Capítulo 446: Cerimônia (3/4)

『 Tradutor: MrRody 』 『 Revisores: Demisidi – Elteriel – Note 』

O banquete começou um pouco antes do meio-dia e terminou antes do pôr do sol. Os presentes eram todos os chefes de suas respectivas casas, então, ao contrário de outros nobres que podiam gastar seu tempo brincando, eles tinham agendas ocupadas.

“As pessoas já começavam a sair apenas uma ou duas horas depois do início do banquete.”

A maioria ficou apenas o tempo suficiente para ser educada e honrar a tradição antes de partir. Dito isso, como o banquete estava repleto de indivíduos bastante respeitáveis e poderosos, alguns aproveitaram a oportunidade para fazer networking¹ ativamente. Mas, no final, todos acabaram exaustos e saíram antes do pôr do sol.

“É isso que querem dizer quando dizem que você começa a agir como criança quando envelhece? Pensei comigo mesmo. Não era como se eles fossem crianças com toque de recolher.”

Clang, clang.

Enquanto eu olhava pela janela da carruagem, vendo o palácio real ficar menor à distância, deixei minha mente divagar, imaginando como seria conveniente ter uma casa na capital algum dia.

“No final, nunca tive a chance de conversar adequadamente com o marquês.”

Infelizmente, minha tentativa de falar com o marquês durante o banquete falhou. Fui até a mesa dele para cumprimentá-lo, mas havia muitas pessoas ao redor, e eu não queria causar mais problemas com testemunhas por perto. Foi uma pena, mas acabei sendo forçado a voltar para a minha mesa após trocar breves saudações.

“Embora, honestamente, o que o marquês possa estar pensando agora não é tão importante…”

O mais importante agora era manter um certo equilíbrio. Quaisquer que fossem suas intenções em relação a mim, agora ele não poderia agir contra mim sem pensar duas vezes. Eu tinha que garantir que a linha que nos separava não pudesse ser cruzada. Por mais poder que ele tivesse, não parecia mais que ele poderia fazer o que quisesse comigo.

“De qualquer forma, é ótimo que eu tenha conseguido me juntar a Melbeth.”

Minha filiação não seria oficializada até alguns dias depois, quando todos pudessem se reunir, mas isso não era um problema. A questão maior era o que fazer sobre Ragna agora que ela havia entrado em contato comigo por meio de uma nota. Se as coisas corressem bem, ela poderia se tornar o trunfo que eu precisava no meu confronto com o marquês.

Ahhh.

Ter que pensar nas coisas dessa maneira me deixou um pouco deprimido. Teria sido melhor se ela tivesse continuado apenas como uma bibliotecária comum. Então eu poderia ter aproveitado mais o reencontro com ela.

“Por que ela tem que ser a filha do marquês?”

Além disso, até Hyeonbyeol estava conectada a tudo isso. Quanto mais eu pensava nisso, mais parecia que minha cabeça ia explodir.

“…Sim. Vou ter que resolver isso quando me encontrar com ela.”

Dei um longo suspiro, e logo depois, chegamos à plataforma, onde peguei um teletransportador de volta para Ravigion. Depois de trocar de carruagem, segui de volta para casa.

— Você voltou cedo?

— Acabou antes do que eu esperava. Onde está a Erwen?

— Ela também acabou de voltar. Deve estar se lavando agora.

Ah, então finalmente nos veríamos de novo depois de todo esse tempo. Subi para o segundo andar para tomar um banho e trocar de roupa. Quando voltei para a sala de estar, Amelia e Erwen estavam sentadas juntas no sofá conversando. As duas haviam se aproximado mais do que eu esperava. Bem, imaginei que, depois do que passaram juntas em Pedra de Gelo…

— Senhor! — Assim que Erwen me viu, ela saltou e correu em minha direção.

Estendi a mão para pará-la. — Erwen, eu não sou qualquer senhor.

— …O quê? — Erwen ficou perplexa com minha rejeição.

— Eu sou o ‘Barão’ Bjorn Yandel.

Em resposta à minha declaração, Erwen soltou uma exclamação constrangedora. — Ah…

Era tão triste ser um bárbaro. Eu simplesmente não conseguia me acostumar com isso. Se eu estivesse com Ainar, teria gritado isso com um sorriso largo no rosto, e ela teria acompanhado minha energia perfeitamente.

