A obra atingiu um pequeno ponto de hiato e novos capítulos serão publicados na segunda metade de julho.
Capítulo 493: Declaração de Guerra (4/6)
『 Tradutor: MrRody 』 『 Revisores: SMCarvalho – Demisidi – Note 』
Boooooom!
Quebrei a parede, rastejei para um novo corredor vazio e continuei minha corrida. Sempre que acabava cercado, simplesmente balançava meu martelo contra outra parede e seguia meu caminho alegremente.
Boooooom!
De vez em quando, uma das paredes levava a um beco sem saída, mas isso não era problema. Por causa do layout do prédio, eu também podia subir e descer andares.
Boooooom!
Ao destruir o teto e pular para o andar de cima, me vi em um lugar incomum. Era um corredor mal iluminado, com dezenas de barras de aço ao longo de suas laterais. Atrás dessas barras, havia pessoas de todas as raças, incluindo alguns bárbaros. E todos tinham uma tatuagem idêntica em um local semelhante.
“Escravos…”
Mesmo que um bárbaro gigantesco tivesse acabado de irromper pelo chão, todos eles olhavam para o vazio, com uma expressão totalmente sem vida. Como um bárbaro do século XXI, aquela era uma visão perturbadora.
“Então a escravidão ainda existe neste mundo.”
A escravidão era ilegal em Rafdonia. Em um ponto da sua história, aqueles que cometiam graves pecados eram legalmente forçados à servidão, mas essa prática havia desaparecido há muito tempo, depois que a lei foi revisada cerca de cem anos atrás. Os escravos que cometeram crimes hediondos foram prontamente executados, e as pessoas que foram escravizadas por delitos menores foram forçadas a pagar uma multa antes de terem seu status de cidadão comum restaurado. No final, porém, a maioria morreu logo depois, pois um ex-escravo não tinha esperança de pagar seus impostos.
Enquanto eu olhava ao redor, notei um garotinho que ainda tinha um pouco de vida em seus olhos. Caminhei até ele para conversar.
— Ei! — Quando o chamei, ele se afastou até encostar na parede, claramente aterrorizado. Ignorei sua reação e continuei. — Como você foi capturado e colocado aqui?
Infelizmente, a única resposta que recebi veio de algum lugar atrás de mim.
— P-Pare! Barão Yandel!
“Esses caras não sabem quando desistir? Eles já deveriam saber que não conseguirão me subjugar.”
Também os ignorei e fixei meu olhar no garoto à minha frente. Surpreendentemente, os gritos das pessoas que me perseguiam pareceram ajudar a extrair uma resposta do menino. — O Gigante…? — ele murmurou baixinho, com os olhos arregalados. — Gigante… Ouvi dizer que você é um herói que salva as pessoas e pune os malvados… Isso é verdade?
— Bem, mais ou menos.
— …Você também veio aqui para nos salvar?
— Não — respondi honestamente. — Eu apenas os encontrei por acaso. Então me diga, como você acabou aqui?
O grandalhão que estava me perseguindo e implorando para eu parar se aproximou lentamente. O garoto olhou de um para o outro antes de responder cautelosamente. — Minha mãe… ela não podia pagar sua dívida, então eu tive que pagar em seu lugar.
— Sua mãe? O que aconteceu com ela?
— Porque ela não conseguiu pagar os impostos… ela morreu.
— E aquela garota elfa ao seu lado? — perguntei, olhando para a garota sentada ao lado dele, atrás das barras.
— Ela também não conseguiu pagar suas dívidas — explicou o garotinho em voz baixa. — Ela tinha o dinheiro, mas os caras maus não aceitaram. É por isso que ela foi trazida para cá.
Eu não disse nada.
— Ela conseguiu escapar uma vez e voltou para me salvar, mas… depois que os caras maus a arrastaram algumas vezes, ela parou de falar.
— Entendo.
Era por isso que esse garoto era o único que ainda tinha um brilho de vida em seus olhos. Aqueles que tentaram se rebelar e lutar devem ter enfrentado abusos intensos. Era mais fácil quebrar o espírito de uma pessoa do que a maioria imaginaria.
