se era por causa do meu andar trôpego³ que eu continuava pensando no fim da nossa conversa.

— Bjorn Yandel… Dê grandes passos. Não carregue arrependimentos sobre alguém como eu, que ficou para trás.

“Caramba, não existe essa coisa de ficar para trás na vida.”

— Se você continuar se movendo, sei que poderá ir aonde quiser.

Por que todo mundo me trata como se eu fosse especial?

Chua, chua.

Eu não tinha certeza, mas continuei andando mesmo assim, repetindo minha lista de tarefas para o dia seguinte na minha cabeça.

1. 아나바다; Foi uma campanha popular na coreia nos anos 90; A mesma incentiva a redução, reutilização, e reciclagem de recursos, promovendo a ideia de compartilhar e economizar em benefício de toda a comunidade. A palavra é composta das primeiras sílabas de quatro palavras: 아끼다(Aquida, Reduzir) – 나누다 (Nanuda, compartilhar) – 바꾸다 (Bakkuda, reutilizar) – 다시 쓰다 (Dasi Sseuda, reciclar).[↩]
2. O Coreano não usa gêneros em suas palavras como o português, então tais confusões são comuns.[↩]
3. Que anda com dificuldade, que mal consegue mover os membros ou locomover-se.[↩]