— Bjorn, pare com isso e sente-se.

— …Ok.

Assim que me sentei no sofá, nossa reunião familiar começou. Havia vários itens na pauta para discutir, já que fazia um tempo, mas entre os assuntos estava Erwen.

— Felizmente, tudo deu certo. Devolvi meu arco por enquanto, e quanto ao dinheiro que usei para comprar a casa… Prometi devolvê-lo dentro de um mês. — Erwen falou como se tivesse cometido um pecado grave. Quando perguntei por que ela estava agindo assim, ela continuou se desculpando, dizendo que era culpa dela não podermos manter esta casa cheia de memórias preciosas.

— Está tudo bem. Por que você está se desculpando por isso?

Para ser honesto, o que eu não entendia era por que os elfos estavam bem em deixar Erwen escapar com apenas isso. Era porque ela era a única de sangue puro de sua geração? Eu até estava preocupado que, no pior cenário, sua vida pudesse estar em risco.

“Não é exagero dizer que este é realmente o melhor resultado possível, mas…”

Incapaz de afastar minhas suspeitas sobre como as coisas haviam se resolvido tão bem, pedi a Erwen que explicasse como tudo se desenrolou dessa forma.

— Quando eu estava discutindo com os anciãos, meu tio interveio e me ajudou. Acho que esse foi o maior fator.

Por causa do tio dela, hein? Agora que penso nisso, ouvi dizer que o tio dela era considerado um herói pelos elfos. Eu também esperava conhecê-lo um dia.

— Mas apenas um mês para devolver todo o dinheiro… Esse é um prazo bem apertado. — Amelia foi a primeira a levantar as questões logísticas depois que Erwen terminou de explicar. — Mesmo se vendermos a casa para pagar a dívida, ainda precisaremos de dinheiro para comprar uma nova casa no futuro.

— …Então por que não compramos esta casa nós mesmos? — perguntou Erwen. — E se vendermos todo o saque que conseguimos desta vez?

— Não tenho certeza. Bjorn, o que você acha?

— Hm… — Pensei sobre isso e depois dei minha opinião. — Acho que seria melhor para nós ficarmos em uma pousada por enquanto. Ou podemos alugar um lugar a cada mês, embora seja muito menor do que o que temos aqui.

— …E-Eu entendo. — Erwen parecia relutante em vender a casa, embora não tenha expressado isso em palavras.

Mesmo assim, esse era o momento e o lugar para um pouco de honestidade. — Não se preocupe muito. A casa em que vivemos agora, o lugar para onde nos mudaremos… são todos iguais. São apenas lugares onde ficaremos temporariamente.

Quando mencionei a ideia de ter Melbeth nos apoiando na compra de um terreno e construção de uma mansão, a expressão de Erwen melhorou visivelmente. — E-Então você realmente se tornará Barão Bjorn Yandel!

— Sim, então me diga tudo o que você quer que seja adicionado à mansão no futuro. Você também vai morar lá, sabe.

Felizmente, a julgar pela expressão da Erwen, quaisquer arrependimentos que ela tinha sobre vender a casa agora haviam desaparecido.

— Você também, é claro, Amelia — acrescentei, só para garantir que ela não se sentisse excluída, mas por alguma razão, ela apenas olhou para mim e soltou um suspiro profundo.

Em seguida, também mencionei algo que eu queria para a nova casa. — …Seria ótimo se pudéssemos fazer o quarto do navegador um pouco maior do que é agora. E também, se pudéssemos dar a ele uma janela com alguma luz do sol.

Nosso navegador parecia bastante deprimido recentemente. Talvez um pouco de ar fresco à beira-mar lhe fizesse bem?

— Isso deve resolver a questão da nossa residência… Agora, o que devemos fazer sobre explorar o labirinto?

Assim que resolvemos o que fazer com a casa, Amelia levantou o próximo problema: nosso grupo estava atualmente incompleto. Com Ainar, Erwen, Amelia, eu e nosso navegador, havia uma vaga aberta em nosso grupo de seis. O problema era que não tínhamos ninguém para preencher essa vaga. Eu planejava ter todo o meu grupo eventualmente se juntando ao meu clã um dia, mas estava cauteloso em agir prematuramente. Além disso, não achava que Ravien ou a maga Versyl Gowland se juntariam tão cedo.