“Então, isso decide…”
Após encerrar minha conversa com o garoto, voltei minha atenção para os grandalhões. O que estava à frente do grupo estremeceu quando nossos olhares se encontraram. Ele parecia um valentão que acabara de ser pego intimidando alguém mais fraco.
Toff.
Me aproximei, deliberadamente devagar. — Sabe de uma coisa? — perguntei. Ele levantou o escudo com um gole seco. — Eu não matei nenhum de vocês até agora. — Eu sabia que eles eram caras maus, então os derrubei sem piedade, mas ainda moderei minha força para que, pelo menos, não morressem. — Por que acha que fiz isso?
— …Você também não quer fazer de nós seus inimigos. Isso é o que os superiores determinaram.
— É mesmo? Ele está certo — concordei calmamente.
O motivo pelo qual esses caras não me machucaram era porque adivinharam minhas intenções desde o início. Caso contrário, nunca teriam tratado um intruso assim. Se eu estivesse correndo por aí matando todos, não estariam apenas levantando escudos e tentando me subjugar. Por isso, planejava apenas afirmar minha dominância um pouco, depois ter uma conversa pacífica com o chefe daqui para conseguir o que queria e ir embora.
No entanto, as coisas agora eram diferentes.
— Por favor, diga-nos o que você quer.
Por que eu sempre fazia um Plano B? Porque este mundo estava cheio de variáveis. Sempre haveria algo que poderia me forçar a mudar meus planos, assim como isso.
— Estamos prontos para ter uma conversa com…
Antes que ele pudesse terminar a frase, coloquei toda a minha força em um soco no queixo dele.
Crack!
Apesar de seu tamanho, ele voou contra a parede como uma bola de beisebol e caiu no chão com um baque, contorcendo-se como um inseto em seus últimos momentos.
— Que resiliente — disse, olhando para ele. — Eu até golpeei para matar.
Todos atrás dele imediatamente se encolheram em resposta. No entanto, apesar do que eu fizera, o inseto ainda não havia entendido a situação em que estava.
— Por que… você fez isso?
— Ah, isso?
— Você mesmo não disse, Sua Senhoria? Que você não queria nos fazer de inimigos?
— Sim, eu disse. — Aproximei-me mais, levantando meu martelo e olhando para ele enquanto se contorcia de dor.
Quando viu que eu estava com a arma levantada, sua expressão mudou.
— Pare. Você vai se arrepender disso…
Que coisa estranha de se dizer. — Por que eu me arrependeria disso? — Desci meu martelo com toda a força.
Crack!
Seu corpo parou de se contorcer.
— Vocês é que vão se arrepender.
Essa foi a escolha certa.
Não havia mais conversa a ser feita. Depois de terminar de esmagar seu rosto com meu martelo, os outros ficaram em silêncio e levantaram seus escudos, observando cada pequeno movimento que eu fazia.
Toff.
Assim que dei um passo à frente, o grupo de grandalhões deu um passo para trás em uníssono. Mas quando eu estava prestes a avançar contra todos eles…
Creeeak!
De repente, a pesada porta de ferro atrás de mim rangeu ao se abrir. Quando me virei, vi um homem de meia-idade cercado por uma escolta pesada de grandes guardas entrando na sala.
— Vamos parar por aqui, Barão Yandel — ele me chamou.
— Quem é você?
— Sou Mel, o atual chefe da Organização Sombria. — Em termos simples, ele estava no comando deste mercado negro. O homem que se apresentou como Mel olhou para seu subordinado no chão. — Aquele meu amigo ali. Ele ainda está vivo?
— …Ele ainda está respirando, chefe.
— Que alívio. — Mel então voltou-se para mim e perguntou — Barão Yandel, antes de começarmos nossa conversa, posso cuidar do meu amigo ali primeiro?
— Você acha que eu, um barão de Rafdonia, aceitaria as exigências de um criminoso que cometeu traição?
— Haha, traição… Parece que você tem uma opinião muito baixa sobre nós.
— Então, deveria ter outra opinião? Vocês claramente desobedecem às leis rigorosas de Rafdonia.
— Hm, entendo. — Ele assentiu como se eu tivesse um ponto válido. — Então, todos, saiam do caminho.
Os olhos de nossa audiência saltaram com suas ordens.
