Índice de Capítulo


    Tradutor: MrRody 』 『 Revisores: Demisidi – Elteriel – Note 』


    O banquete realizado dentro do Palácio da Glória prosseguiu em silêncio. Isso era natural. Todos os participantes eram chefes de família. Eles tinham reputações a manter, além de todos serem mais velhos para começar.

    “A maioria está na casa dos cinquenta.”

    Isso me fez rir um pouco. Eu não conseguia acreditar que era a estrela deste banquete, mas estava aqui me lamentando sozinho.

    Nhoc, nhoc.

    Comi minha refeição com alguma irritação. Para alguém que mudava de escola com frequência, esse era exatamente o tipo de ambiente que provocava meu TEPT1. Agora estava me dando conta de que tinha acabado de entrar em um novo grupo, sem absolutamente nada para me defender. Eu me sentia como um macaco no zoológico.

    “Conde Ferdehilt, Barão Serpia, Visconde Mülbark… oh? Até o Barão Martoin está ali.”

    Alguns dos lordes que me observavam de longe eram familiares, mas nenhum deles se aproximava primeiro. Caramba, e todos estavam me pedindo para ser meu amigo nos outros banquetes. O Conde Ferdehilt até pediu para eu me casar com sua filha.

    “Bem, posso entender a perspectiva deles.”

    Isso era o reino animal, afinal. Exceto que aqui, o cérebro governava em vez da força bruta.

    Nhoc, nhoc.

    Eu podia estar devorando essa comida fingindo não saber de nada, mas tinha uma compreensão perfeita da situação. Isso era uma espécie de ritual de iniciação, um aviso implícito para eu nem pensar em me juntar às suas fileiras, pois eles eram respaldados por milhares de anos de história. No entanto, havia uma solução simples para esse problema de ser ignorado. Como o duque me aconselhou mais cedo, tudo o que eu precisava fazer era ir até eles e falar primeiro. Então eles sorririam e me tratariam bem, como alguém abaixo deles.

    “Ugh, esses bastardos não se cansam de tudo isso?”

    Para referência, com quem eu falasse primeiro seria um grande problema. Se eu me aproximasse do duque que conheci antes, os nobres sob o marquês, seu rival, começariam a me tratar como se eu fosse invisível. Tudo o que eu fizesse e dissesse aqui teria implicações políticas.

    Nhoc, nhoc.

    Mas continuei comendo minha refeição. Havia três razões para isso. Primeiro, eu estava realmente com fome. Segundo, essa carne estava realmente, realmente boa. E terceiro, eu não tinha intenção de me juntar aos seus grupinhos em primeiro lugar.

    “Ela finalmente chegou.”

    — Acho que não adianta esperar. Não é como se mais alguém fosse vir de qualquer maneira. — Olhei para a mulher que se aproximava e sorri internamente. Ela tinha cabelo claro, olhos claros e pele pálida por cima disso. Além de sua roupa única, colorida e reminiscente de um hanbok2, essa mulher era mais branca que a neve. Ah, e claro, havia orelhas de coelho no topo da cabeça dela. — Prazer em conhecê-lo, Barão Yandel. Esta refeição está do seu agrado?

    — Quer provar um pouco?

    Quando peguei um pedaço de carne e o ofereci a ela, a mulher me olhou perplexa por um momento antes de conseguir se recompor e sorrir. — Não, estou bem. Não estou com fome.

    “Caramba, tão exigente. E nós dois somos ‘não-humanos’.”

    Tap.

    Achei que isso era suficiente para dar a ela uma noção clara de quem eu era, então coloquei a carne de volta no prato e me preparei para ter uma conversa. Em seguida, suguei meus dedos para limpá-los. De repente, um pensamento intrusivo surgiu na minha mente: ela apertaria minha mão se eu pedisse? Eu não podia ter certeza, mas não ia tentar. Eu era um bárbaro bem-educado. Pelo menos quando isso era benéfico para mim.

    — De qualquer forma, prazer em conhecê-la. Sou o Barão Yandel.

    Quando tomei a iniciativa de me apresentar primeiro, a mulher respondeu com um sorriso amigável. — Baronesa Lirivia.

    Eu já sabia dessa informação, é claro. Só havia uma família nobre da Tribo do Coelho Branco.

    “Quarenta e três anos. Acho que ela tem três filhos.”

    — Posso me sentar por um momento?

    — Claro. Eu estava ficando entediado.

