Índice de Capítulo

    A obra atingiu um pequeno ponto de hiato e novos capítulos serão publicados na segunda metade de julho.


    Tradutor: MrRody 』 『 Revisores: Demisidi – Note 』


    Saí do templo e caminhei pelo longo corredor, eventualmente chegando ao quarto onde estavam as duas irmãs: a jovem xamã draconato. que me concedeu a Bênção do Dragão, Pen, e minha antiga companheira de esquadrão, Ravien.

    — …Você está aqui?

    Quando bati na porta e entrei, Pen olhou na minha direção, fez contato visual e desviou rapidamente o olhar.

    “Por que ela sempre age como uma criança?”

    Eu tinha que admitir, no entanto, que era meio fofo o jeito que ela estava fingindo indiferença. O Sr. Dragão e Ravien me disseram que ela ficou deprimida ao ouvir que eu havia morrido. Acho que eu realmente prometi contar histórias mais interessantes da próxima vez que eu…

    Um resmungo interrompeu meus pensamentos. — Hm? O que você acabou de dizer?

    — Você… ouviu isso?

    — Não exatamente. Então, o que foi que você disse?

    Quando levantei a sobrancelha para ela, Pen me lançou um olhar irritado e gritou — O quê…? Eu só… Eu só estava dizendo que soube que era realmente você e não algum impostor no momento em que vi seu rosto!

    Era uma mentira óbvia. Eu definitivamente a ouvi dizer ‘aquela cara feia’ agora há pouco.

    — Pantyseauros.

    — É Penitaseauros!

    — Já que faz alguns anos, acho que você precisa de um lembrete. Eu não sou feio, sou másculo. Entendeu?

    — …Tá, tudo bem.

    Então, finalmente ela estava disposta a admitir. Enfim, agora que eu tinha terminado de provocá-la, também cumprimentei sua irmã. — Faz tempo, Ravien.

    — Vocês dois… parecem mais próximos do que eu imaginava.

    — Próximos? Nós só nos encontramos uma vez, quando recebi a Bênção do Dragão.

    — Ainda assim, você foi provavelmente o último forasteiro com quem Pen interagiu. Alguém de fora do clã.

    “Bem, acho que sim. Quantos forasteiros teriam sequer um motivo válido para vir ao Templo do Dragão, em primeiro lugar?”

    Sentei-me em uma cadeira vazia junto à mesa e perguntei algo que estava me perguntando. — Mas pela forma como vocês reagiram, parecia que sabiam que eu estava vindo, certo?

    — …Soube pelo papai, sim.

    — Quando foi isso?

    — Enquanto ele estava falando com você. Podemos ouvir a voz do papai de qualquer lugar, se ele quiser.

    Então ele podia usar a Fala de Dragão não só para teletransporte, mas também para transmitir mensagens? Ele era ainda mais talentoso do que eu pensava.

    — Quanto vocês ouviram?

    — Quanto? Bem, ele só nos disse para esperarmos, já que você estava vindo para cá. Ah! Ele também disse que você tinha boas notícias para me contar.

    “Haha, esse cara…”

    — Então, quais são as boas notícias? — Pen olhou para mim, os olhos cheios de curiosidade. Evitei seu olhar e olhei para Ravien, mas ela apenas deu de ombros, sem querer me ajudar. Eu realmente não conseguia entender esses draconatos. Por que estavam fazendo um forasteiro, de todas as pessoas, entregar notícias tão importantes?

    “Bem, não é como se contar para ela fosse um grande problema.”

    Ficar enrolando mais seria inútil, então fui direto ao ponto — Eu matei o Matador de Dragões e trouxe seu coração de volta. — Muita coisa aconteceu, mas tudo podia ser resumido nessa única frase.

    — …O quê? — Mesmo assim, a jovem draconato apenas me encarou incrédula, lutando para processar o que eu estava dizendo. Por mais sucinta que fosse, aquela frase não era fácil de digerir.

    — Estou falando sério. Eu dei o coração ao seu pai, então você deve começar a se sentir melhor em breve.

    — …I-Irmã?

    — O que ele diz é verdade, Pen.

    Mesmo com a confirmação da irmã, ela ainda parecia atordoada. Parecia que o choque de receber esse presente era maior do que qualquer alegria que ela pudesse estar sentindo.

    Depois de um longo momento, Pen finalmente recuperou a compostura. — …Obrigada.

    Acho que devo retirar o que disse sobre ela ser infantil. Ela e o Sr. Dragão eram iguais nesse aspecto: ambos agradeciam com a maior sinceridade.

    — Claro, mesmo depois que você se recuperar, não vai mudar muita coisa para você de imediato — avisei. — Estou em uma situação complicada agora.

