Capítulo 466: Proprietário de Terras (1/3)

『 Tradutor: MrRody 』 『 Revisores: Demisidi – Note 』

Com meia hora restante até que a primeira venda imobiliária na história dos bárbaros acontecesse, eu não conseguia impedir os cantos da minha boca de se levantarem com a boa notícia que Ainar compartilhou.

— Então, 130 pessoas vieram?

— Sim! Todo mundo está gritando e perguntando quando você vai começar a venda!

O comparecimento foi maior do que eu esperava.

Virei-me rapidamente para o Ministro do Desenvolvimento Urbano Bárbaro e perguntei:

— Rick, qual é o número máximo de lotes que podemos vender hoje?

— Setenta e três.

Um lote de terra tinha 400 metros quadrados, ou em hectares, isso traz a área total disponível para venda hoje para 2.92 hectares. Eu só podia imaginar o quanto foi difícil para Rick dividir e demarcar toda aquela terra sozinho.¹

— Mas… você tem certeza de que está tudo bem vender a terra assim? Um único lote de terra é apenas…

— Não se preocupe. Dessa forma, será muito mais fácil para todos.

Se usássemos números muito grandes, os bárbaros acabariam confusos. Era muito mais simples chamar uma área de vinte metros quadrados de um lote de terra. Naturalmente, eventualmente faríamos lotes de vários tamanhos para vender aos nossos consumidores.

Meio lote tinha duzentos metros quadrados. Um lote e meio fazia seiscentos metros quadrados. Fazer as contas em centenas era muito mais simples.

— De qualquer forma — eu disse — vamos vender cerca de quarenta desta vez.

— …O quê? Você não vai vender todos?

— Ainda não é hora.

Eu havia pedido a Rick para preparar o máximo de terra possível, só por precaução, mas se eu simplesmente balançasse a mão e vendesse tudo agora, meus planos iriam por água abaixo.

— …Entendo. — Ele parecia um pouco deprimido, o que era compreensível, dado o quão trabalhoso foi esse projeto, mas não havia outra escolha. O coração do mercado imobiliário estava no valor futuro de um pedaço de terra.

— Então, está na hora de começar. — Sob minhas ordens, eles ajustaram a caixa de sorteio para que menos pessoas fossem escolhidas do que havia lotes disponíveis. Em seguida, nos dirigimos a uma seção da floresta perto do portão externo, escolhida por seu acesso conveniente para dentro e fora da cidade.

— Uou, o chefe está aqui!

— Venda a terra rápido! Eu trouxe muito dinheiro!

Os guerreiros começaram a gritar empolgados quando me avistaram. Eu ofereci saudações superficiais enquanto observava o equipamento de cada um.

“Eu diria que eles estão em torno do quinto andar, em média.”

Isso significava que os guerreiros aqui estavam entre a classe média alta dos bárbaros. Fazia sentido. Eles seriam os únicos capazes de pagar os dois milhões de pedras pelo terreno, e bárbaros não eram do tipo que economizavam dinheiro quando podiam gastá-lo. Segundo Ainar, alguns dos guerreiros presentes hoje até venderam suas armas queridas para poder comprar a terra.

— É bom ver vocês, guerreiros. Vocês todos sabem como não deixar uma oportunidade escapar! — Subi no palco que Ainar havia preparado para mim e fui direto ao ponto. — Todos vocês veem essas quatro bandeiras amarelas?

— Vemos!

— A terra localizada dentro dessas quatro bandeiras amarelas estará à venda hoje. — Primeiro, era necessário explicar o básico. Alguns dos guerreiros podem ter vindo apenas para assistir, mas eu garantiria que despertariam seu interesse para a próxima vez. — O que vocês acham? É grande, né? Mais de cem de nós cabem aqui dentro!

— Uh… certo?