— Chefe!
— É muito perigoso!
Seus subordinados começaram a protestar, mas Mel foi firme. — Não vou dizer duas vezes.
Eu não sabia como ele os disciplinava normalmente, mas assim que ele disse isso, todos calaram a boca e começaram a sair.
Tap, tap.
Mel caminhou em minha direção, aproximando-se. Agora, os únicos dois restantes neste corredor cheio de celas éramos nós dois. Para ser honesto, fiquei surpreso com sua ousadia. Seria ele incrivelmente forte? Confiante o suficiente para me enfrentar? Ou simplesmente não se importava se morresse ali? Mil possibilidades passaram pela minha cabeça.
Tap.
No entanto, mesmo com minha mente girando, ele passou direto por mim e se agachou ao lado de seu subordinado no chão, deixando suas costas completamente desprotegidas enquanto tirava uma poção do bolso.
Cshh.
Bolhas fervilhantes começaram a subir no rosto do seu subordinado, que havia sido esmurrado. O grandalhão, que estava à beira da morte, começou a tremer um pouco.
— Essa é uma poção de alta qualidade.
— Sim, é.
Eu não entendia nada daquilo. O que diabos estava acontecendo? Incapaz de chegar a uma resposta, decidi perguntar diretamente. — O que você está tentando fazer aqui?
— Estou apenas salvando alguém que estava prestes a morrer.
— Mas você poderia ter morrido no lugar dele.
— Sim, isso é verdade. Mas este homem é um dos meus.
Fiquei momentaneamente sem palavras. Já havia encontrado inúmeros líderes antes, mas nunca alguém como ele. — Você arriscou sua vida por uma razão dessas?
— Os valores e prioridades de uma pessoa são subjetivos. Assim como você mudou seus planos no momento em que se deparou com esses escravos aqui.
— …Você é um sujeito engraçado.
— Agora, que tal irmos para outro lugar? Este não é o melhor local para uma conversa. — Ele imediatamente se virou de volta pelo corredor, mais uma vez me oferecendo suas costas desprotegidas. Eu estava atônito, mas tudo o que pude fazer por enquanto foi segui-lo.
Depois de passar por várias portas, finalmente chegamos a uma pequena sala. — Esta é uma sala privada reservada para nossos convidados. Todos os nossos clientes já voltaram para a cidade, então você não precisa se preocupar com interrupções. — Ele se sentou à mesa no centro da sala e olhou para mim, aparentemente me convidando a sentar com ele.
Nesse ponto, não pude deixar de perguntar — Você não está com medo?
— Estou com medo.
— Não parece.
— Bem, não posso fazer nada quanto a isso, posso? Se eu te machucar, Barão Yandel, esse será o meu fim. Tanto minha família quanto este lugar serão varridos do mapa. Não sou tão imprudente a ponto de arriscar que isso aconteça.
— O que você está fazendo agora também não é imprudente?
— Bem, se eu morrer, então eu morro. Não há mais nada além disso. No final do dia, outra pessoa assumirá o meu lugar, e embora possa demorar um pouco, tudo voltará a ser como era. Afinal, a água suja sempre se acumula no fundo.
Eu o observei em silêncio.
— Ah, e me matar pode ajudá-lo a aliviar sua raiva, mas isso também significa que você não sairá daqui com o que veio buscar.
Como alguém pode ser tão corajoso? Apesar de só termos trocado algumas palavras, já podia perceber o quão impressionante ele era. No entanto, não havia necessidade de rodeios. — Então, o que você quer dizer?
— Quem deveria responder isso é você, não eu. Você não veio aqui porque queria algo?
“Ah. Caramba, é verdade.”
Mais uma vez fiquei sem palavras com sua resposta. Ainda assim, como eu não queria parecer a parte mais fraca nesta negociação, decidi ir direto ao ponto e lançar minhas demandas sem pensar duas vezes. — Me dê as identidades de seus clientes. — Essa era minha principal motivação para visitar o mercado negro hoje.
— Alguns dos magos… estão fazendo pedidos através do mercado negro.
À medida que o suprimento diminuía, alguns magos começaram a recorrer ao mercado negro para obter corações de bárbaros.