    — …Uma situação? O que você quer dizer?

    Eu tomei a liberdade de pedir algumas coisas ao Sr. Dragão enquanto ainda estávamos conversando, e um desses pedidos foi que a eliminação do Matador de Dragões permanecesse em segredo por enquanto. Isso significava que, mesmo depois que Pen se recuperasse, ela permaneceria presa no templo por um futuro próximo. No final, ele concordou com minha lógica.

    — Sinto muito. Tenho certeza de que você está cansada de ficar presa neste lugar o tempo todo. Mas, por minha causa, eu…

    — Está tudo bem. — Pen interrompeu meu pedido de desculpas. — Eu realmente não me importo de ficar presa aqui.

    Essas não eram palavras vazias — eu podia ouvir a sinceridade em seu tom. Não que eu não entendesse por que ela poderia se sentir assim. — Faz sentido. Quer dizer, você pode ficar à toa o dia todo e receber refeições sempre que quiser. Não é uma vida ruim…

    — Do que você está falando, seu idiota?

    “…Hã? Isso não é o motivo pelo qual você está de boa com isso?”

    Pen soltou um suspiro profundo. — Claro que não é. Estou tão cansada deste lugar. Quero correr ao vento e sentir o cheiro das flores de novo, mas… — Ela parou e apertou os punhos. — Meu pai esteve preso aqui, todo esse tempo, por minha causa. Mas agora, as coisas são diferentes. Ele poderá ir onde quiser e ver o que quiser.

    Sua resposta foi nada como eu esperava.

    — Então, isso é mais do que suficiente para mim.

    “Família…”

    Diante de sua convicção, não pude deixar de me perguntar.

    — Obrigada, Yandel, por salvar meu pai.

    “Como é ter uma verdadeira família?”


    Depois de nossa conversa, Pen saiu do quarto, dizendo que precisava de um tempo sozinha. Com isso, Ravien e eu fomos os únicos que restaram. Eu não me importei, já que tinha algo a perguntar a ela em particular, de qualquer forma.

    — Ravien.

    — Estou ouvindo, então diga o que precisa dizer.

    — Por que tem sido tão difícil te ver?

    — O que… você quer dizer com isso?

    “Será que fui vago demais?”

    Achei que isso poderia ser um assunto delicado, então tentei formular de maneira sutil, mas parecia que eu deveria ter sido direto como o bárbaro que sou desde o começo. — Estou falando sobre a festa pós-expedição. Achei que você não apareceu porque estava ocupada, mas você não parece tão ocupada para mim.

    — Ouvi dizer que a Srta. Titana Akurava também não estava lá.

    — Bem, é verdade — eu disse, acenando com a cabeça. — Mas aquela mulher estava sobrecarregada.

    Houve uma pausa constrangedora. — …Eu também estava ocupada.

    — Ah, é? Então acho que é isso.

    — Era só isso que você queria saber? — Ravien tentou agir de forma indiferente, bebendo seu chá calmamente.

    Ha, ela realmente achava que eu cairia nessa?

    — Ravien, vou ficar bem, independentemente da sua resposta, então seja honesta. Você mudou de ideia?

    Mesmo sem adicionar mais contexto, era óbvio para nós dois do que eu estava falando.

    — Não. Não mudei.

    — Sério? Desde que voltamos para a cidade, tenho a sensação de que você está tentando se distanciar de nós, então…

    — Eu nunca estive na mesma sintonia que você, para começar.

    — O que você quer dizer…?

    Quando a encarei, com a testa franzida, Ravien finalmente cedeu. — É claro que estou triste pelos inocentes que morreram naquele lugar gelado. É claro que estou com raiva do marquês e da família real pelo que nos fizeram passar. Mas…

    — Mas?

    — É só isso. Nem todo mundo no mundo é como você, Yandel. — Infelizmente, parecia que eu não estava errado ao suspeitar que Ravien estava se distanciando de nós. O motivo também era exatamente o que eu esperava. — Não importa o quão próximos tenhamos ficado ao longo dos meses, no final das contas, foi apenas uma expedição.

    As coisas poderiam ter sido diferentes se fosse um membro da família dela que tivesse morrido, mas éramos pouco mais do que conhecidos. Não era estranho que ela se sentisse assim.

    — Se você está me perguntando se acho que vale a pena arriscar minha vida por vingança, a única resposta que posso te dar é não, não vale.

    Ravien havia deixado suas emoções de lado para tomar uma decisão lógica. Sua reação era a mais normal. Mesmo que fosse um membro da família que tivesse morrido, a maioria das pessoas jamais sonharia em se vingar da família real.