    Quando dei permissão, a Baronesa Lirivia, a Baronesa Coelha, sentou-se à minha frente. A mesa de oito lugares em que eu estava tinha alguém sentado nela pela primeira vez. Mas ninguém aplaudiu essa ocasião monumental. Houve apenas um escárnio afiado.

    — Tsk, claro.

    — Bem, não há razão para impedir que os plebeus se entretenham.

    Como isso foi alto o suficiente para chegar aos meus ouvidos de bárbaro, essa mulher coelha também deve ter ouvido. Mas ela nem sequer pestanejou. A baronesa simplesmente sorriu como se estivesse acostumada a esse tratamento e falou suavemente. — O fundador da nossa família foi um herói como você, Barão Yandel. Durante a Rebelião da Muralha de Ferro, ele conseguiu o grande feito de deter o duque sacrílego. Você já ouviu essa história?

    — Não, desculpe. Esta é a primeira vez que ouço.

    — Haha, não precisa se desculpar. É natural. Hoje em dia, é uma história antiga, conhecida apenas por aqueles que estudaram história… — A voz da baronesa tornou-se um pouco melancólica. — Faz dois mil anos desde que o brasão da família Lirivia foi colocado na caixa do pacto. Faz muito tempo. A era de um rei considerado imortal chegou ao fim, e uma nova aurora surgiu.

    Achei que sabia onde ela queria chegar.

    — Então, Barão Yandel, você terá que se acostumar rápido. Nem o tempo mudará a opinião dessas pessoas.

    — Oh, é mesmo? Isso é estranho. Para mim, você não parece tão diferente deles.

    “Especialmente porque você tem a mesma maneira florescente e astuta de falar.”

    — …Você é tão engraçado quanto dizem os rumores.

    “Ha, engraçado? Eu nem comecei ainda.”

    — De qualquer forma, não acho que você esteja aqui para me dar conselhos, estou certo?

    — Você é notável, como esperado. Tem razão.

    — Então me diga.

    Com minha franqueza, a mulher hesitou por um momento. Era por isso que eu dizia que ela não era diferente deles. Ela podia ter aquelas orelhas na cabeça, mas comparecia a este evento em nome de sua família como uma nobre de pleno direito, alguém que considerava conversas fora do âmbito da formalidade como algo inferior.

    — Eu não diria que não estou aqui para ajudar. Não queremos que você trabalhe para outra facção.

    — Porque sou o primeiro nobre de outra raça a ser adicionado à corte em seiscentos anos?

    A mulher estremeceu com minha pergunta, mas logo respirou fundo. Então, ela me olhou diretamente nos olhos, mudando o tom. — Mais importante, de origem bárbara. O primeiro na história de Rafdonia. — Com isso, pude ver que a percepção dessa mulher sobre mim como um bárbaro ingênuo havia mudado, ao contrário dos nobres humanos que nos observavam. — Assim como Lirivia recebe o apoio total dos terians, você pode liderar os bárbaros na política.

    — Esse é o único motivo?

    — Claro que eu teria me aproximado de você de qualquer maneira. Precisamos de cada aliado que pudermos conseguir.

    — Hmm, entendo…

    — Um total de trinta e uma famílias, incluindo Lirivia, estão unindo forças. Claro, ainda somos uma minoria no governo, mas é o suficiente para termos uma voz. — Enquanto eu apoiava o queixo na mão, parecendo entediado com a explicação dela, a Baronesa Coelha iniciou as negociações primeiro. — Não vou pedir que se junte a nós por uma causa maior. — Afinal, coelho faminto não escolhe cenoura. — Mas, se você se juntar a nós, receberá um enorme apoio para se estabelecer como nobre.

    — Quero que você elabore mais sobre isso.

    — Por exemplo, as décadas que normalmente levaria para você comprar terras, construir uma propriedade e contratar servos para mantê-la serão reduzidas para apenas alguns anos.

    Era isso o que significava ser um aristocrata? Já era uma oferta impressionante. Mesmo que eu aceitasse apenas isso, já faria valer mais a pena ter escolhido a promoção como recompensa, em vez do dinheiro.

    — Claro, isso não é tudo. Iniciamos essa aliança para sobreviver — explicou ela. — Se você se juntar a nós, nossos inimigos se tornarão seus inimigos. E seus inimigos se tornarão nossos.

    Esse era o motivo pelo qual eu esperei que ela se aproximasse de mim, em vez de ir falar com os outros nobres. Cada pessoa que eles conseguiam adicionar à aliança era inestimável, e eles cuidavam uns dos outros de acordo.