— Sua Senhoria! N-No mercado negro… também há uma recompensa pelo seu coração.
Alguém havia pedido o meu coração.
— E-Eu não estou mentindo… Apenas me ofereceram o trabalho através do mercado negro. E-Eu não sei mais nada… E-Eu também não sei quem fez o pedido…
Outra pessoa fez um pedido para sabotar nossa incursão contra o Lorde do Andar.
— Entendo… Então é por isso que você veio até aqui.
— Não preciso de desculpas, então me dê uma resposta.
— Pedir as informações pessoais de nossos clientes é uma demanda muito difícil de alguém na minha posição.
— Está dizendo que não vai fazer isso?
— Não. Sou um comerciante, afinal. Isso reduzirá o número de comissões que recebemos, mas ainda seria mais benéfico para nós do que fazer de você um inimigo.
— Então?
— Vou providenciar para que as informações pessoais de nossos clientes sejam entregues a você dentro de um dia — Mel disse, aceitando calmamente meu pedido.
Esta conversa não estava indo como eu esperava. A única razão pela qual corri por aí causando toda aquela confusão antes foi porque presumi que nossas negociações seriam uma longa e árdua luta.
— Isso é tudo? — ele perguntou.
— Não, há mais uma coisa.
— Diga, por favor.
Dei a Mel meu último pedido. — Liberte os escravos que estão presos aqui.
“Eu não posso simplesmente ir embora depois de ver aquilo.”
— Hmmm. Vejo que você é do tipo que acredita na dignidade universal.
— Você está fazendo muitas perguntas e barulhos, mas tudo o que preciso ouvir de você é um sim ou um não.
— …Posso pensar sobre isso por um momento?
— Vá em frente.
Depois de receber minha permissão, Mel fechou os olhos sem nenhum medo, refletindo sobre meu pedido. Cerca de três minutos depois, ele finalmente os abriu. — Tudo bem. Vou libertar os escravos e me abster de trabalhar na indústria de escravos daqui para frente.
— …Você tomou essa decisão rapidamente.
Ele me encarou como um homem que não tinha nada a esconder. — Na verdade, é um negócio do qual eu já queria me desvencilhar.
— Você já queria sair?
— Houve vários casos em que os compradores não conseguiram administrar adequadamente seus escravos, e houve várias ocasiões em que isso quase levou a grandes problemas e escândalos.
Então ele já havia tentado cortar os laços com a indústria várias vezes como resultado, mas não conseguia encontrar a justificativa necessária para isso? Bem, deve ter sido difícil simplesmente fechar esse setor, dado os enormes lucros que ele gerou para o mercado negro por centenas de anos.
— No entanto, como é a seu pedido — ele continuou — agora ninguém poderá se opor à minha decisão. Isso acabou sendo bastante conveniente para nós. Então, isso é tudo?
— Sim. Vou sair do seu caminho assim que receber as informações dos seus clientes e ver os escravos libertados.
— Nesse caso, vou trabalhar para cumprir seus pedidos o mais rápido possível.
Depois de encerrar nossa conversa, ele chamou seus subordinados de volta e distribuiu ordens. Ao amanhecer, recebi as informações de que precisava, e as centenas de escravos foram todos libertados.
— Mel Asmond — perguntei enquanto me preparava para sair — por que você estava disposto a ceder tão facilmente às minhas exigências?
Em vez de responder, ele me encarou por um longo momento, com uma expressão estranha no rosto. — …Vejo que você já conhece a casa da qual eu venho.
“Isso porque completei o evento do Mercado Negro no jogo.”
Como resultado, eu sabia que a Casa Asmond reinava como rei nesta selva há muitos anos.
Ainda assim, não o deixei me distrair. — Isso não é o que perguntei — eu disse firmemente.
Diante da minha teimosia, ele falou livremente o que pensava. — Heróis sempre têm vida curta. Não há razão para estarmos no caminho de uma lâmina que está caindo.
Em outras palavras, com a maneira como eu agia, ele supôs que eu não viveria por muito tempo, de qualquer maneira.
“Mel Asmond, o chefe do mercado negro. Que cara interessante.”
Por algum motivo, tive a sensação de que o veria novamente no futuro.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.