    — Entendo… Obrigado por me contar. Deve ter sido difícil ser completamente honesta comigo.

    — …Desculpe por isso ser a única coisa que posso te oferecer, mas tenho certeza de que pelo menos uma outra pessoa do grupo sente o mesmo que eu. O ímpeto e a energia só estão dificultando para eles expressarem suas opiniões.

    Isso provavelmente era verdade. As pessoas mudam de ideia rapidamente depois que suas emoções esfriam. — Vou manter esse conselho em mente.

    — Isso é… uma surpresa. Honestamente, achei que você ia gritar comigo e me chamar de traidora.

    — Se eu fizesse isso, mudaria sua opinião? Porque, se mudasse, eu te chamaria assim cem vezes.

    — Oh… Bem… — Ravien desviou o olhar, o que me disse tudo o que eu precisava saber sobre sua capacidade de ser convencida. Ainda assim, ambos dissemos o que precisávamos dizer, e nossa conversa chegou a um fim civilizado.

    Observei por um momento enquanto ela encarava o chão, claramente frustrada consigo mesma. Isso me lembrou do antigo eu. Afinal, eu costumava ser exatamente como ela.

    — Ravien — ouvi a mim mesmo dizendo — deixe-me te dar um conselho também.

    — O que é?

    — Se todos tivessem sido tão racionais quanto você naquele dia, nenhum de nós teria voltado vivo.

    Não existe algo como o ‘certo’ objetivamente. Existem apenas as escolhas que fazemos e que podemos fazer.

    — Venha me ver se mudar de ideia — disse, movendo-me em direção à porta. — Sempre te receberemos de braços abertos.

    Ela me chamou quando eu estava prestes a sair. — …Acho que meu pai ainda está em uma reunião, não é?

    — Ah, é mesmo.

    No final, tive que ficar por mais um tempo, bebendo chá com ela de forma um pouco constrangedora até que o Sr. Dragão finalmente voltou e me teleportou para casa. Como eu tinha saído cedo de manhã, consegui voltar antes do meio-dia.

    — Senhor! Você voltou!

    — …Você chegou cedo. Achei que disse que poderia demorar?

    Quando me aproximei da casa, Amelia e Erwen correram rapidamente para me cumprimentar.

    — Ah, a reunião terminou mais cedo do que eu esperava. Mas o que aconteceu aqui? — Apontei para o quintal. Antes de eu sair, era um terreno vazio cheio de mato, mas agora, havia sido completamente remodelado. Uma linha foi desenhada no meio. De um lado, era um jardim cheio de arbustos e plantas, enquanto o outro lado estava configurado como um campo de treinamento.

    — Oh, isso? Não se preocupe. Pode parecer um pouco estranho, mas… não havia outra opção.

    — Como seria injusto para uma pessoa ter tudo para si, decidimos dividir em dois.

    Então, é por isso que agora era tanto um jardim quanto um campo de treinamento. Depois de brigarem nos últimos dias, esse aparentemente foi o compromisso que alcançaram.

    — Yandel, você comeu?

    — Só alguns lanches. E vocês?

    — Ainda não!

    — Então vamos comer juntos.

    Pensei que seria legal sair para comer pela primeira vez em um tempo, mas antes que eu pudesse sugerir isso, me disseram que Auyen já estava cozinhando para nós. No começo, não consegui compreender o que estava ouvindo. — Aquele cara está cozinhando…?

    — Você não sabia? Ele também fez o jantar que você comeu ontem.

    — …Eu achei que vocês tivessem comprado. Aqui tem até cozinha?

    Amelia me olhou com pena. — Nós convertemos um dos cômodos no primeiro andar em uma cozinha há um tempo. Como você nem percebeu?

    Eu não respondi.

    — Yandel, sei que você está ocupado, mas deveria prestar atenção ao lugar onde está vivendo.

    Eu não tinha nada a dizer sobre isso. Já estava planejando usar meu tempo livre nos próximos dias para descansar adequadamente, pelo menos.

    Por enquanto, segui Amelia até a nova cozinha.

    — Ah, você está aqui, Capitão! — Auyen, que estava usando um avental branco, me cumprimentou. Olhei para o balcão e vi uma refeição servida em pratos brancos e limpos.

    — Senhor, venha aqui. Ele cuidará de tudo, então apenas sente-se.

    — Oh… Claro.

    O que mais Auyen podia fazer? O cara era navegador, cocheiro, e agora cozinheiro?

    “…Ele é bom em tudo, exceto lutar?”

    Mais uma vez, percebi o quanto a força era importante neste mundo. Se eu não fosse forte, talvez esse cara estivesse me dando ordens.

