Capítulo 448: Expandindo (1/4)
『 Tradutor: MrRody 』 『 Revisores: Demisidi – Elteriel – Note 』
Tap, tap.
Nossos passos ecoavam pela biblioteca vazia.
— Mulher, qual é o seu nome?
— …Sou Harin Savy.
— Seu nome é tão único quanto sua aparência. — Qualquer um que estivesse ouvindo poderia considerar esse comentário quase racista. Claro, isso seria apenas se o orador fosse uma pessoa comum.
“Ser um bárbaro é realmente ótimo.”
Meus companheiros bárbaros e eu tínhamos imunidade total quando se tratava de sermos vistos como discriminatórios.
Talvez por isso Harin tenha respondido sem demonstrar ofensa aparente. — Você não é o primeiro a achar que meu nome e aparência são únicos. Não há muitas pessoas na cidade que têm sangue do Continente Oriental tão puro quanto o meu.
— Seus ancestrais eram do Continente Oriental?
— Sim. Meus ancestrais eram mercadores que tiveram a sorte de estar nesta cidade quando a calamidade começou. Graças a isso, conseguiram sobreviver e evitar a devastação.
— …Entendo.
Foi uma explicação concisa que não deixou espaço para mais perguntas e me deixou ainda mais intrigado. Normalmente, espíritos malignos não teriam tanto conhecimento sobre suas famílias e ancestrais…
“Mas se ela for Hyeonbyeol, essa regra pode não se aplicar.”
Ainda desconfiado, prossegui com minha próxima pergunta. — Qual é a sua relação com a Condessa Peprok?
— Tive a sorte de estar ao lado dela por um tempo.
Então ela não estava com ela há tanto tempo assim. Eu estava começando a me convencer ainda mais, mas, infelizmente, chegamos ao nosso destino antes que eu pudesse interrogá-la mais a fundo.
— Vou me retirar agora.
— Tudo bem. Obrigado, Harin.
Com isso, ela se retirou educadamente.
Deixei minhas suspeitas sobre a identidade dela de lado por enquanto e me concentrei no presente, onde fui recebido por uma figura familiar com olhos azuis e cabelos azuis. No entanto, ao contrário de antes, ela exalava um ar distinto de nobreza. Talvez fosse o jeito como o cabelo dela estava preso em um coque elegante, revelando a nuca.
— Faz tempo, Bjorn Yandel.
A maneira de falar era a mesma. Sua aparência incomum me pegou de surpresa por um momento, mas não demorou para que um sentimento de familiaridade se instalasse. — Sim, faz um tempo, Ragna. Não, acho que devo chamá-la de Condessa Peprok agora?
— Vejo que ainda faz piadas como sempre.
Eu não estava tentando fazer uma piada, no entanto. Estava falando sério. Bem, dado que ela não me chamou de Barão Yandel, eu tinha uma ideia do tipo de relacionamento que ela buscava. — E você mudou um pouco.
— É mesmo…?
Seria por causa do cabelo?
Ragna murmurou as palavras enquanto mexia no cabelo. Mesmo desconsiderando o novo penteado e traje, ela ainda tinha um ar mais maduro do que antes. Ela sempre parecia um pouco ansiosa naquela época, com um exterior abrasivo1 que escondia um lado suave por baixo. Mas agora… como eu poderia descrever? Ela parecia muito mais acessível, mas de alguma forma mais séria ao mesmo tempo.
— Nunca acreditei que fosse possível. Não consigo acreditar que você está realmente vivo, Yandel.
— Eu também não acreditei quando soube de você. Eu sabia que você tinha alguma história ou outra, mas nunca imaginei que você fosse a filha do primeiro-ministro.
— …O quê?
— …Hm?
O rosto de Ragna congelou por um momento, e então ela franziu a testa. — Do que você está falando? Eu sou filha do primeiro-ministro?
— …Você não é?
— Não! Quer dizer, não acho. A menos que… Bem, isso responderia algumas das perguntas que eu tenho.
O que diabos estava acontecendo aqui?
— Primeiro, vamos esclarecer as coisas. Yandel, onde você ouviu que eu sou filha do marquês?
— Hm…
— Se está preocupado em revelar sua fonte, pelo menos me diga o quanto você está certo de que é verdade. Por favor.
— Eu tinha certeza de que era verdade, pelo menos até agora.
— Isso significa que a informação veio de uma fonte confiável.
Hm? Era assim que ela via isso? Mas eu nem sabia o nome verdadeiro ou o rosto do Veado.