— Pensem na estalagem em que vocês todos são forçados a viver! Aquele espaço pequeno só pode acomodar uma cama. Mas neste pedaço de terra, vocês podem facilmente colocar cem camas! — Um quarto na estalagem tinha outros móveis, além de paredes e um teto, é claro, mas aquele não era o momento ou lugar para mencionar isso.

— I-Isso é verdade! É grande!

“Isso mesmo.”

— Sim, é um grande pedaço de terra! Vocês podem até construir uma casa com um campo de treinamento no quintal! Ah, e será uma propriedade privada! Isso significa que vocês podem usar suas habilidades especiais na sua terra, ao contrário da cidade!

— …Propriedade privada?

— Isso significa que a terra pertencerá inteiramente a vocês!

— Uou! — os guerreiros exclamaram, aparentemente impressionados com a totalidade do termo.

— Na cidade, centenas de milhões de pedras não seriam suficientes para comprar tanta terra. Na verdade, a menos que você seja um nobre, nem sequer tem permissão para comprá-la!

Decidi pular a parte de como isso era apenas tecnicamente verdade em Karnon e não em todos os distritos da cidade. Eles não ficariam tão empolgados em comprar essa terra de mim de outra forma. Julgando pela crescente empolgação deles, decidi que estavam prontos para o golpe final.

— Ahem! — Limpei a garganta e fui direto ao ponto. — Quarenta pedaços de terra serão vendidos hoje. Todos do mesmo tamanho!

— …Quarenta? Mas há mais de cem de nós aqui? — As demandas ávidas dos bárbaros para comprar terras se transformaram em confusão diante da falta de oferta. No entanto, não permiti que o descontentamento deles tivesse a chance de crescer.

— Não reclamem! Esta terra é tão preciosa que mal conseguimos preparar quarenta lotes para vender aqui hoje! Se vocês não estão felizes com isso, então não comprem! — declarei. O fornecedor tinha a vantagem, não o consumidor. Os guerreiros imediatamente ficaram em silêncio, permitindo-me prosseguir como planejado. — Agora, cada um de vocês tirará um número por vez! Quem tirar um papel preto terá a chance de comprar a terra!

Depois de dividir os 130 guerreiros em seis grupos, eles começaram a tirar os números, um por um. Em pouco tempo, o campo estava cheio de gritos de alegria e tristeza.

— Preto! Eu peguei preto!

— B-Branco! Isso não é justo! Por isso eu não queria escolher primeiro! Me deixa escolher de novo!

Certifiquei-me de que aqueles que reclamavam não tivessem a chance de tirar de novo. Aqueles que tiraram o preto foram então enviados para Rick Anderson para comprar seus lotes.

— Mas, Senhor Humano! Eu não sei ler!

— Tudo bem. O próprio chefe está vendendo a terra, então não há com o que se preocupar.

— …Faz sentido!

Tudo o que os contratos diziam era que a terra só poderia ser de propriedade de um bárbaro e que, se o proprietário falecesse antes de designar um herdeiro, a posse seria transferida de volta para a tribo. Nada de especial.

— Agora, vamos fazer com que vocês carimbem os documentos.

Os bárbaros sorriram enquanto mergulhavam as mãos na tinta e as pressionavam contra o papel.

“Não acredito que fiz oitenta milhões de pedras apenas vendendo terra…”

A cerimônia de maioridade média custava cerca de dez milhões de pedras, o que significava que eu havia feito o suficiente para oito delas em um piscar de olhos.

— Ei! O que você está fazendo?! Este agora é meu terreno privado em que você está pisando! Saia!

— D-Desculpa! Eu só queria dar uma olhada…

— Tsk, só por um minuto. Entendeu? E, se possível, prenda a respiração.

— Eu vou!

Logo depois, os guerreiros que compraram terras começaram a armar suas tendas, enquanto os guerreiros azarados que não conseguiram apenas assistiam com inveja.

— Vucan, filho de Shreev, você me venderia essa terra por mais cem mil pedras?²

— Hm, cem mil pedras…?

As coisas já estavam começando a acontecer como eu esperava. O acordo entre os dois, no entanto, parecia não ter dado certo.