“Versyl disse que levaria pelo menos um mês antes que ela pudesse conseguir independência, e Ravien disse que queria tirar um tempo de folga das aventuras por um tempo.”

Então, por enquanto, ainda tínhamos uma vaga aberta. No entanto, tirar um mês inteiro de folga seria um desperdício, então tomei uma decisão. — Acho que o melhor seria irmos sozinhos desta vez.

— Nós cinco?

— Não é tão estranho. Há alguns anos, cinco pessoas era o normal.

— Isso… é verdade.

— E não vamos até o sétimo andar. Vamos explorar apenas o sexto, então não será tão perigoso.

— O sexto andar… Certo. Vou avisar o Rockrobe sobre isso.

Assim, encerramos nossa conversa sobre o labirinto. Depois, jantamos de forma simples e conversamos um pouco antes de ir para a cama. Na manhã seguinte, todos fomos juntos à filial mais próxima da guilda para concluir o registro dos membros do nosso clã.

— Heh… obrigada, Senhor.

Senti uma pontada de culpa ao ver a Amelia cuidar cuidadosamente de todos os documentos em vez de mim. Sentia que Erwen deveria estar agradecendo a ela, e não a mim.

Ah, ainda preciso preencher o cargo de subcomandante.

Quando fundamos o clã, pensei que a Amelia seria a escolha perfeita, mas quando tentei perguntar a ela, fui rejeitado na hora. Talvez ela não quisesse atrair atenção desnecessária para si mesma. Isso faria sentido. Afinal, o nome que ela estava usando, Emily Raines, era um pseudônimo.

“Então, quem deveria ser o subcomandante?”

Caí em profunda contemplação. O cargo de subcomandante era crucial, por isso seria melhor registrá-lo e conceder-lhe uma procuração o quanto antes. Dessa forma, ele poderia realizar tarefas administrativas na ausência do comandante.

“Raven era a subcomandante perfeita. Ela sempre foi meticulosa em lidar com coisas administrativas irritantes.”

Depois de registrarmos todos, fomos a um restaurante próximo para fazer uma refeição.

— Bjorn, você vai para Kommelby agora?

— Não, vou parar no templo primeiro.

— …No templo? — Amelia inclinou a cabeça em confusão por um momento, mas logo fez a conexão. — Você quer se livrar da essência do Osso-Gacha.

— Não preciso mais esconder minha aparência. — Mesmo assim, eu ainda estava debatendo se deveria fazer isso até hoje. A essência do Osso-Gacha não era tão ruim. Pensei se deveria guardá-la até começar a caçar minha próxima essência de verdade.

— Parece que você também tem outro motivo.

— Ainar e Abman ainda têm meu equipamento antigo, não têm? Uma vez que eu volte ao meu tamanho original, poderei usá-lo. Seria um desperdício não fazer isso. Além disso, podemos tropeçar em uma essência melhor enquanto estivermos explorando o sexto andar. E quando finalmente voltar para a tribo, não seria certo ainda estar assim.

— Hmph…

Amelia, por algum motivo, soltou um resmungo diante da minha resposta, enquanto Erwen lamentava a mudança.

— Então… isso significa que você vai ficar tão grande quanto antes?

— Sim.

— Mas eu gosto do jeito que você está agora…

Eu não conseguia entender essas preferências estranhas dela. Onde no mundo um corpo esguio como esse seria considerado bom? — Então, minhas condolências.

Depois de ir ao templo, entrei sozinho e passei pelo processo de remoção de uma essência.

Meus atributos caíram.

Minha altura aumentou.

Minha mente clareou.

E, o mais importante de tudo, minha sorte melhorou um pouco.

Aaaahh… Crrrack…

Demorou um pouco para eu me alongar e me acostumar com minha nova-antiga altura. Rapidamente vesti algumas roupas e me olhei no espelho.

“Ufa. Finalmente estou de volta ao meu corpo normal.”

Eu já sabia, mas foi nesse momento que realmente me dei conta de quão grande eu era. Por alguma razão, senti vontade de gritar os nomes dos meus ancestrais, mas consegui conter o impulso com um autocontrole sobre-humano. Afinal, eu estava em um templo.