    — O que acha? Está do seu gosto?

    — Está perfeito. O sabor é ótimo, e também há muitos acompanhamentos com carne.

    — Como nunca sabemos quando você voltará, as senhoras sempre me fazem preparar bastante comida.

    — …Senhoras?1

    — Oh… — Auyen se encolheu ao perceber seu deslize. Como ele mesmo percebeu que tinha pisado na bola, não me dei ao trabalho de pressioná-lo mais e apenas continuei minha refeição.

    — Pode deixar. Eu limpo tudo.

    Quando terminamos de comer, Auyen veio e recolheu os pratos. Que estranho. Esse tratamento especial me fez sentir como um verdadeiro nobre.

    — Senhor, você não tem outros planos hoje, certo?

    — Não. Deixei o resto do meu dia livre, caso precisasse.

    — Então… que tal tomarmos um chá no jardim?

    — Oh, isso soa ótimo.

    — Tersia, eu quero chá preto — Amelia interferiu.

    — Ha… você é realmente sem vergonha.

    Apesar das reclamações, Erwen acabou nos preparando chá preto, e os três de nós nos sentamos no jardim e conversamos. Sob os raios quentes do sol, olhei para a cerca que isolava nossa casa do mundo exterior, criando uma bolha confortável. Fazia tempo que eu não tinha um descanso assim.

    “Isso é bom…”

    Até as discussões entre Erwen e Amelia pareciam um ruído de fundo reconfortante, e eu me senti relaxado pela primeira vez em muito tempo.

    Talvez meu estado de exaustão explique o que aconteceu a seguir.

    — Família…

    Sem perceber, a palavra escapou da minha boca. Foi dita em um murmúrio, então ninguém deveria ter ouvido, a menos que estivesse prestando muita atenção. No entanto, o duo briguento ao meu lado de repente ficou em silêncio.

    Um silêncio constrangedor tomou conta do jardim.

    — …Yandel, o que você acabou de dizer?

    — Sim, o que você disse, Senhor?

    As duas se viraram para mim em uníssono, como se não estivessem brigando segundos atrás.

    — …Nada. — Tentei rapidamente desconversar, mas as expressões delas mostravam que não iam deixar isso passar.

    — Não, o que você quis dizer? Nós claramente ouvimos você dizer ‘família’…

    Soltei um gemido. Por que deixei isso escapar? Desde a minha conversa com aquela pequena draconato e o que ela me disse hoje, essa palavra estava na minha mente, e eu acabei soltando…

    — É só que… — Soltei um suspiro pesado. — Eu estava me perguntando se é assim que se sente ter uma família.

    Foi uma resposta honesta. Mas, apesar da minha sinceridade, as duas ficaram em silêncio novamente, fechando a boca de uma vez.

    “Se elas não disserem algo logo, isso só vai ficar mais constrangedor…”

    Erwen olhou para a xícara de chá, recusando-se a me encarar.

    Então, de repente, seus olhos se levantaram e ela murmurou, quase imperceptivelmente — …O lado esquerdo da cerca.

    O lado esquerdo da cerca? O que ela estava falando de repente?

    Quando estava prestes a perguntar o que ela queria dizer, Amelia falou e respondeu à minha pergunta. — Alguém está nos observando.

    O quê?

    — Tersia, vamos emboscar na contagem de três.

    — Tudo bem.

    Sem precisar de qualquer contribuição minha, as duas avançaram em direção à cerca e se prepararam para atacar quem estivesse nos espionando.

    — …Ehhh?!

    Em um instante, elas pularam e começaram a arrastar o espião como um troféu, como predadoras que acabaram de capturar sua presa.

    — …Oh. É você… Não sei se devo ficar feliz em te ver ou não.

    A reação da Amelia me indicou que algo estava errado.

    Erwen, por sua vez, estava em silêncio mortal, sua expressão congelada.

    — Ahaha… — A presa delas caiu no chão e olhou para mim com um sorriso constrangido. — F-Faz um tempo… Bjorrrn-Ack! — Ela se contorceu de dor, como se tivesse mordido a língua enquanto tentava pronunciar as palavras.

    Amelia, Erwen e eu apenas a encaramos em silêncio, atordoados.

    Era Missha.

    1. No original 마님; No inglês Mistresses. A palavra é usada por subalternos para sua senhoria, para a Dama da Casa na nobreza, a esposa do Líder da Família, causando confusão no Bjorn. O inglês acaba trazendo ainda confusão, pois, Mistresses foi adaptado com o passar do tempo para Amantes. Resumindo, Ayuen se referiu a Amelia e Erwen como as esposas de Bjorn.[]
    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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