Embora eu estivesse um pouco atordoado com essa reviravolta repentina, tentei manter a calma. — Se possível… você se importaria de me contar sua história? Talvez eu possa oferecer algum conselho.
Ragna demorou um momento para pensar sobre meu pedido, mas cautelosamente começou a falar logo depois. — Tudo bem. Não é como se eu pudesse esconder para sempre. Mais importante, não é algo que sinto que precisa ser mantido em segredo.
Essas palavras sozinhas eram suficientes para provar o quanto Ragna havia mudado. No passado, não importava quantas vezes eu perguntasse, ela se recusava a falar sobre seu passado, sempre parecendo triste. Ficava claro que ela havia amadurecido bastante desde a última vez que a vi.
Enquanto eu admirava seu crescimento, Ragna lentamente começou a me contar sua história. — Quando eu era criança, havia uma coisa que minha governanta costumava me dizer o tempo todo: ‘Ragna, você deve viver uma vida tranquila, longe dos olhos do público. Essa é a única maneira de você retribuí-lo’. Como você sabe, eu não sou realmente da Casa de Peprok. Meu pai simplesmente me fez tomar emprestado o nome de uma casa caída para que eu pudesse viver uma vida tranquila e independente.
— Entendo…
— Não sei quem é meu pai, mas minha governanta me disse que ele é um nobre extremamente poderoso, então, se as pessoas soubessem que eu existo, isso causaria muitos problemas. Ah, e ela disse que, embora ele não pudesse me encontrar pessoalmente por causa disso, ele ainda me amava e estava cuidando de mim. Eu amava minha governanta, mas nunca acreditei nela quando ela dizia que ele me amava. Mesmo assim, ainda escolhi ouvi-la. Vivi uma vida tranquila, sem me destacar, e desisti de seguir a magia como algo mais do que um hobby. Eu me divertia muito aprendendo magia, mas por algum motivo, sempre atraía a atenção das pessoas quando a usava.
Então era por isso que uma maga do calibre dela, cuja magia era de quinto nível ou superior, mesmo tão jovem, estava trabalhando em uma mera biblioteca.
— Eu realmente a amava. Estava disposta a fazer alguns sacrifícios para seguir seu conselho.
— A governanta de quem você está falando… se chama Litaniel?
— Sim, isso mesmo.
Não é de se admirar que ela estivesse listada apenas sob o nome de Condessa Ragna Peprok. Seu nome completo não era realmente o verdadeiro.
— E sua mãe? Você sabe o que aconteceu com ela?
— Ouvi dizer que ela morreu no dia em que me deu à luz.
— Entendo… — Depois de absorver silenciosamente a história de Ragna, a maioria das perguntas que eu tinha sobre ela foi respondida. No entanto, a coisa mais importante aqui não era o passado, mas sim o futuro. — E o que aconteceu depois disso?
O que aconteceu com Ragna enquanto eu estava preso no passado? Por que a mulher que queria viver uma vida tranquila longe dos olhos curiosos de repente se tornou uma condessa?
— Não muito tempo depois que você foi declarado um espírito maligno, o Marquês Tercerion me abordou com uma proposta.
— …O marquês?
— Sim. Ele me ofereceu a chance de reviver a Casa de Peprok, que havia caído, se eu trabalhasse para ele. Eu fui e aceitei a proposta dele.
Isso foi completamente inesperado. — Por que você faria isso? Você nem percebeu que ele poderia ser seu pai naquele momento.
— Eu, é claro, recusei a princípio. Embora minha governanta já tivesse falecido, eu ainda não me sentia confortável em entrar na vida pública de maneira tão aberta, mas… mudei de ideia depois de ouvir o que o marquês queria de mim.
— Você pode me dizer o que é?
— Ele queria que eu entrasse em cena para que pudéssemos começar o processo de aceitação dos espíritos malignos como membros regulares da sociedade.
Por um momento, fiquei sem palavras. Então, era por isso que Ragna havia ressuscitado o Projeto de Incorporação Nacional. Ainda assim, havia uma coisa crítica nisso que não fazia sentido, por que o marquês faria essa oferta em primeiro lugar? E…
— Por que você mudou de ideia depois de ouvir o que ele queria?
Por que Ragna de repente queria que os espíritos malignos fossem aceitos? Não demorou muito para ela explicar.
— É porque eu sei. — A resposta dela foi simples. — Sei que há boas pessoas que são espíritos malignos… e eu não queria que meu amigo fosse lembrado dessa forma. — Enquanto eu a encarava, sem palavras, Ragna evitou meus olhos, sua voz ficando mais fraca. — Isso é realmente tão estranho?