    — Então, o que acha? — Ela me pediu uma resposta.

    Eu assenti. — Certamente… não é uma oferta ruim.

    — Você quer dizer…

    — Mas não é o suficiente.

    “Mesmo se você me olhar assim, não vai fazer diferença. É claro que posso conseguir mais disso… não posso me contentar apenas com isso.”

    A expressão da Baronesa Coelha endureceu ao ouvir minha resposta, embora logo tenha retornado à sua placidez original. — Barão Yandel, estou descobrindo que você é um homem esperto. Se há algo que você deseja, poderia ser franco e me contar? — ela perguntou educadamente, recusando-se a desistir.

    Eu podia dizer apenas pela pergunta dela o quanto essa mulher e por extensão, Melbeth, a aliança de nobres não-humanos, me queriam. Claro, eu também queria desesperadamente me juntar ao grupo deles, mas eles não sabiam disso.

    Se você vai vender algo, venda pelo preço mais alto que puder. Essa é a filosofia de um Bárbaro Coreano.

    — Vou continuar a entrar no labirinto. Também quero apoio para isso.

    — Pode me dar um exemplo do que você quer dizer com apoio?

    — Quero que você patrocine o clã que vou criar. Essências de alto nível, Itens Numerados preciosos, coisas assim.

    — …Isso não será fácil. Especialmente porque não nos beneficia.

    — Por que não? Vocês deveriam saber. Este país começa e termina no labirinto.

    — Se você está tentando dizer que pode nos conseguir alguma influência dentro do labirinto, já temos muitas alternativas.

    “Hmm, fingindo dificuldade, hein? Parece que é hora de trazer o bárbaro de volta.”

    — Por que?!

    — …Desculpe?

    — Você disse que me compraria terras e me construiria uma casa. Isso é mais barato do que sua propósta!

    — Hm… Barão Yandel? Por favor, abaixe a voz…

    — Me diga por quê! — Quando me levantei da cadeira, todos os nobres se viraram para nos olhar. Parecia que isso serviu para forçar sua mão.

    — Isso é diferente de o apoiar como um nobre. Tornar-se independente o ajudará mais tarde, quando estiver ativo na política. Isso é diferente — a Baronesa Coelha explicou rapidamente. Mas será que ela percebeu que sua resposta era fraca? — Mas você nunca sabe… Se você se tornar indispensável para nós… Não consideraremos qualquer quantia de apoio que possamos te oferecer um desperdício.

    — O quê! Então sou inútil para vocês agora?!

    — Não, não foi isso que eu quis dizer!

    — Haha! Eu estava apenas brincando, Baronesa Lirivia.

    — …Eh? — Quando ri e me sentei novamente, a baronesa ficou olhando para o nada, atônita.

    “Caramba, parece que nem posso brincar com você.”

    — Para simplificar, parece que você quer que eu prove meu valor. Que sou útil de outras maneiras além de ser o primeiro barão bárbaro.

    — Sim… ah, sim. Isso mesmo…?

    — Então, isso não é problema. Porque isso é muito fácil para mim.

    A mulher parecia confusa com minha resposta confiante, e os nobres ao nosso redor começaram a murmurar com o rumo que nossa conversa havia tomado.

    — Pensei que eles estavam brigando, agora estão rindo novamente?

    — Esses vira-latas… Eles realmente são como animais.

    — De qualquer forma, me pergunto o que a Baronesa Lirivia disse para acalmar a raiva do bárbaro.

    — Hmm, você nunca sabe. Ouvi dizer que aquele bárbaro tem uma queda por terians .

    — Perdão? Você quer dizer…

    — Ahem, não está fora do reino das possibilidades, não é?

    Seus sussurros eram rudes até para um bárbaro como eu. Embora ela estivesse na mira de um escárnio interminável, parecia que a baronesa nunca havia ouvido esse tipo antes, pois seu rosto ficou vermelho de vergonha. A visão deixou uma impressão.

    — …Barão Yandel. — Mesmo nessa situação, porém, parecia que ela estava preocupada que eu pudesse causar uma cena. — Apenas os ignore. Você terá que ouvir essas coisas inúmeras vezes se planeja ser ativo na política no futuro.

    — Por quê?

    — Porque não há nada a ser feito. — Foi uma resposta honesta que carregava consigo toda a frustração de um oprimido. Mas a expressão em seu rosto enquanto dizia isso realmente a fazia parecer um herbívoro.

    Eu ri. — Você disse que estava acostumada. Mas acho que ainda fica com raiva?