— Desculpe, mas não acho que posso fazer isso por esse preço.

— Ah, bem… Se mudar de ideia depois, venha me procurar.

Cem mil pedras a mais não foram suficientes para ele? Bem, isso não era um problema para nós.

— Ainar. — Dei ordens a ela discretamente, e ela assentiu com a cabeça com uma expressão determinada no rosto. Assim que ela saiu discretamente, olhei para o local agora vazio onde ela estava e soltei um suspiro.

— Fiu…

Apesar de um bom começo, não podemos dormir no ponto.

No dia seguinte à venda dos quarenta lotes de terra, um boato se espalhou pela terra sagrada.

— Você ouviu? Vucan, filho de Shreev, vendeu o terreno que comprou ontem por três milhões de pedras!

— Ele ganhou um milhão de pedras de graça em apenas um dia!

— Não é possível, isso é verdade?! Um milhão de pedras é suficiente para comprar uma armadura de lithinum! Do tipo que o nosso chefe usa!

Um pedaço de terra foi vendido com cinquenta por cento de lucro em apenas um dia. Nem é preciso dizer que essa não foi uma transação comum.

— Quem comprou isso, estava fora de si? Eu sei que o chefe disse que a terra é valiosa, mas por tantas pedras…?

— Sim, quem comprou o terreno?

O nome do comprador não era outro senão Seirik, o segundo filho de Burtol. Ele era membro de um grupo liderado pelo nosso segundo ancião, o revolucionário da mochila.

— …Ouvi dizer que ele ganhou muito dinheiro durante a Revolução da Mochila, mas não fazia ideia de que ele tinha ganhado tanto assim!

Fui informado por Kharon de que ele era bom em guardar segredos, então eu o financiei secretamente nos bastidores. Fiz isso por uma única razão e uma única razão apenas.

— Então, talvez o que o chefe disse fosse verdade…

Com isso, eu não precisava mais pregar o valor de possuir terras para que meus companheiros bárbaros percebessem seu valor.

— Certo! E ele disse que não poderemos comprá-la mais tarde porque vai ficar muito caro!

— Sim! Ouvi dizer que vão vender ainda mais terras no final deste mês. Estou pensando em participar desta vez.

— Hm, mas achei que você tinha dito que não precisava de terra. Mudou de ideia?

— Eu ainda não preciso! Mas pense nisso. Se eu comprar e vender depois, isso não significa que poderei comprar uma nova arma de graça?! Você também deveria fazer isso! Vamos comprar terra!

— Não sei… Acho melhor simplesmente economizar dinheiro para comprar uma nova arma! Armas podem ser usadas para lutar contra inimigos. O que você pode fazer com terra?

Bem, nem todo guerreiro estaria aberto à ideia imediatamente, mas era apenas uma questão de tempo antes que começassem a mudar de opinião.

Um lote de terra que valia dois milhões foi vendido por 3,5 milhões, depois por 3,7 milhões no dia seguinte, e quatro milhões no dia seguinte. Tudo por causa dos nossos agentes estrategicamente colocados.

— …Q-Quem diabos está gastando tanto para comprar terra?! T-Todo mundo perdeu a cabeça?!

Depois de apenas alguns dias, a atitude em toda a terra sagrada começou a mudar.

— Por que você não quer vender para mim?! Eu disse que te daria quatro milhões de pedras!

Alguns bárbaros correram desesperados tentando comprar terra, mas agora, ninguém queria se desfazer de seu lote. Afinal, os proprietários de terras não eram tolos.

— Por que eu venderia hoje se posso vender por mais amanhã?

— M-Mas…!

Como disse um proprietário de terras perspicaz, o preço da terra disparou. Os guerreiros que ficaram à margem durante o leilão inicial começaram a entrar em pânico enquanto reuniam o máximo de dinheiro que podiam. Mas não é que os bárbaros fossem inerentemente menos inteligentes ou algo assim. Mesmo pessoas modernas que são bem versadas em economia tendem a agir da mesma maneira.