Soltei o suspiro que estava segurando e finalmente respondi — Sim, isso é estranho.
Para ser franco, Ragna e eu não éramos tão próximos assim. Éramos algo entre conhecidos e amigos, nada mais, nada menos. Ficávamos felizes em nos ver quando tínhamos a chance, mas não seria estranho se nos afastássemos e perdêssemos o contato completamente.
Certo, deveria ter sido assim…
— E-Eu entedo… Então talvez eu estivesse…
Antes que ela pudesse me entender mal, eu soltei — Mas obrigado, Ragna. De verdade.
Não havia mais nada que eu pudesse dizer a ela.
Sentamo-nos em silêncio por um número indeterminado de minutos. Eventualmente, tomei coragem e quebrei o silêncio.
— A carta que você me deu. Não tinha um horário escrito.
— Oh… bem… Eu esqueci de escrever porque estava com pressa.
Como eu pensei. Sorri enquanto fazia outra pergunta. — Agora que penso nisso, parece que você esteve esperando aqui por um bom tempo. Quando você chegou?
— …Eu não esperei tanto tempo assim. Não se preocupe.
Bem, se ela disse isso. De qualquer forma, o assunto acabou se desviando para o fechamento da biblioteca hoje. Fiquei chocado ao ver que toda a biblioteca estava fechada. Não era completamente absurdo imaginar que uma condessa poderia alugar a biblioteca por um dia inteiro, mas ainda assim…
— Eu não esperava que você fizesse algo assim.
— Não vem nada de bom em atrair atenção desnecessária.
— Hmm, então você poderia ter simplesmente pedido para me encontrar em outro lugar.
— Isso é verdade… mas eu pensei que seria bom se pudéssemos nos encontrar aqui de novo.
Na verdade, eu sentia o mesmo. — Então você decidiu puxar alguns cordões?
Eu disse isso com uma leveza deliberada para provocá-la, mas Ragna apenas parecia confusa com minha pergunta e, surpreendentemente, respondeu de forma ousada. — Sim. Há algum problema? Não tem problema, certo, agir de maneira egoísta assim de vez em quando?
— Oh, ah, sim… — Fiquei sem palavras novamente.
Não demorou muito para que a tensão se dissipasse mais uma vez enquanto continuávamos trocando pequenas conversas. Até falamos sobre Shavin Emoor, uma amiga em comum. Depois de rir e nos divertirmos juntos por um tempo, eventualmente voltamos a tópicos mais sérios.
— Ragna, eu tenho algo a perguntar. — Para ser honesto, eu não vim aqui hoje com a intenção de perguntar isso. No começo, eu queria recrutá-la para o nosso lado para poder usá-la para obter mais informações sobre o marquês. Mas… — Você já pensou em desistir da sua posição como condessa?
Depois de ouvir sua história, eu não conseguia pedir isso a ela. Tudo o que eu queria agora era ajudar Ragna a escapar dessa luta de poder.
Claro, minhas esperanças foram imediatamente frustradas. — Não sei por que você está me perguntando isso, mas não. Não tenho intenção de desistir da minha posição.
— Por que diz isso? Porque o marquês poderia ser seu pai?
— Isso é irrelevante para mim. Agora passarei o resto da minha vida irrevogavelmente ligada a esse homem, independentemente disso.
— Isso não explica por que você insiste em ser uma condessa. Eu voltei e me livrei de qualquer suspeita. Não há razão para ir tão longe agora, certo?
— Sim, há, porque isso é a coisa mais importante que eu poderia fazer.
— …Eu não entendo.
— Passei todo esse tempo vasculhando inúmeros casos, tudo para ajudar a provar que espíritos malignos não são inerentemente maus.
— …Então você está dizendo que, independentemente de eu estar ou não na equação, você está falando sério sobre esse seu objetivo?
— Você pode pensar assim, sim.
Eu nunca pensei que Ragna estivesse fazendo tudo isso por mero capricho, mas agora, eu pude ver o quão séria ela estava sobre isso. Suspirei. Precisava mudar minha abordagem. — Então por que você não se distancia do marquês, pelo menos? Ele não parece ter intenção de aprovar a agenda que você está defendendo, de qualquer maneira.
— O que você quer dizer?
— Ouvi dizer que, quando você levantou a questão na assembleia real, o marquês foi o que mais se opôs ao projeto.