As reações das duas pessoas que me esperavam do lado de fora do templo foram como água e vinho.

— Heh, senhor! Esse seu lado também é legal! É exatamente como no primeiro dia em que nos conhecemos! — Erwen elogiou minha nova aparência, apesar de sua decepção aberta anteriormente.

— …Você definitivamente estava melhor antes. — Amelia, por outro lado, não disse muito, mas ainda conseguiu me apunhalar no coração com cada palavra. Mas então, em um murmúrio estranhamente quieto, ela disse — Mas… de certa forma, isso pode ser melhor.

— Hm? O que você quer dizer?

— Estou dizendo que pode ser melhor agora que você está feio.

— Eu não estou feio. Não acha que pareço mais masculino agora?

— Pfft…

— …Está rindo de mim?

Quando percebi que ela estava rindo de mim, fui imediatamente lembrado da importância de disciplinar as crianças. No entanto, ela era minha colega preciosa, não uma criança que eu estava criando. Como chefe do nosso clã, isso provavelmente era algo que eu deveria relevar.

“…Felizmente meu atributo de Controle aumentou. Caso contrário, as coisas poderiam ter tomado um rumo pior.”

De qualquer forma, seguimos para Kommelby como planejado. Os membros do nosso esquadrão não moravam todos no Distrito Sete, mas decidimos nos encontrar lá, pois era o centro da cidade.

— Chegamos.

Entramos no prédio que Versyl havia alugado para o dia e fomos recebidos por rostos amigáveis.

— Ohhh, ele finalmente chegou. Nosso Baronete… Não, acho que devo chamá-lo de Barão Yandel agora — disse Melend Kaislan.

— …Você está diferente.

Lilith Marrone, James Calla, Sven Parav, e toda a tripulação — todos os que conseguiram sobreviver à fome e ao frio em Pedra de Gelo — pareciam impressionados com minha mudança de aparência.

— Versyl, onde estão Akurava e Ravien?

— Disseram que não podiam vir.

— Mas todos os outros conseguiram.

— Bem, tenho certeza de que é porque todos estávamos curiosos.

Isso fazia sentido. Eu mesmo estava curioso, então eles deviam estar ainda mais.

— E quanto ao perímetro?

— Não se preocupe com espionagem. Escolhi propositalmente um lugar sem janelas e ativei um feitiço de Controle de Voz. Só por precaução, também estou monitorando ativamente qualquer uso de magia.

Como era de se esperar de uma maga, ela era boa no que fazia. Deveria perguntar se ela tinha alguma opinião sobre ser a subcomandante quando se juntasse ao meu clã mais tarde.

— Barão Yandel!

— Por que está me chamando de Barão? Apenas me chame de Capitão.

Fazia um tempo desde a nossa última reunião, então tivemos um bom tempo atualizando uns aos outros sobre como estávamos.

— Então… quando planejamos fazer isso?

Finalmente, era hora de discutir a abertura cerimonial dos subespaços que roubamos da Ordem da Rosa.

— Quando abri pela primeira vez para guardar nossas bolsas, pensei que não havia nada dentro.

Eu realmente pensei o mesmo, mas não muito tempo atrás, descobri a verdade: para retirar um objeto escondido, era necessário ajustar a fórmula mágica do subespaço de acordo. Bem, pelo menos foi o que a maga Versyl descobriu e me disse.

— Certo, agora vamos abri-los um por um. Já preparei vários feitiços de neutralização, só por precaução.

Mesmo eu estava um pouco nervoso ao abri-los.

— Então… vamos ver o que tem dentro.

— Eu fiquei desapontado da primeira vez, então estou ansioso para ver o que está escondido aqui.

— Ufa… Imagino que todos vocês também estavam esperando para abrir os seus? Eu nem pensei em abrir o meu ainda, com medo de que alguém pudesse estar observando.

O que diabos a Ordem da Rosa estava tentando esconder ao tomar tantas precauções com sua segurança? Não havia como saber o que poderia ser. Então, para garantir, decidi remover a essência do Osso-Gacha mais cedo hoje, mesmo que pudesse ter adiado.

— Então… todos prontos?

— Sim, vamos abrir!

“Espero que tenhamos sorte hoje.”

1. Rede de contatos.[↩]