    — Como eu não ficaria? Tudo o que posso fazer é suportar o tratamento deles enquanto sonho com um dia em que não terei mais que sentir essa miséria.

    — Sonhar, hein? — Se sonhos pudessem se tornar realidade só porque você os tem, não haveria tal coisa como infelicidade. — Quanto isso valeria?

    — O que quer dizer?

    — Pode ser que eu não consiga realizar o seu desejo, mas posso pelo menos fazer com que esses bastardos que estão falando desapareçam — eu disse. — Então estou perguntando, quanto isso valeria?

    Parecia que a Baronesa Coelha não entendeu direito o que eu estava querendo dizer, porque sua resposta foi fraca. — Eu não sei. Acho que para algo assim, eu não me arrependeria de perder toda a minha fortuna. — Foi uma resposta muito abstrata e subjetiva, mas foi suficiente para mim.


    — Ok, então. O trato está fechado.

    — Eh?

    — Eu também fiz algumas pesquisas sobre vocês, sabia? O motivo pelo qual as pessoas pisam em todos vocês é porque vocês deixam que façam isso o tempo todo.

    — O-O que você quer dizer!?

    “O que você acha? Quero dizer que o que vocês precisam é de um cão de ataque.”

    Swip.

    Levantei-me da cadeira, sem dar tempo para ela responder. — Behelaaaaaah! — Depois de atrair a atenção com um grito de batalha, saí pisando firme.

    Tof, tof!

    — B-Barão Yandel!

    Ignorei os gritos desesperados da Baronesa Coelha.

    Tof, tof!

    Em poucos segundos, parei em frente ao nobre que estava tagarelando sobre minha suposta preferência por terians.

    — Qual é o problema? Que barulho. — Infelizmente, parecia que esse cara ainda não havia entendido a situação em que se encontrava, já que estava me encarando dessa forma.

    — Barão Kypriot. — Embora ele não tenha se apresentado, eu não tive problema em chamá-lo pelo nome. Depois que decidi seguir o caminho nobre, memorizei todos os brasões das famílias nobres.

    “Um barão de posição mediana. Ele será um exemplo perfeito.”

    — Você me insultou — declarei.

    — Insultei? Isso é sobre o que eu disse antes? Ha! Ridículo. Eu duvido que você tenha alguma honra para ser insultada em primeiro lugar, mas mesmo que tenha, o que você vai fazer a respeito?

    “Caramba, fingindo não estar com medo, hein? É óbvio que ele está falando demais porque está apavorado.”

    — Se você realmente não consegue controlar sua raiva, escreva para o comitê. Ah, assumindo que você saiba escrever! — Quando ele terminou de falar, as pessoas ao lado dele, que pareciam ser seus amigos, começaram a rir.

    “Uau, que bando de idiotas de terceira categoria. E quem é o plebeu aqui?”

    — Agora, se você não tiver mais nada a dizer, gostaria de pedir que se afastasse…

    Por que eu não teria mais nada a dizer? Eu o interrompi. — Eu te desafio para um duelo.

    Duelo era o único meio de resolução de conflitos na sociedade aristocrática de Rafdonia desde tempos antigos. Claro, o número de vezes que um nobre titulado havia participado diretamente de um duelo ao longo da longa história da nação era inferior a dez.

    — Está com medo? — Perguntei. — Se estiver, pode ter um representante. Ah, claro, eu vou me representar na luta.

    — …Você está falando sério?

    — Por que, quer que eu esteja brincando?

    Ele não respondeu à minha pergunta. Era óbvio o que o barão estava pensando. Não apenas isso era completamente sem precedentes, mas também devia ser tanto insultante quanto intimidante. Tudo o que ele havia feito era agir como todos sempre faziam, e outros estavam fazendo o mesmo, então ele devia estar se perguntando por que ele era o único sendo alvo disso.

    “Eles deveriam estar entendendo agora.”

    Um bárbaro acabara de ascender ao status de nobre. Era hora de injetar um pouco de tensão nessa corte aristocrática excessivamente relaxada.

    Tof!

    Dei mais um passo à frente e olhei para ele de cima enquanto falava. — Cavaleiro, aventureiro, mago… não importa. — A regra geral era que mercenários não eram permitidos como representantes em duelos, mas… — Não precisa ser alguém da sua família. Traga qualquer um. O mais forte que você puder encontrar.

    Não houve resposta.

    — O quê, não está confiante?

    “Porque eu estou. Estou confiante de que posso matar qualquer um que você colocar na minha frente.”

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