— Eu… posso admitir que também achei isso estranho. No entanto, ele me explicou mais tarde que a base da minha política era muito fraca. Se eu tentasse avançar mais, os outros nobres me atacariam em vez disso.
— …O quê?
— Se eu conseguir criar uma política melhor no futuro, que também possa persuadir alguns dos outros nobres, ele disse que me apoiaria abertamente.
— E você acredita nisso?
— Por que não acreditaria? Essa foi a razão pela qual o marquês me procurou em primeiro lugar.
— Mas… — Claro, era assim que parecia do lado de fora, mas ninguém podia dizer qual era o verdadeiro objetivo do marquês. Ragna estava indo bem por conta própria, então por que ele de repente a procuraria com uma proposta para aceitar espíritos malignos sob o Projeto de Incorporação Nacional?
— Yandel, você parece odiar o marquês. É isso? — A pergunta de Ragna foi repentina, mas, ao contrário de antes, trazia uma leve desaprovação sob a superfície.
“Por que ela disse que ficaria com ele para sempre? Isso porque ele poderia ser seu pai?”
Os laços de sangue nem sempre são tão fáceis de cortar, mesmo quando se deseja. Droga, isso tornou as coisas ainda mais complicadas.
— Não é que eu odeie o marquês. É só que… acho que os motivos dele para se aproximar de você parecem um pouco suspeitos. — Apressei-me em tentar oferecer algum tipo de explicação antes que meu relacionamento com Ragna desmoronasse.
Felizmente, a Ragna pareceu acreditar em mim. — Entendo. Eu sei muito bem do que você está preocupado… mas não se preocupe. Posso me cuidar agora.
Eu estava com inveja de que ela pudesse dizer isso.
“Eu deveria me preocupar comigo primeiro…”
Afinal, eu ainda não podia dizer o mesmo de mim.
Já passava um pouco do meio-dia quando me despedi de Ragna e saí da biblioteca. Estávamos ocupados conversando quando ela foi subitamente chamada.
— Harin, o marquês me chamou?
— Sim. Ele disse que explicará o porquê quando se encontrarem.
— …Por que está olhando para mim? — perguntei. — Não se desculpe. Eu ia sair em breve mesmo, estava ficando com fome.
— Entrarei em contato em breve, então.
— Tudo bem. Como disse antes, não conte ao marquês que se encontrou comigo.
— Claro. Não quero que o marquês use nossa relação para ganhos políticos. Ah, e não se preocupe. Harin também é boa em manter os lábios selados.
Com isso, Ragna saiu com Harin, a secretária cujos ancestrais vieram do Continente Oriental. Eu observei as duas se afastarem lentamente.
“Harin…”
Enquanto conversava com Ragna, também obtive bastante informação sobre a mulher chamada Harin. As duas se conheceram há cerca de um ano nesta mesma biblioteca. Mesmo depois de deixar o emprego como bibliotecária, Ragna visitava frequentemente para fazer pesquisas para o Projeto de Incorporação Nacional. Foi assim que ela acabou conhecendo Harin e se aproximando dela.
— Quanto mais eu conhecia Harin, mais comecei a gostar dela. Percebi que ela era ainda mais talentosa do que eu pensava inicialmente, então a contratei para ser minha secretária.
Essa foi a história que Ragna me contou sobre como a dupla se formou.
“Harin… Como eu suspeitava, ela deve ser Hyeonbyeol.”
Agora eu tinha certeza de que Harin era Hyeonbyeol. Bem, estritamente falando, não poderia ser outra pessoa, já que Ragna não tinha outros assistentes além de Harin. O problema era…
“Ela certamente teria percebido que Ragna era uma nobre por seu traje e pelo ar que ela exalava. Hyeonbyeol deve ter se aproximado intencionalmente da Ragna para ficar próxima a ela.”
Depois de juntar as peças, uma coisa ainda me preocupava.
— Recentemente, fiz uma conexão com uma pessoa poderosa. Posso usar isso para apoiá-lo.
Essa ‘pessoa poderosa’ que Hyeonbyeol mencionou outro dia…
Tap, tap.
Ela estava realmente se referindo a Ragna, ou…?
“…Não. Não acho que ela estava mentindo quando perguntei para quem ela trabalhava.”
Balancei a cabeça. Eu estava confiante de que conhecia bem Hyeonbyeol. Em vez de assumir que ela estava tentando me enganar, a suposição mais razoável a se fazer era esta:
“Ragna Litaniel Peprok tem um segredo.”
Um grande segredo que eu ainda não conheço.
- Substância dura capaz de desgastar e polir por fricção.[↩]
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