— Vou pagar 4,3 milhões! Vou comprar por 4,3 milhões de pedras!

Tudo havia mudado no espaço de alguns dias. O mercado estava tão ativo que não precisávamos mais que nossos agentes fizessem nada, embora eu ainda tenha ordenado a Kharon que seus homens continuassem comprando terras com os cinquenta milhões de pedras que eu lhes dei. Isso era dois terços do nosso lucro líquido, mas eu não me arrependi.

“A esse ritmo, poderíamos vender um lote de terra por seis milhões da próxima vez, e eles ainda comprariam.”

Claro, havia a questão do que faríamos se eles reclamassem do aumento de preço. No entanto, se todos iam comprar um do outro a esse preço de qualquer maneira, então não seria natural que também aumentássemos o custo? Não importa o quão alto o preço ficasse, eles fariam qualquer coisa para adquirir um lote. Aos olhos deles, possuir um pedaço de terra não era diferente de possuir uma máquina de fazer dinheiro.

“Ótimo, então acho que não preciso mais me preocupar com o mercado imobiliário…”

Quando eu estava prestes a sair da tenda do chefe, Rick Anderson se aproximou de mim.

— É estranho, não é?

— O que é?

— O preço da terra. Não entendo por que está subindo tanto. Afinal, a terra sagrada dos bárbaros é enorme. Matematicamente falando, mesmo que déssemos um lote para cada guerreiro, ainda sobraria alguns.

— Hm, é mesmo?

— Sim. Todos os guerreiros que estão gastando quantias ridículas de pedras para comprar terras agora vão se arrepender, tenho certeza disso. Por que você não os impede?

— Bem, por que eu deveria impedi-los se eles querem comprar?

— Isso… é verdade.

— De qualquer forma, eu preciso ir!

“Ufa, quanto tempo faz que eu não vou para casa? Tenho certeza de que Erwen e Amelia vão me dar uma bronca.”

Bem, foi o que eu presumi, mas quando cheguei em casa, elas não me repreenderam nem um pouco, para minha surpresa.

— Emily, Erwen! Estou de volta…

— Leia isso. — Amelia rapidamente me jogou um envelope aberto. — É uma carta de Mozlan.

— …Hã?

Li a carta, sentindo-me inexplicavelmente nervoso. Como Mozlan servia como a força policial da aristocracia, a carta que eles me enviaram era desnecessariamente longa e formal. Apenas as últimas linhas eram realmente importantes.

Em nome do Conde Alminus, patrocinador do Clã Sawtooth, o Comitê de Disputas de Mozlan foi solicitado a supervisionar formalmente…

Uma delas me disse exatamente quem havia apresentado essa queixa contra mim.

…solicita a quantia de 2,135 bilhões de pedras, constituindo metade do valor total da essência do Lorde do Caos, Riakis…

A próxima me disse o que eles queriam de mim.

…que o Muito Honorável Lorde Bjorn Yandel respeitosamente visite o escritório principal de Mozlan dentro de quinze dias após o recebimento desta carta.

E então veio a última linha, que me disse onde eu precisava ir e quando.

Riip.

Rasguei a carta em pedaços e a engoli.

“Eu nunca poderia imaginar receber uma carta de queixa como essa enquanto vivia na Coreia.”

Era uma sensação estranha, refletir sobre o quanto eu havia mudado desde que vim para cá, mas não fiquei aterrorizado com a realização. Afinal, já fazia quatro anos que eu estava aqui.

“Conde Alminus…”

E nesses quatro anos, nem uma vez fui derrotado, especialmente por um cara que tinha muito a perder.

1. MrRody: Para quem tem um pouco de dificuldades de imaginar, um terreno de 20m por 20m teria 400m².[↩]
2. MrRody: Você sabia que esta não é a primeira aparição desse personagem? Ele já apareceu no 2º capítulo![↩]